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EDITORIAL

Identidade de gênero
Vivemos um tempo de severo ataque à família estruturada segundo a pers-
pectiva da Palavra de Deus. Nos últimos tempos, este ataque tem encontrado
suporte em uma estrutura jurídica construída ao longo do tempo, que foi ini-
ciada com a defesa dos direitos fundamentais das mulheres, mas trazendo em
seu bojo fundamentos da conhecida Ideologia de Gênero. A proposição da iden- Sabemos da
tidade de gênero defende que a sexualidade não é fruto de obra da natureza importância da
humana e, sim, resultado da educação recebida pela criança no seio da família,
e que tal educação influencia diretamente na escolha da opção sexual, indepen- administração
dentemente do sexo esculpido no corpo durante a concepção no ventre materno
e constatado por ocasião do nascimento, abrindo espaço para que pessoas de para o sucesso
um determinado sexo alterem sua identidade pessoal com mudança do nome de nossas igrejas
no Registro Civil das Pessoas Físicas ou possam utilizar um nome social alinhado
com sua opção sexual. Como nossas igrejas devem se posicionar diante de tal e organizações e,
realidade? Dada a relevância deste tema, trazemos orientações e esclarecimen-
tos importantes para a liderança de nossas igrejas. por isso, trazemos
Sabemos da importância da administração para o sucesso de nossas igrejas e um artigo que
organizações e, por isso, trazemos um artigo que esclarece a importância de um
administrador atuando na liderança da igreja local e as vantagens dessa atua- esclarece a
ção. Preocupados com o desenvolvimento de uma liderança efetiva que leve as
igrejas a uma atuação relevante na sociedade, abordamos mais uma vez temas
importância de
importantes para que nossas lideranças tenham condições de não somente com- um administrador
preender seu papel no crescimento do reino mas, também, atuar de maneira
contundente para que cada igreja local desempenhe um papel transformador atuando na
em suas comunidades. Dentre esses temas, destacamos a “Jornada da liderança
em tempos de crise”. No contexto de 2016, com crises em várias áreas da so- liderança da
ciedade, o papel da liderança torna-se cada vez mais estratégico para assegurar
o desenvolvimento e crescimento de nossas organizações. Ter estratégias bem
igreja local e as
definidas sob a direção do Senhor e manter o foco no que deve ser realizado são vantagens dessa
assuntos destacados no material que disponibilizamos para você nesta edição.
Como forma de auxiliar nossas igrejas na identificação de ferramentas de ges-
atuação
tão aplicáveis às suas rotinas, apresentamos mais uma opção a ser considerada
no momento desta importante escolha para o bom andamentos dos processos
de trabalho.
Esperamos que a leitura do material aqui oferecido seja edificante para você
e a liderança de sua igreja.

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SUMÁRIO

A escala de influência da liderança


ISSN 1984-8684
3
Literatura Batista
Ano 43 • Nº 170

Administração Eclesiástica é uma revista A jornada da liderança em momentos de


preparada especialmente para a liderança
crise
da igreja – pastores, diáconos, seminaristas,
educadores religiosos e diretoria – visando a
5
um melhor desempenho de seu ministério nas
diferentes áreas de atuação

Copyright © Convicção Editora


Ideologia de gênero e a família cristã
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A escala de influência
por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
fotográficos, gravação, estocagem em banco de
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explícita informação da fonte

da liderança
Jesus, o nosso modelo de servo
Publicado com autorização
por Convicção Editora
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CEP: 20270-972 – Rio de Janeiro, RJ PERSONALIDADE OU​ ​INTEGRIDADE?
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Eletrônico – literatura@batistas.com
21 igreja?
Liderança é a arte de influenciar as pessoas e o ambiente no Muitos líderes só têm ascendência sobre outros indivíduos
Editor
qual você atua. Esta talvez seja a frase que melhor defina tal com- porque a posição formal que ocupam lhes dá o direito de fazer
Sócrates Oliveira de Souza
petência, pois deixa claro que a liderança tem a ver com a ascen- as coisas acontecerem, se preciso for, na marra. A sua força, portan-
dência sobre si mesmo e aqueles que estão ao redor, bem como o to, vem do cargo e não deles mesmos. Incluem-se aí os famosos e
Coordenação Editorial
Os três Ps da liderança
Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)
23 esforço para transformar o lugar onde você opera.
A questão é que, ao observarmos o trabalho dos líderes que
execrados chefes que habitam inúmeras organizações.
Outros líderes, apesar de terem o poder formal em suas mãos,
Redação fazem parte da nossa rede de relacionamentos, logo percebemos preferem influenciar pessoas com base em sua competência
Davidson Pereira de Freitas que muitos deles ignoram a existência de uma escala de influência. técnica. Todos o escutam porque ele é visto como “o cara”, aque-
Buscam a adesão das pessoas utilizando meios que as desmotivam le que resolve os problemas que aparecem.
Produção Editorial
Oliverartelucas
Liderança e foco: Temas importantes em vez de inspirá-las. Resultado: missão não cumprida ou insatisfa- Temos também aquele grupo de líderes com uma capacidade
ção generalizada; às vezes, as duas coisas ao mesmo tempo. ainda maior de fazer acontecer graças a sua personalidade. O

