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O Desejo de Ser Mãe e A Barreira Da Infertilidade PDF
O Desejo de Ser Mãe e A Barreira Da Infertilidade PDF
Resumo: Abalando o projeto parental de muitos casais, a infertilidade afeta distintas dimensões da vida do sujeito. Tal situação
é mais peculiar à mulher, por não corresponder às expectativas de um mundo predominantemente fértil. O presente estudo bus-
cou compreender de que forma a infertilidade afeta a vida e a autoimagem feminina de mulheres com problema de infertilidade
que passaram por um tratamento de fertilização in vitro, procurando identificar os significados que elas atribuem à maternida-
de e à feminilidade. A fenomenologia heideggeriana foi adotada como suporte teórico e metodológico. Por meio de narrativas, foi
realizada uma escuta fenomenológica de quatro mulheres em momentos existenciais distintos do tratamento de fertilização in
vitro. Pode-se perceber que, ao mesmo tempo em que gera grandes esperanças, possibilitando a conquista da desejada gravidez,
o tratamento mobiliza fortes reações emocionais.
Palavras-chave: Infertilidade; Maternidade; Fertilização in vitro; Método fenomenológico.
Abstract: Shaking the parental project of many couples, infertility affects several dimensions of the subject life. This situation
is more peculiar to women, for not coresponde the expectations of a world predominantly fertile. This study sought to under-
stand how infertility affects the life and female self-image of women with infertility problem which went through a treatment
of in vitro fertilization, seeking to identify the meanings they attach to maternity and femininity. The heideggeriana phenom-
enology was adopted as theoretical and methodological support for this study. Through semi-structured interview, was done a
phenomenological listening of four women who were at different existential moments in relation to cycle of in vitro fertilization
treatment. It’s possible to realize that at the same time it creates great expectations, making possible the achievement of desired
pregnancy, the treatment mobilizes strong emotional reactions.
Keywords: Infertility; Maternity; In vitro fertilization; Phenomenological method.
Resumen: Dificultando el proyecto parental de muchas parejas, la infertilidad genera efectos en distintas dimensiones de la
vida del sujeto. Tal situación es más ínsita a la mujer, por no corresponder a las expectativas de un mundo predominantemen-
te fecundo. El presente estudio ha buscado comprender de qué forma la infertilidad afecta la vida y la imagen que las mujeres
tienen de sí propias, cuando sufren problemas de infertilidad y deciden someterse a un procedimiento de fecundación in vitro.
Particularmente, tratamos de identificar los significados que ellas atribuyen a la maternidad y a la feminidad. La fenomenología
heideggeriana fue adoptada como suporte teórico y metodológico. Por medio de narraciones, fue realizada una “escucha” feno-
menológica de cuatro mujeres en diferentes momentos existenciales del procedimiento de fecundación in vitro. Puede ser per-
cibido que, al mismo tiempo en que son generadas grandes esperanzas, posibilitando la conquista del muy deseado embarazo,
el tratamiento moviliza fuertes reacciones emocionales.
Palabras clave: Infertilidad; Maternidad; Fertilización in vitro; Método fenomenológico.
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jeito, a experiência emocional da infertilidade possui, Pensar a respeito da reprodução assistida nos reme-
da mesma forma, um caráter eminentemente singular, te, ainda, ao estudo das várias representações sociais
uma vez que, segundo Trindade & Enumo (2002), a an- de um filho biológico e de como essas diversas signi-
gústia decorrente do diagnóstico de infertilidade pode ficações afetam o desejo dos casais em gerar um filho.
variar de acordo com a valorização atribuída à mater- Geralmente, o filho biológico é socialmente representado
nidade e à paternidade. como uma extensão de seus pais, garantindo a manu-
Tanto o diagnóstico de infertilidade quanto o trata- tenção da cadeia de gerações da família. Nesse sentido,
mento de reprodução assistida geram muitos sentimentos é comum que o ser humano busque no filho biológico
conflitantes no casal e, em especial, na mulher. Diante uma possibilidade de transcendência, uma vez que ele
da perda do controle sobre si, seu corpo e seu projeto de é percebido como uma maneira de perpetuação da pró-
vida, a mulher infértil depara-se com uma sensação de pria existência.
tristeza, de incompletude, de solidão e de inferioridade.
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lham fora de casa, procuram a realização profissional e por um tratamento de fertilização in vitro, utilizamos a
contribuem com a renda familiar. metodologia qualitativa para realização dessa pesquisa.
