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João Pessoa
2016
DISTONIA FOCAL MANUAL POR TAREFA ESPECÍFICA: UM ESTUDO
COM VIOLONISTAS PARAIBANOS
João Pessoa
Março, 2016
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
_____________________________________
Prof. Me. Vinícius de Lucena Fernandes
Orientador
___________________________________ ___________________________________
Prof. Me. Cristóvam Augusto de Carvalho Prof.ª Dr.ª Teresa Cristina Rodrigues Silva
Sobrinho Examinadora
Examinador
João Pessoa
2016
Aos meus pais, Carla e João Guilherme.
Agradecimentos
Agradeço a todos que me ajudaram a manter acesa a vela, apesar das trevas. A muitos
a vida se apresenta assumindo papel desencantador à curiosidade inata do ser, e me sinto
agraciado por ter convivido com tantas pessoas iluminadoras. Agradeço em especial a
orientação e amizade de meu professor Vinícius, tanto no que toca seu apoio a este trabalho
como no empenho e carinho que claramente dedica ao seu papel de educador.
Agradeço igualmente os professores Cristóvam e Vinícius, cujas participações em
minha vida me amadureceram enquanto instrumentista e ser humano.
Agradeço à minha família pelo carinho e apoio, maiores que minha capacidade de
medir.
Agradeço à Saline, minha companheira, que suportou minhas várias ausências
decorrentes da dedicação a este trabalho.
Agradeço imensamente aos participantes desta pesquisa, cuja colaboração permitiu sua
realização.
Agradeço aos meus amigos Bia, Ermando, Ila, Letícia, Lucas e Marcellus pelos
períodos inesquecíveis pelos quais passamos durante tantos anos e que não se repetirão senão
por memória. Que qualquer lembrança só seja esquecida por estar perdida em meio às muitas
que estão por vir.
RESUMO
Palavras-chave: Distonia focal por tarefa específica, saúde do músico, câimbra de músico,
doenças ocupacionais, violonista, Paraíba.
ABSTRACT
The aim of this study is to investigate a disorder known as task-specific focal dystonia,
specifically according to five guitar players in Paraíba. This case study was conducted by
means of a semi-structured questionnaire. A literature review is presented, focusing on the
conditions of musical practice, the definition of dystonia, historical details regarding the
etiology of task-specific focal dystonia, and current results concerning abnormalities in people
affected by the disorder. Data obtained in the questionnaire are compared and contrasted with
a relevant phenomenological study in the area (LLOBET et al, 2005). Phenomena observed in
the five participants in this piece of research are mostly in line with those in the above-
mentioned study. Disparities such as differences in the distribution of digital contractions are
analyzed, and suggestions for further research are highlighted.
Key words: Task-specific focal dystonia, musician’s health, musician´s cramp, occupational
diseases, guitar player, Paraíba.
LISTA DE ANEXOS
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................9
Problemática.................................................................................................................10
Justificativa..................................................................................................................11
2. METODOLOGIA...............................................................................................................13
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................14
4. DADOS COLETADOS................................................................................................30
5. ANÁLISE..................................................................................................................39
6. CONCLUSÕES..................................................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................46
ANEXOS.................................................................................................................................48
9
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho busca coletar, analisar e correlacionar dados sobre violonistas paraibanos
afetados por uma desordem ocupacional conhecida como Distonia Focal por Tarefa
Específica (DFTE).
O trabalho se desenvolve em três capítulos precedidos pela metodologia.
Na metodologia são expostas as ferramentas utilizadas para coleta, análise e
categorização dos dados. Categorizou-se o presente trabalho como um estudo de caso.
O capítulo 1 apresenta uma revisão bibliográfica. Nela, de início, se discorre
brevemente sobre os riscos de saúde do músico e a incorporação do problema físico à
identidade do instrumentista (COSTA e ABRAHÃO, 2004; MOURA et al., 2000). Em
seguida se descreve a desordem da distonia, fenômenos e classificações, para posterior
restrição à descrição da DFTE. Apresentam-se as dificuldades históricas e metodológicas da
etiopatogenia1 concernente à desordem, e como a manifestação dos sintomas sugere origem
neurológica. Explica-se a propriedade intrínseca do cérebro, a plasticidade, e como teorias e
modelos experimentais ligam a repetição exagerada de movimentos a danos neurológicos. Por
último, revisa-se parcialmente a literatura que descreve particularidades encontradas nos
cérebros de indivíduos com distonia através de tomografias e outros métodos de neuroimagem
funcional, além de citar os tratamentos utilizados para a desordem e sua eficiência.
O capítulo 2 apresenta os resultados da pesquisa de campo realizada com cinco
participantes, todos com DFTE de mão autodeclarada. Pretende-se colaborar com a descrição
dos fenômenos presentes em indivíduos com distonia, focando diretamente na população mais
afetada dentre os músicos: a de violonistas (LLOBET et al., 2005). Expõe-se informações
fenomênicas obtidas através de um questionário semiestruturado confrontadas com dados
apresentados em relevante trabalho na área, além de por vezes trazer à tona as vozes e
perspectivas dos próprios violonistas participantes.
Já o capítulo 3 busca analisar, à medida do possível, o fenômeno descrito e sugerir
relações entre determinados fatores e a patogenia ainda pouco clara desta desordem. Para a
análise foram escolhidas respostas que apresentaram discrepâncias no confronto de dados,
assim como corroborações consideradas intrigantes. Sugerem-se hipóteses que buscam
explicar a diferente distribuição da distonia em contrações flexoras e extensoras nos dedos,
assim como o fenômeno da lateralidade repetidamente constatada nas pesquisas da
manifestação distônica do violonista.
Problemática
2
Sua página online pode ser acessada pelo endereço http://www.artsmed.org/. Acesso em: 22/03/16.
11
O grupo estudado pela presente pesquisa é composto por cinco violonistas paraibanos
com DFTE autodeclarada. Apenas um dos pesquisados3 (20%) participou de qualquer outra
investigação cujo foco era a distonia, sinal que reforça a escassez de pesquisas do gênero que
atinjam satisfatoriamente as populações locais. Com relatada falta de acesso à informação e
ajuda especializada, 40% dos pesquisados nem chegaram a procurar por tratamentos para a
distonia.
Produções de trabalhos sobre o tema podem nos auxiliar no processo de compreensão
da DFTE e a levar informação a quem a necessita, divulgando e clarificando mistérios.
Observadas estas considerações, o trabalho se propõe a responder sua pergunta-chave:
De que maneira os fenômenos observados em casos locais de distonia por tarefa
específica se associam aos apontados na pesquisa “Análise clínica4 da distonia manual do
músico. Revisão de 86 casos” 5?
Justificativa
Uma busca por maior compreensão sobre qualquer fenômeno exige que nos
debrucemos sobre ele, observemos como se comporta e como reage aos nossos estímulos.
Esse processo, no que toca o aprofundamento de nosso conhecimento sobre a distonia focal
por tarefa específica (DFTE), constitui parte central do problema que a envolve em certa aura
misteriosa: sua baixa incidência, atingindo no máximo 1 em cada 100 do coletivo de músicos
(ALTENMULLER e JABUSCH, 2010, apud WOELLNER et al, 2013); no máximo poucas
dezenas de casos por milhão de pessoas da população em geral (WARNER et al., 2000, apud
RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009).
A DFTE é uma desordem complexa e requer descrição aprofundada de seus
mecanismos para que possamos fundamentar com segurança hipóteses sobre suas causas. O
desenvolvimento de tratamentos não requer necessariamente a compreensão destas causas,
mas qualquer cuidado preventivo passa inequivocamente por tal compreensão.
