Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Governador Valadares
2012
1. Introdução
A medição da vazão é essencial a todas as fases da manipulação dos fluidos,
incluindo a produção, o processamento, a distribuição dos produtos e das utilidades. Ela
está associada com o balanço do processo e está diretamente ligada aos aspectos de
compra e venda dos produtos.
A medição confiável e precisa requer uma correta engenharia que envolve a
seleção do instrumento de medição, a sua instalação, a sua operação, a sua manutenção
e a interpretação dos resultados obtidos.
O conjunto formado pelo medidor e os trechos da tubulação antes e depois do
medidor deve ser considerado globalmente e não apenas o medidor isolado. Este
conjunto pode incluir retificadores de vazão, reguladores do perfil da velocidade,
removedores de vórtices, filtros, tomadas de medições.
A vazão de fluidos é complexa e nem sempre sujeita à análise matemática exata.
Diferente do sólido, os elementos de um fluido vazando podem mover em velocidades
diferentes e podem ser sujeitos a acelerações diferentes.
A escolha correta de um determinado instrumento para medição de vazão
depende de vários fatores. Dentre estes, pode-se destacar:
Exatidão desejada para a medição
Tipo de fluido: líquido ou gás, limpo ou sujo, número de fases, condutividade
elétrica, transparência, etc.
Condições termodinâmicas: por exemplo, níveis de pressão e temperatura nos
quais o medidor deve atuar
Espaço físico disponível
Custo, etc.
Figura 01: Pesquisa sobre utilização de transmissores em controle de processos.
Fonte: Revista Control Engineering 2002.
2. Definição
Quando se toma um ponto de referência, a vazão é a quantidade do produto ou
da utilidade, expressa em massa ou em volume, que passa por ele, na unidade de tempo.
A unidade de vazão é a unidade de volume por unidade de tempo ou a unidade de massa
por unidade de tempo.
A vazão volumétrica é igual ao produto da velocidade do fluido pela área da
seção transversal da tubulação. A vazão mássica é igual ao produto da vazão
volumétrica pela densidade do fluido . Na prática, como é difícil a medição direta da
densidade do fluido e a composição dos gases é constante, usam-se as medições da
temperatura e da pressão para inferir a densidade.
A partir da vazão volumétrica ou mássica pode-se obter a sua totalização, através
da integral da vazão instantânea. Outra dificuldade apresentada na medição da vazão
está relacionada com a grande variedade de fluidos manipulados e com o elevado
número de configurações diferentes. Por isso, é freqüente na medição da vazão o uso de
extrapolações e de similaridades geométricas, dinâmicas e cinemáticas entre os
diferentes modelos.
3. Vazão em Tubulação
Em aplicações industriais de medição da vazão, o mais comum é se ter fluidos
em tubulações fechadas. O caminho mais empregado para transportar o fluido entre dois
pontos da planta é a tubulação com seção circular. O círculo fornece a maior resistência
estrutural e apresenta a maior área transversal por unidade de superfície da parede. Por
isso, a não ser que seja dito diferente, as palavras tubo e tubulação sempre serão
referidas a um conduite fechado, com seção circular e com diâmetro interno constante.
Ocasionalmente são encontrados conduites com seção transversal não-circular
ou tubulações com seção circular porém não totalmente preenchidas pelo fluido.
Quando se calcula o número de Reynolds, nestas situações, utiliza se o conceito de raio
hidráulico, que é a relação entre a área transversal da vazão e o perímetro molhado.
Muitas fórmulas empíricas propostas para a medição da vazão em tubo são muito
limitadas e podem ser aplicadas apenas quando as condições reais do processo se
aproximam das condições do laboratório.
Para transferir o fluido de A para B, coloca-se uma tubulação ligando os, dois
pontos e instala-se uma bomba nesta tubulação. Por causa do atrito entre o fluido móvel
e a tubulação fixa, o fluido deve ser pressurizado, para que escoe. Ou seja, para haver
vazão do fluido através da tubulação, a pressão na saída da bomba deve ser maior que a
pressão na entrada do tanque B. Esta diferença de pressão produz a força que faz o
fluido escoar através da tubulação. O fluido atinge um equilíbrio ou fica em vazão de
regime permanente quando a força requerida para movê-lo através da tubulação é igual
a força produzida pela diferença de pressão.