Apesar dos novos papéis que vem ocupando na so- Tal abordagem “pretende conhecer, esclarecer, entender
ciedade contemporânea, a imagem associada à mulher- e interpretar os processos que constituem os fenômenos
-mãe ainda é muito valorizada e a maternidade continua objetos de investigação” (Ozella, 2003; p. 122). Além dis-
sendo idealizada e compreendida como um salto quali- so, fizemos uso do enfoque fenomenológico, por acredi-
tativo para a vida da mulher, afirmam Barbosa & Rocha- tar que este seria o método mais adequado para alcançar
Coutinho (2007). A gravidez não é, de fato, a única ma- os objetivos desta pesquisa. A fenomenologia enfatiza a
neira de realização da feminilidade. Contudo, como ape- particularidade do ser e a dimensão existencial do viver,
nas a mulher pode engravidar, a maternidade represen- buscando compreender os sentidos e significados que o
ta um traço absoluto que marca a diferença de gênero. sujeito atribui à sua vivência no seu contato com o mun-
Talvez essa diferença contribua para a ideia de que um do (Frota, 2001; Dutra, 2002).
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A fenomenologia nasceu no final do século XIX, ne- O contato com as nossas colaboradoras aconteceu por
gando a existência de uma verdade absoluta e acreditando meio de uma clínica de reprodução assistida localizada
que os fenômenos observados são uma representação do em Fortaleza (Ceará), que selecionou e indicou pacientes
real. Deste modo, essa perspectiva metodológica surgiu para participarem desta pesquisa. Na tentativa de iden-
rompendo com o modelo de ciência cartesiano e metafí- tificar possíveis variações e singularidades no relato de
sico, que afirma a existência de uma verdade universal e mulheres que se encontram em diferentes momentos do
imutável, de um conhecimento científico puro e absoluto, tratamento, as quatro colaboradoras foram selecionadas
capaz de ser apreendido pelo uso da razão. de acordo com os seguintes critérios: (1) uma mulher que
A Fenomenologia Transcendental de Husserl e a está começando o tratamento de fertilização pela primei-
Hermenêutica Ontológica de Heidegger são considera- ra vez – Carla; (2) uma mulher que já fez fertilização in
das os principais pilares do pensamento fenomenológi- vitro, não engravidou e pretende tentar o tratamento no-
co. Por não acreditar na possibilidade da redução feno- vamente – Rebeca; (3) uma mulher que já fez fertilização
menológica como sugerida por Husserl, acabamos por in vitro, não engravidou e desistiu de tentar o tratamento
adotar Heidegger e sua hermenêutica como instrumento mais uma vez – Amanda; (4) uma mulher que fez ferti-
metodológico desta pesquisa. Caracterizada por sua fi- lização e está grávida – Joana. Vale ressaltar que a iden-
delidade radical à ontologia, a concepção heideggeria- tidade das colaboradoras, bem como de todos os sujeitos
na defende que a realidade se desvela na própria exis- citados por elas, foi mantida em sigilo através da atribui-
tência. Heidegger “quer entender a vida e seus fenôme- ção de nomes fictícios.
nos desde si mesmo, quer participar e não suspender o Selecionada a amostra, realizamos uma entrevista se-
próprio viver” (Frota, 2001; p. 12). Pretendemos, enfim, miestruturada, visto que essa modalidade deixa o sujeito
compreender a experiência de mulheres que vivem ou mais livre para narrar sua experiência vivida. Para tanto,
já viveram o tratamento de inseminação in vitro. Vale utilizamos três perguntas disparadoras: Como você está
ressaltar que o termo experiência é aqui compreendi- vivenciando (vivenciou) o tratamento de fertilização in
do de acordo com o sentido dado por Rogers & Kinget vitro? Para você, o que significa ser mulher? Como você
(1975). De acordo com esta mesma compreensão, para compreende a maternidade? Além disso, durante a en-
Dutra (2002), a experiência é uma dimensão existen- trevista, nos momentos em que sentimos necessidade, le-
cial do vivido, dado que ela nos remete a tudo o que foi vantamos outras questões que nos instigaram e que con-
aprendido, experimentado e vivido pelo sujeito. Deste sideramos importantes para um melhor esclarecimento
modo, achamos que compreender a experiência das co- e compreensão da experiência relatada.