Produção e Distribuição
25 para o avanço da igreja
Convicção Editora Wellington Moreira
Tel.: (21) 2157-5567 Palestrante e consultor empresarial, especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento
Rua José Higino, 416 – Prédio 16 Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação.
Sala 2 – 1º Andar – Tijuca Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor
Rio de Janeiro, RJ Ferramenta de gestão eclesiástica dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.
CEP 20510-412
literatura@conviccaoeditora.com.br
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tipo de gente que tem carisma de sobra, inspira os outros à ação ou Também não podemos esquecer o fato de que até duas
simplesmente é talentoso para magnetizar quem o escuta falar. Fato- décadas atrás as pessoas eram muito sensíveis a líderes que
res que parecem ser superficiais, mas fazem grande diferença quando simplesmente tivessem o poder formal (o chefe mandou, então
você precisa motivar pessoas a realizarem algo que elas não querem. tem de fazer) ou a competência técnica (ele sempre sabe as
Por fim, temos líderes que influenciam sustentados pela inte- respostas, vamos fazer logo o que está pedindo) e não questio-
gridade. Pessoas cuja autoridade moral e o bom exemplo arrastam navam as ordens que vinham de cima.
as pessoas na mesma direção com pouquíssimo esforço despendi- A nova geração percebe o mundo de uma forma muito di-
do. Gente do porte de Mahatma Gandhi e da senhorinha da sua vi- ferente. Grandes feitos só se tornam possíveis quando eles gos-
zinhança que une um montão de pessoas para aquele trabalho so- tam de estar ao seu lado ou o veem como o tipo de profissional
cial aos domingos de madrugada. Ou do pai que é respeitado pelo que também querem ser no futuro.
filho por causa da forma irrepreensível com que o educa no dia a dia​. Esse assunto, inclusive, ajuda a entender o estado em que
​Pessoas que lideram informalmente, sem cargo algum na estrutu- se encontra a política nacional. Alguns dos nossos governantes
ra da empresa, influenciam porque têm competência técnica, uma​​ e representantes só estão preocupados em obter poder, são
personalidade cativante ou, então, autoridade moral. E é claro, às incompetentes, desonestos e mesmo assim os reelegemos.
vezes, são ouvidos com mais interesse e atenção do que o próprio Pior: quando necessário, renunciam para não serem cassados,
líder formal, que costuma recorrer aos incentivos e punições sem- deixam a poeira baixar e algum tempo depois retornam ao
pre que precisa impor suas vontades. Congresso com a cara lavada, como se nada tivesse acontecido.
O mesmo ocorre quando você é escutado por seus pares ou Se nas empresas a influência baseada na posição perde
superiores na empresa, clientes e demais pessoas que não têm prestígio com modelos de gestão cada vez mais flexíveis e
obrigação alguma de dar bola para aquilo que diz. Eles certamente achatados, na política brasileira a escala de influência ainda é
o veem como alguém capaz de resolver os problemas, não que- regida por ela. Ainda bem que as pessoas à frente da Operação
rem decepcioná-lo porque o apreciam ou julgam que sua forma Lava-Jato nos trazem um fio de esperança de que as coisas es-

A jornada da liderança em
de agir merece crédito. tão mudando.

momentos de crise
“É impossível percorrer a estrada do sucesso sem trocar junto de situações que nos fazem, de vez em quando, parar para
um ou dois pneus furados” – John Mason trocar um ou dois pneus – usando a linguagem de John Mason.
Em tempos de crise, o papel da liderança recebe especial des- Se trocar um pneu já é difícil, imagine trocar dois. De fato, há
taque em função da necessidade das organizações em enfrentar situações que são tão inusitadas, para as quais simplesmente não
os desafios que surgem a cada instante. Nestas horas, a influência temos um “estepe”, ou seja, uma solução fácil e rápida. Não sabe-
de uma liderança constitui-se em fator crítico de sucesso. mos o que fazer, nunca nos preparamos para resolver tal situação,
A liderança está mais para uma estrada cheia de buracos do e aí vem a necessidade de ser criativo, inovador, ter percepção da
que uma autopista com dupla camada de asfalto. Os buracos são situação e, com sabedoria, encontrar uma solução ou, então, criar
os imprevistos, as mudanças inesperadas e até mesmo as falhas algo que resolva a situação.
não previstas em projeto. Já dizia o ditado popular que “errar é Quando a estrada está muito esburacada – como em tempos
humano”. E uma boa adaptação dessa frase seria “errar faz parte de crise – é bom estar atento, pois a possibilidade de pneus fura-
da liderança”. Esse erro pode ser do líder, da equipe ou de um con- rem é muito grande. Manter-se atento e preparado é importante,

Guilherme de Amorim Ávilla Gimenez


Pastor da Igreja Batista Betel em São Paulo e conferencista nas áreas de liderança e
espiritualidade. Graduado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil
(Rio de Janeiro), com Mestrado em Ciências da Religião pela UMESP (São Bernardo do
Campo) e Doutorado em Teologia pelo ITEPAR (Paraná). Site www.prgimenez.net

