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INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGRANÇA

ENGENHARIA QUÍMICA E BIOLÓGICA


QUÍMICA ORGÂNICA II

Trabalho Experimental 1:
Métodos de identificação e doseamento de açúcares.

Professor: Maria Filomena Filipe Barreiro

Alunas: Ana Carneiro 31054

Laíres Araújo 37423

Bragança, Janeiro de 2018


SUMÁRIO

Neste relatório descreve-se o ensaio experimental realizado em 5 de dezembro de 2017,


referente aos procedimentos de identificação e doseamento de açúcares. O objetivo desta prática
foi testar alguns métodos utilizados para identificar determinados açúcares e definir a identidade
das amostras-problema. Como amostra, foram utilizados: maltose, sacarose, amido, alanina,
frutose e glucose, rotulados de A a F. Os resultados foram analisados instantaneamente e foi
possível determinar a sequência dos carboidratos: A – Sacarose; B – Amido; C – Frutose; D –
Glucose; E – Maltose; F – Alanina.
ÍNDICE

SUMÁRIO ...................................................................................................................................... 2

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4

MÉTODO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 10

Material Utilizado ..................................................................................................................... 10

Procedimentos ........................................................................................................................... 10

RESULTADOS............................................................................................................................. 13

1. Teste de Molish ..................................................................................................................... 13

2. Teste do Iodo............................................................................................................................. 13

Reações de açucares redutores: ..................................................................................................... 14

3.1. Reação de Fehling .................................................................................................................. 14

3.2. Reação de Benedict ................................................................................................................ 15

3.3. Teste do espelho de prata ....................................................................................................... 15

3.4. Reação de Barfoed ................................................................................................................. 16

3.4. Reação de Seliwanoff ............................................................................................................ 17

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................ 18

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 20
INTRODUÇÃO

1. Teste de Molish

O teste de Molish é um teste geral para carboidratos criado pelo botânico Hans Molish (1856-
1937). O teste baseia-se na desidratação do carboidrato pelo ácido sulfúrico concentrado,
formando furfural, para pentoses, ou 5-(hidroximetil)-furfural, para hexoses (Figura 1). Em
seguida, o derivado do furfural condensa com duas moléculas de α-naftol produzindo um pigmento
violeta (Figura 2). Polissacarídeos, oligossacarídeos ou dissacarídeos reagem mais lentamente,
pois primeiramente eles têm suas ligações glicosídicas hidrolisadas pelo meio ácido e em seguida
os monossacarídeos formados desidratam, dando resultado positivo para o teste. O teste falha para
tetroses e trioses, pois estas não formam furfural por desidratação.

Figura 1:Reação de desidratação dos carboidratos. Fonte: ChemWindow.

Figura 2: Reação de desidratação dos carboidratos. Fonte: ChemWindow.


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Figura 3: Mecanismo da reação de Molish. Fonte: ChemWindow.

2. Teste do Iodo

O amido, é um polissacarídeo produzido em grande quantidade nos vegetais, e é constituído


por dois outros polissacarídeos estruturalmente diferentes: amilose e amilopectina. A molécula da
amilose não apresenta ramificações e, no espaço, assume conformação helicoidal. A amilopectina
apresenta estrutura ramificada, em que as ramificações aparecem a cada 24-30 moléculas de
glicose.

A complexação da amilose e da amilopectina com o iodo, resultando em complexo azul e


vermelho-violáceo, respectivamente. O complexo de coloração azul intensa é resultado da oclusão
(aprisionamento) do iodo nas cadeias lineares da amilose, enquanto que a amilopectina por não
apresentar estrutura helicoidal, devido à presença das ramificações, a interação com o iodo será
menor, e a coloração menos intensa.

O resultado final da complexão do amido com o iodo é a formação de um complexo de cor


azul intensa.

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03. Reações de açucares redutores:

3.1. Reação de Fehling

O teste de Fehling foi desenvolvido pelo químico alemão Hermann von Fehling para
diferenciar aldeídos de cetonas por meio de oxidação seletiva de aldeídos. O teste foi utilizado por
muito tempo para identificar a presença de açúcar na urina, com a finalidade de diagnosticar
Diabetes. Por possuir uma extremidade aldeído, os carboidratos do tipo aldose podem ser oxidados
por meio desse teste.

O reagente de Fehling é formado basicamente por íons Cu2+ em solução básica,


complexados com o ânion tartarato (Figura). Quando esse composto entra em contato com um
aldeído, ocorre a oxidação a ácido carboxílico e a redução do íon Cu2+ (azul) a íon cuproso Cu+
formando Cu2O (precipitado de coloração marrom-avermelhada).