laboradoras é acessar a dimensão existencial do vivido, Não fizemos uso de categorias a priori para interpre-
dado que ela nos remete ao que foi vivido, experimenta- tação e análise dos dados. Ao contrário, os dados foram
do e aprendido por elas. As narrativas foram, então, os interpretados e compreendidos a partir dos conteúdos
instrumentos escolhidos para abordar, nos aproximar das narrativas (Frota, 2001, Melo, 2012). Desta forma,
e compreender as experiências. não analisamos as narrativas guiadas somente por possí-
Na medida em que é narrada, a experiência é re-sig- veis categorias presentes nas perguntas geradoras. Nosso
nificada e re-vivida pelo sujeito no presente. Portanto, a olhar transpôs este tipo de análise classificatória, uma
narrativa não se restringe ao relato de uma experiência vez que todo o material foi analisado a partir do conteú-
vivida e que já acabou. Ela se reconstrói e se re-configu- do emergido nas narrativas.
ra no momento em que é relatada. Aquele que narra sua As entrevistas foram gravadas, transcritas e textuali-
experiência, conta com a presença do ouvinte, o qual, zadas. Pinheiro (2007) descreve o procedimento da textu-
por sua vez, ao contar aquilo que ouviu, torna-se tam- alização das narrativas, ressaltando que esta técnica tem
bém um narrador. A relação estabelecida na narrativa como objetivo aproximar o leitor do mundo experiencial
é uma relação de intersubjetividade. Como bem discute do narrador. Após a textualização das narrativas, as co-
Frota (2001): “Toda narrativa traz consigo a comunica- laboradoras puderam ter acesso ao seu material, poden-
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ção de um sentido, mas na relação com o outro. O sen- do complementar, corrigir, modificar, o que julgassem
tido de uma narrativa, portanto, se amalgama à própria pertinentes. Ao ler as narrativas transcritas e corrigidas
existência de quem a escuta, se entrelaça com a história pelas colaboradoras, procuramos analisá-las perceben-
de quem a escuta e, posteriormente, a narra” (p. 17). Para do os conteúdos relevantes a serem discutidos. A partir
Melo (2012), o psicólogo clínico pesquisador deve intervir daí, fizemos as interlocuções necessárias entre o que os
na realidade pela via do sentido, “construindo a retomada autores teorizam e o relato das experiências, procurando
da autonomia subjetiva dos participantes e cumprindo promover o encontro entre teoria e vivência. Optamos por
seu papel de agente de transformação de realidades so- analisar cada narrativa individualmente, como forma de
ciais” (p. 90). Também Holanda (2001) salienta que nas preservar um espaço para considerações singulares de-
pesquisas de cunho fenomenológico, os pesquisadores correntes do relato de cada sujeito.
não prescindem da sua participação no ato de pesquisa Buscamos compreender como a infertilidade afeta a
sendo, mesmo, um co-pesquisador. autoimagem feminina a partir das narrativas, nos apro-
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ximando do fenômeno investigado com todos nossos pre- me e divino. A respeito dessa questão, Badinter (1985)
conceitos, compreendendo-o a partir de nossas próprias enfatiza, ainda, que, historicamente, a representação da
reflexões. A intenção, aqui, foi a de permitir que as narra- maternidade foi sendo construída como a atividade mais
tivas nos atravessassem e nos afetassem, além de garantir invejável e mais doce que uma mulher pode vivenciar.
um espaço para nos colocarmos enquanto pesquisadoras. Ressaltamos aqui, que para Rocha-Coutinho (1994), é a
maternagem de um filho biológico que mais oferece à
4. Compreendendo histórias mulher o status de sacralização.
Diante da infertilidade, Carla, muitas vezes, se sen-
4.1 A história de Carla: uma ansiosa espera tiu incapaz, especialmente diante de alguma circuns-
tância que revelasse sua falta, sua incompletude. A in-
Carla, 35 anos, há mais de três vem procurando uma fertilidade gera, portanto, um sentimento de inutilidade
solução para o seu problema de infertilidade. Após a feminina, como se a mulher não fosse mulher suficiente
realização de uma investigação médica descobriu que, para ser mãe. Podemos perceber isso, claramente, na se-
também seu marido, tem um problema de infertilidade, guinte fala: “[...] a gente se sente como se fosse uma coisa
ainda mais grave do que o dela. Contudo, para ela, isso até inútil, sei lá, não tão mulher. Porque a maternidade é
tornou a situação mais difícil, devido ao forte pensamen- você se sentir mais mulher”. Nesse sentido, um filho sig-
to machista da nossa sociedade, ao relacionar masculini- nifica a confirmação de ser mulher e feminina, fato que
dade e paternidade. Em relação a essa questão, Melamed, é ressaltado nos estudos de Carvalho, Seibel, Makuch &
Ribeiro & Seger-Jacob (2006) ressaltam que a infertilida- Maluf (2006a). Além disso, podemos compreender que
de de causa masculina é, socialmente, vista como baixa a falta de um filho faz desabrochar a sensação de in-
virilidade e masculinidade, uma vez que o homem está completude em Carla, quando ela afirma: “A mulher só
incapacitado de engravidar uma mulher. se completa quando ela é mãe”. A sensação de Carla é
Receber o diagnóstico de infertilidade foi, para Carla, afirmada pelo estudo de Trindade & Enumo (2002), por
uma experiência bastante difícil, especialmente porque exemplo, que constataram que mulheres com problemas
a incapacidade de conceber naturalmente estava no seu de infertilidade costumam se sentir tristes e incomple-
esposo. Diante da dor e da fragilidade do marido, sofreu tas, considerando que a realização feminina passaria
duplamente, chegando a desejar que a dificuldade estives- pela glória de ser mãe.