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mas nunca é o suficiente. Um segundo pneu poderá furar e, aí, não
haverá estepe. O que fazer? Só mesmo experiência, aliada àquilo Um líder não pode perder o
que somente bons líderes têm – percepção – servirá para garantir
que o percurso seja percorrido e os objetivos sejam alcançados. controle em momentos de crise.
Percepção, segundo John Maxwell, é a arte de olhar rapidamente
ao redor e entender o que pode ser feito para resolver algo com Aliás, nesses momentos é que a
rapidez e eficiência. Possivelmente, será sua percepção que servirá
para trocar o segundo pneu furado.
liderança será manifesta, apontando
Na longa e desafiadora jornada da liderança, especialmen- caráter, sabedoria, firmeza e
te em tempos de crise, surge a necessidade de se compreender
claramente a diferença entre CARGO E INFLUÊNCIA a fim de que capacidade do líder em administrar
as decisões sobre a estrutura da liderança das organizações sejam
capazes de levá-las à superação dos desafios apresentados diaria- situações difíceis
mente.
Pegue qualquer grupo de trabalho e pergunte a cada um dos
integrantes: “Quem é o líder?” e eles provavelmente responderão
contra as mudanças. E, em muitos casos, se não mudarmos, todos
com o nome de quem ostenta o cargo. Depois, pergunte: “Quem
seremos prejudicados. Gostar não é o princípio correto, mas, sim,
é a pessoa mais influente do seu grupo?” A resposta a essa per-
a análise honesta do que deve ser feito, independentemente de
gunta identificará o líder informal e revelará como aquele grupo
nosso gosto pessoal.
realmente opera” (Daniel Goleman – Foco). Há uma grande dife-
rença entre quem ocupa o cargo e quem influencia, mesmo sem Um líder precisa ter coragem de ser impopular e fazer as mu-
ter um cargo. Às vezes, encontramos uma pessoa influente no car- danças necessárias. Ele verá caras feias e ouvirá críticas maldosas.
go, mas, em outros casos, a pessoa influente não tem o cargo, mas Mas, ainda assim, continuará no caminho que deve ser percorrido,
tornar-se mais maduro e até mesmo visível, inicie um momento te por excelência e inovação. E podem, inclusive, desenvolver a
tem o poder da mobilização e transformação. O ideal seria unir o ainda que não seja do agrado de todos. Costuma-se dizer que nem
novo em sua história de vida, oferecendo seu talento e potencial a fé, algo que raramente fazemos em momentos de tranquilidade
cargo à influência e esse deve ser o desafio de todo líder. E não Jesus Cristo agradou a todos. Ele é um bom exemplo, de fato. O
um grupo e sendo, consequentemente, alvo de novas possibilida- e conforto. interessante é que ele sequer tentou agradar a todos. Foi movido
falamos apenas da liderança relacionada ao ambiente de trabalho,
des.  Cargo e influência estarão sempre relacionados como parcei- Assuma sua liderança e faça a diferença em sua organização, por convicções e sua impopularidade o levou à cruz. Mas, se serve
mas também da liderança na vida, nos locais que frequentamos e
ros ou oponentes. O melhor é que sejam parceiros, pois o poder família, igreja, condomínio, enfim, onde você estiver. Nesse mo- de consolo aos impopulares, ele ressuscitou, mostrando que aqui-
nos ambientes em que nos é dada a oportunidade de interagirmos
dessa parceria beneficiará a muitos. mento de crise, apresente-se como um líder que fará o que for lo que deve ser feito é infinitamente mais poderoso em eficácia do
como líderes.
Diante de crises, vemos muitas pessoas perdendo o controle. necessário para manter a ordem e promover a vitória.  que aquilo que simplesmente agrada. O que deve ser feito e não
Existem pelo menos três situações nessa dinâmica cargo-influ-
Essa perda de controle pode ocorrer em três aspectos: emocional, “O segredo do fracasso é tentar agradar todo mundo” – John o que gostamos de fazer deve ser nosso princípio norteador. O lí-
ência. A primeira é quando você recebe um cargo e sabe não ter a
intelectual e administrativo. Vamos focar nesse último aspecto. Kennedy. der deve sempre tentar construir consenso, mas deve ter coragem
influência necessária ou suficiente para realizar a mobilização que
esperam de você. Em uma situação assim, a pessoa deve ser bem O que menos precisamos em momentos de crise é ter novos Tentar agradar a todos é um princípio utilizado por algumas para tomar decisões e assumir responsabilidades. Caso contrário,
consciente dos desafios que estarão à sua frente, sendo o primeiro problemas. E eles podem aparecer facilmente se não formos fir- pessoas para a tomada de uma decisão. Esse princípio se origi- será um “facilitador de discussões” e não um líder de fato.
deles tornar-se uma pessoa influente. Ou, então, ter a coragem de mes na administração, fazendo o que alguns chamam de “gestão na, por certo, do equivocado pensamento de que precisamos es- Momentos de crise estão cercados por incertezas, desânimo,
dizer “não” e entregar o cargo a alguém que já tenha a influência de crise”. Um líder não pode perder o controle em momentos de tar “bem” com todos – ou, como se costuma dizer, “ser popular”. medo. E na somatória desses e de outros elementos, muitos aca-
esperada para tal cargo. crise. Aliás, nesses momentos é que a liderança será manifesta, Na prática, esse pensamento é impraticável. Há uma diversidade bam sucumbindo à crise e entrando em um estado de inatividade,
apontando caráter, sabedoria, firmeza e capacidade do líder em de opiniões, visões e pressupostos. Cada pessoa é um universo abandonando planos e desistindo de projetos. A crise se transfor-
Uma segunda situação é quando você tem a influência e o
cargo é dado a outra pessoa. Muitos, em situações assim, acabam administrar situações difíceis. de pensamentos e, por isso, sempre haverá choque de opiniões, ma em uma verdadeira muralha, aparentemente intransponível. E,
ferindo a ética e “passando por cima” da pessoa que tem o cargo, Se todos perderem o controle emocional, caberá ao líder man- divergência de pensamentos e até mesmo contrariedade entre como não se pode ver o que há do outro lado, acaba-se deixando
inclusive, contrariando-a ou agindo com deslealdade. Como isso ter-se equilibrado, sendo uma referência de domínio próprio para membros da mesma equipe. Isso não é ruim; é esperado e natural. de lado uma série de ações importantes – e até necessárias – para
não é o correto, uma boa atitude seria oferecer sua influência a a equipe. Se os projetos tiverem que ser adaptados a uma situação Na impossibilidade de agradar a todos, precisamos eleger al- vencer a crise. Parece uma incoerência, mas é assim mesmo que
quem recebeu o cargo e trabalhar em uma parceria para mobilizar de crise, caberá ao líder ajudar a equipe, fornecendo alternativas, gum outro princípio que norteie nossas decisões. O que é certo – e acontece. A crise espanta as ações que podem vencê-la.
a equipe, respeitando quem tem o cargo. Mas quando a pessoa ideias e até mesmo indicando novos caminhos inovadores e cria- não o que todos gostam – pode servir como um bom princípio. O Diante dessa realidade, existe uma dica que vale a pena ser
não tem o espírito de equipe ou humildade suficiente para fazer tivos. E se a crise abalar a estrutura administrativa da organiza- que, de fato, deve ser feito? O que é melhor para esse grupo? Quais compartilhada: estabeleça metas de curto prazo. Não permita que
assim, então o melhor é sair da equipe, questionando de modo ção, trazendo demissões, cortes orçamentários, revisão de metas são as decisões imprescindíveis? Perguntas assim nos ajudam a a crise o leve a um estado de inatividade e paralisação. Apesar do
educado o motivo de não ter sido lembrado ou escolhido. e outras ações emergenciais, caberá ao líder administrar o caos entender o que é certo e deve ser feito. Perceba que não entram medo, tenha metas que o mantenham em “atividade”. Se o futuro
Por fim, temos uma situação inusitada: não ter o cargo e nem instalado e, com uma gestão de excelência, garantir que a crise aqui questões de preferência ou gosto pessoal, mas, sim, ações é incerto e acabou por encerrar alguns planos de longo prazo, que
a influência e, mesmo assim querer ser líder. Há pessoas frustradas não será maior do que o potencial da equipe e a possibilidade de que dizem respeito ao futuro, com seus desafios, e às questões o presente seja cheio de iniciativas, ainda que pequenas diante da
por esse motivo e algumas chegam a passar a vida lamentando superação. que podem, de fato, fazer diferença. E muitas delas, com certeza, crise, mas motivadoras para manter você animado para enfrentar
por não terem tido uma oportunidade de ocupar um cargo ou Em momentos de crise, não fuja de sua responsabilidade de são impopulares. Nem sempre o que deve ser feito agrada a todos o pior cenário possível.
por nunca terem tido força para mobilizar e fazer a diferença. Só administrar, de gerenciar a crise, de incentivar a equipe. Crises e traz sorrisos para a maioria. Há ações necessárias que geram des- As metas de curto prazo nos dão um senso de realização e po-
podemos sugerir que alguém nessa situação, primeiro, invista podem ser oportunidades para ensinarmos superação a nossa contentamento, principalmente àqueles que já têm suas dificul- dem ajudar a construir um cenário novo. E, na grande maioria dos
em si mesmo, busque tornar-se uma pessoa de valor e, então, ao equipe de trabalho. Podem, também, gerar uma busca incessan- dades naturais à mudança. Muitos não querem mudar, e votarão casos, elas serão imprescindíveis para alcançarmos as metas de

