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Materiais de Construção Mecânica I


2.1 Ensaio de tração
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Propriedades Mecânicas de Metais
2.1.1 Introdução

• Como os metais são materiais estruturais, o


conhecimento de suas propriedades mecânicas é
fundamental para sua aplicação.
• Um grande número de propriedades pode ser derivado
de um único tipo de experimento: o ensaio de tração.
Neste ensaio o material é submetido a uma força de
tração, uniaxial, e se deforma até fraturar. Mede-se o
valor da força e do alongamento a cada instante, e
gera-se, posteriormente,uma curva tensão-deformação.
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2.1.2 A Curva Tensão-Deformação
100

Carga (103N)
Célula de Carga
50

0
Comprimento 0 1 2 3 4 5
Amostra Alongamento (mm)
útil

 Px 0 0
 A 
 ij   0 0 0 MPa
 
 0 0 0

Tração
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Curva Tensão-Deformação
100

Carga (103N)
Célula de Carga
50

0
Comprimento 0 1 2 3 4 5
Amostra Alongamento (mm)
útil
500
Normalização para

Tensão,  (MPa)
eliminar influência da
geometria da amostra

250

0
Tração 0 0.02 0.04 0.05 0.08 0.10
Deformação, e (mm/mm)
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Curva Tensão-Deformação
100 •Normalização
  = P/A0 onde P é a carga e
Carga (103N)

A0 é a seção reta da amostra


50  e = (L-L0)/L0 onde L é o
comprimento para uma dada
carga e L0 é o comprimento
0
original
0 1 2 3 4 5
Alongamento (mm)
500

Tensão,  (MPa)
250

0
0 0.02 0.04 0.05 0.08 0.10
Deformação, e (mm/mm)
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Curva Tensão-Deformação
• A curva -e pode ser dividida em duas regiões.
 Região elástica
 A deformação é reversível.
 (Ligações atômicas são alongadas mas não se rompem.)
 Para a maioria dos materiais essa região é linear e é descrita pela Lei de Hooke:

  Ee
onde E é o módulo de elasticidade ou módulo de Young.

σ σ

ε
ε
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Curva Tensão-Deformação
• A curva -e pode ser dividida em duas regiões.
 Região plástica
  não é linearmente proporcional a e.
 A deformação é quase toda não reversível.
 (Ligações atômicas são alongadas e se rompem).
Elástica
500
Tensão,  (MPa)

250

0
0 0.02 0.04 0.05 0.08 0.10
Deformação, e (mm/mm)
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A transição da região elástica para a plástica
Transição contínua: ocorre para a grande maioria dos materiais.

Transição descontínua: ocorre em aços de baixo carbono.


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2.1.3 Propriedades mecânicas
Elástica
500 Limite de escoamento

Plástica
Tensão,  (MPa)

250

fratura
a

0
0 0.02 0.04 0.05 0.08 0.10 0 0.002 0.004 0.005 0.008 0.010
Deformação, e (mm/mm) Deformação, e (mm/mm)
Como não existe um limite claro entre as regiões
elástica e plástica, define-se o Limite de
escoamento, como a tensão que, após liberada,
causa uma pequena deformação residual de 0.2%.
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Estricção e limite de resistência

Limite de
resistência
Tensão, 

estricção

A partir do limite de
resistência começa a ocorrer
um estricção no corpo de
prova. A tensão se concentra
nesta região, levando à
fratura.

Deformação, e
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2.1.4 Medidas de ductilidade
• Ductilidade é uma medida da deformação que ocorre
até a fratura.
• Ductilidade pode ser definida como
 Alongamento percentual %EL = 100 x (Lf - L0)/L0
 onde Lf é o alongamento na fratura
 uma fração substancial da deformação se concentra na estricção, o que faz com
que %EL dependa do comprimento do corpo de prova. Assim o valor de L0 deve
ser citado.
 Redução de área percentual %AR = 100 x(A0 - Af)/A0
 onde A0 e Af se referem à área da seção reta original e na fratura.
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2.1.5 Medidas de energia
Tenacidade
• Tenacidade é a capacidade que o material possui de
absorver energia mecânica até a fratura.
 área sob a curva -e até a fratura.
Mais frágil, mais resistente, O material mais frágil tem
menos tenaz maior limite de escoamento e
Mais dúctil, menos resistente,
maior limite de resistência.
Tensão (MPa)

mais tenaz No entanto, tem menor


tenacidade devido à falta de
ductilidade (a área sob a
curva correspondente é muito
menor).

