7. Logistics (Logística)
7.1 O que é
A Logística é o conjunto dos fluxos informativos e dos fluxos físicos dos materiais que permitem
satisfazer o cliente enviando:
os componentes certos e os objetos produzidos ou a ser produzidos;
no local certo;
na hora certa;
na quantidade certa;
com a qualidade certa.
Nesse sentido a Logística é bem mais ampla do que o tradicional gerenciamento dos materiais,
dos almoxarifados e dos transportes. A Logística envolve principalmente três processos diferentes
da empresa: o processo comercial e de vendas, o de manufacturing e o dedicado à compra e à
distribuição dos componentes.
Essa visão, ampla e transversal em toda a empresa, é realmente necessária para alcançar as
finalidades de base do pilar logístico, que podem ser resumidas em três pontos:
aumentar a satisfação do cliente (seja pela qualidade, seja pelos prazos de entrega);
reduzir os custos do capital investido nos semitrabalhados e nos trabalhos no processo;
reduzir os custos de movimentação dos componentes, que na indústria automobilística são muito
altos.
E exatamente nessa visão mais ampla, o pilar Logística do WCM deve ser considerado integrado
ao do Customer Service.
Como indicado na figura 7.1 para perseguir essas finalidades nas três fases da empresa, a logística
deve enfrentar diversos problemas que estão estreitamente ligados entre si.
A logística comercial, de fato, trata do posicionamento dos centros de distribuição do produto final
para que sejam diretamente ligados à rede de venda, como selecionar e organizar com eficácia as
vias e os meios de transporte, como analisar os pedidos de mercado e elaborar um plano de venda
em curto prazo e como gerenciar e controlar as entregas das fábricas aos centros de distribuição.
197
Pilares Técnicos
A logística de produção, por sua vez, deve definir o fluxo produtivo, em colaboração com o resto
do sistema de produção, para criar o máximo valor para o cliente externo e interno. Isso pode
ser realizado nas fábricas através da execução de produções com fluxo tal que possa produzir
pequenos lotes (preferencialmente peças únicas: one piece flow, em português, fluxo unitário, faça
um peça e mova uma peça), com elevado mix produtivo, com tempos de setup muito reduzidos, com
processos de elevada qualidade (pilar QC), com máquinas sempre disponíveis para produzir com as
atividades de AM e PM, com uma reposição de materiais adequada, enfim uma forte motivação do
pessoal e um baixo nível de ausências (pilar PD).
A logística dos fornecimentos, por sua vez, é responsável pelos fluxos e pelos sistemas informativos
de e para os fornecedores dos componentes, pela individualização das estradas e pelos meios de
transporte mais eficientes, pela ótima gestão dos materiais e dos almoxarifados.
Essas três áreas criam valor para o cliente, na medida em que trabalharem em termos de custo total
de balanço líquido positivo, e não da otimização de só um desses aspectos.
Aos três princípios fundamentais podem ser adicionados também os objetivos principais de melho
ramento desse método.
Em particular, o primeiro objetivo de aumentar a satisfação do cliente, especialmente para os prazos
de entrega, reduzindo-os até o mínimo necessário e mantendo-os com a máxima fidelidade possível
(tempos e confiabilidade das entregas).
O segundo objetivo de aumentar a produtividade do sistema e dos locais de trabalho, reduzindo os
movimentos (redução da atividade a não valor agregado: NVAA(22) e os estoques inúteis e assim
diminuindo o capital investido em trabalhos no processo.
O terceiro objetivo de reduzir ao mínimo os custos da movimentação dos materiais e de utilização
dos espaços, contribuindo para a redução dos custos seguida também de outros métodos, com
melhoramentos de tipo logístico.
(22)
Veja capítulo sobre Workplace Organization desse Guia.
198
Logistics
Sincronizar a
produção/vendas para melhorar
a satisfação do cliente
As análises dos custos conduzidas com os métodos e as técnicas ilustradas no Cost Deployment
permitem individualizar muitos desperdícios e muitas perdas de grande importância, que podem ter
uma ligação com erros e/ou escolhas erradas de colocação de material ou de logística.
Essas perdas maiores da logística podem ser divididas em 18 tipos principais, das quais nove
podem ser relacionadas à gestão dos estoques e nove à movimentação, transporte e predisposição
dos materiais.
É importante conhecer e aprofundar essas possíveis perdas ligadas à logística, porque sua exata
identificação permite definir as corretas prioridades das intervenções de melhoramento logístico que
conduzam a significativas reduções de custo.
É preciso também explicar que os projetos de melhoramento logístico orientados de acordo com o
percurso em 7 steps para a criação de um fluxo constituem, de acordo com os princípios de base
da logística, o guia para a construção de uma Route Map em direção a uma logística World Class.
A ajuda do Cost Deployment (a bússola) é fazer com que essa Route Map fique o mais possível
eficaz.
Assim, como para o Cost Deployment do processo de produção, e em coerência com os capítulos
anteriores, as perdas podem ser conceitualmente conduzidas a três tipos:
distanciamento de um padrão;
distanciamento da melhor prática do setor;
distanciamento da condição ideal.
Através dessa leitura, é possível entender também as principais perdas no âmbito logístico.
Na figura 7.3, é possível ver as nove perdas principais ligadas à gestão dos estoques.
Elas são conduzidas a três fatores principais:
Perdas ligadas a materiais, como, perdas por materiais não-utilizados; ou perdas por estoques de
excessiva segurança como, por causa de falhas ou flutuações da demanda; ou perdas líquidas
sobre materiais por causa dos métodos de produção atuais e não-adequados, portanto fonte
líquida de desperdícios;
199
Pilares Técnicos
perdas relativas à mão-de-obra, como perdas por causa de um excesso de mão-de-obra, visível
na diferença entre horas de trabalho disponíveis e horas de trabalho necessárias; ou perdas por
pouca eficiência do trabalho, visível na diferença entre horas efetivamente trabalhadas e horas
realmente necessárias; ou então perdas líquidas de mão-de-obra, por trabalhos efetuados mas
na realidade não necessários com uma correta configuração logística;
perdas relativas ao espaço físico: como perdas por excesso de espaço, visível na diferença entre
espaço disponível e espaço efetivamente utilizado; ou perdas por pouca eficiência no uso do
espaço, visível na diferença entre espaço usado e espaço efetivamente necessário; ou então
perdas líquidas de espaço, por causa do uso do espaço para depósitos que poderiam não ser
necessários (preferencialmente zero depósitos).
