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ESTADO MÍNIMO

Daniel Emídio.

Um pensamento recorrente – e equivocado - é achar que as desigualdades sociais vão ser


reduzidas com uma ação mais forte do governo em relação aos mais ricos sendo eles
detentores de privilégios enquanto o resto da sociedade padece. Quero mostrar o
equívoco dessa ideia considerando o modus operandi que supostamente essa “injustiça
social” acontece.
Já é mais que conhecido de qualquer brasileiro a existência de lobby, das propinas
milionárias, doações em campanhas em troca de favores de políticos e funcionários de
“alto clero”. E os benefícios são diversos: aprovação de leis que defendem seus
interesses, favorecimento em licitações, crédito demasiado nos bancos estatais
prejudicando todo o mercado que fica concentrado nas mãos dos “amiguinhos” do governo
que tem seus ganhos mais que potencializados. Aumentando ainda mais a desigualdade
social e concentração de poder. Isso é o que na econômica chama-se de rent seeking: a
captura das instituições regulatórias, de políticos e de burocratas com o objetivo de obter
privilégios em prol de grupos interesses.
Nessa visão – de esquerda, não clássica, keynesiana por natureza – o acúmulo de
riqueza, em si mesmo, é o maior dos pecados e razão da miséria humana. Tendo como
efeito a captura do poder político por parte de uma oligarquia que suborna os governantes
corruptos. Como se não fosse inerente à natureza do homem inclinada a exploração e
abuso dos seus semelhantes. Como se uma sistema econômico fosse capaz de apagar
essa degradação do caráter humano. Para combater tudo isso, alguns já chegaram a
propor uma fixação de limites para a acumulação patrimonial: ou seja, propor que exista
um limite máximo de capital que uma pessoa possa legitimamente acumular. Tão logo o
indivíduo atingisse este valor pré-determinado, o estado passaria a confiscar toda a sua
riqueza extra que viesse a ser adquirida a partir daí. Então para essas pessoas
simplesmente dizem que, já que os ricos capturam o estado e o moldam a seu favor, então
a solução seria aumentar ainda mais o poder do estado para que este seja ainda mais
poderoso que os ricos e não se curve a eles. ISSO É A COISA MAIS RIDÍCULA DO
MUNDO!
É muita ingenuidade dizer – para não usar palavras mais duras - que a solução para o
risco da captura do estado por parte das oligarquias econômicas é conceder poderes
ainda maiores a políticos e burocratas através do inchaço do Estado. É justamente a
existência de mandatários tão poderosos ao ponto de poder expropriar maciça e
arbitrariamente a propriedade dos cidadãos constitui um risco ainda maior do que a
simples existência daquela oligarquia econômica. Afinal, por que temer unicamente o
abuso de poder "dos ricos", mas não o abuso de poder dos governantes onipotentes? Isso
é simplesmente burrice!
Se o objetivo é contrabalançar o perigo do surgimento de uma classe de multimilionários
que controlam o Estado em interesse próprio, o que deve ser feito não é multiplicar o
poder deste Estado ao ponto de que este seja capaz de destruir a cada um destes
multimilionários. Pois são esses super poderes do Estado que fazem dos governantes
negociarem sua influência. Quanto mais poder tem o Estado mais propício mais está
sujeito à corrupção. O que deve ser feito é minimizar a intervenção do Estado. Diminuir a
margem de atuação legítima do estado sobre a sociedade. Vemos o exemplo disso em
nosso país. Onde existe um alto grau de intervenção nas políticas econômicas. Onde a
livre iniciativa não existe. Tendo agencias reguladoras em praticamente todos os setores
econômicos.
Quem teme que os ricos passem a controlar o Estado está, e logicamente, reconhecendo
que o Estado tornou-se muito poderoso para atemorizar a todos os cidadãos. Logo, a
solução para combater esta instituição maléfica é lhe conceder o máximo de poder? Um
poder político estritamente limitado é um poder político que a ninguém interessa controlar,
pois nada poderá conseguir por meio dele. A solução é um Estado mínimo e não um
Estado grande e forte.

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