Alongamento (mm)
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Resiliência
• Resiliência é a capacidade que o material possui de
absorver energia elástica e devolvê-la quando relaxado.
 área sob a curva dada pelo limite de escoamento e pela
deformação no escoamento.
 Módulo de resiliência Ur = de com limites de 0 a ey
 Na região linear Ur =yey /2 =y(y /E)/2 = y2/2E
 Assim, materiais de alta resiliência possuem alto limite de
escoamento e baixo módulo de elasticidade.
 Estes materiais seriam ideais para uso em molas.
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Resumo da curva -e e propriedades


 Região elástica (deformação reversível) e região plástica (deformação
quase toda irreversível).
 Módulo de Young ou módulo de elasticidade => derivada da curva na
região elástica (linear).
 Limite de escoamento => define a transição entre região elástica e
plástica => tensão que, liberada, gera uma deformação residual de 0.2%.
 Limite de resistência => tensão máxima na curva
-e de engenharia.
 Ductilidade => medida da deformabilidade do material
 Tenacidade => medida da capacidade de absorver energia mecânica até
a fratura=> área sob a curva até a fratura.
 Resiliência => medida da capacidade de absorver e devolver energia
mecânica => área sob a região linear
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Exercícios
Regime elástico
Uma barra de cobre com 305 mm de comprimento está submetida a
uma tensão de tração de 276 MPa. Se a deformação à qual essa barra
está submetida é totalmente elástica, qual é o alongamento da barra?
Dado Ecu = 110 GPa
σ = E.e
σ ΔL = σ.L0/E
e = ΔL/L0

L0 ΔL = 276 • 305
110•103
ΔL = 0,76 mm
σ
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Exercícios
Regime elástico – Limite de escoamento
O limite de escoamento e o módulo de Young de uma liga de cobre
valem 345 MPa e 103 GPa, respectivamente.
a) Qual é a máxima carga que pode ser aplicada a um corpo de prova
com área de 130 mm2 sem que ocorra deformação plástica?

σy = F F = σy • A0
A0
F = 345 • 130 (106 N • 10-6 m2)
m2
F = 44.850 N
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Exercícios
Regime elástico – Limite de escoamento
O limite de escoamento e o módulo de Young de uma liga de cobre
valem 345 MPa e 103 GPa, respectivamente.
b) Se o comprimento original da amostra vale 76 mm, qual é o
comprimento máximo a que ela pode ser alongada sem haver
deformação plástica?

σy = E.e
σy = E • ΔL/ L0 ΔL = L0 • σy / E
e = ΔL/L0
ΔL = 76 • 345
103 • 103
ΔL = 0,255 mm

ΔL = Lf - L0 Lf = ΔL + L0 Lf = 76,255 mm
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Exercícios
Regime plástico
Uma liga de alumínio (E = 75 GPa) foi submetida a uma tensão de
600 MPa, que gera uma deformação total de 0,023. Se o limite de
escoamento dessa liga vale 450 MPa, calcule a deformação
permanente após a remoção da tensão.

600 MPa σ = E • ee ee = σ / E
ee = 600
75 • 103
0,023 ee = 0,008 mm

ep et = e p + e e

ep = 0,023 – 0,008 = 0,0150


2.1.6 A curva tensão-deformação 19

verdadeira
 A curva -e obtida
fratura
experimentalmente é denominada
curva -e de engenharia. curva -e verdadeira

 Esta curva passa por um máximo de


curva -e de engenharia
tensão, parecendo indicar que, a partir
deste valor, o material se torna menos fratura
resistente, o que não é verdade.
 Isto, na verdade, é uma consequência da
estricção, e do fato do ensaio ser
realizado a velocidade constante.
 Pode-se corrigir este efeito levando
em conta a diminuição de área,
gerando assim a curva
-e verdadeira.
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2.1.7 Fractografia
No emprego de materiais de engenharia, uma vez determinadas as
solicitações mecânicas externas às quais o material está submetido
quando em serviço, é necessário conhecer a resposta mecânica
inerente a cada material.
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Fratura dúctil

Há deformação plástica macroscópica - estricção


Fratura tipo taça e cone.
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Fratura frágil

 O material se deforma pouco, antes de fraturar.


 O processo de propagação de trinca pode ser muito veloz, gerando
situações catastróficas.
 A partir de um certo ponto, a trinca é dita instável porque se propagará
mesmo sem aumento da tensão aplicada sobre o material.
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Fratura Dúctil e Fratura Frágil

Aço doce em ensaio de tração Ferro fundido em ensaio de tração


Comportamento Dúctil Comportamento Frágil
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Fratura dúctil vs. Fratura Frágil


Aspectos macroscópicos Aspectos microscópicos
A fratura pode ser classificada como:
- Intergranular
- Transgranular
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Micromecanismos de Fratura

Microcavidades
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Micromecanismos de Fratura

Forma das microcavidades

Equiaxiais Alongadas
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Micromecanismos de Fratura

Microcavidades intergranulares
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Micromecanismos de Fratura

Clivagem
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Micromecanismos de Fratura
Clivagem

Contornos de grão

Facetas de clivagem

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