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longo prazo, talvez já afetadas pela crise. John Maxwell comenta
que “as metas de curto prazo dão o senso de realização necessário
para nos manter focados no longo prazo. Elas são um termômetro
de nossa motivação” (Artigo: Lead Yourself. ITI Magazine, 1988).
Diante da crise, precisamos “aumentar” nossa temperatura emo-
cional, inserindo coragem e motivação constantes para não desa-
nimarmos com um futuro incerto.
Que ações de curto prazo você pode implementar? Que me-
tas você deseja alcançar nas próximas semanas ou meses? Na
somatória de pequenas vitórias, teremos motivação para encarar
as vitórias maiores, algumas delas bem distantes e praticamente
escondidas sob a crise.
Mantenha-se animado. Elabore suas metas de curto prazo e,
à medida que for realizando-as, celebre. Não há crise que resista
diante de uma pessoa motivada e cheia de entusiasmo e coragem
para seguir em frente.
Travis Bradberry escreveu um excelente artigo sobre manter a
calma em meio às pressões (http://www.administradores.com.br/
artigos/carreira/como-permanecer-calmo-sob-pressao/89522/).
O que me chamou a atenção no texto foi um estudo da Universidade
de Harvard, dirigido por Alison Wood Brook, que traz a seguinte ideia:
“Quando as pessoas se sentem ansiosas e tentam se acalmar, elas es-
tão pensando no que poderia dar errado. Quando elas ficam anima-
das, elas estão pensando nas coisas que podem dar certo”. O estudo
propõe que, diante das crises, as pessoas devem lidar com a ansieda-
de e a pressão com ânimo, transformando a ansiedade em energia,
disposição, criatividade. Assim, uma das maneiras de lidar com a crise
seria animar-se, manter-se vivo o bastante para seguir em frente.
O pensamento lógico que é despertado na crise deveria ser
substituído por um melhor gerenciamento das emoções – propõe
a pesquisa. Assim, a calma diante da crise não se dá apenas por
entender o que está acontecendo, mas também em lidar de forma
adequada com todos os sentimentos relacionados ao momento
de crise. O ânimo diante da crise é importantíssimo. A disposição
emocional de seguir em frente gera muito mais calma do que sa-
ber a dimensão da crise, suas origens e efeitos.
Diante da crise, precisamos buscar ânimo. Desenvolver um
controle emocional capaz de encontrar novas soluções e buscar
novos caminhos. Estabelecer motivações pessoais que nos levem
ao enfrentamento da crise e sua superação e não apenas à com-
preensão do tamanho assustador que ela tem.
Anime-se. Não permita que o abatimento o leve à inércia dian- Os seres humanos têm a capacidade incrível de sonhar. E atravessar esses muros, saltá-los ou até voar sobre eles. Sonhos Sonhar é coisa para quem crê, por isso, os homens de fé sonham
te da crise. Parar e reclamar não ajuda em nada. Citar os números essa é uma das melhores ferramentas para vencer as crises. Por nos fazem construir um futuro melhor, desejável, sem limites e mais e, consequentemente, ultrapassam com mais facilidade os
da crise também não. Recitar, de cor e salteado, todos os efeitos da quê? Primeiramente, porque algumas situações extrapolam a impedimentos. Sonhar é solução para essas e outras situações momentos de crise. Sonhar começa no coração e não na mente.
crise, igualmente, não amenizará a situação. Agora, uma pitada de lógica e não se resolvem com cálculos matemáticos ou racio- comuns em momentos de crise. Começa com alguém que sente que alguma coisa pode acontecer
ânimo pode ajudar. Se esse ânimo vier acompanhado por soluções cínio. São situações tão complexas e novas que simplesmente Como sonhar? É mais simples do que parece. Nem é neces- e começa a construí-la com sua imaginação.
práticas ou pelo menos por uma disposição em lutar, aí, sim, algo não temos qualquer base científica para resolvê-las. Elas exigem sário deitar ou fechar os olhos. Para sonhar, só basta uma coisa: E como sonho e fé andam juntos, vale uma recomendação
estará sendo feito. A calma diante da crise está muito mais ligada a aquilo que os sonhos têm de sobra: criatividade. Em segundo lu- imaginar um mundo de possibilidades. Crer que não há impossível de Jesus Cristo: “Levantai os vossos olhos (...)” (Evangelho de João
esse ânimo em prosseguir, sabendo que algo bom acontecerá, do gar, também há o lado sombrio de situações que se apresentam e que o mais difícil sempre tem uma saída ou solução. Sonhar é 4.35). Tenha coragem para erguer seus olhos e enxergar o que está
que sentar-se diante de prognósticos e índices que fazem muita como verdadeiros muros, impedindo-nos de enxergar o futuro, cogitar possibilidades, é abraçar novas ideias, é olhar para o futuro, além das crises. Erga os olhos em direção ao futuro, ao novo e ao
gente perder o potencial de enfrentamento e desistir. deixando-nos plantados no presente, infelizes com situações re- tentando trazê-lo para o presente. É lançar a semente do que se nunca tentado. Sonhe. Nesse momento de fé e imaginação, crises
Ânimo. Coragem. Essas e outras palavras parecidas poderão ais que não desejaríamos viver. E, mais uma vez, os sonhos se pretende, quer ou precisa, ainda que em longo prazo, e começar ficarão para trás, permitindo que momentos de vitória surjam a
levar você a uma situação de verdadeira paz diante das crises. apresentam como soluções, pois por meio deles conseguimos a regar a semente com esperança, fé, coragem e determinação. sua frente.