se somente nela. Tal comportamento assumido por Carla Carla considera que se a mulher desiste de todas as
corrobora com os estudos referidos acima, nos quais se possibilidades de ter um filho, desconsiderando, inclusi-
afirma que muitas mulheres se sentem responsáveis pelo ve, a fertilização in vitro e a adoção, ela nunca irá se acei-
sofrimento dos maridos, quando existe uma infertilidade tar e poderá passar por uma grande depressão. É como
no casal. Em sua pesquisa, Borlot & Trindade (2004) ha- se a maternidade fosse, para ela, uma condição sine qua
viam constatado que a infertilidade era vivenciada como non para a felicidade feminina. Tal pensamento corrobo-
“experiência devastadora”, especialmente para as mulhe- ra com a fala de Makuch (2006), de que, diante de uma
res. Podemos observar isso, claramente, no caso de Carla: sociedade predominantemente fértil, a mulher com pro-
“[...] despencou um muro por cima de você. Porque eu me blema de infertilidade sente-se inadequada, pois não vi-
vi logo numa situação: “Eu não vou ser mãe!”. vencia os privilégios que a maioria das outras mulhe-
Legitimando a afirmação de Carvalho, Santos, res da sua idade vivencia. Diante da impossibilidade de
Cressoni-Gomes & Mazzotti (2006) de que a infertilida- uma gravidez natural, Carla chegou a pensar em adotar.
de pode prejudicar setores da vida do sujeito, inclusi- Entretanto, ela e seu marido decidiram não investir na
ve a relação conjugal, Carla ressalta que a infertilidade adoção, pois não saberiam a origem daquela criança, já
atrapalha até mesmo o relacionamento, enfatizando que que ela não seria um “filho de sangue”. Parece-nos que
o casamento precisa ter uma base muito sólida para que a adoção se apresenta como uma possibilidade de viver
o processo seja enfrentado sem desestruturar a relação. a maternidade. Porém, esta escolha é, ainda, uma pos-
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Entretanto, a vivência do problema da infertilidade pos- sibilidade remota, para ser pensada somente quando se
sibilitou que Carla e seu marido ficassem mais unidos esgotarem as tentativas da fertilização in vitro.
e mais cúmplices. Na verdade, Borlot & Trindade (2004)
já haviam observado que muitos casais inférteis acabam
se aproximando diante da experiência da infertilidade, 4.2 A história de Rebeca: quando o desejo foge do
confirmando a experiência de Carla. controle
Carla representa a gestação de um filho biológico
como um milagre divino. A sacralização da maternida- Rebeca tem quarenta anos e já passou por duas fer-
de pode ser observada nos estudos de Rocha-Coutinho tilizações in vitro, sem sucesso. Já é mãe de três filhos.
(1994). A autora destaca que é a maternidade que trans- Aos dezenove anos, após o nascimento do seu terceiro
forma Eva em Maria. Em outras palavras, é a maternida- filho, decidiu ligar as trompas. Diferente do que imagi-
de que transforma a mulher em um ser generoso, subli- nava, acabou se separando e casando novamente. Deseja
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ter um filho com o novo marido, mas não pode engravi- autor, somos levados a acreditar que “Uma mulher não é
dar naturalmente. Mesmo já sendo mãe, Rebeca relatou verdadeiramente uma mulher se não tiver filhos” (p. 122).
que receber o resultado negativo das duas fertilizações Interessante ressaltar que Rebeca já é mãe de três filhos,
in vitro sem sucesso, foi uma experiência horrível e mui- mas mesmo assim questiona sua feminilidade.