Figura 4: Reação de complexação do Cu2+. Fonte: ChemWindow.

Figura 5: Reação de precipitação no teste de Fehling. Fonte: ChemWindow.

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3.2. Reação de Benedict

O teste de Benedict é uma modificação do teste de Fehling desenvolvida pelo químico americano
Stanley Rossiter Benedict e usada para detectar a presença de açúcares redutores. Neste teste o
tartarato é substituido pelo citrato, o que gera um complexo mais estavel. Além disto, o teste de
Benedict é muito mais sensível que o de Fehling, podendo detectar a presença de carboidratos em
menores concentrações e apresentando uma graduação de cores do azul (negativo), passando pelo
verde, amarelo, laranja e vermelho para as mais concentradas.

Figura 6: Reação de Benedict. ChemWindow.

3.3. Teste do espelho de prata

Os aldeídos podem ser oxidados facilmente, ou seja, podem ser considerados bons agentes
redutores. A capacidade de um aldeído de reduzir outras substâncias, ficando ele próprio oxidado
no processo, é a base para muitos testes de laboratório para esta classe de moléculas.

O teste de Tollens, desenvolvido pelo químico alemão Bernhard Tollens, por exemplo,
distingue a maioria dos aldeídos e cetonas (suas condições básicas promovem a isomerização de

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cetoses em aldoses impedindo a diferenciação dentre alguns compostos). É um teste muito útil
para detectar a presença de açúcares redutores.

O nitrato de prata inicialmente reage com o hidróxido de amônio, tendo como precipitado o
hidróxido de prata (I). Adição de excesso de hidróxido de amônio dissolve o precipitado pela
formação do íon complexo diamin-prata (II). Na presença da aldose, a prata no complexo é
reduzida a prata metálica e a aldose oxidada a carboxilato (III). A prata metálica sob condições de
repouso e pH adequado se deposita nas paredes do tubo de ensaio formando um espelho de prata.
Caso o pH não esteja básico o suficiente ou o sistema seja perturbado, pode-se formar apenas um
precipitado cinza, que também caracteriza a presença de açúcares redutores.

AgNO3 + NH4 OH → AgOH↓ + NH4 NO3 (I)

4 AgOH + 2 NH4 OH → [Ag(NH3 )2 ]OH + 2 H2 O (II)

R1 R1
| |
C=O + Ag(NH3 )+2 + H2 O → C=O + Ag↓ + NH4 OH (III)
| |
R2 O-

3.4. Reação de Barfoed

Assim como a reação de Fehling, também se baseia na redução do cobre, porém é efetuada
em meio ácido. Nestas condições o cobre é reduzido a quente pelos monossacarídeos, com
formação de óxido cuproso (precipitado avermelhado). Os dissacarídeos redutores também dão
positivo para esta reação após um tempo de aquecimento bem mais prolongado.

3.4. Reação de Seliwanoff

O teste de Seliwanoff é uma variação do teste de Molish que consegue diferenciar aldoses
de cetoses devido a diferenças na velocidade e intensidade da reação. É utilizada uma solução

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aquosa de ácido clorídrico como agente desidratante e resorcinol. O HCl é um agente desidratante
menos eficiente que o H2SO4 concentrado, e nessas condições as cetoses desidratam mais
rapidamente que as aldoses, pois já se encontram na forma furanosídica propícia para a formação
do 5-(hidroximetil)-furfural. Já as aldoses encontram-se na forma piranosídica, e teriam que
rearranjar para a forma furanosídica para desidratar, o que torna a reação mais lenta e menos eficaz.
Em seguida ocorre a adição de duas moléculas de resorcinol, num mecanismo semelhante a reação
de Molish, formando um produto rosado.

Figura 7: Reação de Seliwanoff. ChemWindow.

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MÉTODO EXPERIMENTAL

Material Utilizado

Reagentes:

Material:

Tubos de ensaio

Suporte par tubos de ensaio

Pipetas

Pinça de madeira

Equipamentos:

Cronómetro

Espetrofotómetro UV/VIS

Banho de água

Procedimentos

1. Teste de Molish

Foram colocados 2 mL da solução problema num tubo de ensaio e adicionadas 5 gotas de


reagente de Molish. Foi adicionado cuidadosamente cerca de 1 mL de ácido sulfúrico concentrado,
deixando-se escorrer pelas paredes do tubo (inclinado num ângulo de 45 º), de modo a obter a
formação de duas camadas. Observou-se e anotou-se o resultado para cada amostra.