Por suas particularidades de manifestação, por boa parte do século XX a desordem foi
dada como psicogênica e, portanto, fora do escopo da medicina tradicional, sendo classificada
como um neurose ocupacional (RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009).
3 Foi participante de uma pesquisa da fisioterapeuta paulistana Rita de Cássia dos Reis Moura.
4
Características clínicas descrevem a fenomenologia de uma patologia, ou seja, listam os sintomas e eventos
observáveis relacionados a ela sem necessariamente buscar uma interpretação causal e explicativa.
5
“Clinical analysis of musicians' focal hand dystonia. Review of 86 cases”. Em todos os casos em que o idioma
divergia do português a tradução foi feita pelo autor. Os textos originais serão disponibilizados no rodapé.
12
2 METODOLOGIA
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6
• No contexto, sinais fisicamente manifestados de problemas psicológicos.
16
das mãos, boca seca, náusea e micção imperiosa, sintomas estes decorrentes
de descargas adrenérgicas excessivas7 (COSTA e ABRAHÃO, 2004, p.62).
7
Processos decorrentes de grandes liberações de adrenalina.
8
Fisiopatologia: estudo de patologias através de seus aspectos funcionais.
9
Que é gerado pela mente; de origem psicológica.
10
Havendo inúmeras formas de manifestação e evolução de distonias, se torna necessária, para fins utilitários, a
criação de classificações para os diferentes casos da desordem. A clareza da finalidade prática de tal
classificação nos sugere que qualquer ambigüidade ou imprecisão deva ser, quando possível, eliminada, para dar
lugar a formas mais úteis de denominação. Neste trabalho, será apresentada a classificação tradicional da
distonia, apesar de ser de meu conhecimento o denso trabalho de revisão elaborado por Albanese e outros doze
autores no artigo “Phenomenology and classification of dystonia: a consensus update”, que não só critica a
objetividade de tal classificação, mas propõe uma nova com as devidas correções. O único motivo pelo qual a
classificação apresentada neste trabalho ser a tradicional, em detrimento da revisada, é o fato de todos os artigos
lidos usarem a primeira. Apesar de mais clara, precisa e prática, a classificação revisada por vezes dificultaria a
explicação de quais grupos foram analisados nos artigos, visto que não há termos equivalentes a “primária” e
“secundária”.
17
O músico pode ter uma sensação de peso nos dedos, que se torna
progressivamente mais debilitante. Em alguns músicos há inicialmente
dificuldade de executar passagens que foram executadas sem problemas
durante muito tempo, em outros, por exemplo nos instrumentistas de cordas,
pode haver dificuldade em executar um vibrato tanto em amplitude quanto
em velocidade, causando inconsistência do som. À medida que a condição
progride os dedos afetados assumem uma postura de flexão. (WOELLNER
et al., 2013 p.84)
Segundo análise de 86 músicos com DFTE por Llobet et al. (2005, p. 26), os primeiros
sintomas percebidos pelos músicos incluem descontrole dos movimentos voluntários (em
11
Patologias que afetam o sistema nervoso e que podem provocar, secundariamente, formas de distonia.
18
40,7% dos casos), dificuldade ou lentidão digital (37,2%), tensão ou rigidez da mão ou do
braço (9,3%), e debilidade dão mão (7,0%). Tremores ou dor chegam a apenas 2,3% dos
casos cada um. Apesar disso, 12,9% foram acometidos por dor física em algum momento da
evolução da desordem.
A desordem afeta majoritariamente homens, com proporções de variam de 7:1
(LLOBET et al., 2005, p.28) a, no mínimo, 2:1 (SOLAND et al., 1996, apud LLOBET et al.,
2005, p. 28), enquanto que para outros problemas ocupacionais do músico a proporção
encontrada é 1:1; afeta mais aqueles com horas de estudo superiores à média, mesmo à média
dos que enfrentam patologias ocupacionais que não sejam a distonia (4,8 horas diárias contra
3,5 horas) (LLOBET et al., 2005, p.24). A mão dominante é a comumente afetada. Os
músicos afetados são em média mais velhos e experientes que os afetados por outros
problemas ocupacionais (33,6 anos de idade contra 26,5 anos) (LLOBET et al., 2005, p.24).
Aparentemente nenhum músico é tão afetado quanto o violonista: dos 86 casos
avaliados por Llobet et al. (2005, p.24), 42% eram violonistas. Em segundo e terceiro lugar
estão piano (20,9%) e violino (5,8%). A razão de tão alta porcentagem pertencer ao piano
possivelmente se deve pelo fato de 40,7% do total de estudantes de música da Catalunha,
onde o estudo de Llobet et al. foi realizado, tocarem piano, tornando-o o instrumento mais
estudado e tocado. Tal disparidade se manifesta conforme o esperado no conjunto de
pacientes não distônicos, onde o número de pacientes pianistas prevalece (28,7% contra
17,5% de violonistas). Não havendo semelhantes motivos que explicassem a alta posição dos
violonistas à afecção distônica, o estudo sugere que o ato de tocar violão é especialmente
predisponente à desordem (LLOBET et al., 2005, p. 28).
Os mecanismos fisiopatológicos dessa desordem foram por muito tempo largamente
desconhecidos e tal ignorância impedia investigações frutíferas sobre métodos de cura e sua
patogênese. Suas diversidade e complexidade, fatores que atualmente ainda intrigam
especialistas na busca de melhor compreensão sobre o tema, possivelmente se devem ao mau
enquadramento de doenças distintas manifestantes dos mesmos sintomas sob o nome de uma
única desordem. (LLOBET et al., 2005, p. 30).
O maior obstáculo ao estudo sistemático da DFTE é sua baixa incidência, que dificulta
estudos cujo número de casos analisados atinja significativa relevância estatística. Apesar de
estimativas de incidência de distonias primárias na população em geral feita por especialistas
em desordens do movimento chegarem tão alto quanto 7320 por milhão (0,732%), estimativas
para as DFTE não ultrapassam os 69 por milhão (0,000069%), chegando tão baixo quanto 7
por milhão (0,000007%) (RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.6). Mesmo dentro do
19
coletivo dos músicos, este em que todos estão expostos à repetição excessiva de movimentos
de coordenação fina, a mais alta estimativa para sua incidência é de 1 em 100
(1%)(ALTENMULLER e JABUSCH, 2010, apud WOELLNER et al, 2013, p.83), chegando
até 1 em 500 (0,2%)(NUTT et al., 1988, apud LLOBET et al, 2005, p.24).
Apesar destas considerações, o desenvolvimento da tecnologia médica conferiu meios
antes inexistentes de aferir informações dos pacientes e permitiu maior riqueza de
embasamento ao diagnóstico. Dentre os músicos com distonia, foram encontrados padrões
que merecem uma análise mais aprofundada.
Na impossibilidade de se atribuir os sintomas a patologias musculoesqueléticas, foi
fortalecida a atenção sobre anormalidades do sistema nervoso. Alguns casos que
apresentavam sintomas de alguma forma relacionados aos descritos foram com sucesso
explicados através de descobertas de neuropatias locais de compressão, tal como a síndrome
do túnel carpiano12. Neuropatias periféricas, porém, foram insuficientes para explicar a
totalidade do fenômeno descrito, visto que apesar dos indivíduos com estas neuropatias
manifestarem sintomas relacionados, o faziam em condições consideravelmente menos
restritas que a DFTE de mão. Além disso, a maior parte dos músicos que apresentavam os
sintomas distônicos não demostraram sinais de qualquer neuropatia periférica (LLOBET et
al., 2005, p.29).