to dolorosa. Tal situação fez com que se deparasse com Rebeca acredita ter nascido com o dom da materni-
um forte sentimento de impotência, percebendo que não dade, uma vez que sua qualidade maternal está acima da
pode fazer nada para mudar sua condição: “Por mais que qualidade enquanto profissional e esposa. Nas suas pala-
eu tente, eu posso tentar uma vez, duas, três, quatro, dez, vras: “Eu acho que é um dom. [...] Eu sei que eu sou uma
mas não é uma coisa que eu possa dizer: ‘Ah... Agora vai boa profissional, eu sou uma boa esposa, mas eu sou muito
dar certo!’. Não. Então, a gente se sente impotente e ao mãe. [...] eu tenho um instinto materno muito aflorado”. Tal
mesmo tempo super arrependida, porque a laqueadura fato parece corroborar com a fala de Makuch (2006), ao
fui eu que decidi”. afirmar que, apesar do crescimento profissional, muitas
Em decorrência de sua escolha, Rebeca assume, em mulheres continuam tendo na maternidade seu maior de-
forma de culpa, a responsabilidade por não estar conse- terminante de função social. Barbosa & Rocha-Coutinho
guindo engravidar. Cunha, Wanderley e Garrafa (2007) (2007) destacam que apesar de, atualmente, a mulher ser
observaram que, quanto mais jovem a mulher se submete estimulada a ocupar o espaço público e valorizar a sua
à ligadura tubária, maiores são as possibilidades de arre- carreira profissional, o lugar da maternidade na nossa
pendimento, o que contribui para o aumento da demanda sociedade ainda é bastante valorizado.
em serviços de reprodução assistida. Apesar de não ter ob- Rebeca considera que a maternidade não é uma con-
tido sucesso no resultado final, Rebeca respondeu muito dição inerente a toda mulher: “O fato de ser mulher não
bem ao tratamento nas duas vezes em que o fez. Tal fato quer dizer que seja mãe. [...] Elas são mulheres, mas não
intensificou a frustração e decepção diante do resultado tem o menor instinto maternal”. Mais uma vez é interes-
negativo: “O processo não é ruim. [...] O processo foi ma- sante perceber que nossa narradora havia feito uma rela-
ravilhoso. O ruim mesmo foi só a notícia”. ção direta entre a maternidade e a feminilidade, contradi-
Apesar dos dois resultados negativos terem sido vi- zendo-se, a seguir. Na verdade, para Rebeca, parece haver
venciados como uma experiência devastadora, a maneira uma certa confusão entre esta relação. Badinter (1985)
como Rebeca recebeu o resultado da segunda fertiliza- também considera que o amor maternal não é instintivo
ção diferiu um pouco de como ela recebeu o da primeira. ou biológico, mas sim construído socialmente, na relação
Melamed (2006) verificou que a vivência de pelo menos diária da mãe com o filho. Possuindo a mesma linha de
um procedimento de reprodução assistida sem sucesso pensamento da autora, Rebeca considera que a materni-
contribui para o receio do fracasso na próxima tentativa. dade está além do parto e do laço sanguíneo, pois a mu-
Parece-nos que o primeiro resultado negativo contribuiu lher pode ser mãe mesmo sem ter gerado o filho: “Então,
para que, da segunda vez, Rebeca fosse mais consciente eu acho que não dá para a gente associar: ‘Eu sou mulher
da possibilidade de insucesso. e sou mãe’, porque, às vezes, você é mulher e você não é
Além de Rebeca, seu marido também não estava pre- mãe. [...] Independe de você ter tido, de você ter parido,
parado para um resultado negativo. Interessante perceber de você ter um laço sanguíneo. Você pode ser mãe mesmo
que, assim como na história de Carla, apesar da grande sem você ter tido o filho.. Então, eu acho que a feminilida-
dor que estava sentido, Rebeca precisou se fortalecer, de é relacionada à maternidade. Porque você vai ter, vai
deixando sua própria dor em segundo plano, para dar gerar, tudo o que o homem não pode fazer. Mas, às vezes,
forças a seu esposo. Diante do insucesso, Rebeca e o ma- a mulher não tem aquele instinto maternal”. Desta for-
rido encontram conforto na possibilidade de continuar ma, apesar de acreditar que a maternidade está ligada à
tentando o tratamento, acreditando que, assim, ainda vão feminilidade, uma vez que a experiência de gerar e parir
conseguir realizar o sonho da gravidez. um filho pertence única e exclusivamente ao universo
Chamou-nos atenção o fato de que, assim como Carla, feminino, Rebeca não considera que o instinto materno
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Rebeca também fez o tratamento de fertilização em sigi- seja natural e inerente a todas as mulheres.