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tidade de gênero junto a gêmeos. Apesar disso, segundo sites na
internet “(...) sua influência foi decisiva para a criação da teoria da
identidade de gênero. Ele acreditava que não era tanto a biologia
que determinava se somos homens ou mulheres, mas a maneira
como somos criados, e já a partir da década de 60 tinha pretendi-
do demonstrar que a sexualidade depende mais da educação do
que dos genes (...)”
Nos anos 90, com a obra da professora Judith Butler, Univer-
sidade de Berkeley, EUA – “O problema do gênero” – a ideologia
de gênero passa a ter a formatação que conhecemos atualmente,
o qual foi amplamente difundido na Conferência da Mulher em
Pequim, em 1995, tendo sido avalizada por diversas Ongs Interna-
cionais, ainda que informalmente, em 2006, num Encontro Inter-
nacional na Indonésia, que resultaram na declaração denominada
“Princípios de Yogyakarta” que, inclusive, contou com representan-
te brasileiro, os quais foram consubstanciados pela ONU – Orga-
nização das Nações Unidas – na campanha Igualdade e Direitos
da População LGBT, 2014, largamente difundidos pelo governo do
Brasil.

Histórico nacional

Ideologia de gênero e a A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) introduziu no Ordenamen-


to Jurídico Nacional a expressão “Orientação sexual”: “(...) Art. 2o –

família cristã
Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação
sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos mento social; b) Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe as- civil entre pessoas do mesmo sexo; c) Promover ações voltadas à
seguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, garantia do direito de adoção por casais homoafetivos; d) Reco-
preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, nhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público
intelectual e social. (...) Art. 5o,, III, Parágrafo único – As relações pes- todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays,
soais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução da
“Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos res da Escola de Frankfurt, onde sustentavam que a família não é (...)” (grifos nossos). heteronormatividade”.
façam, fazei-o vós a eles (...)” – Mateus 7.12a consequência da biologia humana, mas do resultado da opressão Esta proposição defendida pela ampla maioria da sociedade
social produzida pela acumulação da riqueza entre os  primeiros inserida no Regramento Jurídico de Defesa da Violência Domés- Teoria queer
Histórico mundial povos agricultores (...) numa gênese da proposição da ideologia tica visando combater, com a eficácia da Estrutura do Estado No afã de perceber as implicações da Ideologia de Gênero
de gênero, defendendo, ainda, que não especificamente, a não Democrático de Direito, a vulnerabilidade da mulher, mais frágil para a família cristã é necessária entender a conceituação da deno-
Compartilhamos reflexão hodierna, jurídico-eclesiástica, nes- existência de diferenças entre os sexos masculino e feminino. pela natureza de sua complexão física, numa relação de even- minada Teoria queer, oficialmente queer theory, que é uma teoria
ta momentosa temática, com os leitores da revista Administração tual violência doméstica suscitada pelo homem, mais forte fisi-
Um dos ícones modernos da ideologia de gênero foi John Mo- sobre o gênero que afirma que a orientação sexual e a identidade
Eclesiástica. É importante anotar que a conceituação atualmente camente, também se aplica, como, inclusive já assentado pelo
ney, que nos anos 60 protagonizou, conforme relatam os registros sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de um cons-
denominada “Ideologia de gênero” não é nova, em que pese re- Judiciário Pátrio, nas relações afetivas entre pessoas do mesmo
históricos, uma infeliz experiência, pois na condição de psicólogo tructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial
ceber recentemente grande destaque na mídia, à luz da enfática sexo, independentemente do gênero; mantendo-se a eventu-
da Jonhs Hopkins University de Baltimore – EUA, especializado em ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas so-
promoção do Movimento Gay Internacional, à medida que, segun- al violência da mulher contra o homem nos Juizados Especiais cialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais”,
do pesquisadores, suas origens remontam à primeira metade do pesquisas sobre identidade sexual, mudança de sexo e biologia Comuns. conforme a Enciclopédia Virtual Wikipédia; ou seja, é “afirmação
século XX, em trabalhos de Karl Marx e Friedrich Engels, inspirado- do gênero, conduziu uma fracassada experiência médica de iden- Num outro momento o PNDH-3 – Programa Nacional de De- que não se nasce homem ou mulher, mas a opção que acontece
senvolvimento Humano (Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de posteriormente, a partir da livre escolha sexual e particular de cada
2009, e atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010), pessoa”.
Gilberto Garcia, em sua terceira versão, gestado no Governo do Presidente Luís
é Mestre em Direito, Professor Universitário e Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros. Autor Inácio Lula da Silva, tendo como coordenadora a então Ministra Identidade de gênero
da Casa Civil, a atual Presidente da Republica, Dilma Vana Roussef,
dos Livros: “O Novo Código Civil e as Igrejas” e “O Direito Nosso de Cada Dia”, Editora Vida, “Novo como contido no “Eixo Orientador III, Diretriz 10, Objetivo Estraté- A proposição da identidade de gênero defende que a sexu-
Direito Associativo”, coautor nas obras coletivas: “Questões Controvertidas – Parte Geral do Código gico V”. “Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade alidade não é fruto de obra da natureza humana e, sim, resul-
Civil”, Editora Método/Grupo GEN, “Direito e cristianismo”, Editora Betel, e autor do DVD “Implicações de gênero. Ações programáticas: a) Desenvolver políticas afirmati- tado da educação recebida pela criança no seio da família, que
Tributárias das Igrejas”, Editora CPAD. Editor da revista eletrônica de direito religioso: www. vas e de promoção de cultura de respeito à livre orientação sexual influencia diretamente na escolha da opção sexual, independen-
e identidade de gênero, favorecendo a visibilidade e o reconheci- temente do sexo esculpido no corpo durante a concepção no
direitonosso.com.br