Figura 7.3 As principais perdas da logística
As 18 perdas da logística
• Estoque: nove principais perdas
- (I) Perda por estoque
» (1) Perda por excesso de estoque: perda causada por uma unidade não utilizada
» (2) Perda por estoque de segurança: perda por estoque preparado para compensar o
aumento da demanda, avarias, etc.
» (3) Perda por estoque líquido: perda por estoque necessário baseado nos métodos
produtivos atuais (ideal zero)
- (II) Perda de mão-de-obra
» (4) Perda por excesso de mão-de-obra: a diferença entre a hora disponível do homem
e a efetivamente prevista/utilizada
» (5) Perda de produtividade da mão-de-obra: diferença entre mão-de-obra
efetivamente desperdiçada e as horas líquidas efetivamente necessárias
» (6) Perda de horas líquidas necessárias: (ideal zero)
- (III) Perda por espaço
» (7) Perda por excesso de espaço: a diferença entre espaço disponível e espaço
efetivamente utilizado
» (8) Perda por espaço ineficiente: a diferença entre o espaço efetivamente ocupado e o
espaço líquido necessário
» (9) Perda de espaço líquido necessário: (ideal zero)
As nove perdas principais, que poderiam ter uma conexão com a movimentação, a predisposição e
o transporte dos materiais (Material Handling) são conduzidas a três fatores principais:
perdas relativas à mão-de-obra, como as perdas por excesso de trabalho disponível e de fato
não usado, ou as perdas por pouca eficiência do trabalho nas movimentações por causa de uma
disposição errada dos materiais ou então, a necessidade de efetuar algumas movimentações que
na verdade não são necessárias;
perdas relativas ao espaço, como o excesso de espaço de movimentação não utilizado, ou a
pouca eficiência no uso do espaço disponível, ou então as perdas líquidas por espaço utilizado
para movimentos que não são necessários. De fato, a eliminação dos movimentos inúteis reduz
também os espaços necessários;
perdas relativas aos equipamentos de movimentação, como o excesso de meios de movimentação
ou a pouca eficiência em seus usos por organização errada, ou então, o uso de meios/equipamentos
para movimentos não necessários.
Dentro dessas famílias é possível caso a caso detalhar as perdas em função da realidade de aplicação.
É aconselhável que na definição mais específica dos tipos de perda sejam usadas palavras claras,
explícitas, úteis para entender a natureza causal ou conseqüente, para orientar corretamente a
escolha das intervenções de redução dos desperdícios e das perdas nas fases seguintes.
200
Logistics
Existem muitos modos para reduzir os custos com intervenções logísticas, já que os custos
conseqüentes às perdas causais de logística são muitos e podem ser sintetizados em pelo menos
oito categorias diferentes de custos.
As oito categorias principais de custos logísticos são as seguintes:
Cada uma dessas oito grandes categorias de custos pode ser analisada em detalhe através dos
itens específicos que as compõem.
Para intervir em cada custo, é necessário estudar as situações reais e procurar soluções adequadas
aos vários setores.
Em geral as intervenções típicas de redução dos desperdícios logísticos se referem, de um lado
à minimização dos almoxarifados e dos estoques e, do outro, à redução dos movimentos e dos
posicionamentos.
Na figura 7.5 é possível ver como uma simples reorganização do layout das máquinas e dos locais
de trabalho, com uma eventual melhora das funções em um pequeno departamento (Célula de
produção), permite reduzir algumas vezes os buffers dos materiais em elaboração colocados entre
as diversas fases de elaboração. Geralmente essa reorganização se baseia no abandono da idéia
de juntar todas as máquinas do mesmo tipo para aumentar a especialização do operador e de
adotar, ao contrário, a idéia de um layout que reflete a seqüência efetiva das elaborações para não
ter mais os buffers entre uma elaboração e outra: Layout Orientado ao Produto (Product Oriented
Layout).
Antes do melhoramento existem três pessoas que trabalham exclusivamente com as soldadoras
unitárias e com a prensa, por isso precisam de vários buffers intermediários. Depois do melhoramento
existe somente uma pessoa, mais flexível e mais polivalente, que faz em seqüência todas as
operações nas soldadoras unitárias e na prensa e que não precisa de nenhum buffer intermediário.
Também os buffers de início e fim podem ser reduzidos.
(23)
Veja o tipo de atividades sem valor agregado já mencionado no capítulo Cost Deployment.
202
Logistics
A redução dos movimentos pode ser obtida também no caso da Célula de Produção, onde,
trabalhando na ótica one piece flow, fluxo com peça única, é possível para um operador, mais
flexível e polivalente, chegar a controlar mais processos de produção em paralelo, convertendo
os tempos de espera, para permitir a execução do ciclo da máquina, em tempos mais breves de
movimentação e inspeção da qualidade.
Em particular, enquanto um produto é carregado na máquina, em elaboração, em acabamento,
em garantia de qualidade ou em qualquer outra parte do ciclo de produção, o operador se
dedica ao carregamento e descarregamento das outras máquinas, mexendo-se ciclicamente ao
longo do percurso físico constituído pelo layout das máquinas. Esse tipo de solução se chama
linha Chacku-Chacku (do japonês, Carregado-Carregado), porque durante o ciclo produtivo o
operador é responsável só pelo transporte, controle de qualidade e controle de processo. Durante
o ciclo realizado em Chacku-Chacku, o princípio básico é que a máquina deve esperar, e não o
operador. Esse tipo de linha serve mais para as elaborações mecânicas do que para as máquinas
multielaborações tradicionais.
