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Programa de Pós-Graduação em Geotecnia

Aula 5 – Acréscimo de Tensões


(Princípios Básicos)

Prof. André Brasil

Geotecnia 2

Geotecnia 2 – Prof. André Brasil


Agenda

1. Acréscimo deTensão
Acréscimo de Tensão

2. Teoria da Elasticidade

3. Solução de Boussinesq

4. Exercícios

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Capítulo
p 8 Capítulo
p 9 Capítulo
p 5

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1. Acréscimo de Tensão

• O solo ao sofrer solicitações se deforma, modificando o


seu volume e sua forma iniciais.

• A magnitude das deformações apresentadas pelo solo irá


depender de suas propriedades elásticas e plásticas e do
carregamento a ele imposto.

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1. Acréscimo de Tensão

• Tensões no solo são causadas pelo primeiro ou ambos


dos seguintes procedimentos:
(A) Peso-próprio
P ó i dod solo.
l
(B) Cargas estruturais, aplicadas na superfície.

• Muitos problemas de engenharia geotécnica exigem um


estudo sobre a transmissão e distribuição das tensões em
grandes
d e extensivas
t i massas do
d solo.l

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1. Acréscimo de Tensão

• O conhecimento das tensões atuantes em um maciço de terra


é de vital importância no entendimento do comportamento de
praticamente
ti t todas
t d as obras
b d Engenharia
de E h i Geotécnica.
G té i

• As tensões existentes nos maciços terrosos decorrem do peso


próprio do solo (tensões geostática) e das cargas estruturais
aplicadas (tensões induzidas), resultantes de fundações,
aterros,
t pavimentos,
i t escavações,...
õ

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1. Acréscimo de Tensão
1. Ao aplicar uma carga na superfície de um terreno, numa área bem
definida, os acréscimos de tensão numa certa profundidade não se
limitam à p
projeção
j ç da área carregada.
g

2. Nas laterais da área carregada também ocorrem aumentos de


tensão, que se somam às anteriores devido ao peso próprio.

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1. Acréscimo de Tensão

3. Os acréscimos das tensões imediatamente abaixo da área


carregada diminuem à medida que a profundidade aumenta.

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1. Acréscimo de Tensão

4. Unindo-se os pontos no interior do subsolo em que os


acréscimos de tensão são de mesmo valor obtém-se os
b lb de
bulbos d tensões
t õ (isóbaras).
(i ób )

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1. Acréscimo de Tensão

 Isóbaras são superfícies unindo pontos de mesmo acréscimo


de tensões

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1. Acréscimo de Tensão

Carregamento
g Distribuído ((Área Retangular
g / Largura
g Finita))

Radier Sapata

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1. Acréscimo de Tensão

Carregamento Distribuído (Área Circular)

Silo Silo

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1. Acréscimo de Tensão

Carregamento Distribuído Trapezoidal ou Triangular

Aterro Aterro

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1. Acréscimo de Tensão

Carregamento Distribuído Linear Infinito

Trilho de trem Trilho de metrô

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1. Acréscimo de Tensão
Carregamento
g Concentrado

Poste Catavento de Energia Eólica

Monumento Histórico

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1. Acréscimo de Tensão

• O princípio das tensões efetivas para condições


hidrostáticas garante que:
 = ’’ + uw

• Considerando um excesso de p poropressão


p uw como
resultado da aplicação de um acréscimo de tensão total

 +  = ’ + (uw + uw)

• Fl
Fluxo ocorre ded maneira i a dissipar
di i o excesso ded
poropressão uw e após um período de drenagem a
tensão efetiva sofre um acréscimo de ’ ppara ’ + ’ e
assim:
 +  = ’ + ’ + uw

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1. Acréscimo de Tensão

z

z

x + x

z x + x
z + z 
x z
x + x
z



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Agenda

1. Acréscimo de Tensão

2. Teoria
Teoria da
da Elasticidade
Elasticidade
3. Solução de Boussinesq

4. Exercícios

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2. Teoria da Elasticidade

1. É comum utilizar a teoria da elasticidade na estimativa dos


acréscimos de tensões no interior da massa de solo em virtude
d carregamentos
de t na superfície.
fí i

2. Nesse caso, faz-se uso da relação tensão-deformação do solo


dada pela Lei de Hooke para materiais de comportamento
linear elástico, homogêneo e isotrópico.