Vários parâmetros influem na queda de pressão ao longo da tubulação: o seu
comprimento, o seu diâmetro interno, a velocidade, a densidade e a viscosidade do
fluido que se move através da tubulação e o atrito provocado pela rugosidade da parede
interna da tubulação no fluido. Existem equações teóricas e experimentais relacionando
todos estes parâmetros.
A espessura da parede da tubulação, determinada pelo schedule do tubo, pode
variar substancialmente para um determinado diâmetro da tubulação, enquanto o
diâmetro externo permanece constante. Como conseqüência, o diâmetro interno pode
variar e por isso há ábacos e tabelas na literatura técnica para a sua obtenção.
Em geral, quando o número do schedule aumenta, a espessura da parede
aumenta e o diâmetro interno diminui. Para um fluido ideal, sem atrito, a velocidade da
vazão adjacente a superfície limitante é a mesma. Na realidade, a adesão entre o fluido e
as superfícies da parede tendem a fazer a velocidade do fluido igual a velocidade da
superfície do corpo. Para uma pequena distância da superfície a velocidade aumenta
com a distância em uma taxa rápida por causa da viscosidade dentro do fluido. A vazão
nesta camada fina é laminar. Esta camada fina é conhecida como a camada laminar
limístrofe.
Há então uma zona de transição, onde os limites são indefinidos e além do qual a
vazão é totalmente turbulenta. Mais distante da superfície, o efeito da superfície
desaparece e a vazão não é perturbada. A camada entre o campo laminar e o perturbado
é conhecida como a camada de limite da turbulência. Os efeitos da viscosidade são mais
pronunciados próximo da parede ou do corpo sólido e diminui rapidamente com a
distância da superfície limite.
4. Tipos de Vazão
A vazão pode ser classificada de muitos modos, tais como laminar ou turbulenta,
ideal ou real, compressível ou incompressível, homogênea ou com mais de uma fase,
viscosa ou sem viscosidade, regime estável ou instável, rotacional ou irrotacional,
isentrópica, adiabática, isotérmica ou pode ter designação de cientistas, tais como vazão
de Couette, de Rayleigh, de Stokes.
Para cada vazão, há hipóteses simplificadoras e as correspondentes equações
permitem a análise. As simplificações se referem à viscosidade, densidade, pressão,
temperatura, compressibilidade e energia em suas diferentes formas. Sempre há
aspectos teóricos e informações experimentais. Em qualquer situação existem três
condições:
1) A lei de Newton do movimento se aplica para cada partícula em cada instante;
2) A equação da continuidade é válida;
3) Nas paredes do tubo, a componente normal da velocidade é igual à velocidade do
tubo. Para o fluido real, a componente tangencial da velocidade do fluido na parede é
zero, em relação à parede.
5. Distúrbios na Medição
A precisão estabelecida para a medição da vazão é baseada na vazão de regime
de um fluido newtoniano, homogêneo, com uma única fase, com um perfil de
velocidade constante, com o coeficiente de descarga obtido em uma tubulação com
extenso trecho reto.
Os desvios destas condições de referência afetam a medição e o medidor, desde
a introdução de erros de polarização até a destruição total do elemento sensor de vazão.
5.1. Cavitação
Pode se ferver o líquido de dois modos distintos:
Aumentando a sua temperatura e mantendo constante a sua pressão;
Diminuindo a sua pressão e mantendo constante a sua temperatura.
Por definição, a cavitação é a ebulição de um líquido causada pela diminuição da
pressão, em vez de ser provocada pelo aumento da temperatura. É a formação de
cavidades cheias de vapor dentro do líquido, causada pela despressurização do fluido
em movimento, quando ele passa por alguma restrição e a pressão é reduzida a um valor
abaixo da pressão de vapor do fluido, sem variação da temperatura ambiente. Quando a
pressão a jusante aumenta, as cavidades de vapor formadas entram em colapso, gerando
ondas de, choque internas que resultam em ruído e danos materiais.
Os gases dissolvidos e as bolhas de gás nos líquidos fornecem os pontos
nucleativos e estão presentes no processo de formação da cavitação. Com concentrações
de gases na faixa de 40 ppm os fluidos podem cavitar em pressão estática mais elevada.