Composição do reagente de Molish: 5 g de α-naftol em 100 mL de etanol

2. Teste do Iodo

Foram colocados 0,5 mL de amostra problema num tubo de ensaio. Adicionou-se 1,5 mL de
água destilada e agitou-se o tubo. Depois, foram adicionadas 2 gotas da solução de iodo e

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observou-se eventual aparecimento de cor. Repetiu-se o ensaio para cada amostra e comparou-se
as cores obtidas.

Composição da solução de iodo: solução 0,01 M em iodo e a 3 % (p/v) em iodeto de potássio.

3. Reações de açúcares redutores

3.1. Reação de Fehling

A 2 mL da solução problema em tubo de ensaio, adicionou-se 2 mL do reagente de Fehling


previamente preparado (mistura de 1 mL da solução de Fehling A com 1 mL da solução de Fehling
B). O tubo foi agitado e depois adicionado ao banho de água à ebulição durante 5 min. Tomou-se
nota do eventual aparecimento de um precipitado colorido.

Composição da solução de Fehling A: 34,65 g de CuSO4.5H2O em água e diluição a 500


mL.

Composição da solução de Fehling B: 125 g de KOH e 173 g de NaKC4H4O6.4H2O –


tartarato duplo de sódio e potássio, sal de Rochelle – em água e diluição a 500 mL.

3.2. Reação de Benedict

A 1mL da solução problema adicionou-se 2 mL do reagente de Benedict. O tubo foi colocado


em banho de água fervente durante 5 min.

Reagente de Benedict: 173 g de Na3C6H5O7.2H2O – citrato de sódio – e 100 g de carbonato


de sódio anidro em água e diluição a cerca de 850 mL. Adicionar a esta solução de uma outra
solução preparada por dissolução de 17,4 g de CuSO4.5H2O em 100 mL de água e diluição a 1 L.

3.3. Teste do espelho de prata

Colocou-se 1 mL da solução aquosa de nitrato de prata a 5% (m/v) num tubo de ensaio bem
lavado. Adicionou-se amónia diluída (1:2) gota a gota com agitação até se dissolver o precipitado
formado após a adição das primeiras gotas (evitar o excesso de amónia pois dificulta a visualização
da reação seguinte). Adicionou-se 0,5 mL da solução amostra e agite. O tubo foi aquecido num
banho de água à temperatura de 70 ºC durante 5 minutos.
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Nota: evitar agitar o tubo enquanto este está no banho e lavar o tubo de ensaio de imediato
após realização do teste.

3.4. Reação de Barfoed

Dentro da hotte, transferiu-se 2 mL de reagente de Barfoed num tubo de ensaio e adicionu-


se 1mL de solução problema. O tubo foi levado ao banho de água durante 1 min e deixado em
repouso. Foi observado e anotado o eventual aparecimento de uma turvação ou precipitado
avermelhados.

Nota: o aquecimento prolongado pode levar à hidrólise dos dissacarídeos o que pode
conduzir a falsos positivos.

Composição do reagente de Barfoed: 13,3 g de CuC4H6O4 – acetato de cobre (II) – em 1,8


mL de ácido acético glacial e em água e posterior diluição a 200 mL.

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RESULTADOS

1. Teste de Molish

A reação é positiva se entre as duas fases aparecer um anel violeta. A agitação suave das duas fases
produz uma intensificação da cor.

Todas as substâncias testadas resultaram positivamente e são carboidratos, exceto o composto F.


O teste foi mais longo para o composto B, mas ao final também apresentou resultado positivo.

Figura 8: Resultado do teste de Molish. Fonte: Autoria própria.

Amostra A B C D E F

Resultado Positivo Positivo Positivo Positivo Positivo Negativo

2. Teste do Iodo

O iodo interage com o amido, resultando em um complexo fortemente corado se for positivo. O
único tubo a apresentar a coloração foi o tubo B, sendo, portanto, o amido.

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Figura 9:Resultado do teste de iodo. Fonte: Autoria própria.

Amostra A B C D E F

Resultado Negativo Positivo Negativo Negativo Negativo Negativo

Reações de açucares redutores:

3.1. Reação de Fehling

A reação é positiva se aparecer uma coloração vermelha-alaranjada que pode precipitar.

Inicialmente todos os tubos apresentaram coloração azul-escura. Após o aquecimento os


tubos C e D passaram para uma coloração vermelho-tijolo, que em repouso precipitou.

Figura 10:Resultado do teste de Fehling. Fonte: Autoria própria.

