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PROJETO

CALÇA
CALÇADA LIVRE
˛

JUNTOS POR ESPAÇOS ACESSÍVEIS

ARACAJU, OUTUBRO/
OUTUBRO/ 2016
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE
EMPRESA MUNICIPAL DE OBRAS E URBANIZAÇÃO
UNIVERSIDADE TIRADENTES

COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA
Promotora. Berenice Andrade de Melo – CAOpDH/MPSE

COORDENAÇÃO TÉCNICA
Arqª/EngªAlana Lúcia Vieira Mello - EMURB
Arqª/EngªDora Neuza Leal Diniz - NUP/UNIT

EQUIPE TÉCNICA

Arqª/EngªAlana Lúcia Vieira Mello, Arqº Mateus Jefferson dos Santos Cardoso - EMURB
Arqª Ana Cristina Magalhães de Melo e Ferreira – CEHOP
Arqº César Henriques Matos e Silva – UFS
Arqª Cláudia Maria Siqueira Ribeiro Menezes –EMSURB
Arqº Décio Carvalho Aragão – CAU/SE
Arqª/EngªDora Neuza Leal Diniz - NUP/UNIT
Arqª Fernanda Felizola Prado Calasans e UrbªRoberttaGeorgia Galdino de Barros – SEDURB(SEINFRA)
Arqª Jane Freitas Lima – SMTT
Engª Rúbia Teixeira Moisinho – CREA/SE
Arqª Terezinha de Oliveira Nunes Bandeira – SEPLAN (SEPLOG)

CONSULTORIA

Arqª Maria Beatriz Barbosa – Colaboradora da ABNT/NBR 9050

COLABORADORES

Promotora Berenice Andrade de Melo – CAOpDH/MPSE


Sra. Jane Mare Santos da Rocha – CEDPcD/SE
Sr. Everton de Jesus Vieira e Sra. Maria Gorette Medeiros – CMDPcD
Sr. Mário Nogueira Rebouças – Sergipe Gás S/A Sergás
Sr. Paulo Rollemberg Garcez Vieira – Energisa
Sra. Isis Cristina Posener e Sr. Nyceu Dantas Posener – ADEVISE
Sr. Lucas Aribé – Vereador de Aracaju

ILUSTRAÇÕES

Arqº Mateus Jefferson dos Santos Cardoso


Arqº Agripino Costa Neto (Capa)

FOTOS

Arqª/EngªAlana Lúcia Vieira Mello e Arqª/EngªDora Neuza Leal Diniz


2
Sumário

1Apresentação......................................................................................................................... 5 .

2 Introdução ............................................................................................................................. 6 .

3Definições ............................................................................................................................. 7 .

3.1Acessibilidade ................................................................................................................. 7 .

3.2Acessível ........................................................................................................................ 7
3.3 Adaptado.......................................................................................................................7
3.4 Adaptável.......................................................................................................................7
.
3.5 Adequado.......................................................................................................................7
3.6Calçada .......................................................................................................................... 7
3.7 Calçada Rebaixada....................................................................................................... 7
.

3.8Canteiro ......................................................................................................................... 7 .

3.9Comunicação e Sinalização .......................................................................................... 7 .

3.10Desenho Universal ........................................................................................................ 7 .

3.11 Equipamentos Urbanos ................................................................................................ 8 .

3.12 Espaços Públicos .......................................................................................................... 8


3.13 Faixa Elevada ............................................................................................................... 8 .

3.14Faixa Livre .................................................................................................................. 8 .

3.15Faixa de Travessia de Pedestres .................................................................................. 8


.
3.16Foco de Pedestres ............................................................................................... 8
3.17Guia de Balizamento ................................................................................................... 8
3.18 LinhaGuia................................................................................................................ 8
.

3.19Logradouro .................................................................................................................. 8 .

3.20Mobiliários Urbanos ................................................................................................... 8 .

3.21Mobilidade Urbana ..................................................................................................... 8 .

3.22Passeio ........................................................................................................................9.

3.23 Pessoas com Deficiência ............................................................................................. 9 .

3.24Pessoas com Mobilidade Reduzida ............................................................................ 9 .

3.25Piso Cromo-diferenciado ............................................................................................9


.
3.26Piso Tátil .......................................................................................................................9
3.27Rampa ......................................................................................................................... 9 .

3.28Redes de Serviços ........................................................................................................ 9 .

3.29Rota Acessível ............................................................................................................ 9 .

3.30Sarjeta ...........................................................................................................................9 .

3.31Sinalização Sonora ........................................................................................................9 .

3.32Sinalização Visual ........................................................................................................9 .

.
3.33 Sinalização Tátil ......................................................................................................... 10 .

3.34 Via Pública .................................................................................................................. 10 .

4Conceito de Acessibilidade nas Cidades ............................................................................. 11 .

5Importância da Acessibilidade ............................................................................................ 12 .

6Calçadas Acessíveis ............................................................................................................ 13 .

7Condições para Calçadas Acessíveis .................................................................................. 14 .

7.1 Condições do Piso ....................................................................................................... 14 .

7.2 Obstáculos ................................................................................................................... 15 .

7.2.1No Caso de uma Obra ......................................................................................... 15 .

7.3 Nivelamento do Piso e suas Inclinações ..................................................................... 16 .

8Calçada e seu Disciplinamento ........................................................................................... 19 .

9Faixas na Calçada ............................................................................................................... 19 .

9.1 Faixa de Serviço .......................................................................................................... 20 .

9.2 Faixa Livre .................................................................................................................. 20 .

9.3 Faixa de Acesso .......................................................................................................... 20 .

10As Calçadas de Aracaju .................................................................................................... 21 .

3
10.1Das Responsabilidades .............................................................................................. 21 .

10.2Execuções das Calçadas em Aracaju ........................................................................ 22 .

.22222
10.2.1Casos Especiais de Proteção Contra Queda ao Longo de Rotas Acessíveis... 22
10.3Pisos Táteis ............................................................................................................... 24 .

10.3.1Piso Tátil de Alerta ........................................................................................... 24 .