Geralmente, a cavitação começa em mais alta pressão estática e menor velocidade em
tubulações com diâmetros maiores. Uma vez começada, a cavitação contínua em
pressão estática maiores que a pressão inicial.
A cavitação ocorre em um sistema quando a pressão se reduz suficientemente,
ou por atrito, ou por separação do fluido, ou por restrição apresentada por válvula,
obstáculo, elemento de vazão gerador de pressão diferencial. Mesmo em um sistema
com tubulação bem projetado, pode aparecer a cavitação quando a válvula de controle
ou de alivio é aberta repentinamente.
Na medição de vazão com geração a pressão diferencial, tem se uma queda
brusca da pressão após o elemento primário. Quando a pressão da tubulação cai,
aproximando se da pressão de vapor do líquido da linha, começa a cavitação.
A cavitação depende da temperatura e da pressão estática da tubulação e da pressão de
vapor do fluido. A cavitação quando intensa pode destruir a tubulação, restringir a
vazão, arruinar o elemento primário, produzir vibrações nas estruturas e produzir níveis
de ruído inaceitáveis.
O flashing ou flacheamento é um fenômeno análogo a cavitação. Há cavitação
quando o líquido se transforma em vapor, quando a pressão cai e depois, o vapor volta
para o estado líquido, quando a pressão volta a aumentar. No flacheamento, o líquido se
transtorna em vapor e permanece vapor, pois a pressão recuperada ainda é menor que a
pressão de vapor do fluido.
A maioria dos problemas de cavitação ou flacheamento ocorre na medição de
líquidos voláteis, com vapores formados antes e depois do elemento primário ou de
vapores que se acumulam na tubulação. Os vapores podem ser eliminados pelo uso de
selos ou purgas. A formação de vapores antes e depois do elemento primário pode ser
evitada pelo uso de seguinte:
Placa de orifício segmentar ou excêntrica em linhas horizontais;
Furo de dreno na placa de orifício, quando a quantidade vapor é pequena;
Instalação vertical, com o fluxo na direção ascendente.
A cavitação em medidores de vazão é geralmente remediada ou pelo aumento da
pressão a montante ou a jusante do medidor ou pela diminuição da temperatura do
líquido para baixar suficientemente a sua pressão de vapor.
Como a geração da cavitação e do flashing também pode ser devida ou facilitada
pela presença de gases no líquido, evita-se estes inconvenientes não permitindo a
formação de vazão com duas fases.
5.3.1. Válvulas
As válvulas podem ser divididas em dois grupos principais, quando se considera
a resistência a vazão:
A válvula globo, que apresenta grande resistência a vazão usada para controle
contínuo;
A válvula com disco gaveta que representa uma pequena resistência e
geralmente usada para abrir e fechar totalmente. A maioria das válvulas se situa
entre estes dois grupos.
5.3.2. Conexões
As principais conexões da tubulação são as uniões, os tês de separação, os
cotovelos de deflexão, os redutores e os expansores.
Normalmente, a queda de pressão provocada por estas conexões é dada por tamanhos
equivalentes de tubulação reta que causariam a mesma queda de pressão, sob as mesmas
condições de vazão.
6. Sistema de Medição
Os medidores de vazão consistem de duas partes distintas, cada uma exercendo
uma função diferente:
Elemento primário;
Elemento secundário.
O elemento primário está em contato direto com o fluido (parte molhada),
resultando em alguma forma interação. Esta interação pode ser a separação do jato do
fluido, aceleração, queda de pressão, alteração da temperatura, formação de vórtices,
indução de força eletromotriz rotação de impellers, criação de uma força de impacto,
criação de momentum angular, aparecimento de força de Coriolis, alteração no tempo
de propagação e muitos outros fenômenos naturais.
O elemento secundário tem a função de medir a grandeza física gerada pela
interação com a vazão do fluido e transformá-la em volume, peso ou vazão instantânea.
O elemento secundário é finalmente ligado a um instrumento receptor de “display”,
como indicador, registrador ou totalizador.
