Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
– Coibido o Abuso de Direito – Art. 187. Não há necessidade de comprovar a intenção de causar
prejuízo à vítima.
– Lesão – Art. 157
– Estado de Perigo – Art. 156
– Revisão Contratual – Art. 317
– Resolução Contratual – Art. 478
– Vedação do Enriquecimento sem causa – Art. 884
Por sua vez, quanto à classificação dos contratos, o novo Código Civil manteve a divisão
tradicional:
– Bilaterais ou sinalagmáticos e Unilaterais ou não sinalagmáticos: existência ou não de obrigações
recíprocas para ambos os contratantes. Não há que se confundir com a natureza bilateral de todos os
contratos, que significa a necessária convergência de vontades de ambos os contratantes para a sua
formação.
– Gratuitos ou Onerosos: quanto há ou não uma contraprestação através de pagamento por um dos
contratantes.
– Comutativos ou Não Comutativos: quando há ou não uma equivalência entre a prestação e a
contraprestação.
– Aleatórios e Não Aleatórios: quando há ou não a certeza quanto à prestação ou à contraprestação.
– Consensuais e Reais: quando se aperfeiçoam apenas com o consentimento, ou quando necessitam
da efetiva entrega da coisa conteúdo da prestação.
– Solene ou formais e Não Solenes ou informais: quando se exige ou não a forma e a solenidade
que são previstas em lei.
– Personalíssimos e Pessoais: quando são realizados “intuito personae”, levando-se em conta
especificamente a parte contratante, ou não.
– Adesão: quando o objeto do contrato e as cláusulas contratuais já estão previamente estipulados
por um dos contratantes, aos quais a outra parte irá apenas aderir. Não perde a sua natureza
contratual, mas deve ser observada a questão relativa às cláusulas abusivas.
3.- Requisitos dos Contratos: Sobre os requisitos dos contratos, devem ser examinados,
genericamente, os seguintes elementos:
Sujeitos: São as pessoas envolvidas no negócio jurídico, que podem ser pessoas naturais (físicas) ou
jurídicas.
No plano da existência a preocupação é somente com a suficiência ou insuficiência do suporte
fático, ou seja, se existe ou não o elemento sujeito na composição do suporte fático. A existência
jurídica do sujeito é conseqüência da sua personalidade jurídica, que vem a ser uma aptidão genérica
para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil, sendo um pressuposto para a
inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica.
No plano da validade a preocupação passa a ser com a eficiência ou deficiência do suporte fático,
ou seja, se uma vez existente o sujeito, este se apresenta válido ou inválido na composição do
suporte fático. A validade jurídica do sujeito é conseqüência da sua capacidade jurídica, para as
pessoas naturais, e da sua devida presentação jurídica, para as pessoas jurídicas, na forma de sus atos
constitutivos.
Enquanto a personalidade jurídica vem a ser uma aptidão genérica para adquirir direitos e contrair
obrigações ou deveres na ordem civil, ou seja, uma potencialidade de adquirir direitos ou de contrair
obrigações, a capacidade jurídica vem a ser o limite desta potencialidade. Trata-se de uma aptidão
específica e limitada para exercer direitos e obrigações. Todas as pessoas são portadoras da
capacidade de aquisição de direitos (= capacidade de direito ou personalidade), mas nem todas as
pessoas são portadoras da capacidade de exercício de direitos (= capacidade de fato).
Ainda há que se referir a figura da legitimação, que vem a ser uma capacidade especial exigida em
certas situações, devendo ser considerada apenas para a prática de determinados atos e negócios
jurídicos (vênia conjugal, consentimento dos demais descendentes, tutores, curadores, estrangeiros).
– Vontade: Representa o elemento subjetivo, responsável pela declaração nos negócios e pela
manifestação nos atos jurídicos.
No plano da existência a análise do elemento vontade cinge-se à presença ou não do querer dos
sujeitos na consecução do negócio jurídico.
A declaração de vontade pode ser expressa, tácita ou presumida. Esta última é proveniente do
silêncio, mas somente naquelas atividades contínuas, quando as circunstâncias ou os usos a
autorizam (Arts. 111 e 432 do NCC). A declaração de vontade ainda subsiste mesmo que o seu autor
haja feito mediante reserva mental, salvo se de conhecimento do destinatário (Art. 110 NCC).
Ainda no que se refere ao consenso, devem ser analisados os elementos formadores do contrato,
quais sejam, a proposta e a aceitação.