As seletivas condições de manifestação dos sintomas das DFTEs sugerem causas de
fino equilíbrio atingido pela reprodução razoavelmente fiel das situações a que o indivíduo foi
contínua e repetidamente exposto. Tal manifestação não depende exclusivamente do ato
mecânico ou de determinados estímulos às regiões afetadas, mas destes conjuntamente com a
exposição do indivíduo às mais específicas condições em que tais atos foram internalizados e
automatizados.
Nestas condições propícias, os sintomas aparecem sem qualquer necessidade de
intensificação física dos atos desencadeadores, tais como aumento de sua velocidade de
execução, para 96,5% dos pacientes com DFTE do Institut de Fisiologia i Medicina de l’Art-
Terrasa analisados por Llobet et al. (2005, p.26). Apenas 12,8% destes relataram qualquer
agravamento dos sintomas que acompanhasse a dificuldade técnica da obra.
12
Compressão do nervo mediano na apertada região do túnel carpo, no pulso. Compressões nervosas impedem a
comunicação eficiente e geram possíveis anormalidades sensoriais e motoras. Podem causar debilidade e
fraqueza da mão e dificultar as tarefas manuais, sintomas estes que se assemelham com a apresentação de alguns
casos de DFTE. É comum que cause formigamento e dor, sintomas menos frequentes no caso de distonia. Os
sintomas não se manifestam nas condições seletivas existentes para a DFTE. Uma caracterização mais completa
desta síndrome pode ser encontrada em "Carpal Tunnel Syndrome Fact Sheet," NINDS. Publicação de Julho de
2012. Disponível em: <http://www.ninds.nih.gov/disorders/carpal_tunnel/detail_carpal_tunnel.htm>.
20
Este estranho quadro sugere uma causa relacionada a regiões do corpo capazes da mais
precisa memória. Não é por menos que hoje boa parte dos estudos sobre DFTE buscam
investigar origens em nosso mais complexo órgão: o cérebro. Longe de estrutura fixa e
estável, este se modifica profundamente segundo a forma com que é exposto à realidade e tem
modificadas suas possibilidades de aprendizado.
O aprendizado é, não raro, visto pelo senso comum como fenômeno psíquico e
avaliado através do comportamento observável dos indivíduos, como através da execução
técnica e do uso da linguagem. A mente, porém, não existe desvinculada da carne e sua
atividade correlaciona-se correspondentemente com esta. Segundo Patrícia Pederiva (2004,
p.47):
Qualquer forma instantânea que o cérebro assuma pode ser vista como síntese do
processo dialético entre inputs aferentes (sinapses sensoriais) e outputs eferentes (sinapses de
comando). “A plasticidade é uma propriedade integral e consequência obrigatória de cada
input sensorial, ato motor, associação, sinal de recompensa, plano de ação, ou percepção”
(LEONE et al., 2005, p.2).
As exigências técnicas sobre a prática instrumental anseiam por um nível de controle e
precisão fina maior daquela exigida pela natureza onde o ser humano viveu por quase toda sua
existência. Se observarmos que o aprendizado de tais técnicas idealizadas exige contínuo e
correto estímulo durante largo período da vida humana, podemos concluir que a moldagem a
que o cérebro é submetido para se alcançar a desejada proficiência técnica é,
condizentemente, complexa e de difícil realização, ocorrendo em um grande número de
etapas.
A todo evento – e etapa – de reorganização plástica cerebral, que geralmente permite
eficiente adaptação do indivíduo às mais diversas exigências do meio, há um risco associado
de modificações incorretas e prejudiciais. Segundo Pascual-Leone et al. (2005, p.5), a
excessiva demanda pela integração sensório-motora pode levar ao desenvolvimento de
neuropatias associadas ao movimento. Dessa forma, há uma expectativa positiva de que a
população de músicos, executando tarefas de precisão, desenvolvam casos de neuropatias
centrais.
Um modelo experimental que confirma a relação entre repetição exagerada de
movimentos e desenvolvimento de patologias de movimento cerebrais foi realizado com
macacos por Byl et al. Esta experiência foi descrita da seguinte forma:
13
Genericamente visto como o sentido tradicional “tato”, o sistema somatosensório engloba diferentes sentidos,
como dor; pressão (toque); calor, e propriocepção (cinestesia).
14
Somatotopia é a correspondência ponto-a-ponto entre regiões do corpo e sua representação sensório-motora
em áreas do sistema nervoso central. O conjunto dessas representações forma um mapa das divisões anatômicas
do corpo, chamado de homúnculo, localizado no córtex.
15
“Se entrenaron monos sanos durante meses para que introdujeran la mano em un cilindro corto montado sobre
la jaula, que guiaba la mano hasta alcanzar un sistema que le permitía liberar su alimento al apretarlo. En esse
mismo momento, al tiempo que se liberaba la recompensa (alimento), se estimulaba mediante vibración.
Además, para aumentar la motivación, a los monos se les privó de alimento durante 22 horas antes de cada
entrenamiento. Dos monos realizaron 300 ensayos al día y experimentaron de 1.100 a 3.000 ciclos de apertura y
cierre de la mano, es decir, una a dos horas diarias. Después de cinco semanas de entrenamiento para el primer
mono y ocho semanas para el segundo, ambos empezaron a tener dificultades al sacar la mano de la pieza, y
fracasaban en más del 50% de los ensayos, con trastornos similares a los que se observaron en una mano
distónica. En una segunda etapa se emplearon para un estudio electrofisiológico, donde se comprobó que las
representaciones corticales sensitivas de la superficie de la mano en el área 3b se alteraron sustancialmente en los
dos monos. Los cambios fueron más graves en uno de los monos, que desarrolló inicialmente tendinitis. Se
produjo una pérdida de la topografía somatotópica cortical y uma pérdida de la capacidad para diferenciar
separadamente dos estímulos sensitivos simultáneos. Los campos receptivos para los dos monos entrenados
fueron significativamente más grandes de lo normal. En uno, cerca de 10 veces más grande que lo normal, y em
el otro, más de 20 veces el tamaño normal, con una mala diferenciación entre las localizaciones de los diferentes
campos receptivos. Las zonas de representación digital en el área 3b en monos normales están claramente
separadas unas de otras y son áreas bien delimitadas. En los monos entrenados, la representación de cada dedo
tenía una recepción sensitiva en áreas adyacentes y se superponía com otros dedos” (BYL et al., 1996; 1997;
1999, apud CHANÁ-CUEVAS et al., 2003, p.638).
23
homúnculo motor e controla boa parte dos movimentos voluntários (MARTIN, 2013, p.239).
Os gânglios de base16, dentre outras funções, controlam movimentos voluntários,
aprendizagem através de repetição e comportamentos de rotina (KANDEL, 2014, p.1292).
A partir do conhecimento de que (1) modelos experimentais confirmam que
movimentos estereotipados excessivamente repetidos chegam a causar mudanças perceptíveis
na forma e tamanho do córtex cerebral, cujo impacto comportamental envolve descontrole
motor e imprecisão na tarefa específica sobreaprendida, sem qualquer outra alteração
perceptível nas partes do corpo envolvidas com o movimento, e de que (2) músicos realizam
tais tarefas estressantes, esporadicamente apresentando os sintomas descritos, torna-se
bastante razoável supor que esses sintomas têm origem em uma desordem neurológica. Como
a presença destes sintomas caracteriza a DFTE, esta desordem passa ganhar finalmente
relações observáveis com anormalidades cerebrais.