10.3.2Piso Tátil Direcional ......................................................................................... 26 .

10.3.3Recomendações para os Pisos Táteis ............................................................... 26 .

10.4Configuração das Calçadas ....................................................................................... 27 .

10.4.1Calçadas Existentes com largura inferior a 2m ................................................ 27 .

10.4.2Novas Calçadas ou Existentes com largura de 2m a 2,50m ............................. 28 .

10.4.3Novas Calçadas ou Existentes com largura maior que 2,50m até 3m .............. 28 .

10.4.4Novas Calçadas ou Existentes com largura maior que 3m até 4m .................. 29 .

10.4.5Novas Calçadas ou Existentes com largura maior que 4m até 5m ................... 30 .

10.4.6Calçadas com largura maior que 5m ................................................................. 30 .

10.5Mobiliários Urbanos ............................................................................................... 31 .

10.5.1Abrigos de Ônibus ............................................................................................ 31 .

10.5.2Telefones Públicos............................................................................................ 32 .

10.5.3Armários de Telefonia e/ou Lógica................................................................. 32 .

10.5.4Posteamento...................................................................................................... 33 .

10.5.5Bancas de Revista........................................................................................... 33 .

10.5.6Bancos............................................................................................................... 34 .

10.5.7Lixeiras e Contentores para Reciclados............................................................ 34 .

10.6Plantio nas Calçadas ................................................................................................. 35 .

10.6.1Arborização ..................................................................................................... 35 .

10.6.2Ajardinamentodas Calçadas ............................................................................ 35 .

10.7Rebaixamento das Calçadas ...................................................................................... 37 .

10.7.1Para Circulação de Pedestres .......................................................................... 37 .

10.7.1.1Tipos de Rebaixamento das Calçadas....................................................... 37 .

10.7.1.2Aplicação de Piso Tátil de Alerta nos Tipos I, II e II............................... 41 .

10.7.1.3Critérios para Rebaixamento das Calçadas............................................... 41 .

10.7.2Para circulação de veículos............................................................................... 41


.
.

10.8Esquina...................................................................................................................... 43 .

11Referências.........................................................................................................................45 .

4
1 Apresentação

A Prefeitura Municipal de Aracaju, através da Superintendência Municipal de Transportes e


Trânsito – SMTT lançou em 23 de abril de 2007 a Campanha Calçada Livre, com objetivo de
sensibilizar a população aracajuana quanto à necessidade da liberação das calçadas, a fim de facilitar a
mobilidade do pedestre. O Ministério Público do Estado de Sergipe, sensibilizado com a iniciativa,
provocou uma ação integrando diversos órgãos e entidades do município, com o objetivo de rever a lei
municipal 1.687/91 Art. 1°, movimento que se desdobrou na elaboração da Cartilha Calçada Livre, na
qual se sugere um padrão para as calçadas de Aracaju, com critérios mínimos para a faixa exclusiva do
pedestre e delimitação entre esse espaço e o indicado para serviços e acessos.

As práticas atuais de políticas de mobilidade no mundo levam em consideração, não apenas o


respeito ao meio ambiente, mas também a melhoria da qualidade do espaço público urbano e a justiça
social. O aumento e a qualificação do deslocamento não motorizado, certamente, representam um
papel significativo nessa equação, pois a redução do uso de veículos e o aumento desse tipo de
mobilidade constroem um ambiente urbano mais agradável, reduzindo a poluição sonora e
favorecendo o bem-estar e a saúde do cidadão. Além disso, promovem a qualidade do espaço público,
a equidade social, a solidariedade entre os indivíduos e estimulam a salvaguarda e valorização de
patrimônios urbanos, como as calçadas.

Com o intuito de melhor adequar a nova exigência de uso da população, surge a revisão da
Cartilha Calçada Livre, realizada a partir da iniciativa do Ministério Público do Estado de Sergipe-
CAOp (Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos)e construída novamente de forma
participativa com a valiosa colaboração da Prefeitura Municipal de Aracaju através da EMURB
(Empresa Municipal de Obras e Urbanização), da SEPLAN (Secretaria Municipal de Planejamento)
atual SEPLOG (Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão), da SMTT
(Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito), da EMSURB(Empresa Municipal de Serviços
Urbanos), do Governo do Estado de Sergipe através da SEDURB (Secretaria do Estado de
Desenvolvimento Urbano) atual SEINFRA (Secretaria de Estado de Infraestrutura e
Desenvolvimento), da CEHOP (Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas), do CMDPcD
(Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência), do CEDPcD/SE (Conselho
Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência),da ADEVISE (Associação dos Deficientes Visuais
de Sergipe),da UNIT (Universidade Tiradentes), da UFS (Universidade Federal de Sergipe), do
Crea/SE (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), do CAU/SE (Conselho de Arquitetura e
Urbanismo), daENERGISA SERGIPE, da Oi (Operadora de Telefonia), da Sergipe GásS/A SERGÁS
e da DESO (Companhia de Saneamento de Sergipe). Destaca-se que foram levados em consideração
os preceitos estabelecidos pela Norma Brasileira ABNT NBR 9050 - Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos - vigente, a Política Nacional de Mobilidade Urbana e
Sustentável, o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju.

Nota: Ressalte-se que as edições indicadas estavam em vigor no momento da elaboração deste documento. Como todo
projeto está sujeito a revisão, recomenda-se àqueles que realizam adequações com base nesta Cartilha que verifiquem a
conveniência de conferir edições mais recentes das leis enormas aqui citadas.

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2 Introdução

De modo geral, os órgãos municipais de planejamento das cidades brasileiras (seja no âmbito do
planejamento urbano como, mais especificamente, no de transporte e trânsito) têm se dedicado à
resolução de problemas relacionados ao tráfego de veículos motorizados. No passado, o planejamento
da mobilidade dos pedestres, crianças, gestantes, idosos, Pessoas com Deficiência, mobilidade
reduzida, bem comoa qualidade das condições físicas e espaciais desses deslocamentos foram
colocadas em segundo plano, priorizando-se os fluxos de automóveis.