lo como forma de se proteger da cobrança familiar e so-
cial. Isso parece nos revelar a grande dificuldade de se
ver como infértil. Vivenciar a impossibilidade de engra- 4.3 A história de Amanda: ressignificando a materni-
vidar no momento em que deseja, fez com que Rebeca se dade
sentisse diferente: “(...) Porque é como se a minha femini-
lidade, naquele momento, fosse extremamente questiona- Após ter feito duas inseminações artificiais sem su-
da. Porque o feminino, o ser mulher deveria ser uma coi- cesso, Amanda, 42 anos, decidiu tentar o tratamento de
sa que estivesse bem relacionada com o ser mãe”. Tubert fertilização in vitro. Teve muita dificuldade em decidir
(1996) ressalta que a herança cultural continua transmi- fazer o tratamento, pois além de não querer tomar hor-
tindo o dogma de que a maternidade é indispensável para mônios, acreditava que a gravidez deveria ser uma ben-
a realização da feminilidade. Nesse sentindo, continua o ção divina. Entretanto, como o passar do tempo, foi per-
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cebendo que, no futuro, poderia se arrepender de não ter a esperança de que a fertilização desse certo – sentimen-
buscado ao máximo os recursos que a medicina oferecia. to que a motivava a continuar lutando. Oliveira (2006, p.
Decidiu parar com o tratamento, no entanto, após ter tido 214) observou que “Ao longo do processo de fertilização
uma complicação de saúde na sua segunda fertilização. assistida ocorrem perdas recorrentes e frustrações varia-
Atualmente, encontra-se num momento de indefinição, das, mas o otimismo e as esperanças sustentam o desejo
conforme nos fala a seguir: “Eu estou, no momento, sem pelo filho e os esforços necessários”. Desta maneira, pa-
tomar uma decisão definitiva porque, depois disso, pen- rece que é justamente essa esperança no resultado posi-
sei em adotar. Só que ainda não me veio aquela coragem, tivo que mantêm os casais na desgastante e angustiante
aquela força, aquele élan de tomar essa decisão”. luta do processo de fertilização in vitro.
Depois de ter vivenciado duas fertilizações sem su- Para Amanda, ser mulher é algo que traz o embele-
cesso, Amanda ficou sentindo a dor da frustração. Porém, zamento da vida. Relata: “Ser mulher é uma dádiva, é
apesar do sofrimento vivido, procura re-significar sua uma benção, é algo do ponto do embelezamento da vida”.
história para não ficar fixada na frustração e na dor da Entretanto, em alguns momentos durante o tratamento, o
derrota: “Eu estou tentando não congelar aí nessa etapa, problema da infertilidade fez com que Amanda se ques-
tentando vislumbrar uma alternativa como uma adoção, tionasse a respeito de sua feminilidade. Por considerar
que é para não morrer aí essa história, numa frustra- que a gravidez acontece naturalmente no ciclo de vida
ção”. Tal comportamento é muito comum em mulheres feminino, ela significa a infertilidade como algo estranho
que se frustram com tentativas infrutíferas de engravi- e inesperado, que desconfirma a condição feminina da
dar. Oliveira (2006) defende que, diante do fim das ten- mulher, conforme podemos observar no seguinte trecho:
tativas de engravidar pela reprodução assistida, o casal “Eu acho que teve momentos que esse sentimento de ser in-
infértil precisa se adaptar à frustração e criar novos ob- fértil me fez questionar o quanto eu era feminina (...) Esse
jetivos e propostas de vida. A adoção é uma das opções fato de não gerar filhos vai de encontro ao que é natural.
mais buscadas. Porque, naturalmente, a mulher que tem relações sexu-
Acreditando que a mulher precisa estar tranquila, ais, engravida. [...] O que acontece? Eu não sou mulher?
decidida e determinada para ter sucesso no tratamen- Então, eu não sou mulher? Cadê o meu feminino? O meu
to de fertilização, Amanda, finalmente, decidiu por não homem, o meu marido espera de mim um filho. E cadê?
tentar a terceira vez. Podemos observar que, assim como Como é que fica isso (...) Nossa! Nasci como mulher e não
na história de Carla e de Rebeca, Amanda incomoda-se consigo uma coisa que é mais inerente da mulher, que é
com o sentimento de pena que as pessoas costumam sen- gerar filhos, amamentar, parir, ser mãe e maternar!” [...]