Ao longo dos anos, vários estudos sobre DFTE confirmam a existência de alterações
cerebrais nos músicos que sofrem da desordem.
Pujol et al. (2000 apud LLOBET et al., 2005, p.29), ao comparar violonistas sãos
àqueles com distonia focal de mão, observou no segundo grupo uma maior ativação cortical e
uma maior concentração das áreas sensório-motoras ativas durante a atividade provocadora da
distonia, extrapolando os níveis adequados de ativação. Segundo o estudo, a resposta eferente
desproporcional, gerada por processos plásticos de aprendizado corrompidos, explicaria
razoavelmente a forma de expressão dos sintomas. O fato destes sempre se manifestarem no
instante em que os movimentos necessários são executados, por exemplo, sem considerável
agravamento observado ao haver intensificação da atividade, seria explicado pela execução
depender de circuitos específicos que são sempre sobreativados.
Por outro lado, vários estudos apontam para lesões dos gânglios de base. Em uma
pesquisa desenvolvida sobre indivíduos com DFTE de mão foi encontrado aumento anormal
em regiões como o putâmen (BLACK et al., 1998, apud RUSSOTTO e PERLMUTTER,
2009, p.7) e maior quantidade de massa cinzenta em áreas de representação da mão do córtex
sensório-motor primário esquerdo17, tálamo18 posterior bilateral e cerebelo (GARRAUX et al.,
2004, apud RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.7). Em casos de estrutura aparentemente
16
Os gânglios de base incluem inúmeros componentes funcionalmente definidos, tal como putâmen, globus
pallidus e substantia nigra.
17
“Direito” e “esquerdo” e “bilateral” são adjetivos que, nesse caso, se referem aos hemisférios cerebrais. É
importante perceber que o cérebro é razoavelmente simétrico no que toca sua estrutura, de forma que as mesmas
regiões cerebrais se apresentam tanto na esquerda como na direita.
18
Região cerebral detentora de importantíssimas conexões entre várias regiões do cérebro, atuando como um
centro comunicativo entre o córtex e regiões subcorticais. Parece desempenhar um papel comunicativo
importante entre gânglios de basem cerebelo, e áreas corticais motoras.
24
normal, foram encontradas mudanças nas funções exercidas pelos gânglios basais e em sua
comunicação com o córtex, mas, como apontam Russotto e Perlmutter (2009), tais ativações
anormais podem tanto ser a causa do distúrbio motor como uma reação posterior à existência
do distúrbio, invertendo a causalidade. Em estudo feito em pessoas com câimbra de escrivão,
disfunções dos gânglios basais também foram apontadas como possível causa dos problemas
encontrados, tais como oferta deficiente de sangue ao córtex prémotor e reduzida correlação
entre este e o putâmen (IBANEZ et al., 1999, apud RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009
p.8).
Um estudo por ressonância magnética funcional (RMf), feito através da comparação
entre violonistas sãos e com câimbra de músico, encontrou uma ativação significativamente
maior do córtex sensório-motor primário contralateral19 enquanto os músicos distônicos
tocavam, em conjunto com menor ativação bilateral de áreas prémotoras, tanto em relação aos
músicos sãos como ao próprios distônicos em repouso (PUJOL et al., 2000, apud
RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009 p.8). Distúrbios sensório-motores são confirmados em
distonias idiopáticas20 por tomografias por emissão de pósitrons (PET) em que foram
observadas respostas cerebrais a estímulos sensoriais aplicados à mão através de vibração em
um único lado do corpo: as pessoas com distonia tiveram reduzida resposta no córtex
sensório-motor contralateral e em áreas motoras suplementares (TEMPEL e PERLMUTTER,
1993, apud RUSSOTTO E PERLMUTTER, 2009, p.9). Através de RMf e
magnetoencefalografia (MEG) foram encontrados campos sensoriais anormais em pessoas
sofrendo de DFTE de mão (MEUNIER et al., 2001, apud RUSSOTTO e PERLMUTTER,
2009, p. 9).
Hemydistonias foram com sucesso provocadas em macacos através de tratamentos
com químicos (MPTP intracarotídeo) que destroem neurônios dopaminérgicos21, antes de
evoluírem para quadros de parkisonismo crônico (TODD, 1996, apud RUSSOTTO E
PERLMUTTER, 2009, p.9; PERLMUTTER et al., 1997, apud RUSSOTTO E
PERLMUTTER, 2009, p.9). Vários estudos encontraram defeitos dopaminérgicos nos
gânglios basais em pessoas com distonia (RUSSOTTO E PERLMUTTER, 2009, p.9).
O desenvolvimento da DFTE ocorrer em alguns músicos e noutros não, apesar das
semelhantes condições a que ambos podem estar expostos, é uma questão importante a ser
19
Divindo-se o corpo nos lados esquerdo e direito, contralateral passa a designar algo que está do lado oposto a
algum ponto de referência. Se, por exemplo, a referência for uma distonia focal de mão direita, o hemisfério
contralateral é o esquerdo. Às áreas sensório-motoras relativas a uma região do corpo estão localizadas no
hemisfério contralateral do cérebro.
20
Cuja causa é desconhecida.
21
Neurônios cujas sinapses são realizadas através do neurotransmissor dopamina.
25
respondida, assim como quais processos são responsáveis pelas mudanças observadas na
estrutura e função cerebral. Há uma forte busca por fatores predisponentes, visto que a
distonia primária, fora do campo da DFTE, é sabida e fortemente influenciada pela genética.
O sistema DYTn de nomenclatura estabelecido pela Human Genome Organisation
Gene Nomenclature Committee foi desenvolvido para categorizar loci22 de genes definidos
por ligação genética e é usado para a classificação de distonia hereditárias (ALBANESE,
2013, p.4). A elaboração desta classificação foi feita para se designar regiões genômicas
associadas a desordens hereditárias específicas cujo próprio gene causador era ainda
desconhecido (CHARLESWORTH et al., 2013). Apesar de na teoria a clarificação do locus
destes genes implicar no desuso da designação DYTn para se passar à utilização do nome
específico do gene, na prática isso não ocorreu. Dessa forma, dentro da classificação é
possível encontrar termos que já se referem diretamente a genes específicos (DYT1/TOR1A;
DYT6/THAP1), como loci de credibilidade duvidosa (DYT7 ou DYT13, por exemplo) e
mesmo designações hoje sabidamente errôneas (DYT9, DYT14 e DYT19, por exemplo)(
CHARLESWORTH et al., 2013).
A relação das desordens distônicas com problemas genéticos é forte e amplamente
estudada, fato não só evidenciado pela existência de mais de 20 DYTn23, mas pelas vivas
buscas atuais que continuam a fazer emergir novos genes causadores destes distúrbios, tais
como CIZ1, ANO3, TUBB4A e GNAL (CHARLESWORTH et al., 2013). Apesar dos
sintomas das DFTEs coincidirem com os de uma distonia focal sabidamente herdada,
permanece a intrigante questão de haver patogenias distintas para cada um dos casos.
Mutações do gene DYT1 – DYTn cuja relação com a distonia é a mais bem documentada –
podem causar distonia focais de mão e estarem presentes em casos de DFTE, mas tal
presença, se não irrelevante, é no mínimo incomum (FRIEDMAN et al., 2000, apud
RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.6; GASSER et al., 1996, apud RUSSOTTO e
PERLMUTTER, 2009, p.6). Estudos chegaram a encontrar anormalidades genéticas como
DYT6, DYT7 e DYT13 em casos de DFTE, assim como problemas ligados ao cromossomo
18 (LEUBE, 1997, apud RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.6), embora eles tenham sido
desenvolvidos com um número reduzido de pacientes. Nesta revisão bibliográfica não foram
encontrados estudos que demonstrassem ligações claras entre predisponentes genéticos e o
desenvolvimento de DFTEs.