Na contemporaneidade, a situação começa a se inverter e, portanto, torna-se necessário conhecer


algumas definições que ampliam a nossa visão do processo de construção das cidades, que considere o
acesso universal ao espaço público por todas as pessoas e suas diferentes necessidades cotidianas.
Dessa maneira, todos entendendo a mesma linguagem, é possível a reconstrução e requalificação das
calçadas de nossa cidade.

Vista aérea do calçadão da Treze de Julho,que atende a exigências de mobilidade urbana.

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3 Definições

3.1 Acessibilidade
Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização, com segurança e
autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao
público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa
com deficiência ou mobilidade reduzida.

3.2 Acessível
Espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias ou elemento que possa ser alcançado, acionado,
utilizado e vivenciado por qualquer pessoa.

3.3Adaptado
Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características originais
foram alteradas posteriormente para serem acessíveis.

3.4Adaptável
Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características possam
ser alteradas para que se torne acessível.

3.5Adequado
Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características foram
originalmente planejadas para serem acessíveis.

3.6 Calçada
Parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de
veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário,
sinalização, vegetação, placas de sinalização e outros fins.

3.7CalçadaRebaixada
Rampa construída ou implantada na calçada destinada a promover a concordância de nível
entreessa e o leito carroçável.

3.8 Canteiro
Obstáculo físico construído como separador de duas pistas de rolamento, eventualmente
substituídopor marcas viárias (canteiro fictício).

3.9 Comunicação e Sinalização


As formas de comunicação e sinalização são do tipo visual, tátil e sonora. Podem se dar através
de símbolos, códigos, equipamentos e outros, sendo utilizados de modo permanente, de emergência,
temporário e direcional, este último de forma visual ou tátil.

3.10 Desenho Universal


Concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem utilizados por todas as
pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia
assistiva.O conceito de desenho universal tem como pressupostos: equiparação das possibilidades de uso,
flexibilidade no uso, uso simples e intuitivo, captação da informação, tolerância ao erro, mínimo esforço físico,
dimensionamento de espaços para acesso, uso e interação de todos os usuários.

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3.11 Equipamentos Urbanos
Todos os bens públicos e privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços
necessários ao funcionamento da cidade, em espaços públicos e privados.

3.12 Espaços Públicos


Os espaços públicossão aqueles considerados de uso comume pertencentes a todos os cidadãos,
sem distinção de propriedade particular, podendo-se citar como exemplos:

• Espaços de circulação: ruas e calçadas;


• Espaços de lazer, recreação e contemplação: parques, praças e jardins públicos;
• Espaços de preservação ou conservação: grandes parques e reservas ecológicas.

3.13 Faixa Elevada


Elevação do nível do leito carroçável composto de área plana elevada, sinalizada com faixa de
travessia de pedestres e rampa de transposição para veículos, destinada a nivelar o leito carroçável às
calçadas em ambos os lados da via.

3.14 Faixa Livre


Área da calçada, de via ou de rota, destinada exclusivamente à circulação de pedestres.

3.15 Faixa de Travessia de Pedestres


Sinalização transversal ao leito carroçável destinada a ordenar e indicar os deslocamentos dos
pedestres para a travessia da via.

3.16Foco de pedestres
Indicação luminosa de permissão ou impedimento de locomoção na faixa apropriada.

3.17 Guia de Balizamento


Elemento edificado ou instalado junto aos limites laterais das superfícies de piso destinado a
definir claramente os limites da área de circulação de pedestres.

3.18Linha-guia
Qualquer elemento natural ou edificado que possa ser utilizado como referência de orientação
direcional por todas as pessoas, especialmente as com deficiência visual.

3.19Logradouro
Espaço livre destinado pela municipalidade à circulação, parada ou estacionamento de veículos,
ou à circulação de pedestres, tais como calçadas, parques, áreas de lazer, calçadões, ruas, avenidas,
alamedas etc.

3.20 Mobiliários Urbanos


Conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos
elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não
provoque alterações substanciais nesses elementos, como semáforos, postes de sinalização e similares,
terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises,
bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga.

3.21 Mobilidade Urbana


É a capacidade de deslocamento de pessoas e cargas no espaço urbano através dos modos de
transporte, que podem ser não motorizados (a pé, patinete, patins, skate, cadeira de rodas, bicicleta,
entre outros) e motorizados (motocicletas, carros, ônibus, metrô, entre outros). É importante destacar
que a mobilidade das pessoas está diretamente relacionada às atividades de trabalho, lazer, cultura,
educação e saúde, sem perder de vista as condições de segurança e conforto.

8
3.22 Passeio
Parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso separada por pintura ou elemento
físico,livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de
ciclistas.

3.23 Pessoas com Deficiência


São aquelas que têm impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, as quais,
em interação com diversas barreiras, podem ter dificuldade na sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

3.24 Pessoas com Mobilidade Reduzida


São aquelas que não se enquadrando no conceito de Pessoa com Deficiência tenham, por
qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente outemporariamente, gerando redução
efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. A exemplo de pessoas com
idade igual ou superior a 60 anos, lactantes, gestantes e pessoas com criança de colo.

3.25 Piso Cromo-diferenciado


Piso caracterizado pela utilização de cor contrastante em relação às áreas adjacentes e destinado
a constituir linha guia ou complemento de informação visual ou tátil.

3.26Piso Tátil
Piso caracterizado por textura e cor contrastantes em relação ao piso adjacente, destinado a
constituir alerta ou linha-guia, servindo de orientação, principalmente, às pessoas com deficiência
visual ou baixa visão. São de dois tipos: piso tátil de alerta e piso tátil direcional.

3.27 Rampa
Inclinação da superfície de piso, longitudinal ao sentido de caminhamento. Consideram-se
rampas aquelas com declividade igual ou superior a 5%.

3.28 Redes de Serviços


São as redes de serviços públicos ou privados para operações de sistemas de abastecimentos
como: redes de água, esgotamento sanitário, energia elétrica, gás natural, telefonia, lógica, entre
outros.