A proposta representa a oferta dos termos de um negócio jurídico pelo proponente (= policitante),
convidando a outra parte para com ele contratar (Art. 427 NCC). Embora a lei fale que a proposta
“obriga” o proponente, na verdade ela está somente vinculando o proponente, pois sem a aceitação o
contrato ainda não se formou e, portanto, não há que se falar em obrigação contratual. A vinculação
apenas pode gerar responsabilidade extracontratual para o proponente.
A proposta pode ser não vinculativa, a contrario sensu do Art. 427 do NCC, quando: a) a proposta
contiver cláusula expressa no sentido de não ser vinculativa; b) em razão da natureza do negócio,
como v. g., nos negócios gratuitos; e, c) em razão das circunstâncias do negócio, como v. g., em
princípio nas ofertas ao público.
A proposta pode ser também com vinculação temporária, nas hipóteses do Art. 428 do NCC: a) se
feita sem prazo entre pessoa presente, não for imediatamente aceita; b) se feita sem prazo entre
pessoa ausente, tiver decorrido prazo suficiente para chegar a resposta ao proponente; c) se feita com
prazo entre pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta no aludido prazo; e, d) se feita com
prazo entre pessoa ausente, tiver chegado a retratação simultaneamente ou antes da resposta ao
proponente.
A aceitação, por sua vez, representa a formulação da resposta concordante do aceitante (= oblato)
quanto aos termos do negócio jurídico proposto. É com a aceitação que ocorre a formação do
contrato, tornando, efetivamente obrigatório o ajuste, desde que: a) entre presentes seja aceita
imediatamente; b) entre ausentes seja expedida dentro do prazo da proposta ou, caso sem prazo,
tenha decorrido tempo suficiente para tanto; c) de forma integral à proposta (Art. 431 NCC); e, d)
não havendo retratação em tempo hábil (Arts. 428, inc. IV e 433 NCC). Com a formação do contrato
surge a responsabilidade contratual para os contratantes.
O Direito brasileiro, no que se refere à formação dos contratos, adotou a chamada Teoria da
Expedição, em detrimento da Teoria do Recebimento, conforme dispõe o Art. 434 do NCC, com
as exceções de seus incisos:
I – quando houver retratação;
II – quando o proponente houver se comprometido a esperar a resposta; e,
III – quando a resposta não chegar no prazo convencionado.
– No plano da validade, serão analisados os defeitos que podem atingir a declaração de vontade dos
sujeitos. O elemento vontade será considerado válido quando a declaração do agente for livre e
consciente.
Portanto, são considerados como vícios de vontade: Erro, Dolo, Coação, que continuam com as
mesmas características e tratados como hipótese de anulação.
– A Fraude Contra Credores também continua sendo tratada como caso de anulação (Arts. 158 a
165), embora fosse melhor enquadrada como situação de ineficácia. O NCC possibilitou a
propositura da ação pauliana por outros credores, que não apenas os quirografários.
A Simulação também manteve as mesmas características, passando, no entanto, a ser tratada como
hipótese de nulidade (Art. 167 do NCC), quer seja inocente, quer seja maliciosa.
Foram acrescentados outros dois vícios de vontade, também tratados como hipótese de
anulação: A lesão (Art. 157), que consiste na declaração de vontade em premente necessidade ou
inexperiência, desconhecida da outra parte, quando da realização de negócio desproporcional entre a
prestação e a contraprestação, sendo possível a suplementação de dita prestação, ou da
contraprestação, para equilibrar o contrato e evitar a sua anulação. O estado de perigo (Art. 156),
que consiste na declaração de vontade em também em premente necessidade, mas conhecida da
outra parte, quando da realização de negócio excessivamente oneroso, não sendo possível, neste
caso, a suplementação antes referida.
Já no plano da validade, o objeto diz respeito a sua licitude, que nada tem a ver com a licitude ou
ilicitude do ato, do fato ou do ato-fato, anteriormente explicitada. A licitude do objeto diz respeito a
sua possibilidade física e/ou jurídica. A impossibilidade física é a que emana de leis físicas ou
naturais, sendo absoluta para todos. A impossibilidade jurídica emana da existência de uma regra
jurídica proibitiva da realização da prestação. O objeto também deve ser determinado ou
determinável.
O elemento coisa não é perquirido sob o aspecto da sua validade, por ser de natureza objetiva.
Somente é perquirido na existência e, após, de imediato, quanto à irradiação de seus efeitos, os quais
serão analisados no plano da eficácia, através dos institutos dos vícios redibitórios (= perfeição da
coisa) e da evicção (= posse tranqüila da coisa), que não sofreram alterações substanciais no novo
Código Civil.