22
O locus (pl. loci) é a posição específica em que um gene em particular sempre está no respectivo cromossomo.
23
Conferir tabela de DYTn disponível em anexo.
26
24
Método de modulação cerebral não-invasivo que consiste em gerar um campo magnético que, através de
indução eletromagnética, cria correntes elétricas controladas dentro do cérebro.
25
Reflexo de inibição direcionada ao músculo antagonista do movimento (e.g. relaxamento de um flexor a
medida que há contração do extensor).
27
pacientes com DFTE e se espalha para músculos não enervados pelo nervo periférico
estimulado (RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.11).
Anormalidades nas funções somatosensórias poderiam contribuir para construir más
representações das partes do corpo envolvidas. Podem também corromper o aprendizado,
visto que este é efetuado através do julgamento e seleção de movimentos e estes são
conhecidos através dessas funções sensoriais. Indivíduos com distonia focal de mão
mostraram ter anormalidades sensoriais relativas à grafestesia26 (BYL et al., 1996, apud
RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.12) e de discriminação espacial e temporal que
pacientes com distonia generalizada não tinham (SANGER, 2001, apud RUSSOTTO e
PERLMUTTER, 2009, p.12); anormalidades no threshold27 sensorial também foram
encontradas em pianistas sem distonia (RAGERT, 2004, apud RUSSOTTO e
PERLMUTTER, 2009, p.12), sugerindo que se há envolvimento dessas anormalidades no
desenvolvimento da distonia, estas agem em conjunto com outros fatores.
É importante notar que “truques sensoriais”, modificações dos inputs sensoriais,
podem aplacar os espasmos distônicos. Tais “truques” já são conhecidos há mais de cem anos
como os geste antagoniste, e serviram de forte base para os argumentos defensores da origem
psicogênica da distonia. A hipótese psicogênica, porém, foi gravemente abalada pelos
trabalhos de Marsden, defensores da hipótese orgânica (POISSON et al., 2012). Estudos
recentes sugerem que truques sensoriais podem modificar o processamento sensório-motor, o
que abre possibilidades de modulação dos sintomas distônicos (ABBRUZZESE e
BERARDELLI, 2003, apud RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, pg.12).
A patogênese da distonia ainda não foi esclarecida. A dificuldade em se encontrar
causas claras sugere a combinação e equilíbrio de diversos fatores. Vários métodos de
tratamento foram elaborados e testados, baseados nas mais diversas hipóteses.
Alternativas como fisioterapia, acupuntura, yoga, terapia manual, e osteopatia
apresentaram resultados decepcionantes (LLOBET et al., 2005, pg.28).
Um dos primeiros tratamentos postos à disposição dos médicos foi o de
quimiodenervação (RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, pg.15). Esta técnica consiste na
injeção local de um composto farmacológico que altera a comunicação entre os nervos e o
músculo ou grupo de músculos a que se relaciona, impedindo comandos eferentes. Disso
resulta uma paralisia induzida e o relaxamento muscular local.
26
Capacidade de perceber detalhes, letras e números apenas com o tato, sem auxílio visual.
27
Limite inferior que um estímulo tem de igualar ou superar para que seja detectado pelo organismo.
28
O uso da neurotoxina botulínica tipo A28 para fins de quimiodenervação foi aprovado
nos Estados Unidos em 1989 (RUSSOTTO E PERLMUTTER, 2009, p.15) , e no Brasil
poucos anos depois. Se tornou um tratamento comum para as DFTEs. Em um
acompanhamento a longo prazo de pacientes com câimbra de escrivão tratados desta forma,
50% deles passaram a escrever normalmente e outros 10% mostraram beneficiamento parcial.
Se em um estudo 50% a 69% dos músicos com DFTE tratados com a toxina relataram
melhora por causa das injeções e 36% afirmaram ter percebido benefícios a longo prazo, em
outro apenas 12,5% relataram melhora e 25% chegaram a relataram piora dos sintomas
(LLOBET, 2005, p.28).
A toxina, porém, pode causar seqüelas como fraqueza permanente dos músculos
afetados; isso constitui um problema quando os indivíduos tratados dependem do controle
motor fino de alto nível de seus músculos. A toxina também não age diretamente sobre a fonte
do problema: de fato ajuda a controlar os espasmos e contrações, mas pouco faz para alterar o
estado anormal dos padrões de ativação cortical que permanecem mesmo quando há controle
completo dos sintomas (RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.15); alivia os sintomas,
então, sem curar efetivamente sua origem.
Llobet et al. (2005, p.28) mostram que de seus pacientes tratados com relaxantes
musculares, 30,8% apresentaram melhora, sem nenhum caso de piora. Os resultados foram
semelhantes para aqueles tratados através da técnica de Alexander29, com 25% de melhora.
Aproximações cirúrgicas, apesar de raras, se mostraram promissoras. O tratamento de
12 pessoas com DFTEs desabilitadoras através da cirurgia de nome talamotomia estereotáxica
do núcleo ventro-oral30 conseguiu eliminar imediatamente os sintomas distônicos em todos os
pacientes. A longo prazo, apenas um dos doze (8,3%) voltou a demonstrar os sintomas da
distonia. (TAKAOMI e TOMOKATSU, 2003).
Supondo que a desordem é sustentada por anormalidades cerebrais plasticamente
desenvolvidas, poderia igualmente se supor que a cura pode ser alcançada pela indução de
mudanças plásticas que revertam o quadro.
28 É a toxina mais mortal conhecida pela humanidade, tendo uma dose letal mediana de pouco mais de uma
nanograma quando injetada, e 10 nanogramas quando inalada. Quando aplicada no ser humano para fins
medicinais o composto é extremamente diluído, mas, ainda assim, a US Food and Drug Administration atribuiu
28 mortes a complicações vindas do uso medicinal (não-cosmético) da toxina entre 1989 e 2003 (COTÉ et al.,
2005).
29
Técnica que busca identificar e eliminar sobretensões internalizadas do corpo, visando a eficiência dos
movimentos baseados no esforço mínimo.
30
Procedimento de corte do núcleo ventro-oral, subdivisão do tálamo, com o auxílio de um sistema de
coordenadas tridimensionais que reduzem consideravelmente os aspectos invasivos.
29
4 DADOS COLETADOS
31
Um acorde é tocado de forma “plaquê” quando todas as suas notas são tocadas simultaneamente. Se opõe ao
acorde arpejado.
31
A idade média desses violonistas durante a pesquisa é de 34,40 anos32, com desvio
padrão (DE) de 11,37 anos. Perceberam a DFTE com 27,40 anos (DE de 5,68 anos). Dessa
forma, faz 7 anos que a desordem se apresentou (DE de 5,62).
Tais dados muito se assemelham com os coletados por Llobet et al. (2005), onde os
músicos distônicos analisados tinham em média 33,6 anos (DE de 10,7). Destes, os homens
apresentavam a desordem com 29,81 anos de idade (DE de 7,85) e a evolução durava 7,36
anos (DE de 7,40).
Os violonistas pesquisados tocam violão há 19 anos (DE de 11,51). No momento em
que a desordem se apresentou tocavam há 12 (DE de 5,01).
