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Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL


CIV 2118 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
DEANE ROEHL

MODELAGEM DE VIGA ENGASTADA COM CARGA


TRANSVERSAL NA EXTREMIDADE LIVRE

BRUNO VICENTE DIAS


1721346
DOUTORADO EM ESTRUTURAS

OUTUBRO DE 2017
Introdução
Este trabalho tem como objetivo desenvolver modelos de elementos finitos, para dois problemas,
empregando o sistema ABAQUS.

O primeiro problema consiste em uma viga de aço engastada e livre de comprimento L igual a 1 m,
seção retangular 150 x 25 mm e com uma carga concentrada na extremidade. Foram considerados diferentes
modelos:

§ Modelos 2D com elementos triangulares e elementos quadrangulares;


§ Modelos 3D com elementos hexaédricos de 8 nós e;
§ Modelo de viga.

Os resultados foram então comparados com os resultados analíticos considerando a teoria de Euler-
Bernoulli e a teoria de Timoshenko.

No segundo problema é considerada uma placa de aço quadrada com 1 m de lado e com um furo de
20 cm de diâmetro no seu centro. A placa está engastada em uma extremidade e submetida a um
carregamento paralelo ao lado (cisalhante) na outra extremidade. A partir das conclusões do modelo
proposto no primeiro problema, foi desenvolvido um modelo 2D (estado plano de tensões) em elementos
finitos que avalia:

a) as tensões normal e cisalhante na seção do furo;


b) as tensões equivalentes de von Mises ao longo da placa e;
c) as tensões principais ao longo da placa e sua orientação.

1. Problema 1

1.1. Propriedades geométricas e do material

Abaixo são apresentadas as características geométricas do material:

• Comprimento do vão: L = 1000 mm


• Altura da seção transversal: h = 150 mm
• Base da seção transversal: b = 25 mm
• Inércia: I = 7031250 mm4
• Módulo da Elasticidade: E = 200000 MPa

1.2. Modelos 2D

Foram realizadas análises com modelos constituídos de elementos triangulares e quadrangulares. A


discretização levou em conta malhas com diferentes graus de refinamento. Na Figura 1 é apresentada a
geometria com as condições de apoio na extremidade esquerda e carregamento unitário na extremidade
direita.
Figura 1 – Geometria, condições de contorno e aplicação de carregamento unitário.

Em todos os modelos, foi adotada uma malha estruturada com divisões iguais entre as linhas paralelas
com três diferentes refinamentos de malha.

1.2.1. Elementos triangulares

a) Discretização 1 - Malha pouco refinada

Figura 2 – Modelo de Viga 2D com elementos triangulares e malha pouco refinada

b) Discretização 2 - Malha bem refinada

Figura 3 – Modelo de Viga 2D com elementos triangulares e malha bem refinada

c) Discretização 3

Figura 4 – Modelo de Viga 2D com elementos triangulares


Deslocamentos

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
Tensão

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
Deformação

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
1.2.2. Elementos quadrangulares

d) Discretização 1 - Malha pouco refinada

Figura 5 – Modelo de Viga 2D com elementos quadrangulares e malha pouco refinada

e) Discretização 2 - Malha bem refinada

Figura 6 – Modelo de Viga 2D com elementos quadrangulares s e malha bem refinada

f) Discretização 3

Figura 7 – Modelo de Viga 2D com elementos quadrangulares


Deslocamentos

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 2
Tensão

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
Deformação

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
1.3. Modelos 3D

Figura 8 – Geometria, condições de contorno e aplicação de carregamento unitário.

a) Discretização 1 - Malha pouco refinada

Figura 9 – Modelo de Viga 3D com elementos hexaédricos e malha pouco refinada


b) Discretização 2 - Malha bem refinada

Figura 10 – Modelo de Viga 3D com elementos hexaédricos s e malha bem refinada

Como o programa utilizado possuía uma licença estudantil, não foi possível realizar uma malha mais
refinada pela limitação de 1000 nós ao modelo.

c) Discretização 3

Figura 11 – Modelo de Viga 3D com elementos hexaédricos


Deslocamentos

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
Tensão

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
Deformação

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
1.4. Modelo de Viga

Figura 12 – Geometria, condições de contorno e aplicação de carregamento unitário.

d) Discretização 1 - Malha pouco refinada

Figura 13 – Modelo de Viga 3D com elementos de viga e malha pouco refinada (1 elemento)

e) Discretização 2 - Malha bem refinada

Figura 14 – Modelo de Viga 3D com elementos de viga e malha bem refinada (100 elementos)

f) Discretização 3

Figura 15 – Modelo de Viga 3D com elementos de viga (10 elementos)


Deslocamentos

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
Tensão

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
Deformação

- Discretização 1

- Discretização 2

- Discretização 3
1.5. Modelo de Euler – Bernoulli

A teoria de Euler-Bernoulli, também chamada de flexão pura, considera vigas prismáticas com seção
transversal uniforme e constante ao longo do comprimento longitudinal x. Para análise de vigas, as ações de
flexão provocam deslocamentos transversais em y associados a rotações das seções transversais em torno de
z. Várias hipóteses físicas são consideradas na derivação da equação de Euler-Bernoulli.

- Comprimento muito maior que as dimensões da seção transversal;

- Material perfeitamente elástico e homogêneo;

- Linha neutra no eixo de simetria da seção transversal;

- Seções planas permanecem perpendiculares a linha neutra e;

- Rotações muito pequenas.