Os vícios redibitórios são vícios ou defeitos ocultos da coisa (Arts. 441 a 446 do novo Código
Civil). Requisitos: a) contrato comutativo; b) defeito deve ser oculto; c) defeito existente anterior à
formação do contrato; d) defeito deve tornar a coisa imprópria ao uso ou diminuir o seu valor; e)
irrelevante o conhecimento do vício pelo alienante, pois a má fé somente vai repercutir no acréscimo
de eventuais perdas e danos. Pode haver a resolução total do negócio (ação redibitória ou edilícia) ou
a resolução parcial, com o abatimento do preço (ação estimativa ou ‘quanti minoris’), à escolha do
adquirente. Os prazos decadenciais não prejudicam os prazos de garantia.
A evicção é a perda da posse e domínio do bem, em razão da atribuição do bem a um terceiro (Arts.
447 a 457 do novo Código Civil). Requisitos: a) contrato oneroso; b) desconhecimento da
litigiosidade da coisa pelo evicto; c) denunciação da lide ao alienante ou a qualquer dos anteriores
responsáveis; d) privação da coisa por meios judiciais ou administrativos; e) irrelevante a má fé do
alienante.
As perdas e danos, segundo os incisos do Art. 450 do NCC, serão: a) frutos que o evicto tiver que
restituir; b) despesas do contrato e prejuízos que diretamente resultarem da evicção; c) custas
judiciais e honorários advocatícios; e ainda, d) o valor das benfeitorias úteis e necessárias que não
forem pagas ao evicto pelo terceiro que receber a coisa (Art. 453 NCC).
Podem ser abatidos do valor das perdas e danos, pelo adquirente: a) o valor pago ao evicto pelas
benfeitorias; b) o valor das vantagens da deterioração da coisa que o evicto não houver sido
condenado a indenizar.
– Forma: Representa o elemento responsável pela exteriorização do fato jurídico lato sensu.
Os requisitos da escritura pública estão previstos no Art. 215 NCC e do instrumento particular no
Art. 221 NCC. A dispensa de testemunhas nos instrumentos particulares é somente para efeitos de
prova dos mesmos, mas não como requisito para o registro do título no ofício competente. Inovação
do NCC é a dispensa da autenticação de documentos (Art. 225 NCC).
– Prazo: É o período de vigência de um negócio jurídico. Não é requisito essencial, mas considerado
acidental.
– Eficácia dos negócios jurídicos: Vencida a análise dos requisitos de existência e validade dos
negócios jurídicos, quanto à eficácia dos mesmos, aquela pode ser natural, também chamada de
“conditio iuris”, ou voluntária, também chamada de “conditio facti”.
– Quando não houver uma interferência voluntária das partes na irradiação dos efeitos do
negócio jurídico, estaremos frente à chamada eficácia natural, que é uma decorrência da própria lei.
É a denominada conseqüência jurídica ou efeito natural.
De outro lado, havendo interferência das partes na irradiação dos efeitos de um negócio jurídico,
estaremos frente às figuras jurídicas das condições, dos termos e dos encargos.
Condição é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico. Trata-
se de eficácia inexa, ou seja, intrínseca ao próprio negócio, que subordina o efeito de um ato a um
evento futuro e incerto. A incerteza pode ser tanto do acontecimento em si, como do momento em
que o mesmo ocorrerá. Podem ser suspensivas ou resolutivas dos efeitos de um negócio jurídico.
Termo, por sua vez, é o acontecimento futuro e certo de que depende a eficácia do negócio
jurídico. Trata-se também de eficácia inexa, ou seja, igualmente intrínseca ao próprio negócio, que
subordina o efeito de um ato a um evento futuro, mas certo. Sabe-se qual é o evento e quando este
ocorrerá. Podem ser, também, suspensivas ou resolutivas dos efeitos de um negócio jurídico.
Encargo é uma cláusula acessória a uma liberalidade. Trata-se de eficácia anexa ao negócio
jurídico. É uma complementação acessória do efeito do negócio jurídico. Trata-se de uma obrigação
anexa, um plus de efeito, em face de uma liberalidade. Também é admissível em declarações
unilaterais de vontade. O encargo também é chamado de modo.
Difere das condições e dos termos, que são de cumprimento optativo; enquanto o encargo é de
cumprimento obrigatório (Arts. 553, 562 e 1949, do NCC). As condições e os termos, ao
contrário do encargo, não são cláusulas acessórias, mas sim um todo inseparável, na medida que
a declaração de vontade do sujeito já nasce de forma condicional ou a termo.