Na pesquisa de Llobet et al. (2005) a proporção de homens para mulheres com
distonia focal de mão foi de 7:1. Esta proporção extrapola a encontrada por Llobet et al. em
outras pesquisas (Solan et al., 2:1; Lederman, 2:1; Brandfonbrener, 2:1; Newmark y
Hochberg, 3:1; Altenmüller, 3:1; Tubiana y Chamagne, 4:1, e Lim y Altenmüller, 6:1), mas
na presente pesquisa tal proporção não pode nem mesmo ser proposta, pelo fato de todos os
cinco participantes (100%) serem homens. Tal disparidade poderia ser explicada pelo
reduzido número de participantes, mas poderia também ser influenciada por fatores culturais.
O coletivo estudado é subgrupo do conjunto de estudantes formais de violão paraibanos, e
estes são majoritariamente homens.
Para A, B, C e D (80%) ainda é possível tocar violão, prática impossibilitada apenas
para E (20%). Isso não equivale, porém, a afirmar que a distonia teve pouco impacto à
maioria dos participantes.
A diz que a distonia afetou seu desenvolvimento violonístico “consideravelmente.
Especialmente arpejos de mão direita”.
B diz que “a distonia afetou o movimento do dedo médio e anelar, dificultando a
independência entre eles, causando distúrbios em movimentos rápidos e imprecisão rítmica,
bem como ataques imprecisos nas cordas, especialmente com o dedo médio, que
constantemente tocava a mesma corda do dedo indicador”.
C que “[...]os acordes com ação conjunta dos dedos "plaquê" começaram a se tornar
de difícil execução ou inviabilizados na prática”.
D, por sua vez, conta que numa escala de 0 a 10, 3 foi o quanto a distonia o afetou.
E, o único para quem o ato de se tocar violão foi impossibilitado pela desordem,
coloca: “de forma resumida, posso dizer que a distonia focal impossibilita a expressão de meu
32
Salvo exceções indicadas, todos os números apresentados são uma média dos números individuais dos
participantes.
32
pensamento musical, pois o ato de performance necessita que o corpo responda às exigências
musicais elaboradas”.
Quando questionados se suas contrações distônicas se apresentam sempre da mesma
forma33, apenas A, B e D (60%) responderam positivamente. Para C e E (40%), há mais de
uma forma da distonia se manifestar34.
A forma de manifestação da distonia para A é flexão do indicador, sem qualquer
extensão. Para B, flexão do médio e anelar, com extensão dos dedos indicador e mínimo. Para
D, flexão do médio acompanhada de extensão do indicador.
No caso de C, para quem havia mais de uma forma das contrações se manifestarem,
não havia padrão claro que pudesse definir as formas. Os dedos flexionados poderiam ser o
anelar e o mínimo; havia a possibilidade também de, em vez de flexão, o mínimo apresentar
extensão.
E, para quem também havia mais de uma forma, pôde defini-las mais claramente: “Por
flexão do punho direito. Flexão do indicador. Flexão do médio ao tocar o indicador. Flexão do
indicador ao tocar o médio. Por "gancho" dos dedos ao tentar realizar certos tipos de arpejos e
toques simultâneos entre os dedos indicador, médio e anular (em quaisquer combinações)”.
Os dedos que podem apresentar flexão são, para ele, polegar, indicador e médio; extensão, o
dedo mínimo. Como visto, porém, as contrações de E não se limitam aos dedos, mas movem
também a totalidade da mão.
Dentre os pesquisados, a flexão atinge um quinto dos violonistas no polegar (20%);
dois quintos no indicador (40%); três quintos no médio (60%); dois quintos no anelar (40%) e
um quinto no mínimo (20%). Desprezando certas diferenças pela baixa taxa amostral desta
pesquisa, tal distribuição assemelha com a encontrada por Llobet et al. (2005), cuja pesquisa,
na respectiva ordem, encontrou 11,4%, 16,5%, 54,4%, 44,3% e 22,8%. O único número
visivelmente destoante é o relativo ao indicador: a atual pesquisa mostra 40% de atingidos por
flexão neste dedo, enquanto a realizada na Catalunha foi de 16,5%.
No caso da extensão, porém, a dessemelhança dos dados é acentuada. Se a pesquisa de
Llobet et al. (2005) mostra 6,3% apresentando extensão do polegar e, numa distribuição quase
uniforme, 27,8% para o indicador; 24,1% para o médio; 25,3% para o anelar e outros 25,3%
para o mínimo, para os violonistas aqui pesquisados os números foram 0% para todos os
33
Por forma, diz-se desenho específico de contrações flexoras, extensoras e dedos inalterados. Uma forma, por
exemplo, é a flexão do médio conjuntamente à extensão do indicador, sem alteração significativa dos outros
dedos ou com alterações atribuídas a meras interconexões tendinosas e musculares.
34
Não foram encontradas referências para comparação e confronto.
33
35
“p”, “i”, “m” e “a” são abreviações de digitação da mão direita, correspondendo respectivamente a polegar,
indicador, médio e anelar. Para o mínimo, dedo tradicionalmente não utilizado, às vezes se utiliza “c” ou “e”.
34
estenderam para atividades como escrever, digitar e pegar objetos. Atividades cotidianas
como estas são afetadas para 45,3% dos pacientes estudados por Llobet et al. (2005).
A distonia afeta a mão direita em 100% dos participantes. Apesar disso, afeta apenas
A, B e E (60%) na mão dominante. C e D (40%) são canhotos, e ainda assim tem sua mão
direita afetada. Em Llobet et al. (2005), 80% dos pacientes cujo instrumento era de corda
pinçada também foram afetados na mão direita.
A, B, C e D (80%) nunca tiveram posturais anormais involuntárias quando em
repouso, seja na mão ou somente nos dedos. Ambos os casos se apresentaram para E.
Nenhum (0%) dos participantes percebeu qualquer movimento distônico na mão
contrária, caso conhecido pelo termo “distonia do espelho”.
Antes da distonia se apresentar, a mão percebida como a mais tensa ao se tocar o
instrumento para A, B e D (60%) era a esquerda. Para C e E (40%) não havia diferença
perceptível de tensão entre as mãos.
Nenhuma análise genética foi feita em qualquer um dos participantes, o que nos
impede de saber com clareza se existem predisponentes genéticos. A busca por informações
relevantes concernentes ao histórico familiar dos participantes foi infrutífera. Quando
questionados sobre a existência de antecedentes familiares de desordens cujos sintomas se
assemelhassem aos da distonia, todos (100%) responderam negativamente. Essa informação
não trouxe considerações significativas, pois todos (100%) responderam também
negativamente à possível existência, na família, de alguém cujas exigências cotidianas ou
profissionais envolvessem coordenação motora fina e repetição considerável de movimentos.
De qualquer forma, era de se esperar que em famílias cujos membros não realizassem tais
exigências motoras não se apresentasse uma desordem que as requeresse.
Nenhum (0%) praticava exercícios físicos com regularidade que trabalhassem a área
posteriormente afetada. Nenhum (0%) tomava neurolépticos36, ou sofreu de traumas, feridas
ou infecções na região posteriormente afetada; semelhantemente, apenas 2,3% dos pacientes
de Llobet et al. (2005)tomavam neurolépticos e 6,9% sofreram de traumas na extremidade
afetada.
B e E (40%) perceberam sinais de sobreuso. B teve epicondilite37, que tratou com
fisioterapia e medicamentos. E teve uma tendinite no indicador e a tratou somente com
36
Substâncias sintéticas destinadas ao controle de estados psicóticos, tais como esquizofrenia.