3.29 Rota Acessível


Trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecte os ambientes externos ou internos de
espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as pessoas,
inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida. A rota acessível pode incorporar
estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, pisos, corredores, escadas e
rampas, entre outros.

3.30 Sarjeta
Escoadouro para águas das chuvas que, nas ruas e praças, beira o meio-fio das calçadas.

3.31 Sinalização Sonora


A sinalização sonora, bem como os alarmes vibratórios, deve estar associada e sincronizada aos
alarmes visuais intermitentes, de maneira a alertar as Pessoas com Deficiência visual e as Pessoas com
Deficiência auditiva (surdez).

3.32 Sinalização Visual


É aquela realizada através de textos ou figuras bem definidas com textura, dimensionamento e
contraste de cores para que sejam também perceptíveis por pessoas de baixa visão.A identificação
visual de acessibilidade às edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos é feita por meio
do Símbolo Internacional deAcesso - SIA, que tem padrão internacional de cores e proporções. Além

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do SIA, também existem o Símbolo Internacional de Acesso para Pessoa com Deficiência visual e o
Símbolo Internacional de Acesso para Pessoa com Deficiência auditiva.

3.33 Sinalização Tátil


É aquela realizada através de caracteres ou figuras em relevo, vertical e horizontal, sendo
aplicados através de placas, mapas táteis, elementos fixados em corrimãos em forma de anéis ou no
piso através dos táteis de alerta e/ou direcional. Este meio decomunicação dirigido às Pessoas com
Deficiência visual se manifesta na linguagem tátil, em Braille e/ou ampliada. As informações em
Braille devem:

• Estar conjugadas às informações visuais;


• Estar posicionadas abaixo do texto ou figura em relevo em altura adequada.

3.34 Via Pública


Superfície de propriedade do Poder Público por onde transitam veículos, pessoas e animais,
compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, a ilha e o canteiro central. O Código de Trânsito
Brasileiro (Lei nº 9.503/1997) classifica as vias como: de trânsito rápido, arterial, coletora, local, rural,
urbana e de pedestres, porém é possível que cada município tenha sua reclassificação própria.

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4 Conceito de Acessibilidade nas Cidades

A cidade, território de todos, depende de planejamento, recursos e participação da população para


oferecer qualidade de vida. Com a cidade acessível, não é diferente. Para atribuir-lhe o conceito de
acessibilidade, é necessário contar com o apoio de toda a sociedade, visando eliminar as barreiras
físicas existentes e impossibilitar a criação de mais empecilhos que dificultem a mobilidade.

A adaptação da cidade às normas de acessibilidade não se efetiva através de um único padrão. Há


nela muitas especificidades com soluções diferenciadas, que não podem ser sempre generalizadas.
Portanto, os técnicos responsáveis pela regularização e disciplinamento do espaço urbano devem
utilizar-se de instrumentos legais e normas vigentes, estudando caso a caso, avaliando o que é melhor
para o bem-estar do cidadão, considerando a conectividade com o meio urbano, o espaço construído, a
densidade demográfica e a mobilidade urbana.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR 9050 vigente, estabelece


parâmetros, para que o meio comum seja projetado, construído e reformado, proporcionando
acessibilidade a todos.

Circulação adequada em esquina com sinalização, faixas de pedestres e rampas para cadeirantes, dando acesso às calçadas.

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5 Importância da Acessibilidade

O crescimento acelerado das cidades brasileiras nas últimas décadas vem aumentando a
concentração e a circulação de veículos nas vias públicas, refletindo diretamente na acessibilidade da
sociedade. Entre as funções da cidade, pode-se mencionar a importância do habitar, trabalhar, recrear e
circular, promovendo condições para o atendimento de suas imperativas necessidades, devendo-se
priorizar a acessibilidade em todos os ambientes públicos e privados de uso coletivo.

Gerar produtos, meios de comunicação e ambientes para serem utilizados por todas as pessoas é o
objetivo imprescindível para se alcançar o conceito de uma sociedade inclusiva. Assim sendo, cidades
acessíveis são aquelas em que não há obstáculos que impeçam a mobilidade das pessoas e
operacionalizam melhor o desempenho e o conforto do cidadão, seja a pé ou por qualquer meio de
transporte. Portanto, as leis da acessibilidade devem ser observadas em espaços e edifícios públicos ou
privados de uso coletivo, tais como calçadas, feiras, praças, parques, clubes, auditórios, cinemas,
teatros, bares, restaurantes, supermercados, shoppings, hotéis, motéis, pousadas, clínicas, áreas
comuns de condomínios residenciais, entre outros e, por fim, em todos os espaços onde se fizerem
necessárias adequações.

O calçadão da Treze de Julho permite a livre circulação de pessoas, conforme as exigências de uma “Calçada Livre”.

A recente reforma da Praça Camerino já contemplou uma conciliação entre um pavimento tradicional (pedras portuguesas) e
um pavimento mais adequado à circulação, inclusive de cadeirantes (cimento desempolado).

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6 Calçadas Acessíveis

O caminhar e movimentar-se é direito do cidadão, necessidade vital para manter a relação do


homem com o meio urbano. O rompimento das barreiras é uma luta que deveser vencida de forma a
tornar as cidades inclusivas. Para tanto, os acessos, os caminhos e as calçadas devem respeitar certas
características técnicas explicitadas ao longo desta cartilha, priorizando a faixa exclusiva de pedestres.

A locação de equipamentos e mobiliários urbanos, sem levar em consideração as regras de


acessibilidade, é ainda hoje um fato muito comum nas cidades. As próprias calçadas são construídas
sem observar as medidas adequadas ao ser humano, desrespeitando suas diferenças, seja em razão das
declividades (transversal ou longitudinal), especificações do piso adotado, falta de sinalização
adequada ou por outro fator qualquer.

A acessibilidade é imprescindível para Pessoas com Deficiência, obesas, idosos, gestantes, mães
com carrinho de bebê, pessoas que utilizam bengalas, muletas ou andadores, pessoas com dificuldade
de locomoção, ou seja, para todos que necessitem viabilizar, positivamente, o acesso com liberdade de
transitar e circular com autonomia e segurança.