203
Pilares Técnicos
Se em particular o mix é dividido por cada veículo ou produto, a remoção irá produzir verdadeiros kits
(carrinhos, caixas, sacos etc.): só nesse caso falamos de kitting. A esse ponto o kit vem composto
em áreas apropriadas por operadores dedicados, que devem ter um profundo conhecimento do
produto e/ou ajudados por Poka Yoke (às vezes é necessário ter pequenas pré-montagens) para
focar na escolha correta do componente e no controle da integridade do mesmo componente.
Como já mencionado, a área de picking pode se encontrar em várias posições em função dos
vínculos específicos de cada estabelecimento (áreas disponíveis, distâncias dos fornecedores,
distância do ponto de utilização, etc.). Só no caso em que essa área for fornecida diretamente pelo
fornecedor interno (outro processo) ou externo, será possível falar de supermercado.
204
Logistics
Com referência aos quatro princípios, o pilar da Logística segue o Just in Time realizando uma
produção orientada ao cliente com os seguintes objetivos:
Uma produção baseada na ordem do cliente, através de um sistema de gestão de ordens
adequado;
A redução dos lead time de produção, para permitir a sincronização entre vendas, produção e
fornecimento;
A aquisição em tempo dos componentes adquiridos externamente, por meio de um sistema de
transporte e entrega do tipo multientrega (shared transportation).
Para realizar esses objetivos, o conjunto de ações principais a ser aplicado, seguindo o percurso
em 7 steps, são:
Produção somente sob o pedido do cliente;
Produção com mix nivelado;
Balanceamento das linhas;
Redução do número de operações;
Redução do lote de produção;
Redução dos tempos de mudança de ferramentas (setup);
Programação pull (sistema Kanban);
Redução sistemática dos estoques;
O melhoramento logístico não pode ser realizado sem estabilizar o sistema de produção por meio
de alavancas, como:
AM e PM para incrementar a confiabilidade dos equipamentos;
QC para melhorar a qualidade.
Para ajudar a quantificar esses objetivos ao longo do percurso, pode ser útil fazer referência ao fluxo
de trabalho ideal e por sucessiva análise dos gaps em relação à condição atual (por meio de um
mapeamento do fluxo existente) estabelecer as etapas sucessivas.
Na passagem de um sistema tradicional de produção para um sistema de produção Just in Time é
necessário, gradualmente, criar processos em fluxo esticado, colocados em cadência, continuando
depois a conectar os processos que não podem ser ligados diretamente por meio de supermercados
gerenciados com base no consumo por sinais pull (exemplo Kanban). Em uma lógica de crescente
evolução a um sistema de produção JIT é, então, possível continuar com a sincronização dos
processos por meio de uma gestão da ordem que sincroniza vários processos (lógica da escama
de peixe).
205
Pilares Técnicos
O Kanban
Um instrumento prático para aplicar o pull e regular a produção sobre o efetivo pedido do cliente,
e não como acontecia no passado só com base nas previsões de venda elaboradas pela Direção
(sistema chamado push), é o sistema que parte das necessidades do cliente e as transmite para
trás ao longo do fluxo produtivo por meio de cartões (ou Kanban), que descrevem o que o cliente
comprou e o que é necessário fazer em cada fase do processo.
Figura 7.8 O Kanban
206
Logistics
Chegar à sincronização completa do sistema produtivo e de venda é um objetivo que pode ser
alcançado só progressivamente e passando através de alguns steps intermediários e cada vez mais
complexos.
Uma das intervenções mais importantes e complexas da sincronização consiste em produzir os
maiores e mais caros componentes do automóvel, por exemplo, os motores, na mesma seqüência
da montagem dos automóveis de acordo com os pedidos do cliente.
Quando conseguimos alcançar uma sincronização desse tipo, os motores e os outros componentes
que são muito grandes ou muito caros, são levados para a linha para ser montados diretamente,
de acordo com a seqüência de montagem, sem precisar colocá-los em depósitos intermediários e
movê-los várias vezes.
Os benefícios são muito importantes, porque, desse modo, os depósitos, os trabalhos no processo
e os movimentos sem valor agregado se reduzem e se fabricam motores só quando estiverem já
vendidos. Mas, para isso, é necessário que a produção dos motores seja muito flexível, tenha prazos
curtos de troca das ferramentas, seja feito com pequenos lotes e tenha todas as características da
produção com fluxo controlado.
A mesma coisa pode acontecer com os outros componentes e as matérias-primas que são compradas
pelos fornecedores: se conseguirmos fazê-las chegar só quando serão usadas e nas quantidades
necessárias, não iremos ter mais tempos ociosos de espera nem muito estoque, e os riscos de
obsolescência, estrago e danos serão minimizados.
A Logística e a Qualidade estão estritamente ligadas entre si. A ligação principal depende do fato
de que a qualidade ruim do produto e a conseqüente necessidade de reparações, verificações ou
correções do trabalho obrigam a manter estoques de segurança e, assim, atrasar os prazos de
entrega e, por último, atrasar a entrega ao cliente final.
207
Pilares Técnicos
Além disso, os produtos defeituosos a ser reparados que são colocados ao lado do fluxo produtivo
principal, acabam aumentando os depósitos e, por conseqüência, os custos. Nesse sentido, é
possível ver como os carros, que são tirados do fluxo para reparo por causa de danos e qualidade
ruim, acabam destruindo o fluxo produtivo programado de veículos.
Desse modo, mesmo se a produção foi programada com fluxo e tempos fixos predefinidos, o
resultado final é uma seqüência de entrega muito diferente, e muitos veículos que deveriam ser
entregues aos clientes, acabam ficando para trás.
Além disso, esses produtos em reparação aumentam os custos logísticos, enchendo o depósito e
deixando uns espaços vazios nos meios de transporte em que deveriam ser carregados.
Ao contrário, a redução dos defeitos e o melhoramento da qualidade se traduzem em redução dos
custos logísticos.
(24)
Na lógica WCM, os padrões devem ser considerados em contínua evolução de acordo com a lógica PDCA. Na
data de publicação desse manual, os tipos de fluxos lógicos padrões, a classificação dos materiais, e os critérios
de escolha dos conteúdos na Matriz de correlação. Classe-Fluxos-Chamada se encontram na fase de Check; só
resolvendo pontualmente as criticidades que irão aparecer em sua aplicação, podemos evoluir o nosso padrão na
direção do nível World Class.