37
Inflamação de músculos e tendões próximos ao cotovelo. Pode ocorrer tanto na face interna (epicondilite
medial) como na lateral externa (epicondilite lateral).
35
medicamentos. 22% dos estudados por Llobet et al. (2005) apresentaram, justo antes ou
paralelamente à distonia, sintomas ou sinais de sobreuso na mesma extremidade.
C (20%) foi o único dos participantes a sofrer um trauma cranioencefálico. Constitui a
princípio um caso à parte; apenas 1,1% dos pacientes de Llobet et al. (2005), o tiveram.
Nenhum dos participantes (0%) sentiu dor na região afetada no período imediatamente
anterior ao aparecimento dos sintomas, enquanto 5,8% dos pacientes de Lobet et al. sofreram
nos dedos.
A, B, C e D nunca realizaram eletroencefalogramas. E chegou a realiza-lo, sem que
qualquer neuropatia fosse detectada.
Todos (100%) têm conhecimento do que é a síndrome do túnel do carpo. A, B e E
(60%) fizeram exames locais que pudessem detectar compressões nervosas. Destes, E (33%)
teve uma síndrome do túnel do carpo detectada. 18,5% dos pacientes analisados
eletromiograficamente de Llobet et al. (2005) apresentavam algum tipo de neuropatia.
Todos (100%) estudavam violão formalmente antes da apresentação da desordem. A,
B, C e E (80%) afirmaram existir uma busca por conscientização da eficiência de realização
mecânica das obras, enquanto D negou esta existência.
Foram questionados como classificariam seus níveis de tensão física durante o estudo.
Utilizou-se uma escala, de um a dez, onde um significava perfeitamente sem tensão e dez
exacerbadamente tenso. A escolheu para si 7; B, 8; C, 2; D, 3; E, também 3. A média da
percepção de tensão física foi, portanto, 4,6 (DE de 2,7).
Em uma pergunta equivalente onde se buscava a percepção sobre a tensão psicológica,
A escolheu para si 5; B, 9; C, 7; D, 3; E, igualmente 3. A média da percepção de tensão
psicológica foi de 5,4 (DE de 2,6).
Polifonias leves e homofonias eram a textura predominante do repertório de A, com
alguma polifonia densa ocasional; a textura predominante no repertório de B era a polifônica;
no de C, era a homofônica; no de D, a polifônica. E disse não existir predominância de
textura em seu repertório.
A estudava uma média de 2 horas diárias. B, C e D, 6 horas. E entre 4 e 5 horas. A
média das horas diárias de estudo, então, equivalia a 4,9 horas (DE de 1,7). Os músicos com
distonia estudados por Llobet et al. (2005) dedicavam um semelhante número de horas diárias
ao instrumento: 4,8 horas. Em contraste, os outros 572 músicos com outras afecções do
Institut de Fisiologia i Medicina de l’Art-Terrasa estudados por Llobet et al. (2005)
dedicavam 3,5 horas diárias ao instrumento.
36
38
Preparação é o gesto que antecipa a realização sonora, onde o instrumentista “planta” os dedos nas cordas
antes de pulsá-las. Para mais informações verifique TENNANT, Scott. Pumping Nylon: the classical guitarist’s
technique handbook. Alfred Publishing Company, 1995.
37
Acredito que algumas decisões que tomei sobre formas de se estudar foram
fundamentais para o desenvolvimento do quadro. Uns 6 meses antes da distonia se
apresentar, comecei a estudar para usar o dedo mínimo da mão direita. Nesse
sentido, comecei a fazer os mesmo arpejos de Carlevaro usando m-a-e ao invés de i-
m-a. Além disso, também fiz mudanças de digitação em obras que já tocava, para
38
que o dedo mínimo pudesse ser incorporado. Meu erro foi, acredito, ter parado de
usar o indicador durante os estudos técnicos. Ainda o usava nas peças, mas de
maneira reduzida. Me lembro muito bem que havia uma predominância de m-a ao
invés de i-m. Por fim, houve um período extenso de pouco estudo. Durante 3 meses,
praticamente só estudava uma vez por semana. E quando finalmente quis voltar com
mais afinco, ao tentar fazer arpejos que me eram fáceis (leia-se: conseguia fazer os
movimentos sem tensão alguma, mesmo em andamentos mais altos), percebi,
inicialmente, uma alteração no movimento do polegar (que hoje não existe mais). À
partir daí não me lembro muito bem como procedi. Fiquei preocupado. Acredito
que, ao tentar "corrigir" o polegar, junto com toda a carga de exercícios feitos de
maneira errada dos últimos meses, acabei por prejudicar o movimento do indicador.
O quadro permanece até hoje, mesmo depois de 2 anos sem estudar violão.
39
5 ANÁLISE
Neste capítulo serão analisados dados que apresentaram discrepâncias com a pesquisa
de Llobet et al. (2005), além daqueles que, apesar de corroborarem com a pesquisa de
confronto, merecem atenção por serem pouco analisados nos estudos encontrados, mesmo
aparentando potencial para nos fazer mais esclarecidos no que toca a etiologia da DFTE.
Diferentemente dos outros, E chegou a ter posturas anormais mesmo quando em
repouso. Russotto e Perlmutter dizem que um terço dos afetados sofre com estas posturas
mesmo quando em repouso, embora aparentemente se baseiem em DFTEs de escrivão
(RUSSOTO e PERLMUTTER, 2009, p.5). Existem diferenças observadas na excitação e
inibição sináptica entre DFTEs de músico e escrivão (ROSENKRANZ, 2005, apud
RUSSOTO e PERLMUTTER, 2009, p.10). Nenhuma das pesquisas lidas sobre a DFTE de
músico informava dados a respeito da manifestação quando em repouso.
E foi também o único dos entrevistados a sentir dor em algum momento, assim como
o único dos participantes que fizeram exames para a descoberta de compressões nervosas que
teve um caso apontado, de síndrome do túnel carpiano. O participante tem uma série de
regiões corporais afetadas pela distonia que sugere nem mais classificá-la como focal, mas
sim segmental. Em trabalho nenhum se achou um caso de câimbra segmental de músico a que
se pudesse comparar. O participante E parece constituir um caso diferenciado, no que toca os
estudos pesquisados sobre a DFTE do músico.
O relato do participante A, visto ao final da seção “dados coletados”, é interessante no
que toca a formulação de hipóteses. Os mesmos mecanismos já conhecidos, antes aplicados
por i, m e a, foram transportados para os dedos m, a e e. Seria interessante imaginar como o
desenho mental de certos mecanismos arpejísticos já estava habitualmente ligado aos circuitos
responsáveis pelo movimento do i, m e a, e após o deslocamento destes desenhos já
conhecidos para outros dedos, eles não só formavam conexões à nova região, mas mantinham
sustentadas as conexões à antiga (QUARTARONE et al., 2006, apud RUSSOTTO e
PERLMUTTER, 2009, p.11).
As disparidades da distribuição de flexão e extensão provocadas pela distonia nos
dedos poderiam ser explicadas como consequências da baixa taxa amostral, possibilidade
inevitável. Outra hipótese, porém, pode ser apontada: a pesquisa de Llobet et al. (2005) foi
realizada em um centro de atendimento especializado onde toda uma variedade de
instrumentistas é encontrada; em minha pesquisa, porém, avalio apenas violonistas. É sabido
40
39
Não foram encontradas pesquisas para confirmar ou desmentir esta hipótese; Llobet et al. não apresenta estes
dados separados por categoria de instrumento.