A calçada acessível é direito de todos, promove justiça e solidariedade, tornando a cidade melhor
e com maior qualidade de vida.

Exemplo de uma calçadaacessível, sem conflitos entre os equipamentos, mobiliários urbanos e o deslocamento das pessoas.

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7 Condições para Calçadas Acessíveis

7.1 Condições do Piso

Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável, antiderrapante sob qualquer condição
(seco ou molhado), resistente o suficiente para suportar tanto o fluxo de pedestres quanto ode veículos,
especificamente nos acessos a garagens e estacionamentos. É importante que os pisos não provoquem
trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de rodas ou carrinhos de bebê).O material utilizado
tem que apresentar qualidade, durabilidade e facilidade de reposição, não sendo permitida a utilização
de pedras polidas (marmorite, granito, mármore), pastilhas, cerâmica lisa, cimento liso, ardósia,
evitando quaisquer superfícies escorregadias, precisando estar bem assentados para não permitir
rupturas. A padronagem do piso não deve causar sensação de insegurança, através da impressão de
tridimensionalidade proporcionada porformas e contraste de cores. As calçadas necessitam de
manutenção periódica, para que sempre estejam em perfeitas condições de uso para a circulação de
pedestres.

Imagens de calçadas que, apesar de estreitas, um padrão mais comum em Aracaju,possuem pisos adequados à circulação e
estão bem conservadas: a primeira, em cimento desempolado com juntas (faixas estreitas) de seixosrolados nivelados e a
segunda, em ladrilho hidráulico.

14
7.2 Obstáculos

Observando as legislações do Município, deve-se ter especial atenção para que o passeio (faixa
livre), espaço reservado para circulação exclusiva de pessoas, não contenha degraus, rampas
cominclinações excessivas, piquetes, canaletas, grelhas e caixas coletoras de água pluvial, ou mesmo
elementos em caráter provisório, tais como: lixo, entulhos, veículos, placas, mesas e cadeiras, cones e
outros.

Exemplos de calçadas inadequadas em Aracaju: no primeiro, a calçada está obstruída por tampas metálicas desniveladas; no
segundo, a calçada foi ocupada por um bar, obrigando as pessoas a circularem pela via; no terceiro, a árvore está implantada
na faixa de circulaçãoe na última, a calçada foi usada como depósito de material de construção, fato muito observado na
cidade.

7.2.1 No Caso de uma Obra

Eventualmente, se existir uma obra sobre a calçada, deve ser sinalizada e isolada, priorizando
a circulação com uma largura mínima de 1,20 m. Quando não for possível essa solução, deve ser feito
desvio pelo leito carroçável da via, com isolamento temporário, providenciando-se uma rampa
provisória, com largura mínima de 1,20 m e inclinação máxima de 10%.

Fonte: NBR 9050, 2015, p.77.

15
Imagens mostrando uma obra ocupando a calçada. Desvio adequado pelo leito carroçável da via.

7.3 Nivelamento do Piso e suas Inclinações

A inclinação longitudinal da faixa livre (passeio) das calçadas ou das vias exclusivas de
pedestres deve sempre acompanhar a inclinação das vias lindeiras (limítrofes).

Inclinações longitudinais iguais ou superiores a 5% são consideradas rampas, devendo ser


implantadas seguindo normas técnicas específicas.

Recomenda-se que essa inclinação nas áreas de circulação exclusiva de pedestres, seja de no
máximo 8,33%. Em casos de impossibilidade, segundo a NBR 9050, poderá ser utilizada a inclinação
máxima de 12,5%. As calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres que tenham inclinação
superior a 12,5% não podem compor rotas acessíveis.

16
Fonte: NBR 9050, 2015, p.59.

No encontro dos pisos das calçadas, junto ao limítrofe da divisa de responsabilidade de cada
imóvel, não pode ocorrer desnível.

Devem ser evitados em rotas acessíveis e eventuais desníveis no piso de até 5 mm dispensam
tratamento especial. Desníveis superiores a 5 mm até 20 mm devem possuir inclinação máxima de 1:2
(50 %), conforme figura. Desníveis superiores a 20 mm, quando inevitáveis, devem ser considerados
como degraus.

Fonte: NBR 9050, 2015, p.55.

As grelhas e juntas de dilatação em rotas acessíveis devem estar fora do fluxo principal de
circulação. Quando não possível tecnicamente, os vãos devem ter dimensão máxima de 15 mm,
devendo ser instalados perpendicularmente ao fluxo principal ou ter vãos de formato
quadriculado/circular, quando houver fluxos em mais de um sentido de circulação.

17
Exemplo de grelha instalada em rota acessível, de modo perpendicular ao fluxo de pedestres.

As superfícies das tampas de caixas de inspeção e de visitadevem estar niveladas com o piso
adjacente, e eventuais frestas também devem possuir dimensão máxima de 15 mm. As tampas devem
estar preferencialmente fora da faixa livre, sendo também firmes, estáveis e antiderrapantes sob
qualquer condição, e as suas eventuais texturas, estampas ou desenhos nas superfícies não podem ser
similares à da sinalização de piso tátil de alerta ou direcional.

Admite-se inclinação transversal da superfície de no máximo 3% para pisos externos e


eventuais ajustes de soleira devem ser executados sempre dentro dos lotes ou, em calçadas com mais
de 3,00 m de largura, podem ser executados nas faixas de acesso.

Exemplos de inclinações transversais e longitudinais para calçadas.

18
8 Calçada e seu Disciplinamento

A calçada, parte integrante da via pública, destina-se à implantação de mobiliários e


equipamentos urbanos, vegetação eprincipalmente à circulação de pedestres. Para tanto, ela pode ser
disciplinada em faixas, cada uma com um objetivo.

A faixa destinada à circulação de pedestres, faixa livre, deve estar isenta de obstáculos e permitir
a circulação segura e contínua de todos os cidadãos, inclusive das Pessoas com Deficiência e de tantos
outros com mobilidade reduzida.