208
Logistics
Figura 7.11 Tipos de fluxos logísticos padronizados pelo Fiat Group Automobile, setembro 2007
Veja a figura seguinte para a definição de T0, T1, T2, T3 nos vários casos de fluxo logístico.
Em particular, os cinco fluxos funcionam no seguinte modo. No caso de fluxo JIT, os diversos produtos
são pedidos ao fornecedor que, só depois de ter recebido o pedido os produz e os enviam à linha de
produção do FGA. O fluxo é então o mais simples possível: tem poucos estoques, ou seja, somente
aqueles na linha de produção do fornecedor e a mercadoria em trânsito ou em movimento na fábrica.
O tempo de espera entre o momento da emissão da ordem e o momento em que o material está
disponível na linha à disposição do operador (Lead Time) é igual ao tempo de produção do fornecedor
mais o tempo de transporte e de movimentação interna na fábrica.
No caso de fluxo Seqüência Externa, os diversos produtos são pedidos ao fornecedor que, após ter
recebido o pedido, retira do seu depósito os produtos e organiza o despacho para a linha produtiva
do FGA. Os produtos, então, já estavam no depósito do fornecedor.
Nesse caso, é necessário que o fornecedor tenha um depósito de produtos diferentes (supermercado).
O lead time é, nesse caso, igual ao tempo necessário para retirar, organizar o despacho no depósito
do fornecedor, mais o tempo de transporte e de movimentação interna na fábrica.
No caso de fluxo Direto, cada produto é pedido ao fornecedor, que retira do seu depósito e despacha
para a linha de produção FGA um recipiente que contém só as peças daquele produto. Também aqui,
o fornecedor tem um depósito de produtos, mas nesse caso não deve colocar na remessa produtos
diferentes.
No caso de fluxo Seqüenciamento Interno, ele se divide em duas fases dependendo se a seqüência
acontece diretamente em uma parte do depósito ou em uma área de seqüência (picking) perto do
ponto de utilização. No caso do depósito, os produtos chegam dos fornecedores em vários recipientes
e, quando a linha precisa de certa seqüência ou de certo kit, ele vem organizado no depósito FGA.
No outro caso, aplicável na condição de tempo escasso para fornecer o material seqüenciado, a
área de seqüência (picking) será alimentada pelo depósito interno (double handling), ou melhor,
diretamente pelo fornecedor quando for tecnicamente possível. Nesse caso, o lead time é igual ao
tempo necessário em FGA para dar uma seqüência ou organizar o kit e transportá-lo até a linha de
produção.
No caso de fluxo Desacoplado, cada produto se encontra no depósito FGA de onde é extraído quando
a linha necessita.
209
Pilares Técnicos
Para reduzir os estoques e combater os desperdícios, é importante adotar um tipo de fluxo logístico
diferente, de acordo com o tipo de matrícula.
No momento de escolher o tipo de fluxo, além dos aspectos indicados acima, será necessário
considerar a distância do fornecedor em relação ao ponto de utilização, além da avaliação custos/
benefícios da mudança de fluxo de fornecimento, garantindo-se avaliar o custo total (total cost) em
função da produtividade, qualidade, handling e das distâncias.
210
Logistics
O fluxo de tipo Desacoplado não é bom no caso de produtos com muitas variações, porque, para
garantir a linha que teríamos sempre todas essas variações, seria necessário ter um depósito para
cada variação e ter muitos estoques.
Nesse caso, é muito melhor um fluxo do tipo JIT, que representa a primeira escolha, porque produziria
a variação necessária só quando fosse necessária e não teria estoques.
Se o tempo para produzir a variação requisitada fosse muito longo, seria possível utilizar a seqüência
externa e interna, preferivelmente realizada diretamente no depósito. Para os materiais normais,
nas linhas de montagem, o fluxo desacoplado com chamada por meio Kanban pode ser o mais
indicado.
É preciso fazer uma consideração diferente para as minuterias (classe C), porque não custam
muito e não são grandes, então mantê-los no depósito não custa muito, e são utilizados tanto, que
não vale a pena pedí-los e mandar despachá-los cada vez que for necessário. Nesse caso, um
fornecimento em pequenas caixas, em pequenas quantidades, diretamente do depósito é a solução
mais apropriada.
No caso de produtos enormes, caros ou baratos, podem ser gerenciados com um fluxo Direto, com
o objetivo de ter o menor estoque possível. E se realmente esses produtos são enormes ou caros e
de qualquer forma, é caro tê-los no depósito e, por não ter muitas variações, podem ser gerenciados
por meio de recipientes monodesenho pedidos diretamente ao fornecedor.
É possível identificar, depois da classificação dos materiais, o acoplamento ao fluxo ideal, ou seja,
o mais próximo possível dos princípios e dos objetivos do sistema Just in Time. Para alcançar a
condição ideal, é oportuno continuar com o processo de otimizações sucessivas, consolidando os
resultados intermediários: o conhecimento e sustentando economicamente o melhoramento.
7.7 Os instrumentos
211
Pilares Técnicos
Como se aplica
Antes de tudo é necessário identificar a família de produtos que se deseja estudar. Depois é preciso
representar o fluxo atual fazendo um mapeamento da situação, para então desenhar uma situação
ideal.
A situação ideal pode ser alcançada passando através de estados intermediários (situação futura)
que introduzem melhoramentos coerentes com os vínculos operativos não-removíveis em curto
prazo. Para desenhar o mapa da situação, é possível utilizar a simbologia do VSM. Em resumo,
desenhar os mapas da situação atual significa descrever o funcionamento do equipamento analisado
recolhendo os dados sobre os seguintes temas:
organização do trabalho (por exemplo, número de turnos);
perdas (por exemplo, de ciclo, setup e defeitos);
descrição do processo produtivo (por exemplo, fases, transportes);
controle da produção (por exemplo, modo de entrega de matérias primas);
percursos físicos, distâncias e movimentações (por exemplo, o número de vezes que a peça é
tocada).