10 11
ventre materno, e constatado por ocasião do nascimento; não
estando necessariamente ligada à estrutura biológica que, inclu-
O gênero, por sua vez, refere-se ao
sive, pode ser contrária a percebida pela pessoa, ao ser desperta-
do para sua sexualidade, ou ainda, por consciente manifestação
aspecto psicossocial, ou seja, como
de inadequação psicológica do corpo com o sexo assumido so- o indivíduo se sente e se comporta
cialmente, daí a busca de uma nova identidade pessoal, com o
gênero assumido, cirurgia de mudança de sexo, ou ainda, sem frente aos padrões estabelecidos
qualquer alteração física, mas com mudança de nome no Regis-
tro Civil das Pessoas Físicas, ou o pleito ao direito ao uso do nome como femininos e masculinos a
social, o que tem sido acolhido pelas Cortes Judiciais em todo
mundo.
partir do substrato físico-biológico.
É um modo de organização de
Movimento LGBT: atuações
No Estado do Rio de Janeiro foi definido que o uso de enferma-
modelos que são transmitidos
rias passa a ocorrer de acordo com a orientação sexual; Aprovada tendo em vista as estruturas sociais
Lei no Rio de Janeiro que multa estabelecimentos que adotarem
postura contrária a gays, sendo inserida na Lei Estadual a exceção e as relações que se estabelecem
aos espaços religiosos; Resolução 12 – Conselho Nacional de Com-
bate à Discriminação de Gays: proibindo vetar uso banheiros por entre os sexos
sexo em escolas; pais de alunas se manifestando contrariamente
a transexuais usarem banheiros de meninas em escolas públicas;
Resolução da Secretária Direitos Humanos, SP define a utilização osamente quem não “reza na sua cartilha”, e os cristãos podem,
de banheiros escolas públicas sem definição de sexos; escola de e devem, ter fundamentos para externar seus posicionamentos
samba, Rio, RJ: inaugura banheiro para o terceiro sexo, o que é re- sociais, que embasam seu modo de viver, os quais devem ser res-
chaçado pelos transexuais; Órgãos Governamentais/OAB adotam peitados, mesmo por quem não concorda com eles, repudiando
a flexibilização na utilização de documentos dos “nomes sociais”; o alegado “Discurso de ódio”, que é totalmente diferente do “Po-
inserção de questão alusiva à ideologia de gênero na prova do sicionamento opinativo”, o qual não implica discriminar pessoas e,
Enem. sim, discordar de comportamentos à luz do Ordenamento Jurídico
Nacional.
Efeitos práticos – Vida nacional Novamente recorremos a Enciclopédia Virtual Wikipédia para
esclarecer a diferença entre conceito e pré-conceito, no afã de
Lei Estadual, SP: “Dia do cuidador”, com escolas não celebran- Transexual pode mudar gênero Debate internacional facilitar o entendimento e buscar alicerces sociais na formação de
do Dia dos Pais; Anteprojeto Estatuto da Diversidade Sexual: Regis-
tros de Nascimento: (Retirar a Menção: Pai ou Mãe – inserir: filiação;
em documento mesmo sem cirurgia – Depois de duas mulheres transexuais se matarem dentro de conceitos sociais, nos contra-argumentos expostos, inclusive, com
base nos valores da fé cristã.
artigo 32), tramitando no Congresso Nacional; Colégio Pedro II (Rio TJ, RS presídios masculinos, o Ministério da Justiça do Reino Unido anun-
de Janeiro, RJ): substitui expressão – alunos e alunas por ALUN- ciou que vai reaver a maneira como os transexuais são tratados Preconceito é um “juízo” preconcebido, manifestado geral-
“(...) O sexo é físico-biológico, caracterizado pela presença de nas prisões. O ponto da discussão é definir se essas pessoas devem mente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas,
XS; PNE – Plano Nacional de Educação – Lei 13.005/14; (rejeitou a
aparelho genital e outras características que diferenciam os seres ficar em cadeias femininas ou masculinas. culturas, lugares ou tradições considerados diferentes ou “estra-
ideologia de gênero, artigo 2º, III), contudo o Fórum Nacional de
humanos entre machos e fêmeas, além da presença do código nhos”. Ao ser usado no sentido pejorativo costuma ser simplista,
Educação (FNE), órgão criado pela Conferência Nacional de Edu- Atualmente, o que define para onde vai o preso é o seu gênero
genético que, igualmente, determina a constituição do sexo – cro- grosseiro e maniqueísta.
cação de 2010 (Conae 2010), instituído no âmbito do Ministério legalmente reconhecido. Na maioria dos casos, é o que está escrito
mossomas XX e XY. na certidão de nascimento. Isso resulta em transexuais sendo con- Conceito é uma frase (juízo) que diz o que a coisa é ou como
da Educação – MEC) tem orientado que os Estados e Municípios
que contemplem obrigatoriamente a ideologia de gênero rejeita- O gênero, por sua vez, refere-se ao aspecto psicossocial, ou finados em locais destinados para um sexo que não o seu. Assim, funciona. O conceito, enquanto o-que-é é a expressão de um pre-
da pelo Congresso Nacional; Câmara Municipal de São Paulo: O seja, como o indivíduo se sente e se comporta frente aos padrões uma mulher pode acabar no meio dos homens e vice-versa (...) dicado comum a todas as coisas da mesma espécie. Chega-se a
Plano de Educação estuda a proposição: Educação Igualitária. Pro- estabelecidos como femininos e masculinos a partir do substrato (Fonte: Revista Consultor Jurídico). esses predicados ou atributos comuns por meio da análise de di-
paganda de Peças Originais sendo comparadas com Peças Falsifi- físico-biológico. É um modo de organização de modelos que são versas coisas da mesma espécie. O homem é um ser racional. A
cadas Indicando Diferenças entre Heterossexuais com Transexuais transmitidos tendo em vista as estruturas sociais e as relações que Preconceitos e Conceitos – racionalidade é o predicado comum a todos os homens.
Proibida pelo Órgão Regulador; Agência de Modelos constituída se estabelecem entre os sexos.
Posicionamentos sociais
exclusivamente por Transexuais. Uma família norte-americana di- Considerando que o gênero prepondera sobre o sexo, identifi- Resolução do Conselho Federal de
vulga educar crianças sem posicionamento indicativo dos pais das cando-se o indivíduo transexual com o gênero oposto ao seu sexo
diferenças do sexo biológico, igualando sexualmente meninos e biológico e cromossômico, impõe-se a retificação do registro civil,
Uma das mais complexas questões que se impõe é perceber Medicina (CFM) Nº 1.955/2010
que existem pré-conceitos e existem conceitos, pelo que necessi-
meninas; Anteprojeto Estatuto da Família: (Homem/Mulher) – Câ- independentemente da realização de cirurgia de redesignação se- tamos ter cuidado para não agir com base em pré-conceitos e, sim, Registre-se a diretiva do CFM: “(...) CONSIDERANDO ser o pa-
mara dos Deputados – 65583/14, aprovado conclusivamente, após xual ou transgenitalização, porquanto deve espelhar a forma como estabelecer convicções, formando conceitos, independentemente ciente transexual portador de desvio psicológico permanente de
recurso, será submetido ao Plenário da Câmara dos Deputados em o indivíduo se vê, se comporta e é visto socialmente (...)” (Fonte: se são ou não politicamente corretos, até porque existe uma ex- identidade sexual, com rejeição do fenótipo e tendência à auto-
Brasília, DF. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul). pressiva parcela da sociedade que também rotula pré-conceitu- mutilação ou autoextermínio (...)” “(...) Art. 3º – Que a definição de

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sexo diferente da percepção tradicional, na Carta aos Romanos
1.24-28: “Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os
desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu
corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adora-
ram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que
é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou
a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações
sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma for-
ma, os homens também abandonaram as relações naturais com as
mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram
a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em
si mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais,
visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou
a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não
deviam (...)”