Para o bom uso e disciplinamento das calçadas, deve-se incentivar algumas práticas:
• Reforma das calçadas existentes, com pavimentações adequadas e larguras
compatíveis com o fluxo de pedestres, admitindo-se se que a faixa livre possa
absorver com conforto um fluxo de tráfego de 25 pedestres por minuto, em ambos os
sentidos, a cada metro de largura (ver NBR 9050, Dimensionamento das faixas livres).
• Retirada de postes, das faixas livres das calçadas e incentivar, sempre que possível,
que as fiações aéreas, sejamsubstituídas por dutos subterrâneos.

Salientamos a importância do disciplinamento de mobiliários urbanos a serem instalados nas calçadas


nas faixas adequadas, tais como:

• Abrigos de ônibus;
• Bancos;
• Bancas de revistas (implantadas somente em praças, parques ou largos);
• Jardineiras;
• Lixeiras públicas;
• Luminárias;
• Placasdiversas;
• Telefones públicos;
• Totens de sinalização indicativa.

9 Faixas na Calçada

As faixas são recursos utilizados nas calçadas para facilitar a compreensão entre o cidadão que
vai executá-las, o prestador de serviços e o órgão regulador, estabelecendo-se por meio de larguras
especiais determinadas pelo poder público, a fim de ordenar sua ocupação.

As faixas dispõem-se na seguinte ordem, a partir da pista de rolamento:

• Faixa de serviço: situada à margem da guia, faz limite com a faixa livre.

• Faixa livre: tem posição central entre a faixa de serviço e a faixa de acesso.

• Faixa de acesso: caso exista, situa-se entre a faixa livre e o limite do lote.

19
Exemplo do disciplinamento das calçadas.

9.1 Faixa de Serviço

Espaço que pode contar com a presença de rampas de acesso para veículos ou para deficientes e
mobiliários urbanos. As caixas de inspeção e grelhas de ventilação devem estar preferencialmente,
inseridas nesta faixa e assentadas no nível do piso.

9.2 Faixa Livre

Espaço exclusivo para livre circulação de pedestres sejam eles Pessoas comDeficiência,
mobilidade reduzida ou não. Portanto, deve estar livre de quaisquer desníveis, obstáculos físicos
temporários/ permanentes ou vegetação. Eventuais obstáculos aéreos posicionados tanto na faixa de
serviço quanto na faixa de acesso, tais como marquises, faixas e placas de identificação, toldos,
vegetação e outros, podem ter suas projeções dentro da faixa livre, desde que esses obstáculos estejam
a uma altura superior a 2,10m do piso acabado da calçada.

Ressaltamos a importância de verificar a norma da ABNT 9050 quanto ao cálculo da largura da


faixa livre, que é diretamente proporcional ao fluxo de pedestres, principalmente nas áreas de maior
concentração de pessoas.

9.3 Faixa de Acesso

Área pública localizada em frente ao imóvel ou terreno que é utilizada para a locação de abrigos
de ônibus, armários de telefonia ou lógica, bancos, jardineiras ou vegetações. Também pode ser um
espaço para uso de curta permanência, como a observação de vitrines e o aguardo ao acesso às
edificações.

O acesso de veículos aos lotes e seus espaços de circulação e estacionamento sempre deve ser
feito de forma a não interferir na faixa livre, sem criar degraus ou desníveis. Portanto, nas faixas de
acesso é permitida também a existência de rampas para acesso às edificações já construídas, caso
autorizadas pelo município.

Os portões de acesso a garagens, manuais ou de acionamento automático, devem funcionar sem


colocar em risco os pedestres. A superfície de varredura do portão não pode invadir a faixa livre,
mantendo-se dentro do lote ou da faixa de acesso. O sistema de sinalização deve ser instalado de
acordo com exigências específicas dos órgãos reguladores.

20
10 As Calçadas de Aracaju

Normalmente, as nossas calçadas são muito estreitas, no máximo de 2,0 m, em média. São raros
os casos de calçadas mais largas e, além disso, elas possuem desníveis, pisos inadequados, falta de
manutenção, precárias execuções, além de serem utilizadas indevidamente para estacionamento de
veículos e motos, entre outros.

Exemplos de calçadas adequadas existentes em Aracaju, quer mais largas, quer mais estreitas.

10.1Das Responsabilidades

Os proprietários dos terrenos, edificados ou não, são obrigados a executar a pavimentação das
calçadas relativas a seus imóveis, dentro dos padrões estabelecidos pelo Município, devendo mantê-las
em bom estado de conservação e limpeza.

O responsável pela manutenção, conservação e reforma das calçadas é o proprietário do


imóvel, seja comercial ou residencial, conforme define o Código de Obras vigente.

As calçadas em praças, parques e largos são de responsabilidade da Prefeitura Municipal de


Aracaju quanto às suas adequações, adaptações e manutenções preventivas e permanentes.

Cada cidade deve ter seu Plano Diretor e é nele onde as diretrizes de seu crescimento estão
contidas. Em Aracaju não é diferente: o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano estabelece normas
e padrões para o desenho das vias, de forma a garantir a mobilidade urbana. A via é propriedade do
poder público, adquirida na maioria das vezes pela aplicação da lei Federal nº 6766/1979, sendo
identificada pela área destinada à circulação de pessoas e veículos, delimitada pelas testadas dos lotes
compreendendo as calçadas, as pistas de veículo, os canteiros centrais etc.

Entre as normas tratadas no Plano Diretor de Aracaju, encontra-se a classificaçãodo sistema


viário. Segundo a lei, as redes viárias do município são: Via Arterial, Via Coletora, Via Principal, Via
de Contenção Urbana, Via Local, Via Local Secundária e Via Expressa. Cada uma delas é subdividida
de acordo com sua função. Outro item da lei que merece destaque é a largura mínima de calçada,
21
que,de acordo com a hierarquia das vias, deve variar entre medidas de 2,0 a 5,0m de largura. Ressalte-
se que a largura mínima prevista para calçadas é de 2 m, além de serem garantidas as condições de
continuidade e conforto paraa circulação de pedestres.

Destaca-se a importância do município estabelecer regras, principalmente nas calçadas, para a


instalação correta e adequada dos mobiliários e equipamentos urbanos, necessários à comodidade
pública.