Prensa
XYZ Fluxo PUSH
Corp.
Produto final para
Fontes externas o cliente
Processo produtivo
Tratamento
térmico
FIFO
Fluxo
First-in-First-Out
Ponto de Supermercado
Processo estocagem
produtivo
compartilhado
ÍCONE FLUXOS DE
MATERIAIS
Transporte Entrega
com Forklift por navio
Pull físico
Desenho de Kanban de
Kanban produção
Sinal de Kanban Gravitacional
de Kanban
Cronograma
Problema Operador Semanal
qualitativo
Gestão a vista Aplicação de
do Scheduling nivelamento Cronograma
(Heijunka box)
Fluxo Sequenciamento
Fluxo informativo Área de (Pull Ball) Tampão ou
informativo eletrônico aplicação estoque de
manual do Kaizen segurança
(Lightening
Burst)
212
Logistics
Por exemplo, na figura seguinte, vemos representadas as várias fases da produção: estampagem,
soldagem #1 e #2, e montagem #1 e #2. Para cada fase são indicados o número de operadores,
os turnos, o tempo ciclo (C/T = tempo ciclo), o tempo de setup (C/O = changeover time), o grau
de disponibilidade do equipamento, o tempo disponível e o tempo necessário para uma simples
operação de uma peça.
Além disso, na parte baixa da figura, entre uma operação e outra, estão indicados também os
tempos médios de permanência no depósito, ou seja, quanto tempo em média uma peça fica no
depósito do momento em que entra até quando a sua retirada para a elaboração sucessiva. Se
somarmos o tempo necessário para produzir e o tempo de permanência, obtemos o lead time total
(LT). Na figura, o LT total é de 25,1 dias; todavia, o tempo de produção de cada peça é de somente
178 segundos.
213
Pilares Técnicos
Outro mapa que é necessário desenhar é o dos fluxos físicos e informativos, que vão dos fornecedores
aos clientes ou vice-versa. Na figura seguinte, são representados os vários elementos que compõem
o sistema de controle e planejamento da produção: Production Control, MRP (Material Requirements
Planning), Scheduling Semanal e Plano de Entregas. Por meio das flechas, são representados os
fluxos de informação, dos fornecedores à produção e os que chegam dos clientes e vice-versa. Aos
fornecedores vão as previsões para as seis semanas seguintes. Dos clientes chegam as previsões
de 30,60 e 90 dias e os pedidos diários.
O ciclo total de produção é o tempo necessário para a transformação da matéria-prima em produto
acabado, incluindo o tempo de espera. Ou seja, o LT total, que inclui também o tempo que os
fornecedores levam para produzir e/ou transportar a mercadoria, incluindo o tempo de espera.
O objetivo é reduzir ao mínimo o ciclo total de produção, eliminando o tempo de espera e desperdício
de material.
Para isso, é necessário desenhar os mapas ideais, perguntando a si mesmo quais são as maneiras
que permitem individualizar os pontos de melhoramento.
Por exemplo:
Precisa produzir para a expedição e para os estoques? Em geral, será necessário produzir para
o supermercado. Se o tempo de entrega for muito baixo, a demanda previsível e os produtos
poucos, seria bom produzir para a expedição, caso haja tempo para produzir sob encomenda.
O OEE (Overall Equipment Effectiveness) é alto? Se for, é possível reduzir os estoques de
segurança se o output tiver baixa variabilidade.
Onde é possível produzir com fluxo contínuo? Geralmente, é possível produzir com fluxo contínuo
os produtos que têm tempo de ciclo parecido em todas as fases e baixa interferência com as
outras famílias de produtos. Ou, então, se os tempos de setup forem muito baixos.
Onde usar o Pull System? Por exemplo: se foi decidido produzir para a expedição, então é necessário
estudar os recipientes Kanban, para facilitar o trabalho no processo com fluxo contínuo.
Onde posicionar o pacemaker, ou seja, o ponto central de programação dos fluxos? Geralmente,
onde começa o fluxo contínuo.
Com a ajuda dessas perguntas e respostas, é possível desenhar o mapa ideal e os mapas futuros
e, então, avaliar os benefícios e os custos, aplicando a análise custos-benefícios. Os parâmetros
são os dados de base para calcular o valor dos desperdícios em atividade com o valor não adicional
(NVAA) e os custos do pessoal e os valores e os custos do estoques. Além disso, são indicados os
custos de transporte (valor das distâncias - ano). Esses valores são calculados para os três estados
(atual, futuro e ideal), para avaliar a economia de custos que se obtém. Podemos prever chegar ao
ponto ideal através de várias passagens intermediárias (futuras).
214
Logistics
Um dos tempos que deveriam ser reduzidos o quanto antes para sincronizar os processos de capital
intensivos de produção, é o tempo de parada da máquina, causado por operações no equipamento,
no caso de mudanças nas elaborações ou no mix produtivo.
O SMED é uma técnica orientada para solucinar esse problema e é usada para efetuar todas as
operações de execução e setup em menos de 10 minutos.
Existem dois tipos de operações de setup: as podem ser feitas mesmo se a máquina estiver
trabalhando, como, por exemplo, a predisposição das ferramentas, as pré-montagens e as que
devem ser feitas com a máquina parada, por exemplo, a fixação da ferramenta na máquina.
As primeiras se chamam operações de setup externo; as segundas de setup interno.
A modalidade tradicional de fazer o setup prevê que a máquina esteja parada, seja quando se
efetuam as operações de setup externo, seja quando se efetuam as internas. Isso, geralmente,
requer que a máquina fique parada por períodos longos e superiores a uma hora, o que traz grande
impacto no ciclo produtivo.
Para superar essa modalidade, se aplica o SMED.
O SMED ocorre do seguinte modo:
É preciso identificar e separar as operações de setup interno e externo. Em seguida, precisa se
organizar para fazer as operações de setup externo quando a máquina ainda estiver trabalhando.