A equação diferencial de quarta ordem abaixo representa a linha elástica do modelo de viga de Euler-
Bernoulli.

d 4 v( x)
EI . − q ( x) = 0
dx 4

Onde v(x) é o deslocamento transversal e q(x) a equação do carregamento. Aplicando ao modelo de


viga em balanço, conclui-se que q(x) = 0 e integrando a equação diferencial quatro vezes tem-se:

a) Força cortante

d 3v ( x )
EI . = V ( x) = C1
dx3

b) Momento fletor

d 2 v( x)
EI . = M ( x) = C1 x + C2
dx 2

c) Rotação

dv( x) C x2
EI . = θ z ( x) = 1 + C2 x + C3
dx 2

d) Deslocamento transversal

C1 x3 C2 x 2
EI .v( x) = + + C3 x + C4
6 2

Aplicando as constantes de integração e aplicando as condições de contorno, podemos encontrar as


equações de cisalhamento, momento fletor, rotação, deslocamento tensão atuante na borda superior da viga e
deformação.

Px 2 Px3 M σ
V ( x) = − P M ( x) = − Px θ ( x) = − v( x) = − σ =± .y ε=
2 EI 3EI I E
1.6. Modelo de Timoshenko

Assim como na teoria de Euler-Bernoulli, o modelo de Timoshenko para vigas considera que as
seções transversais permanecem planas, mas uma deformação angular e não permanecem ortogonais ao eixo
da viga. Para uma viga em balanço com a carga concentrada na extremidade livre, os deslocamentos podem
ser calculados pela expressão abaixo:

P. ( L − x ) P.x ⎛ 2 x 2 ⎞ P.x³
w( x) = − .⎜ L − ⎟ +
k . A.G 2.E.I ⎝ 3 ⎠ 3.E.I

10. (1 +ν )
Onde, k =
12 + 11ν

1.7. Comparando os resultados

Abaixo são apresentados os resultados para os modelos elaborados no sistema Abaqus na Tabela 1 e
pelas formulações de Euler-Bernoulli e Timoshenko apresentadas na Tabela 2. Os valores de tensão e
deformação para o modelo 2D com elemento triangular são indicados para a face superior / face inferior da
seção.

Tabela 1 – Modelos do Sistema ABAQUS CAE

Discretização Discretização Discretização


MODELO
1 2 3
2D triangular 1,17 2,34 1,75
Deslocamento

2D quadrangular 2,02 2,42 2,29


(mm)

3D 2,08 2,42 2,4


Modelo de viga 2,27 2,41 2,41
2D triangular 51,77 / 50,89 112,4 / 97,4 78,79 / 57,69
Tensão (MPa)

2D quadrangular 90,87 123,6 106,6


3D 75,97 103,6 91,5
Modelo de viga 53,3 101,3 106,1
2D triangular 23,56 / 24,29 54,1 / 54,69 35,85 / 28,35
Deformação
(mm/mm)

2D quadrangular 41,35 59,75 48,5


3D 41,36 52,63 48,08
Modelo de viga 26,67 50,67 53,07

Tabela 2 – Modelos teóricos

Teoria Deslocamento (mm) Tensão (MPa) Deformação (mm/mm)


Euler-Bernoulli 2,37 107 45,15
Timoshenko 2,41
Ao comparar os modelos numéricos com os teóricos, observa-se que os valores obtidos modelos 2D
com elementos triangulares apresentam resultados mais conservadores. Os modelos 3D com elementos
hexaédricos de 8 nós apresentam melhores resultados se comparado com os modelos 2D quadrangulares,
mas fornecem custos computacionais maiores que seriam considerados no caso de modelos mais complexos.

2. Problema 2

Com base no que foi obtido no problema anterior, foi elaborado um modelo de uma placa com furo
no estado plano de tensões com elementos quadrangulares.

Figura 16 – Geometria e condições de contorno

Uma primeira malha de elementos finitos foi elaborada a partir desta geometria.

Figura 17 – Primeira malha para placa com furo


Ao analisar a estrutura da malha observou-se que ela não se encontrava bem refinada, por isso, a
chapa foi dividida de forma a garantir uma boa conformidade da malha ao redor da abertura.

Figura 18 – Divisão da geometria da chapa

Figura 19 – Refinamento da malha de elementos finitos


a) As tensões normais e cisalhantes na seção do furo

- Tensões normais

A máxima tensão normal ocorre no bordo superior da chapa adjacente ao apoio, e observa-se algum
mecanismo ao redor da abertura.

- Tensões cisalhantes

Após plotar as tensões cisalhantes é possível caracterizar mecanismos plásticos ao redor da abertura;
com a máxima tensão ocorrendo nos bordos horizontais (redução da seção transversal).
b) As tensões equivalentes de von Mises ao longo da placa

Com as tensões de von Mises é possível observar que o mecanismo tende a formar rótulas plásticas
ao redor da abertura nas direções diagonais.

c) As tensões principais ao longo da placa

As tensões principais indicam aonde as tensões cisalhantes são nulas, indicando um mecanismo
plástico cortando diagonalmente a abertura. “Esticando” a abertura da esquerda pra direita de cima para
baixo e “esmagando-a” da direita para a esquerda.

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