 Um solo é dito isotrópico se os parâmetros definidos em um ponto são


os mesmo em qualquer direção.

 A isotropia reduz as constantes elásticas do solo a apenas duas:


módulo de elasticidade (E) e coeficiente de Poisson ().

 Se as constantes elásticas são as mesmas em todos os pontos de


uma massa de solo então ele pode ser considerado homogêneo.

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2. Teoria da Elasticidade
1. O uso é questionável, pois o
carregamento dos solos não
satisfaz aos requisitos
q de material
elástico, principalmente no que se
refere à reversibilidade das
deformações quando as tensões
mudam de sentido.

2. Para que seja válida, os acréscimos


de tensão devem ser pequenos
(pequenas
(p q deformações),
ç ), tal q
que o
estado de tensões seja muito
distante da ruptura.

3. Os acréscimos de tensões verticais não dependem do módulo de


elasticidade do material ou de seu coeficiente de Poisson.

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2. Teoria da Elasticidade

Considerações sobre hipóteses da teoria da elasticidade:


• Os solos não satisfazem os requisitos:
q
– Comportamento linear (relação tensão-deformação linear) e
elástico (deformações reversíveis)  para que seja válida os
acréscimos de tensão devem ser pequenos (pequenas
deformações) tal que o estado de tensões seja muito
distante da ruptura.

– Homogeneidade (mesmas propriedades em todos os pontos)


 foge
f a realidade
lid d na maioria
i i dos
d casos. O solo
l é
heterogêneo pela sua natureza e também apresenta
relações tensão-deformação variáveis com a tensão de
confinamento, logo variável com a profundidade.

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2. Teoria da Elasticidade

Considerações sobre hipóteses da teoria da elasticidade:


• Os solos não satisfazem os requisitos:
q
– Isotropia  O solo é em muitos casos anisotrópico pela
natureza e arranjo de suas partículas. Entretanto, a condição
de isotropia é válida em terrenos onde o solo mantém
constituição uniforme por distâncias da ordem de algumas
vezes a menor dimensão da área carregada.

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2. Teoria da Elasticidade

Modelo Constitutivo
– Elasticidade isotrópica:
p
1     0 0 0 
  1  
x  
0 0 0
  x 
     1 0 0 0   y 
  y
  
  z  1  2

E  0 0 0 0 0    z 
     
  xy 1   1  2  
2
  xy 
 xz  1  2
 0 0 0 0 0   xz 
   2   

 yz   1  2   yz 
 0 0 0 0 0 
 2 
• A partir de um campo de deformações, calcula-se um campo de tensões,
sendo conhecidos o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson.

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2. Teoria da Elasticidade

Modelo Constitutivo
– Elasticidade
El ti id d iisotrópica:
tó i
 x  1   0 0 0  x 
    1  0 0 0    y 
 y  
  z  1    1 0 0 0    z 
    
 xy  E  0 0 0 2 1    0 0   xy 
 xz  0 0 0 0 2 1    0   xz 
    
 yz   0 0 0 0 0 2 1      yz 

• A partir de um campo de tensões, calcula-se um campo de deformações,


sendo conhecidos o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson.

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2. Teoria da Elasticidade

Módulo de Elasticidade

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2. Teoria da Elasticidade

Coeficiente de Poisson

Tipo de Solo 
Argila saturada 0 4 – 0,5
0,4 05
Argila não-saturada 0,1 – 0,3
Argila arenosa 0 2 – 0,3
0,2 03
Silte 0,3 – 0,35
Areia (densa) granular 0 15
0,15
Areia (densa) fina 0,25
Rocha 0 1 – 0,4
0,1 04

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2. Teoria da Elasticidade

Coeficiente de Poisson

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2. Teoria da Elasticidade

– A análise numérica de problemas tridimensionais


pelo, por exemplo, método dos elementos finitos
pode representar um custo computacional elevado,
elevado
além de demandar muito tempo dependendo da
complexidade do seu problema.