40
Para se tocar violão, é necessário que as mãos esquerda e direita realizem funções distintas.
41
41
Independência digital é a competência de um dedo executar uma ação sem que esta prejudique a liberdade de
ação dos outros dedos.
42
O arpejo i, m e a, por exemplo, é mais facilmente executado através de um único gesto flexor prosseguido de
um relaxamento conjunto de todos os dedos que executado por uma seqüência de flexões e relaxamentos
individuais de cada um dos dedos.
42
circuitos neurológicos ligados aos movimentos finos da mão atuante e borrar a representação
cortical dos dedos, cuja construção depende da informação sensorial aferida.
A execução da dinâmica musical, que por vezes exige movimentos intensos que
dificultam a ação independente, depende da mão direita. O movimento flexor do médio, por
exemplo, quando executado com intensidade, requer uma maior tensão compensatória do
extensor do indicador e anelar que garanta a independência. Essa co-contração voluntária de
músculos agonistas e antagonistas é permitida por uma reduzida inibição recíproca que,
segundo Russotto e Perlmutter (2009, p.10), pode depender de uma menor inibição pelo
menos desde a medula espinal, de onde a resposta reflexiva pode se originar. Seria importante
investigar, portanto, se tais reduções voluntariamente forçadas de inibição local não poderiam
ter impactos funcionais sobre a inibição motora de outras atividades manuais.
Outra hipótese pode estar ligada não a diferenças qualitativas, mas quantitativas das
tarefas das mãos. A mão direita executa em geral mais movimentos que a esquerda, visto que
existem mais situações de ação da mão direita com a mão esquerda imóvel que o contrário.
Além disso, a diversidade de gestos da mão esquerda é maior que a da direita, onde tal
diversidade é razoavelmente limitada. Dessa forma, a mão direita não só realiza uma maior
quantidade de ações que a esquerda, mas estas ações se distribuem em um conjunto menos
diverso de gestos, o que implica em uma repetição mais intensa dos mesmos movimentos.
Os músculos mais comumente afetados são aqueles fortemente envolvidos na
performance e na maioria das vezes estão localizados nas mãos que são mais exigidas
fisicamente (RUSSOTTO e PERLMUTTER, 2009, p.4). Dessa forma, independentemente da
natureza dos movimentos, a questão da quantidade de movimentos – ou seja, intensidade de
repetição – pode representar um fator importante na definição da lateralidade.
Segundo Chaná-Cuevas et al. a integração sensorial, processo de organização cerebral
dos mais variados estímulos recebidos, requer um tempo de pelo menos 100 ms. Uma maior
quantidade de movimentos facilitaria a ocorrência de eventos problemáticos de integração
sensorial, visto que movimentos que implicam em vários inputs sensitivos por vez e requerem
uma estimulação sensitiva de menos de 100 ms seriam capazes de gerar segregações no córtex
somatosensorial, com um crescimento dos campos receptivos estimulados e uma deformação
das representações normalmente separadas dos diferentes dedos (CHANÁ-CUEVAS et al,
2003, p.638).
Todos os participantes desta pesquisa passavam por mudanças da rotina de trabalho e
situações de estresse e o mesmo ocorria para 96,5% dos pacientes de Llobet et al. Isso pode
sugerir relações entre o aprendizado sob estresse e o desenvolvimento da desordem.
43
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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47
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ANEXOS
ANEXO 1
*Obrigatório
Dados Pessoais
Qual é o seu nome? *
o Homem
o Mulher
o Sim
o Não
Se sim, qual(is)?
49
o Sim
o Não
o É possível
o Não é possível
Quais dos seguintes dedos podem mostrar flexão indesejada provocada pela distonia? *
o Polegar
o Indicador
o Médio
o Anelar
o Mínimo
o Tal flexão não se apresenta.
Quais dos seguintes dedos podem mostrar extensão indesejada provocada pela distonia? *
o Polegar
o Indicador
o Médio
o Anelar
o Mínimo
o Tal extensão não se apresenta.
50
o Somente os dedos
o Somente a mão
o Ambos
o Não
Sua distonia se apresenta sempre da mesma forma (ex.: sempre com flexão do médio
acompanhada de extensão do indicador) ou varia conforme o contexto (os dedos
flexionados ou extendidos não são sempre os mesmos)? *
Existe uma série clara e identificada de movimentos que precedem um acesso de tensão
distônica? Se sim, quais? *
Caso haja várias formas, a pergunta se aplica separadamente a cada uma delas.
o Sim
o Não
o Sim
o Não
o Sim
o Não
Se não, que outras atividades afeta, e quanto tempo demorou a afetar cada uma delas? A
intensidade dos sintomas nelas é a mesma do violão?
o Esquerda
o Direita
o Ambas
Alguma vez, mesmo que rarissimamente, foram percebidos movimentos distônicos na mão
contrária?
Caso a distonia afete ambas as mãos, desconsidere esta questão.
o Sim
o Não
o Sim
o Não
Antes de perceber a distonia, em qual das mão você percebia maior tensão ao tocar? *
o Esquerda
52
o Direita
o Não havia diferença perceptível
o Sim
o Não
Alguma análise genética já foi feita para identificar a presença de possíveis fatores de risco?
*
o Sim
o Não
Se sim, é de seu conhecimento ter anormalidades nos genes DYT1, DYT6, DYT7, DYT13
ou no 18º cromossomo?
o Sim
o Não
Se sim, quantos?
o Sim
o Não
o Sim
53
o Não
o Parcialmente, e coincidem na maioria dos casos
o Parcialmente, mas não coincidem na maioria dos casos
o Sim
o Não
Tomava neurolépticos? *
Substâncias sintéticas inibidoras destinadas ao controle de estados psicóticos, tais como
esquizofrenia.
o Sim
o Não
o Sim
o Não
Se sim, quais?
o Sim
o Não
o Sim
o Não
o Sim
o Não
Já realizou um eletroencefalograma? *
o Sim
o Não
o Sim
o Não
o Sim
o Não
o Não sei
o Sim
o Não
Estudava formalmente? *
o Sim
o Não
o Sim
o Não
Existia uma busca por conscientização da eficiência de realização mecânica das obras? *
o Sim
o Não
Numa escala de 1 a 10, como você classificaria o seu nível de tensão física durante o
estudo? *
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Perfeitament Exacerbadament
e sem tensão e tenso
Numa escala de 1 a 10, como você classificaria o seu nível de tensão psicológica durante o
estudo? *
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Perfeitament Exacerbadament
e sem tensão e tenso
o Variava-se consideravelmente
o Sim
o Não
Se sim, qual(is)?
o Sim, esquerda
o Sim, direita
o Não
Você consideraria que nas suas escolhas de digitação e dedilhado havia larga
predominância de procedimentos ortodoxos ou havia heterodoxia considerável em suas
escolhas? *
o Sim
o Não
o Sim
o Não
Numa escala de 1 a 10, com qual dificuldade você classificaria o estudo de violão? *
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Baixa Alta
Numa escala de 1 a 10, como você classificaria em geral seu nível de estresse ao estudar? *
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Baixa Alta
Você passava por situações de estresse anormal antes dos primeiros sintomas? *
o Sim
o Não
Você passava por um período de desequilíbrio emocional antes dos primeiros sintomas? *
o Sim
o Não
o Sim
o Não
o Sim
o Não
o Sim
o Não
o Sim
o Não
Final
Algo que queira acrescentar?
ANEXO 2
ANEXO 3
61
62
63
64