10.2 Execuções das Calçadas em Aracaju

• A execução de todas as calçadas será vinculada à aprovação de projeto junto ao órgão


regulador.
• A reforma de calçadas deve obedecer também às normas legais, sendo em qualquer
situação a faixa livre obrigatória.
• O revestimento do piso das calçadas deve atender às premissas das normas vigentes,
em especial no que diz respeito às suas características: superfície regular, firme,
estável e antiderrapante, além de não possuir desníveis no sentido longitudinal da
faixa livre.
• Em qualquer manutenção, o piso deve ser reparado com o mesmo material já
utilizado, para que haja uniformidade estética com nivelamento adequado.
• Nas calçadas, os postes e a fiação aérea de energia elétrica e telefonia devem ser
organizados deforma a manter a faixa livre com no mínimo 1,20m. Em situações de
calçadas existentes, havendo a impossibilidade de manter a faixa livre nos dois lados
da via, deverá ser mantida rota livre acessível de 1,20m em pelo menos um dos seus
lados. Assim como em calçadas existentes e menores que 2m admite-seem pontos de
conflito uma livre circulação de 0,80m no mínimo.

10.2.1Casos Especiais de Proteção Contra Queda ao Longo de Rotas Acessíveis

Sempre devem ser previstas proteções laterais ao longo de rotas acessíveis, a fim deprevenir
riscos de queda. Quando essa rota, em nível ou inclinada, é delimitada em um ou ambos os lados por
desnível inferior e que essa distância seja igual ou menor que 0,60 m, composta por plano inclinado
com proporções de inclinação maior ou igual a 1:2, deve ser adotada uma das seguintes medidas:

• Implantação de uma margem lateral plana com pelo menos 0,60 m de largura antes do início
do trecho inclinado, com piso diferenciado quanto ao contraste tátil e visual;

• Proteção vertical de no mínimo 0,15 m de altura, com a superfície de topo com contraste
visual, em relação ao piso do caminho ou rota.

Quando rotas acessíveis, rampas, caminhos elevados ou plataformas sem vedações laterais
forem delimitados em um ou ambos os lados por superfície que se incline para baixo com desnível
superior a 0,60 m, deve ser prevista a instalação de proteção lateral com no mínimo as características
de guarda-corpo. Observar as figurasdetalhadas a seguir.

22
23
10.3Pisos Táteis

A sinalização tátil, quando instalada no piso, tem a função de guiar o fluxo e orientar os
direcionamentos nos percursos de circulação por parte da Pessoa com Deficiência visual.Os pisos são
compostos de faixas feitas a partir de placas com relevos, que podem ser percebidos pelo toque do
bastão ou bengala e também pelo solado do calçado.

A placa de piso tátil deve ter largura de 0,30 m, podendo ser, em princípio, de qualquer cor,
desde que proporcione contraste que a diferencie do restante do piso, de modo a ser facilmente
percebido pela pessoa com baixa visão. A cor preta, cinza, vermelha, amarela e azul são as mais
indicadas.

Os pisos táteis (direcional e alerta) nas calçadas de Aracaju só deverão ser executados em
casos exigidos pela Norma 9050, considerando-se a suas atualizações.

10.3.1 Piso Tátil de Alerta

As placas do piso tátil de alerta possuem relevos tronco-cônicos e devem ser instaladas nas
seguintes situações:

• Para informar às pessoas com deficiência visual sobre a existência de desníveis ou situações
de risco permanente, como objetos suspensos não detectáveis pela bengala longa, como, por
exemplo, telefones públicos com orelhão, lixeiras suspensas (mobiliários com projeções dos
elementos da parte superior maior que a base) ou com altura entre 0,60 m até 2,10 m do piso
que tenham saliências com mais de 0,10 m de profundidade.

• Indicar o início e o término de degraus, escadas e rampas, como também seus patamares, caso
existam, eas travessias de pedestres (rampas e faixas elevadas).

Fonte: NBR 9050, 2015, p.49.

24
Imagens com exemplos de mobiliários que exigem a utilização de piso tátil de alerta.

A figura a seguir apresenta possibilidades que dispensam a instalação de sinalização tátil e visual de
alerta.

Fonte: NBR 9050, 2015, p.10.


25
10.3.2 Piso Tátil Direcional

As placas de piso tátil direcional são caracterizadas por relevos lineares, têm textura com
seção trapezoidal, qualquer que seja o piso adjacente.

Esse piso deve ser utilizado e instalado nas seguintes situações:

• No sentido de deslocamento das pessoas, na ausência ou interrupção da guia de


balizamento, elemento edificado ou instalado junto aos limites laterais da área de
circulação de pedestres (geralmente muros), perceptível por Pessoas com Deficiência
visual.

NOTA: Quando o piso adjacente tiver textura, recomenda-se que a sinalização tátil direcional
seja lisa.

Fonte: NBR 9050, 2015, p.50.

10.3.3Recomendações para os Pisos Táteis

É importante que os pisos táteis sejam instalados com cuidado, de modo a não apresentar
saliências, para que eles não prejudiquem o trânsito dos demais usuários, sobretudo idosos
ecadeirantes.

O piso tátil de alerta deverá ser, preferencialmente, de cor vermelha e o direcional em cor
contrastante com o piso adjacente, preferencialmente, na cor azul ou amarela.

26
10.4 Configurações das Calçadas

As calçadas se configuram em Calçadas Existentes e Novas. Na execução ou reforma das


mesmas deverá ser consultado o órgão regulador do Município.

Dentre as calçadas existentes em Aracaju estão as calçadas especiais, que são aquelas inseridas
no centro histórico, nos condomínios fechados e todas aquelas calçadas que possuem largura inferior a
2m.

As calçadas novas ou existentes com largura igual ou superior a 2m são classificadas em:
• Calçadas com largura de 2m a3m –são divididas em duas faixas: faixa de serviço e
faixa livre.

• Calçadas com largura superior a 3m –são divididas em três faixas: faixa de serviço,
faixa livre e faixa de acesso.