– Situações práticas, entretanto, podem apresentar


geometrias e carregamentos que reduzem os
problemas tridimensionais a problemas
unidimensionais ou bidimensionais.

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2. Teoria da Elasticidade

• Problemas de Deformação Plana

– Envolvem um corpo longo, cuja geometria e carregamento não


variam significativamente na direção longitudinal.
• Um semi-espaço infinito carregado, tal como uma fundação
contínua em uma massa de solo.
• Um cilindro longo, tal como um túnel ou um duto enterrado.
• Um muro de contenção carregado lateralmente.
• Uma barragem de terra longa.
– Requer que uma das dimensões do modelo seja muito maior
que as outras duas.
– A deformação ao longo de uma das dimensões é negligenciada
e o estado de deformação é bidimensional.

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2. Teoria da Elasticidade

Problemas no Plano:

Estado de Deformação Plana:  z   xz   yz  0

 x  1    0   x   z    x   y 
      
0   y 
E
 y   
1
  xz  0
  1   1  2   1  2   xy  
 xy 
 0 0
2   yz  0

 x  1    0   x   z  0
  1    
 y   1 0   y  
 xz  0
E  
   0 0 2  xy    0
 xy   yz

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2. Teoria da Elasticidade

• Problemas de Tensão Plana

– Nesses problemas, a distribuição de tensões é essencialmente


bidimensional.
– A condição de tensão plana é caracterizada por uma dimensão
muito pequena na direção z quando se comparam as
dimensões x e y.
y

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2. Teoria da Elasticidade

Problemas no Plano:

Estado de Tensão Plana:  z   xz   yz  0

 
 x  1  0   x   z   E  x   y 
  1   
  y     1 0   y    0
  E  0 0 2 1      xy   xz
 xy    yz  0

 x  1  0   x   z  0
   1  
0   y 
E

 y  
  1   2    xz  0
 xy   1     xy    0
0 0 2   yz

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2. Teoria da Elasticidade

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2. Teoria da Elasticidade
Para cálculo de tensões
 Massa homogênea – Quando as condições de contorno do problema
analítico se aproxima das condições de contorno “in situ”, as
distribuições de tensão no campo são comparáveis àquelas obtidas
pela análise linear elástica.
p

Para cálculo de deslocamentos

 O cálculo de deslocamentos depende mais diretamente da natureza


da lei constitutiva e das magnitudes dos parâmetros utilizados, desta
forma, a habilidade da teoria da elasticidade em prever
deslocamentos depende, de forma mais marcante, da não
linearidade
ea dade e da heterogeneidade
ete oge e dade do material
ate a “in s
situ”.
tu
 Em outras palavras: quando não existe homogeneidade do material,
a teoria da elasticidade não pode ser aplicada.

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Agenda

1. Acréscimo de Tensão

2. Teoria da Elasticidade

3. Solução
3. Solução de
deBoussinesq
Boussinesq
4. Exercícios

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3. Solução de Boussinesq

Boussinesq determinou os
acréscimos de tensões no
interior de uma massa
elástica homogênea e
elástica,
isotrópica, num semi-espaço
infinito de superfície
horizontal, devido a uma
carga pontual aplicada na
superfície deste semi-
espaço.
espaço

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2. Teoria da Elasticidade
Problema de Boussinesq

 Espaço semi-infinito
 Material homogêneo
P
 Massa Isotrópica
 Relação tensão deformação linear

y r

z Espaço elástico
Semi-infinito

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3. Solução de Boussinesq

Coordenadas Cartesianas Coordenadas Cilindrícas

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2. Teoria da Elasticidade
VARIAÇÃO DA TENSÃO VERTICAL DEVIDO À CARGA EM UM PONTO

(z = plotado verticalmente)

(z = constante) r

(r = 0)

(z = plotado horizontalmente)

(z = constante) r

(z = constante) r

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3. Solução de Boussinesq

Hipóteses feitas por Boussinesq na derivação de sua teoria:

1. O solo é um meio elástico, homogêneo, isotrópico, e semi-


infinito, que se estende infinitamente em todas as direções a
partir de uma superfície plana.