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Amostra A B C D E F

Resultado Negativo Negativo Positvo Positivo - -

3.2. Reação de Benedict

Os resultados foram semelhantes ao teste de Fehling. Inicialmente todos os tubos


apresentaram coloração azul. Após o aquecimento, os compostos C e D passaram para uma
coloração vermelho-tijolo e A e B permanecera azuis. O teste foi refeito e os resultados
confirmaram-se na segunda tentativa.

Figura 11: Resultado do teste de Benedict. Fonte: Autoria própria.

Amostra A B C D E F

Resultado Negativo Negativo Positvo Positivo - -

3.3. Teste do espelho de prata

A deposição de um espelho de prata nas paredes do tubo indica que a reação é positiva, ou
seja, que existem substâncias redutoras.

O teste foi realizado duas vezes para as amostras B e C. Foram obtidos resultados negativo
para B e positivo para C.

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Figura 12: Resultado do teste do espelho de prata. Fonte: Autoria própria.

Amostra A B C D E F

Resultado - Negativo Positvo - - -

3.4. Reação de Barfoed

O teste apresenta resultado positivo para a turvação ou aparecimento de precipitado avermelhado


para monossacáridos redutores, sendo a cor da solução azulada.

O tubo C apresentou resultado positivo e o tubo E negativo, ambos reagindo sob o mesmo intervalo
de tempo.

Figura 13: Resultado do teste de Barfoed. Fonte: Autoria própria.

Amostra A B C D E F

Resultado - - Positvo - Negativo -

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3.4. Reação de Seliwanoff

Inicialmente todos os tubos estão incolores, após o aquecimento os tubos contendo a amostra
C adquirem uma coloração avermelhada. O tubo D permaneceu incolor.

Figura 14: Resultado do teste de Seliwanoff. Fonte: Autoria própria.

Amostra A B C D E F

Resultado - - Cetoses Aldoses - -

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A partir do teste de Molish é possível afirmar que F é a alanina, por ser um aminoácido e,
portanto, apresentar resultado negativo. O teste foi mais longo para o composto B porque como o
amido é um polissacarídeo, ou seja, as suas ligações glicosídicas são rompidas antes de ser
desidratado. Isso significa que a formação do anel ocorre mais lentamente porque a quebra da
ligação retarda a formação da pigmentação. No entanto, o resultado também é considerado positivo
para B.

Nos testes com reagentes de Fehling e Benedict, a sacarose (tubo A) dá resultado negativo
pois os monossacarídeos que a compõem fazem ambos ligação do tipo cetal ou acetal, a qual não
se rompe em meio básico. O polissacarídeo amido (tubo B), apesar de apresentar uma ligação
hemiacetal no final da cadeia, esta não é detectada, pois todo o resto da cadeia apresenta ligações
do tipo acetal.

No teste do espelho de prata, a prata no complexo é reduzida a prata metálica e o grupo


redutor, presente nos açúcares redutores e carboidratos com grupo hemiacetal, é oxidado a
carboxilato. Por isso, o amido (tubo B) apresenta resultado negativo e confirma o resultado do
teste do iodo. O tubo C apresentou resultado positivo e pode ser a maltose ou a frutose. Nesse caso
a sacarose foi descartada por ser um dissacarídeo que só possui caráter redutor se sofrer ação
enzimática ou hidrólise ácida.

O teste de Barfoed leva em conta a velocidade da reacção em monossacáridos ou


dissacáridos redutores. Os dissacáridos são redutores mais fracos e reagem mais lentamente. Nesse
teste o tubo C reagiu mais rápido e o tubo E mais lento. Portanto pode-se afirmar que o tubo E é a
maltose e o tubo C a frutose.

Para o último teste (reação de Seliwanoff) foram obtidos resultados já esperados para a frutose
(tubo C) como positivo e negativo para o tubo D, o qual se confirma como a glucose por ser uma
aldose.

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CONCLUSÃO

Por meio dos testes qualitativos executados durante a prática experimental, foi possível
caracterizar e identificar o conjunto de glúcidos. Ao fim da prática, foi encontrada a sequência de
compostos descrita em tabela abaixo:

Amostra A B C D E F

Resultado Sacarose Amido Frutose Glucose Maltose Alanina

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Departamento de Engenharia Química. Protocolos Laboratoriais de Química Orgânica II


(Engenharia Química e Biológica), 2014/2015.

Lehninger, Albert L., David L. 1942- Nelson, and Michael M Cox. Lehninger Principles of
Biochemistry. 5th ed. New York ; New Delhi: W.H. Freeman, 2008.

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