– Revogação: A revogação é um dos modos de extinção das obrigações que consiste no poder de se
subtrair o elemento vontade do suporte fático do negócio jurídico. A revogação atinge o suporte
fático, retirando deste o elemento constitutivo referente à vontade. A revogação não ataca o negócio
jurídico, mas tão somente retira-lhe a “vox” (vontade). Portanto, com a retirada do elemento
vontade, a obrigação que dela se irradiou também se extingui. A revogação opera seus efeitos ex
nunc (revogação do contrato de mandato) ou ex tunc (revogação do contrato de doação, porém não
contra terceiros), conforme a natureza do contrato e da prestação.
– Resolução: Prevista nos Arts. 478 a 480 do NCC, a resolução é um dos modos de extinção das
obrigações, que consiste na desconstituição dos efeitos do negócio jurídico, “como se” este não
tivesse existido, independentemente de culpa de qualquer um dos contratantes, em razão da
superveniência de acontecimentos posteriores à formação do contrato. Na revogação, retira-se a
“vox” do negócio jurídico, atacando-se o suporte fático. Na resolução atacam-se os efeitos do
negócio jurídico, desconstituindo-os. A eficácia da desconstituição dos efeitos do negócio jurídico,
na resolução, opera-se ex tunc, ou seja, opera-se uma desconstituição dos efeitos desde a formação
do contrato. Também se enquadra como hipótese de resolução as situações de revisão contratual,
prevista no Art. 317 do NCC.
– Resilição: A resilição é outro dos modos de extinção das obrigações, que consiste, em sentido lato,
em uma resolução que opera seus efeitos de forma ex nunc. Tanto a resilição como a resolução,
consistem na desconstituição do negócio jurídico no plano da eficácia. Entretanto, na resilição, a
desconstituição dos efeitos do negócio jurídico não se opera desde a sua formação, mas tão somente
a partir da resilição propriamente dita. Assim, a resolução e a resilição são diferenciadas, apenas,
quanto ao momento que se inicia a sua eficácia. A resolução apresenta eficácia ex tunc, enquanto a
resilição apresenta eficácia ex nunc.
– Denúncia: Prevista no Art. 473 do NCC, como o nome de “resilição unilateral”, a denúncia
também é um dos modos de extinção das obrigações, através do qual se põe fim à relação jurídica,
simplesmente, de forma não receptícia. A denúncia atinge a toda relação jurídica, pondo termo a
esta, com efeitos ex nunc. Entretanto, denúncia não é resilição, pelo fato de ambos apresentarem
efeitos ex nunc. A resilição desconstitui os efeitos do negócio jurídico, e conseqüentemente a este
também, “como se” não tivesse existido. A denúncia não desconstitui, mas tão somente põe termo à
relação jurídica. As denúncias podem ser vazias (= não precisam ser fundamentadas) ou cheias (= só
se pode denunciar se adveio razão, segundo a lei ou negócio jurídico). Portanto, a denúncia não
desconstitui o negócio jurídico, mas tão somente impede que este continue a produzir os seus efeitos.
– Renúncia: E outro modo de extinção das obrigações, que consiste em por fim à relação jurídica,
não a atingindo em sua totalidade, mas tão somente em seu polo passivo. A renúncia assemelha-se à
denúncia, diferenciando-se apenas por representar um ato unilateral, de disposição. A renúncia
também apresenta eficácia ex nunc, não desconstituindo o negócio jurídico ou seus efeitos, mas
apenas pondo fim à relação jurídica, unilateralmente.
– Distrato: Previsto no Art. 472 do NCC, é modo de extinção das obrigações, onde não ocorre a
desconstituição do negócio jurídico ou de seus efeitos, ou sequer se atinge o suporte fático do
mesmo. Não é denúncia ou renúncia, pois não põe termo à relação jurídica simplesmente. No
distrato simplesmente se atinge apenas o vínculo da relação jurídica, criando-se um novo negócio
jurídico para modificar os efeitos do primeiro. Portanto, no distrato o negócio jurídico primitivo
continua a existir, mas apenas cria-se um novo negócio jurídico para modificar os seus efeitos. O
distrato representa um “contrarius consensus” ao contrato primitivo. O distrato, conforme o caso
concreto, poderá se apresentar com eficácia ex tunc ou com eficácia ex nunc. Deve-se ainda
observar, que no distrato devem participar todas as pessoas que fizeram parte do contrato primitivo,
por representar um novo acordo de vontades.