Argumento científico: Cromossomo X/Y


É a ciência biológica, registradas as exceções físicas conheci-
das, que qualifica a percepção concreta que: “(...) O Cromossomo Y
é um dos cromossomos responsáveis pela determinação do sexo
no homem. As células sexuais humanas (o óvulo e o espermatozoi-
de) possuem 23 cromossomos cada uma. Em cada conjunto dos
23 pares de cromossomos, os seres humanos possuem um par de
cromossomos responsáveis pelo sexo. Os homens possuem um
cromossomo X e um cromossomo Y, enquanto as mulheres pos-
suem dois cromossomos X. Um espermatozoide pode ser de dois
tipos, contendo: 22 autossomos e o cromossomo X, ou 22 autosso-
mos e o cromossomo Y. Assim, o sexo da criança será determina-
do pelo tipo de espermatozoide que fecundar o óvulo (...)” (Fonte:
Enciclopédia Virtual Wikipédia), ou seja, cientificamente, o sexo da
criança, normalmente, só pode ser homem ou mulher.

Argumento humanitário: Perpetuação


da espécie
Esta é uma percepção fundamental na história da humanida-
de, eis que, se aplicado ao extremo a percepção de desconstru-
ção social da heteronormatividade inserida no PNDH-3 e, conse-
transexualismo obedecerá, no mínimo, aos critérios enumerados: enfrentamento de ideias, dentro do espaço público, respeitan- na sociedade civil organizada, sujeitos de direitos e deveres no quentemente, construída uma homonormatividade nas relações
1) Desconforto com o sexo anatômico natural; 2) Desejo expresso do o princípio do Estado Laico, que orienta a coexistência de Sistema Jurídico Pátrio. sociais, ao longo do tempo e hoje já reduzida a natalidade nos
de eliminar os genitais, perder as características primárias e secun- propostas na sociedade brasileira, bem como a normatização Com a licença dos leitores da revista Administração Eclesiástica casamentos entre homens e mulheres, por razões das pressões so-
dárias do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto; 3) Permanência que baliza a separação Igreja-Estado estabelecida constitu- que, certamente, acrescentarão muitos outros, anotamos alguns ciais, profissionais e estéticas, serão altamente comprometidas eis
desses distúrbios de forma contínua e consistente por, no mínimo, cionalmente; tendo, evidentemente, o direito de expressar sua dos argumentos que podem contrapor a ideologia de gênero, no que, indispensável, mesmo que em laboratórios, como os bebês
dois anos; 4) Ausência de outros transtornos mentais. (Onde se cosmovisão bíblica, sua base religiosa, sua crença, seu esteio desejo de ensejar a reflexão desta desafiante temática para a igreja de proveta, a necessidade de casais heterossexuais para a procria-
lê “Ausência de outros transtornos mentais”, leia-se “Ausência de de fé, sua percepção de espiritualidade, como fonte de sua vi- cristã e, consequentemente, para pastores e líderes. ção da espécie humana, o que é inviabilizado em casais exclusi-
transtornos mentais”) (...)” (Publicada no D.O.U. de 3 de setembro são de vida e existência, nos quais entendem ser pertinentes, vamente homoafetivos, por questões que o argumento científico
de 2010, Seção I, p. 109-10). enquanto famílias cristãs, criar e formar seus filhos, à luz des- explicita conclusivamente.
Argumento de fé
tes dogmas teológicos e princípios religiosos; por outro lado,
Argumentos – Contraponto: valores necessitando compartilhar a convivência respeitosa com óticas A Bíblia Sagrada, livro de regra e prática dos cristãos, registra Argumento sociológico: homem/
de vida diferentes, às quais atinem a direitos fundamentais, as- que Deus, o Criador, estabeleceu o gênero humano, dividindo-os
cristãos segurados no artigo 5º, da Constituição Federal do Brasil, seja em macho e fêmea, como especificado em Gênesis 1.27: “E criou
mulher – família
Os cristãos, neste terceiro milênio, têm o desafio em con- da liberdade de crença e consciência dos religiosos, seja na Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem De igual forma, o aspecto sociológico é fundamental na cons-
tra-argumentar as proposições da denominada ideologia de liberdade de expressão e autonomia da vontade privada dos e mulher os criou”; e, de outro lado, de forma peremptória, o trução do imaginário das pessoas, e são estas pessoas, que são
gênero e, para tanto, carecem encontrar bases teóricas para o grupos LGBTs, ambos cidadãos brasileiros, sendo protagonistas apóstolo Paulo orienta a igreja com relação àqueles que praticam cidadãs, e são estes cidadãos que têm direito à voz e ao voto no

