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J. R. R. Tolkien
(parte 2)
Tópicos anteriores...
● O que são histórias de fadas?
● O Belo Reino, as fadas; desejabilidade.
Mundo Secundário
Mundo Primário
Arte/Fantasia
(processo)
Subjetividade
Fantasia
● Arte subcriativa em si; qualidade de estranheza e
admiração na expressão derivada da imagem.
● Liberdade de dominação dos fatos observados.
● Forma superior de arte, mais próxima da pura, e
portanto mais potente.
● Desvantagem essencial: é difícil de alcançar. Pode ser
mais subcriativa, mas a consistência interna de
realidade torna-se mais difícil de alcançar quanto mais
distantes da realidade forem as imagens utilizadas.
Fantasia
● “Qualquer pessoa que tenha herdado o fantástico
dispositivo da linguagem humana pode dizer sol
verde. Muitos podem então imaginá-lo ou concebê-lo.
Mas isso não é suficiente – apesar de já poder ser
algo mais potente do que muitos 'breves esboços' ou
'reproduções da vida' que recebem louvores
literários.”
● Criar a crença secundária exige trabalho e reflexão,
uma habilidade especial, espécie de destreza élfica.
Tarefa difícil na qual poucos se arriscam. Fantasia:
narrativa, criação de histórias em sua forma primária e
mais potente.
Fantasia
● Ponto polêmico:
● “Na arte humana a Fantasia é algo que deve ser
deixado a cargo das palavras, da verdadeira
literatura.”
● Literatura não é Teatro, que é hostil à Fantasia:
● “As formas fantásticas não podem ser falsificadas.
Homens vestidos de animais falantes podem
redundar em bufonaria ou mimetismo, mas não
alcançam a Fantasia.”
Fantasia
● O teatro é uma arte com características
próprias:
● personagens e cenas não são imaginados e sim
contemplados – fundamentalmente diferente da
literatura. Se preferirmos o Teatro à Literatura
estamos sujeitos a compreender mal a Literatura,
restringindo-a às limitações do Teatro.
Fantasia
● “O Encantamento produz um Mundo Secundário no qual
podem entrar tanto o planejador quanto o espectador, para a
satisfação de seus sentidos enquanto estão dentro; mas em
estado puro ele é artístico, por desejo e propósito.”
● Fantasia não insulta a razão:
● “A Fantasia criativa está fundamentada no firme
reconhecimento de que as coisas são assim no mundo
como este parece sob o Sol, no reconhecimento do fato,
mas não na escravidão perante ele.”
● Fantasia: direito humano. Somos feitos à imagem e
semelhança de um criador.
Recuperação, Escape e Consolo
● Velhice do homem e da humanidade:
● “Nessa herança de fartura pode haver o perigo do
tédio ou da ansiedade para ser original, e isso pode
levar à aversão por um desenho fino, um padrão
delicado ou cores 'bonitas', ou então à mera
manipulação e elaboração excessiva de material
antigo, engenhosa e insensível.”
● O escape da monotonia não está na
elaboração excessiva, mas na redescoberta
das formas mais simples.
Recuperação, Escape e Consolo
● Recuperação: “A recuperação (que inclui o retorno e a
renovação da saúde) é uma retomada – a retomada
de uma visão clara.”
● “Em qualquer caso, precisamos limpar nossas janelas,
para que as coisas vistas com clareza possam ficar
livres do insípido borrão da trivialidade ou
familiaridade – da possessividade.”
● Trivialidade → apropriação, falta de atenção com o
objeto/pessoa: “adquirimo-las, e ao adquiri-las
paramos de olhá-las.”
● Humildade → outro modo de recuperação e profilaxia
contra a perda.
Recuperação, Escape e Consolo
● “A fantasia criativa, por estar principalmente
tentando fazer outra coisa (fazer algo novo),
pode abrir nosso tesouro e deixar voar como
pássaros engaiolados todas as coisas
trancadas. Todas as joias se transformam
flores ou chamas, e seremos alertados de que
tudo o que tínhamos (ou conhecíamos) era
perigoso e poderoso, não realmente
acorrentado com eficácia, livre e selvagem, tão
pouco nosso quanto éramos nós.”
Recuperação, Escape e Consolo
● Mímesis?
● A Fantasia é feita do Mundo Primário, mas um bom
artífice ama o seu material, e tem um conhecimento
e uma sensibilidade da argila, da pedra e da
madeira que só a arte de fazer pode proporcionar”.