Para isso, é necessário fazer uma lista das fases, condições e passos que podem ser manipulados
e efetuar enquanto a máquina estiver trabalhando. Ao final, é preciso controlar as fases para que
funcionem de maneira tal que não haja perda de tempo durante o setup interno. É necessário
também desenvolver métodos mais rápidos para transportar as ferramentas e as fases enquanto
a máquina trabalha.
É preciso, também, analisar a situação depois da implementação do ponto um e determinar se
e quais operações de setup interno podem ser feitas enquanto a máquina estiver trabalhando,
fazendo-as, então, virar operações de setup externo.
Enfim, depois de ter completado o ponto dois, é necessário estudar de novo todas as operações
de setup interno e externo, para reduzir posteriormente o tempo necessário para fazê-las, por
exemplo, por meio de intervenções de melhoramento das máquinas.
215
Pilares Técnicos
A figura seguinte apresenta um esquema com os passos que acabaram de ser descritos.
4. Prova de processamento
STEP 1
Criar um fluxo
216
Logistics
As atividades dos primeiros 3 steps objetivam criar um fluxo logístico na parte interna do
estabelecimento, utilizando a reengenharia das linhas e da logística interna e externa. Objetivos
típicos dos steps 1, 2 e 3 são redução do lead time, redução do tempo de setup e da dimensão dos
lotes, eliminação da movimentação inútil do material e desperdício logístico, limpeza e reorganização
do ambiente e do material a ser gerenciado com lógica FIFO.
Os steps 4 e 5 pretendem criar um fluxo contínuo, sincronizando e nivelando toda a produção,
para que cada departamento produza só aquilo que é necessário, intervindo na logística interna e
externa, para alcançar o zero defeito, a zero parada e o fornecimento Just in Time dos componentes
necessários. Os steps 6 e 7 conduzem a um fluxo acurado e controlado, sincronizando completamente
vendas, produção e fornecimentos e utilizando uma seqüência baseada em uma programação com
tempos prefixados e controlados. Na figura seguinte estão visualizados os 7 steps para as quatro
áreas produtivas principais de um estabelecimento de carroceria: estamparia, funilaria, pintura,
montagem. As características distintas de cada unidade estão evidenciadas em vermelho.
217
Pilares Técnicos
O primeiro objetivo (análise dos gaps e plano de trabalho) é comum para as quatro unidades
operativas e prevê as seguintes atividades:
identificar e entender as necessidades do cliente final;
definir os objetivos da logística e analisar a situação de partida;
fazer análise dos gaps entre os targets e a situação atual;
definir um plano de melhoramento temporal.
Em particular, a escolha do fluxo a ser melhorado, que representa a primeira fase, pode ser feita
de dois modos: com método analítico ou indutivo. O método analítico é realizado por meio do Cost
Deployment das perdas da logística. O método indutivo é realizado por meio da análise dos materiais
e das matrículas, que é mais rápida, mas poderia não evidenciar de maneira exata as prioridades.
De fato, o uso da análise das matrículas e suas classificações nas classes A, B, C pressupõem
que as características das matrículas, ou seja, numerosas variações, dimensões e valor, sejam um
indicador de criticidade.
As fases seguintes da reengenharia podem ser feitas com o uso do VSM (Value Strem Map) para
análise dos desperdícios e definição de hipóteses alternativas de redesenho dos fluxos (veja acima
o método VSM), avaliando a solução melhor por meio de considerações quantitativas.
O segundo objetivo é especificado com diversas atividades nas quatro unidades operativas. As
diversas atividades implicam também diversos indicadores de realização do step (Key Performance
Indicators).
Abaixo estão listadas as atividades e alguns indicadores recomendados para medir o nível de
alcance para cada fase do processo.
Exemplos de indicadores
Redução dos tempos setup
Redução dos lotes
Resultados audit house keeping
Exemplos de indicadores
Resultados audit sobre os 5S
Quantidade de impurezas, por causa dos materiais
218
Logistics
Exemplos de indicadores
Percentual de artigos gerenciados FIFO
Percentual de redução dos tempos setup
Número de novas aplicações gestão a vista
Exemplos de indicadores
Espaço recuperado para material
Ausência de material no chão
Número de ações corretivas para remover a sujeira
219
Pilares Técnicos
Figura 7.21 Análises registros: classificação do desígnio em classes A, B e C - Estabelecimento de Cassino, 2007
Classe C
volume da peça < 0,015 litros
(Minuteria: parafusos, arroelas, porcas, etc.)
* Se considera o valor modal de um produto analizando 100% da distinta base (A - Z). Ordenando os
valores de forma decrescente, assim se identifica os componentes mais próximos do limite máximo, os
quais, quando somados, devem ser cerca de 50% do valor total (incluindo os motores). Esse valor máximo
(em €) aplica-se a todos os modelos/estabelecimentos.Deve-se adicionar a essa classe os materiais
definidos como "preciosos" , em razão dos valores de mercardo interno/externo que passam a ter, mesmo
que o seu valor seja menor que o valor máximo definido.
Figura 7.22 Classificação da UTE em base aos deméritos dos desenhos geridos pela UTE
Estabelecimento de Cassino, 2007
220
Logistics
O Cost Deployment logístico do estabelecimento utiliza técnica e abordagem muito parecida com o
que foi apresentado no pilar Cost Deployment, mesmo quando enfrenta os processos com suporte
das atividades características com valor agregado dos estabelecimentos (transformação produtiva),
na qual apresenta algumas especificidades. Em particular, o preenchimento em seqüência das
matrizes típicas do Cost Deployment permite sair das perdas ou desperdícios para as causas e sua
eliminação.
A Matriz A permite individualizar como são distribuídas as perdas maiores, cruzando as áreas e
os tipos de perda (perdas relativas à movimentação interna e externa e perdas relativas à gestão
dos estoques).