2. Validade da lei de Hooke.

3. Peso próprio do solo é ignorado.

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3. Solução de Boussinesq

Hipóteses feitas por Boussinesq na derivação de sua teoria:

4. Alteração do volume do solo, após a aplicação das cargas, é


negligenciada.
negligenciada

5. Superfície superior do meio está livre de tensões de cisalhamento


e é submetida a apenas a carga pontual em um local
especificado.

6. As tensões são distribuídas simetricamente em relação ao eixo-Z.

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Coordenadas Cartesianas
3. Solução de Boussinesq

3Q z 3
3Q
 v   z  . 5
2 R
3Q cos 2 
 . 2
2 z
3Q z3
 .

2 r 2  z 2 5 2 
52  3x 2 z  x 2  y 2 y 2 z 
3Q  1   x 
Q
 5  1  2   2  3 2 
 2  2
2 z 1   r / z   2  R  Rr  R  z  R r 

Q  3y2z  y 2  z 2 x 2 z 
 y   5  1  2   2  3 2 
2  R  Rr  R  z  R r 

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Coordenadas Cilindrícas
3. Solução de Boussinesq
Q cos
 r  .
2 R 2
Q  3zr 2 1  2  
  2  
2  R RR  z
 

Q  3zr 2

1  2  

2  r 2  z 2  r2  z2  z r2  z2 
5/2
 


Q 
3sen  cos  
2 3 1  2  cos 2  
2  
2 z  1  cos 

3Q rz 2
 rz 
  2 R 5
 t   1  2   
Q z 1 5/ 2
 3Qr  1 
2 
 r2  z2
 r2  z2  z r2  z2 
  2 
3/2
  2z 3 1  r / z  
Q  3 cos 2   
3Q
sen cos4  
2
 1  2  cos    2z 2

2 z  1  cos 

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Coordenadas Cartesianas
3. Solução de Boussinesq Caso Bidimensional (x = r e y = 0)

Q
3Q z 3
 z 
2 R 5

Q  3x 2 z 1  2  
 x   5  
2  R R R  z   z

3Q rz 2
 
2 R 5
x

R  r2  z2

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Agenda

1. Acréscimo de Tensão

2. Teoria da Elasticidade

3. Solução de Boussinesq

Exercícios
4. Exercícios

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4. Exercícios

1º) Foi aplicado no perfil abaixo uma sobrecarga de 1500 kN na


superfície do terreno. Determine as tensões iniciais, os acréscimos de
tensões devido à sobrecarga e as tensões finais no ponto A.
A

Q = 1500 kN

nat = 19 kN/m3

K0 = 0,4

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4. Exercícios

2º) Foi aplicado no perfil abaixo uma sobrecarga de 1500 kN na


superfície do terreno. Determine as tensões iniciais, os acréscimos de
tensões devido à sobrecarga e as tensões finais nos pontos P e Q.
Q

1,0 m 1,5 m

1500 kN

nat = 17 kN/m
kN/ 3
K0 = 0,5 1,0 m
P

nat = 18 kN/m3 0,5 m


K0 = 0,6
Q

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4. Exercícios

2º) Foi aplicado no perfil abaixo uma sobrecarga de 1500 kN na


superfície do terreno. Determine as tensões iniciais, os acréscimos de
tensões devido à sobrecarga e as tensões finais nos pontos P e Q.
Q

1,0 m 1,5 m

1500 kN

nat = 17 kN/m
kN/ 3
K0 = 0,5 1,0 m
P

nat = 18 kN/m3 0,5 m


K0 = 0,6
Q

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4. Exercícios

3º) Quatro cargas pontuais de 50 toneladas são aplicadas nos


vértices de um quadrado de 10m x 10m localizado na
superfície do solo.
solo Encontre o acréscimo de tensão vertical
nas profundidades de 7 e 14 m:
a) abaixo de uma das cargas;
b) no centro do quadrado.

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