As condições para a instalação apropriada e a operação correta, os erros e as
outras características do elemento primário são independentes e diferentes das
características do elemento secundário, de modo que eles devem ser tratados
separadamente. O elemento primário se refere especificamente à medição de vazão e o
elemento secundário se refere à instrumentação em geral. A placa de orifício é o
elemento primário que mede a vazão gerando uma pressão diferencial e será estuda
aqui.
O transmissor de pressão diferencial, que é o elemento secundário associado a
ela, será visto aqui muito superficialmente, para completar o estudo do sistema de
medição. Este mesmo transmissor pode ser usado em outras aplicações, para medir
nível ou pressão manométrica.
O sistema de medição de vazão ainda inclui o instrumento de display que pode
ser:
Indicador da vazão instantânea;
Registrador da vazão;
Totalizador da vazão acumulada em determinado período de tempo.
7. Classes de Medidores
As classificações dos medidores de vazão se baseia somente no tipo do elemento
primário ou no princípio físico envolvido.
Os medidores de vazão podem ser divididos em dois grandes grupos funcionais:
Medidores de quantidade;
Medidores de vazão instantânea.
Os medidores de vazão podem ser ainda classificados sob vários aspectos, como:
Relação matemática entre a vazão e o sinal gerado, se linear ou não-linear;
Tamanho físico do medidor em relação ao diâmetro da tubulação, igual ou
diferente;
Fator K, com ou sem;
tipo da vazão medida, volumétrica ou mássica;
manipulação da energia, aditiva ou extrativa.
Obviamente, há superposições das classes; por exemplo, a medição de vazão por
placa de orifício envolve um medidor de vazão volumétrica instantânea, com saída
proporcional ao quadrado da vazão, com diâmetro total, sem fator K e com extração de
energia. O medidor de deslocamento positivo com pistão reciprocante é um medidor de
quantidade, linear, com fator K, com diâmetro total e com extração de energia. O
medidor magnético é um medidor de vazão volumétrica instantânea, com fator K,
diâmetro total e com adição de energia.
O fluido passa através no tubo da base para o topo. Quando não há vazão o
flutuador permanece na base do tubo e seu diâmetro maior é usualmente selecionado de
tal maneira que o bloqueia a pequena extremidade do tubo, quase que completamente.
Quando a vazão começa e o fluido atinge o flutuador, o empuxo torna o flutuador mais
leve, porém como o flutuador tem uma densidade maior que a do fluido, o empuxo não
é suficiente para levantar o flutuador.
Com a vazão, surge também uma força de atrito, entre o fluido e o flutuador, que
tende a leva-lo para cima, a chamaremos de força de arraste. Quando a vazão atinge um
valor que faça a força de arraste ser maior que a força peso do flutuador, este começará
a subir. Se o tubo fosse paralelo o flutuador subiria até o topo; mas sendo cônico a força
de arraste diminui a medida que o flutuador sobe até estabilizar em uma nova
posição(pois aumenta a área disponível para a passagem do fluido).
Qualquer aumento na vazão movimenta o flutuador para a parte superior do tubo
de vidro e a diminuição causa uma queda a um nível mais baixo. Cada posição sua
corresponde a um valor determinado de vazão e somente um. É somente necessário
colocar uma escala calibrada na parte externa do tubo e a vazão poderá ser determinada
pela observação direta da posição do flutuador.
A face de entrada deverá ser polida. O ângulo de entrada do orifício deverá ser
de 90° com aresta viva e totalmente isenta de rebarbas e imperfeições.
Observação:
Em fluido líquidos com possibilidade de vaporização a placa deve ter um orifício na
parte superior para permitir o arraste do vapor. Em fluidos gasosos com possibilidade de
formação de condensado o furo deve ser feito na parte inferior para permitir o dreno.
k = CP/CV Equação ( 1 )
Onde:
k = relação dos calores específicos
CP = calor específico à pressão constante J/Kg x K
CV = calor específico a volume constante J/kg x K
K! Temperatura em Kelvin
14.2. Viscosidade
É definida como sendo a resistência ao escoamento de um fluido em um duto
qualquer. Esta resistência provocará uma perda de carga adicional que deverá ser
considerada na medição de vazão.
Pa . s, Pois e e centipoise.
14.2.3. Viscosidade cinemática
É a relação entre a viscosidade absoluta e a massa específica de um fluido,
tomados à mesma temperatura. É representada pela letra ν (ni).