Figura 7.23 Exemplo da Matriz A - Primeira aplicação do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007
A Matriz B permite ressaltar as perdas e os desperdícios causais que estão na origem das perdas
resultantes. Como já dito, é oportuno sinalizar o tipo de perda específica, nomeando-a de modo
claro e explícito, para identificar a natureza causal (perdas pelo layout do estabelecimento,
embalagens ruins, saturação, variações produtivas, fornecedores, etc.), evitando e eliminando
as descrições muito genéricas (por exemplo, gerenciais) ou que possam gerar confusão (como
NVAA, para atividades de entrega – handling -, para não confundir essa atividade com a definição
normal relativa ao processo de transformação durante as afinações sucessivas do CD logístico).
O desenvolvimento do CD no âmbito logístico deve também detalhar a relação causa e efeito
até individualizar as perdas conseqüentes, não somente em nível família das perdas (relativas à
movimentação interna e externa e à gestão dos estoques), mas também, pelo menos, em relação
às 18 perdas principais, além das áreas onde elas se manifestam.
221
Pilares Técnicos
Figura 7.24 Exemplo de Matriz B - Primeira aplicação do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007
A Matriz C permite quantificar os desperdícios e as perdas através do cálculo dos custos indutivos
para cada um deles.
Figura 7.25 Exemplo de Matriz C - Primeira aplicação do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007
222
Logistics
Na figura seguinte, que mostra a Matriz D, aplicada na primeira tentativa em FGA em Mirafiori, é
possível ver como foi decidido atacar as perdas maiores com alguns projetos de melhoramento
específicos, cujos nomes estão indicados no lado direito da tabela.
Figura 7.26 Exemplo de Matriz D - Primeira aplicação do Estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007
A Matriz E permite uma avaliação direta dos custos/benefícios, pois, para cada intervenção, são
confrontadas as recuperações das perdas em base anual com os custos necessários para realizar
a economia.
Figura 7.27 Exemplo de Matriz E - Primeira Aplicação do Estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007
223
Pilares Técnicos
A Matriz F, enfim, permite o planejamento dos projetos para avançar, em termos operativos e de
resultados econômicos.
N.B. O caso acima descrito representa a primeira abordagem ao CD na área de logística em FGA,
realizada em Mirafiori. Por essa razão, já em fase de evolução, não pode ainda representar
padrão de acordo com o espírito WCM. O objetivo das afinações em curso e futuras é detalhar
e remover as iniciais aproximações relativas ao sistema de coleta de dados e de definição de
cada perda na linha com a roadmap do estabelecimento.
224
Logistics
Na figura seguinte, vemos como vários layouts apresentam características diferentes de eficiência,
lead time, qualidade e outros desperdícios. A solução em células é a melhor, mas, todavia, não
é sempre aplicável imediatamente, sendo necessário, então, transitar por meio de soluções
intermediárias. A configuração do layout com fluxo contínuo deveria ser a I, a L ou a U.
Efeito
Comentários
Tipo Eficiência Lead Time Qualidade Outros resíduos
Resíduos na transferência,
Ilhas (aldeias - problemas de programação,
Baixa Baixa Baixa Baixa
processo) WIP elevado, retorno mínimo
da qualidade
Além de intervir no layout da produção, é possível alterar também o layout dos almoxarifados ao
lado da linha. Para efetuar as operações de picking ou kitting, é possível utilizar um layout com
prateleiras facilmente acessíveis colocadas em U, mas, caso a caso, é possível desenvolver a forma
na base do princípio de movimentação mínima de materiais e da saturação melhor das atividades de
picking ou kitting. Na figura seguinte, vemos como um operador com um carrinho tipo supermercado
passa entre as prateleiras e compõe facilmente o carrinho com o mix de material necessário para
cada um dos pontos de utilização, fornecidos na sessão da linha interessada.
225
Pilares Técnicos
Atividade
Exemplos indicadores
Nível de coerência tipo material-fluxo.
Números de pontos de estoques eliminados.
226
Logistics
- aplicar o fornecimento com tempos fixos e quantidades variáveis pelas longas distâncias
(exemplo do fornecedor)
- aplicar fornecimentos com tempos variáveis e com quantidades fixas para as distâncias curtas
(exemplo fornecimentos internos)
Exemplos indicadores
Coerência metodológica de alimentação da linha principal.
Número de pontos de estocagem temporária eliminados.
Exemplos indicadores
Número de intervenções para redução de fontes de sujeira, pó.
Exemplos indicadores
Coerência de sistemas de alimentação com princípios guia.
Números de áreas temporárias de estoques eliminadas.
Ferramentas
227
Pilares Técnicos
Atividade
Exemplos indicadores
Número de matrículas transportadas por tipo de transporte (forklift, misto).
Andamento da qualidade na entrada bobinas (resultados de inspeções).
Exemplos indicadores
Número de aplicações de transportes mistos.
Número de artigos sujeitos ao autocontrole pelo fornecedor (mais descartes em linha).
Exemplos indicadores
Realização do step: introdução de procedimentos que garantam o recebimento de produtos sem
sujeira/pó.
228
Logistics
Exemplos indicadores
Número de transportes/cargas mistas ativadas.
Novos procedimentos e padrões para alimentação direta da linha e eliminação de fontes de
sujeira.
Ferramentas
Kanban
Gestão de inventários
Check list de peças faltantes
Tabela de controle das entregas
Mixed ou shared transportation (milk-run)
Meios de coleta/recipientes que podem ser reutilizados (dimensões padrão)
Troca de embalagem
Mudanças dos percursos de transporte
Figura 7.31 A logística do transporte e seus benefícios (mixed ou shared transportation ou milk-run)
Fornecedor A Fornecedor A
Fornecedor C
Fornecedor C
• Aumentar a taxa
Entrega Direta Entrega mista de carregamento
60% 1/d • Melhorar a freqüência
de entrega
Colocando as peças
de volume reduzido e
levando o caminhão com
1/d partes de outras peças,
aumenta a taxa de
carregamento e melhora
a freqüência de entrega
1/d
229
Pilares Técnicos
Ferramentas
Fornecimento cíclico
Cadência/lote único
Alinhar os fluxos (streamline flows)
Troca de embalagens
230
Logistics
Melhores Práticas
Em particular, entre as UTE's de Mirafiori, foi escolhida a UTE 3, pois parecia ser a mais crítica, de
acordo com a análise de classificação dos materiais e dos locais. Nessa UTE, começamos com um
projeto de Focused Improvement na área Logística (step 2). A análise foi conduzida combinando o
método indutivo, parte do step 1, baseado na avaliação entre a incoerência da classe de material e
tipo de fluxo logístico utilizado em relação à referência World Class, integrado ao método analítico do
Cost Deployment. Na figura seguinte, as diversas UTE's da linha 1, dedicada ao Punto, Idea e Musa,
231
Logistics
Melhores Práticas
são classificadas com base na crítica total resultante da análise. Podemos ver que a UTE 3 apresenta
numerosas áreas vermelhas e amarelas, que indicam a presença de elevadas criticidades.