tir por mulheres e casais que não conseguem gerar um Eu não passei por isso, eu não tive êxito em ser mulher!”.
filho. De acordo com Barbosa & Rocha-Coutinho (2007, Amanda não quer que a ideia de adoção seja apenas
p. 184), “[...] a mulher que não tem filhos ainda é vista uma solução para preencher o vazio que ficou depois da
como uma “coitada”, uma “pessoa inferior”, alguém que sua frustração com a fertilização in vitro. Tem razão no
não conseguiu cumprir o seu principal papel”. Esse sen- seu cuidado. Zibini & Vasconcellos (2006), por exemplo,
timento é muito semelhante ao que nossa colaboradora ressaltam que a adoção não pode ser pautada na busca
descreve: “O sentimento da infertilidade, em si, já é mui- de resolução para uma história de insucessos, pois ela
to ruim, porque você, sem dúvida, acaba questionando não apaga a marca da infertilidade. Ao contrário, mui-
o porquê da infertilidade. Você olha em volta e vê todas tas vezes, pode ser sua prova viva. Desta forma, os lutos
as suas amigas, as pessoas do seu convívio, todas essas não elaborados podem interferir negativamente na rela-
pessoas com filhos e você sem filhos. Então, só daí, já dá ção com o filho adotado.
uma inquietação. Então, por conta da infertilidade, já há Amanda acredita que o amor materno vem do coração,
um sentimento ruim, de ser diferente, de ser ‘a’ que não e não da barriga, sendo construído no convívio diário a
conseguiu ter filhos”. partir do contato. Amplia sua representação da materni-
Durante o tratamento, Amanda entrou em contato dade, defendendo que ela não começa, necessariamente,
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com a questão da sua feminilidade, conforme ressalta: com uma gravidez, pois acredita que a mulher começa a
“Quando a gente começou a fazer os tratamentos veio à ser mãe a partir do ponto em que opta por isso, em qual-
tona toda essa questão, também, da feminilidade, no sen- quer momento da sua vida. Em seus estudos a respeito
tido de que, para haver uma gravidez, a mulher precisa, do vínculo afetivo entre mãe e filho, Badinter (1985) che-
realmente, estar com o seu feminino muito bem traba- gou à conclusão que o amor materno é resultado de uma
lhado. (...) Não tem como você querer ser mãe, sem estar construção sociocultural, não tendo relação com instinto,
muito bem consigo mesma no seu feminino”. fator sanguíneo ou determinismo da natureza.
Amanda ressalta que um ganho do tratamento foi a Contudo, apesar de Amanda ser simpatizante da ado-
aproximação do casal, que acabou ficando mais cúmpli- ção, ela ainda não pode se decidir por adotar uma crian-
ce e companheiro. Já o lado doloroso foi vivenciado como ça, acreditando que: “(...) esse amor que se tem aos filhos
uma sensação de mal-estar, angústia e autocompaixão. é muito construído no dia-a-dia, no convívio, no olhar, no
Contudo, apesar das dúvidas e do mal-estar, prevalecia sentir mesmo. Eu acho que não vem da barriga”.
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4.4 A história de Joana: a concretização do sonho te. Apesar de também falar que para uma mulher ser
feminina, ela precisa se arrumar e cuidar da sua bele-
Após ter sofrido dois abortos, Joana tentou mais de za, Joana destaca a qualidade hormonal como principal
um tipo de tratamento para conseguir engravidar natu- fator da feminilidade: “Precisa ter os hormônios funcio-
ralmente e sustentar o bebê. Entretanto, depois de mais nando bem”, afirma.
de um ano de tentativas sem sucesso, decidiu partir para Mondelli & Levy (2006) destacam que o discurso hege-
a fertilização in vitro. Narrou a experiência de tomar as mônico da maternidade cria a ideia de que é natural uma
injeções de hormônio como algo muito desagradável, do- mulher ser mãe. Segundo essas autoras, “a impossibili-
loroso e desconfortável. Outro momento de muita ansie- dade de tal situação põe por terra a condição de mulher.
dade e medo foi o procedimento de retirada dos óvulos. Esta já não mais se reconhece, pois é a partir da gravidez,
Durante vários momentos da entrevista, Joana ressaltou o viver o que a natureza lhe reservou, que a possibilida-
que o tratamento de fertilização exige muita determina- de de completude se dá” (p. 53). Nesse sentido, podemos
ção e perseverança. Além do desejo de ser mãe, o que perceber o quanto a ideia de feminilidade está, cultural-
motivou Joana a persistir no tratamento foi a vontade mente, associada à capacidade da mulher gerar um filho.
de formar uma família, pois considera que ela e o mari- Joana, assim como afirmam os autores, considera que ser
do formam apenas um casal. Farinati, Rigoni & Müller mulher é ser capaz de reproduzir, gerar um filho.