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sistema jurídico nacional, são eles que votam e são votados, à luz
dos valores que norteiam suas existências, ou seja, mesmo que
Reafirmamos a importância do sexo
para alguns politicamente incorreto, são as famílias, compostas de
marido, mulher e filhos, o alicerce da sociedade civil organizada,
biológico e chamamos a atenção
evidentemente considerando-se situações fáticas, famílias que para os riscos de se considerar
têm composição diversa da nuclear, tais como mães com filhos,
irmãos com irmãos, pais com filhos, marido e mulher sem filhos, as questões a ele relacionadas
avós e avôs com netos, tios e sobrinhos etc., os quais reforçam la-
ços de parentescos, sanguíneos ou afinidade, eis que constroem como apenas de escolha ou de
laços de solidariedade familiar, inclusive, reconhecidas pelo Judi-
ciário Pátrio.
condicionamento histórico-cultural
Argumento legal: estrutura judaico-
cristã votos do relator, ministro Luís Roberto Barroso, e do ministro Luiz
A estrutura jurídica no qual foi edificado o alicerce legal da Edson Fachin, Fux pediu vista diante da necessidade de “ouvir a
sociedade organizada ocidental foi a judaico-cristã, de tal forma sociedade” sobre o assunto (...)
que diversos institutos jurídicos foram copiados, alguns “ipsis litte- Como o caso tem repercussão geral reconhecida, Barroso su-
ris“, a iniciar do “Decálogo de Moisés”, mais conhecido como “Dez geriu uma tese: “Os transexuais têm direito a ser tratados social-
Mandamentos” (Ex 20.13), “Não mataras”, entre diversos outros, mente de acordo com sua identidade de gênero, inclusive na utili-
acolhidos pelo Código Civil, pelo Código Penal, pela Consolidação zação de banheiros de acesso público (...)”
das Leis do Trabalho e, em diversas leis pátrias, especialmente pela Os ministros Ricardo Lewandowski, presidente do STF, Marco
Constituição Federal, que tem um de seus principais normativos Aurélio e Luiz Fux resistiram à tese de Barroso. Em seu voto, o rela-
orientadores a “Dignidade da pessoa humana”, um dos fundamen- tor definiu que transexual é aquele que não se identifica com seu
tos constitucionais da sociedade brasileira, esculpido no princípio de- sexo biológico.
clarado por Jesus Cristo de Nazaré, fundador do cristianismo: “O sába-
do foi feito para o homem, e não o homem por causa do sábado” Marco Aurélio foi o primeiro a contestar. “Comungamos in-
(Mc 2.27). teiramente quanto ao respeito à dignidade da pessoa humana”,
afirmou, “mas indagaria na tese quanto à identidade de gênero:
ela se daria considerada a aparência, registro civil ou aspecto psi-
Posicionamento católico – CNBB cológico?”
Em nota publicada, os Bispos do CONSER Leste 1, que abran- O ministro Fux disse haver um “desacordo moral” entre o voto
ge o Estado do Rio de Janeiro, externaram o posicionamento da de Barroso e a sociedade. “Nos processos de valores morais, pre-
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – sobre a ide- cisamos ouvir a sociedade. Quem somos nós? Por que eu, com
ologia de gênero, onde se destaca, entre outros aspectos teoló- minha faixa etária e minha trajetória profissional, sei mais que a
gicos e morais alerta a sociedade brasileira: “(...) Afirmamos que a sociedade?”
sexualidade humana não é apenas uma questão de escolha, mas Nacional – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de e, com exceção, é claro, dos casos em que a medicina e a psicolo-
de reconhecimento de uma realidade com a qual já nascemos e Fux decidiu pedir vista porque, segundo ele, “à luz da doutrina
qualquer natureza” – por isso, entendendo para ser entendi- gia reconhecem cabalmente sua condição; assim, é vital o alerta
com a qual somos chamados a viver. Reafirmamos a importância e da filosofia constitucional, nos processos objetivos é preciso que
do, compreendendo para ser compreendido, amando para ser dos cristãos para a sociedade dos riscos de sua adoção como prá-
do sexo biológico e chamamos a atenção para os riscos de se nós fiquemos atentos ao que sociedade pensa”. Ele, então, disse
que foi à internet ler artigos “da sociedade” sobre o assunto e de- amado, exercitando o maior de todos os mandamentos, como tica social, inclusive para não incidir no pecado da omissão, de-
considerar as questões a ele relacionadas como apenas de es- exposto por Jesus Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e vendo ser respeitada a perspectiva da ideologia de gênero para
colha ou de condicionamento histórico-cultural. A sexualidade parou com as opiniões divergentes.
ao próximo como a si mesmo”, respeitando a expressão da sexu- os que a adotam como atitude de vida, eis que, somente a Deus,
humana compreende cinco aspectos: biológico, afetivo, psicoló- O presidente do STF, Ministro Lewandowski, também demons- alidade do homossexual, entendendo-se a realidade fática da especialmente para aqueles que creem, como nós, todos daremos
gico, espiritual e social. A negação do aspecto biológico e a ên- trou ressalvas quanto ao encaminhamento dos dois primeiros vo-
ampla maioria da sociedade na adoção da expressão de sexu- contas no juízo final.
fase apenas no aspecto afetivo são bastante reducionistas para tos. Segundo ele, mulheres e crianças do sexo feminino ficam “em
alidade heterossexual, à medida que a Bíblia Sagrada também
a pessoa humana, desde a infância, sendo prejudicial à família e situação de extrema vulnerabilidade tanto do ponto de vista físico Que o Senhor, por graça e misericórdia, nos capacite, neste tem-
ensina que “Deus não faz acepção de pessoas” e que, à luz da
à sociedade (...)” quanto do psicológico quando estão no banheiro” (...)” (grifos nos- po de pós-modernidade, diante da relativização de princípios éticos,
Palavra de Deus, “é o Espírito Santo que convence o homem do
sos – Fonte: Revista Consultor Jurídico). morais e religiosos, que historicamente norteiam a sociedade, inclu-
pecado, da justiça e do juízo”.
Desacordo moral: Supremo Tribunal sive por influência de proposições bíblicas, sustentadas por cristãos
Federal Reflexão final Referida atitude não significa concordar, compactuar, ou mes- atuantes na vida pública, com sabedoria do Alto, “sendo simples
mo propagar este modo de vida confrontante com os ensinos bí- como as pombas, mas prudentes como as serpentes”, para propa-
“(...) Por conta do pedido de vista do ministro Luiz Fux, o julga- Este é um tempo em que somos todos incentivados, moti- blicos, ao contrário, com base na liberdade de crença e consciência gar com inteligência a nossa fé. Oportuna e hodierna a orientação
mento sobre se é devida ou não indenização por danos morais a vados, estimulados a respeitar, tolerar e conviver com os dife- e, de conceitos firmados, a família cristã pode e deve expressar nos de 1Pedro 3.15b: “(...) estai sempre preparados para responder com
uma transexual que foi expulsa do banheiro feminino de um sho- rentes e, neste aspecto, é fundamental que encontremos pon- espaços públicos e privados que a ideologia de gênero quer impor mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança
pping foi interrompido no Supremo Tribunal Federal. Depois dos tos de convergência, como nos propõe o Arcabouço Jurídico uma proposição de uma identidade sexual como prática comum que há em vós”.

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