O problema da UTE 3 era o lado da linha congestionado, a distância entre o material e operador
muito grande e a execução de muitas atividades sem valor agregado (passos, procura, erros na
escolha do material etc.). Na área, já havia sido ativado um projeto de Workplace Organization,
que instalara as bases para outro salto, em que era necessário trabalhar no tipo de fornecimento
do material. O objetivo colocado no projeto foi, então, eliminar o material grande ao lado da linha
(materiais abastecidos com empilhadeiras), trazer o material para perto do operador de linha (gold
zone), pela utilização de um carrinho com material seqüenciado por kit-veículo e reduzir, ao mesmo
tempo, as NVAA relativas aos passos ao apanhar o material ao lado da linha e a possibilidade de
erro ao pegá-lo, produzindo melhoramento na qualidade.
232
Logistics
Melhores Práticas
Foi aplicada a análise do 5W e 1H. Em seguida, por meio da análise da situação atual e a exploração
das possíveis soluções, chegamos à solução do problema.
WHICH (QUAL)
HOW (COMO)
• Quais características são ligadas ao
• Como é verificada a anomalia?
problema?
Impossibilidade de inserir desenhos ulteriores (Musa
Lado linha congestionado
FL) para lado linha
Distância do material por empregado
Isso consiste na realização de dois sets de carrinhos seqüenciados para kit veículos (lado direito e
esquerdo) e de duas áreas de picking (ou kitting) para a constituição de um kit veículo (lado direito e
lado esquerdo). Em seguida, é possível visualizar o layout inicial, caracterizado por grande distância
entre a UTE e a preparação das seqüências e as duas áreas de kitting, onde os kits veículos são
preparados.
233
Logistics
Melhores Práticas
As vantagens obtidas pela área de picking são as transparências com os estoques, a separação
entre atividades de fornecimento e atividades de montagem (lógica cirurgião-enfermeiro), com
conseqüente eliminação do tempo de procura e retirada dos componentes nas linhas, redução
dos movimentos (atividade sem valor agregado), redução do material ao lado da linha e presença
somente de peças boas na linha, melhoramento da qualidade produzida na primeira realização do
trabalho pela UTE.
234
Logistics
Melhores Práticas
Depois das mudanças, os resultados obtidos podem ser resumidos nos seguintes pontos:
passagem do fluxo do material a um fluxo mais próximo do ideal;
melhoramento da qualidade do produto (deliberação do trecho aumentado para 97,5%, com
aumento de 32%);
melhoramento da parte crítica dos locais da UTE 3 de acordo com a classificação baseada na
densidade e NVAA;
melhoramento da saturação da linha (dessaturação média quase na metade);
variação do custo handling, crescimento desconsiderável;
eventual AGV, em substituição do rebocador, para regularizar o ciclo de fornecimento (com
possível posterior eficiência sobre o custo de handling). Essa alteração necessita da verificação
técnica da confiabilidade dos AGV.
O projeto inclui também atividades de manutenção dos resultados (fase de ACT), baseadas
principalmente na atualização dos padrões de área, no desenvolvimento dos instrumentos para a
formação dos operadores (OPLs, SOP etc.) Além disso, na lógica do melhoramento contínuo, foram
iniciadas algumas atividades de Kaizen sobre o sistema de fornecimento com carrinhos, para melhorar
suas características de funcionamento. Foi também identificada como futura hipótese de melhoramento
a aplicação de um sistema de AGV, para regularizar e melhorar a eficiência do sistema.
Figura 7.38 Melhoramento classificação posto da UTE 3 para criticidade logística (vermelho e verde)
235
Pilares Técnicos
236
Logistics
• Na Pintura:
• O número de carrocerias pintadas: cerca 80
• Na Funilaria:
• O número de carrocerias em chapa na pintura: cerca 40
• Nas Prensas:
Peças acabadas estampadas: cerca três dias
4. As funções vendas, distribuição, produção e compras estão completamente integradas,
para criar um fluxo exato do recebimento da ordem à entrega. FIFO é aplicado para a
maior parte do material. O giro de estoque é superior a 25. O nível de estoque é:
• Na Montagem:
• Material volumoso, caro, com muitas variantes: máximo uma hora
• Material normal: máximo um dia
• Material econômico ou minuteria: máximo cinco dias
• Na Pintura:
• O número de carrocerias pintadas na montagem: cerca 60
• Na Funilaria:
• O número de carrocerias em chapa na pintura: cerca 30
• Nas Prensas:
Peças acabadas estampadas: cerca dois dias
5. O método da programação de seqüência rígida é aplicado em todo o estabelecimento.
Existe uma plena sincronização entre vendas, distribuição, produção e compras, para
criar um fluxo controlado para o recebimento da ordem à entrega. O Lead Time do
recebimento da ordem à entrega à rede de vendas é de cinco dias. O conceito de
minimizar a movimentação é bem entendido e colocado em prática. FIFO é aplicado na
totalidade dos materiais. O giro de estoque é superior a 40. O nível de estoque é:
• Na Montagem:
• Material volumoso, caro, com muita variação: máximo 30 minutos
• Material normal: máximo meio dia
• Material econômico ou minuteria: máximo dois a três dias
• Na Pintura:
• O número de carrocerias na montagem: cerca 40
• Na Funilaria:
• O número de carrocerias em chapa na pintura: cerca 20
• Nas Prensas:
Peças acabadas estampadas: um dia
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