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Boareto e Ferreira Mobilidade e Meio Ambiente Final
Boareto e Ferreira Mobilidade e Meio Ambiente Final
CONTEXTO
O Brasil tem passado, nos últimos anos, por um processo de crescimento econômico
acompanhado de distribuição de renda que, somado ao aumento de crédito e promoção
de benefícios tributários para aquisição de veículos, tem resultado num aumento
significativo da taxa de motorização da população. Combinados com as facilidades
proporcionadas pelas administrações municipais para a circulação desta frota, o país tem
observado um aumento da intensidade de uso do transporte individual.
Além disso, desde a década de 70, com a criação do Programa Nacional do Álcool
(PROÁLCOOL), o país tem ofertado etanol – anidro e hidratado para o uso em
automóveis; tendo, inclusive iniciado a comercialização de automóveis flex em 2003,
que hoje responde por mais de 90% das vendas de veículos novos. Mais recentemente,
em 2012, o Governo Federal estabeleceu o Programa de Incentivo à Inovação
Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (INOVAR
AUTO) que é um regime fiscal diferenciado para montadoras que cumprirem um
conjunto de requisitos, entre os quais o atingimento de metas de eficiência energética
para veículos leves até 2017. Vale destacar que também tem sido propostos incentivos
para automóveis híbridos e elétricos.
Por estar organizado em uma rede de serviços com garagens fixas e frota dedicada de
ônibus, o transporte coletivo oferece oportunidade de serem endereçadas diferentes
iniciativas de substituição de fonte energética ou renovação de frota. Assim, algumas
leis municipais de mitigação da mudança climática têm estabelecido metas de
penetração de combustíveis mais limpos no transporte público. Infelizmente estas
metas estão dissociadas de uma análise de barreiras tecnológicas ou econômicas,
principalmente no que se refere aos efeitos na tarifa de transporte público. A
implementação destas soluções exigirão investimentos e a utilização de instrumentos de
política pública específicos, como as reduções/isenções fiscais, subsídios, etc. Do
contrário, é bastante provável que, pelo menos ao longo da próxima década, este modo
de transporte continue fortemente dependente do uso de combustíveis fósseis, em
especial o óleo diesel.
O Plano de Mobilidade Urbana, por sua vez, será a materialização das diretrizes
estabelecedas pela PNMU, por meio da identificação dos projetos e ações que as
administrações vão implantar nos próximos anos. O processo de elaboração do PMMU
se apresenta como uma oportunidade única para que a sociedade discuta o modelo de
cidade que está sendo implementado atualmente, que tem como suporte o atual padrão
de mobilidade baseado no transporte individual, bem como seus efeitos negativos,
principalmente aqueles que impactam o meio ambiente.
CONCLUSÃO
Observa-se que as atuais soluções ambientais propostas procuram reduzir as emissões
do sistema de mobilidade urbana sem, contudo, considerar a mudança do atual padrão
de mobilidade baseado no transporte individual. É preciso compreender que este padrão
é resultado de política pública, sendo necessária a identificação e utilização de
instrumentos regulatórios e econômicos adequados para sua alteração, a eliminação de
contradições e a integração necessária entre as várias iniciativas governamentais. A
consideração do PMMU como instrumento de promoção da melhoria da qualidade do ar
e da redução de emissão de gases de efeito estufa, associada à um política energética
para o transporte público, que reflita sua condição de serviço essencial e o considere
como parte da solução dos problemas ambientais pode, efetivamente, contribuir para a
melhoria da qualidade de vida nas cidades.