(2006) observaram que muitos casais se unem motiva- Joana considera a maternidade uma grande responsa-
dos pelo alto valor colocado na constituição de uma fa- bilidade e, ao mesmo tempo, um grande prazer. Enfatiza
mília. A respeito desse desejo de constituir uma família, que deseja passar o máximo de tempo que puder com o
Oliveira (2006) esclarece que: seu filho, pois considera que o contato afetivo materno é
insubstituível: “[...] eu queria, toda hora extra, estar sem-
A própria relação amorosa, que resulta na união de pre em contato, para que ele tenha referência sempre em
um casal, traz consigo o desejo de crescer e aumentar mim, próxima de mim, que sou mãe dele [...] o contato
os vínculos e as responsabilidades compartilhadas – e afetivo materno, a maternidade, pra mim, é insubstituí-
uma das formas é através de uma criança. Esse desejo vel. [...]Então, eu vejo a maternidade assim, tem que fazer
é parte da construção de um casal, um projeto de fa- essa referência desde o nascimento do nenê”.
mília e de futuro, representação da continuidade do Interessante observar, no seguinte trecho, as repre-
casal e da família maior, como herança de sua história sentações que Joana possui do filho biológico: “Eu vou
e de seus valores (p. 209). receber uma nova pessoa da família, um novo descen-
dente. Eu até brinquei com ele hoje, eu disse: “Eu vou ter
Em meio à sua dificuldade de ter um filho, quando um rapaz. Se Deus quiser, na velhice, quando eu tiver
Joana pensava em adoção, rejeitava a ideia, pois ficava idosazinha, vai me fazer muita companhia!”. Parece-
com medo do filho adotivo querer procurar a família nos que, além da continuação da família, que se esten-
biológica quando crescer e acabar gostando mais dos de e prospera com a vinda de um descendente, o filho
pais biológicos do que dela e do seu marido. Segundo biológico significa, para ela, o fim da solidão parental,
Carvalho, Seibel, Makuch & Maluf (2006b), “Um medo uma vez que ele faria companhia aos pais durante a ve-
comum é a necessidade de um relacionamento de san- lhice. Trindade & Enumo (2002) já haviam observado
gue, para que possa existir uma relação intensa. Outro que algumas mulheres relatam a necessidade de terem
medo comum, é que a criança adotada, em algum mo- um filho para não ficarem sozinhas. Além disso, Borlot
mento, venha rejeitar os pais adotivos, dando preferên- e Trintade (2004) constataram que a questão da descen-
cia aos pais biológicos” (p. 34). Então, o medo de Joana dência é uma das fortes representações sociais em rela-
parece ser comum em mulheres com vivência seme- ção ao filho biológico.
lhante a dela.
Assim como as outras participantes, Joana colocou
Artigo - Relatos de Pesquisa
que se sentia diferente das outras mulheres, por viven- Considerações Finais
ciar a dificuldade de engravidar e a impossibilidade
de segurar uma gravidez. Podemos observar o quanto Ao longo do trabalho, foi possível perceber como a
essa experiência foi sofrida, no seguinte relato: “Quando incapacidade de gerar um filho naturalmente é sentida
você não consegue se reproduzir, ou nos primeiros me- como uma experiência dilaceradora para essas mulheres.
ses, quando eu perdi a primeira gravidez, para mim, foi Tal fato faz com que elas se considerem incapazes, inú-
a pior coisa do mundo. Era como se eu fosse diferente teis e “danificadas”, pois sentem que falharam em uma
[...] mas eu me perguntei, dentro de mim: “O que foi que função característica do feminino, isto é, conceber, ges-
aconteceu?” tar e parir um filho.
No que diz respeito à questão da feminilidade, pa- A fala das colaboradoras dessa pesquisa deixa per-
rece-nos que Joana associa o fato de ser mulher à capa- ceber que a visão idealizada da maternidade como algo
cidade hormonal de poder gerar um filho naturalmen- sublime e como condição para que a mulher se sinta
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O Desejo de Ser Mãe e a Barreira da Infertilidade: Uma Compreensão Fenomenologica
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Renata R. Q. Leite & Ana M. M. C. Frota
Recebido em 13.08.13
Primeira Decisão Editorial em 08.01.14
Aceito em 24.04.14
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