Essas faixas devem ser entendidas como ordenamento e disciplinamento para as instalações
dos equipamentos e mobiliários, criadas como linhas imaginárias, dividindo o espaço da calçada para
facilitar a locação desses e priorizar a livre mobilidade dos pedestres.

10.4.1Calçadas Existentescom largura inferior a 2m

Calçadas existentes com largura inferior a 2mdevem ser adaptadas, na medida do possível. Em
caso de dúvidas, deve ser consultadoo órgão regulador.

Nesse caso, a faixa livre deve ter largura mínima de 1,20m e, em casos isolados, como, por
exemplo, no caso de transposição de postes e árvores (com extensão de no máximo 0,40m), que sejam
elementos indispensáveis, a faixa livre deve ser de 0,80m. Quando o obstáculo isolado tiver uma
extensão acima de 0,40m, a largura mínima deve ser de 0,90m.

Exemplo de calçada existente com largura inferior a 2m, em que a faixa livre deve ser sempre priorizada, sendo o ideal
mantê-la com 1,20m no mínimo.

27
10.4.2 Novas calçadas ou Existentes com largura de 2m a 2,50m

No caso de calçadas com largura igual a 2m, a faixa de serviço será de 0,80m e a faixa livre de
1,20m; neste caso não haverá faixa de acesso.

As calçadas com largura maior que 2maté 2,50m deverão manter a faixa de serviço com no
máximo0,80m, podendo-se também variar a faixa livre, sempre mantendo o mínimo de 1,20m.

Obs: nos casos onde a faixa de serviço não seja suficiente para atender àimplantação dos
mobiliáriose equipamentos urbanos, deve ser consultado o órgão competente da Prefeitura Municipal
de Aracaju para a devida deliberação.

Exemplo de calçada com 2m de largura, em que a faixa de serviço, um pouco mais larga, já permite a implantação de árvores
e outros equipamentos e mobiliários dentro dos seus limites, podendo também ser diferenciada da faixa livre através do
plantio de grama ou de outro piso adequado ao espaço urbano.

10.4.3Novas Calçadas ou Existentescom largura maior que 2,50maté 3m

No caso de calçadas com largura maior que 2,50m até 3m, a faixa de serviço máxima será de 1
m,podendo-se também variar a faixa livre, sempre mantendo o mínimo de 1,50m. Neste caso também
não haverá faixa de acesso.

Obs: nos casos onde a faixa de serviço não seja suficiente para atenderà implantação dos
mobiliários e equipamentos urbanos,deve ser consultado o órgão competente da Prefeitura Municipal
de Aracaju para a devida deliberação.

28
Exemplo de calçada com 2,5m de largura, em que a faixa de serviço com 1m de largura já permite mais facilmente a
instalação de mobiliários urbanos diversos.

10.4.4 Novas Calçadas ou Existentescom largura maior que 3maté 4m

No caso de calçadas com largura maior que 3maté 4m a faixa de serviço máximaserá de 1m, a
faixa livre de no mínimo 1,50m, podendo-se variar a faixa de acesso. Deve-se salientar que as faixas
de serviço e livre são obrigatórias, mas a de acesso é opcional na diagramação das calçadas.

Obs: nos casos onde a faixa de serviço não seja suficiente para atender àimplantação dos
mobiliários e equipamentos urbanos deve serconsultado o órgão competente da Prefeitura Municipal
de Aracaju para a devida deliberação.

Exemplo de calçada que já permite, caso desejado,a implantação da faixa de acesso (marcada em azul na ilustração). Da
mesma forma que a faixa de serviço, essa pode ser destacada da faixa livre através do plantio de grama, arbustos permitidos
ou de outro piso adequado ao espaço urbano.
29
10.4.5Novas Calçadas ou Existentescom largura maior que 4m até 5m

No caso de calçadas com largura maior que 4m até 5m, a faixa de serviço máxima será de 1m,
a faixa livre de no mínimo 2m,podendo-se variar a faixa de acesso. Deve-se salientar que as faixas de
serviço e livre são obrigatórias, mas a de acesso é opcional na diagramação das calçadas.

Exemplo de calçada mais larga, de 4m até 5m de largura, em que atendendo à priorização da faixa livre, essa deve ter no
mínimo 2,0 m de largura, no caso de ser mantida a faixa de acesso.

10.4.6Calçadas com largura maior que 5m

No caso de calçadas com largura maior que 5m, a faixa de serviço máxima será de 1m, a faixa
livre de no mínimo 2,50m, podendo-se variar a faixa de acesso. Deve-se salientar que as faixas de
serviço e livre são obrigatórias, mas a de acesso é opcional na diagramação das calçadas.

Exemplo de calçada com mais de 5m de largura, a ideal principalmente em vias de alto tráfego, dando maior tranquilidade,
bem-estar e segurança à circulação das pessoas na cidade.

30
10.5 MobiliáriosUrbanos

Devem ser localizados de forma a não interferir na visibilidade e locomoção dos pedestres e
estaremsempre inseridos na faixa de serviço ou na faixa de acesso.

Recomenda-se que todo mobiliário urbano atenda aos princípios do desenho universal.

10.5.1 Abrigos de Ônibus

Os abrigos de ônibus deverão ser implantados preferencialmente em grandes espaços públicos


como praças ou calçadas mais largas, a partir de 3 m, dentro da faixa de acesso.

Todos os abrigos devem possuir condições de acesso às Pessoas com Deficiência, atendendo
aos seguintes critérios:
• a localização do abrigo não deve obstruir a área da faixa livre;
• nenhum elemento do abrigo poderá interferir na circulação dos pedestres ou na visibilidade
entre veículos e usuários;
• caso o abrigo esteja situado sobre plataforma elevada, deve possuir rampa de acesso
atendendo aos requisitos de acessibilidade segundo a ABNT NBR 9050;
• deve haver espaço reservado e sinalizado para pessoas com cadeira de rodas, conforme as
dimensões da NBR 9050 do módulo de referência (.80x1.20)m

Fonte: NBR 9050, 2015, p.51.

Implantação adequada de abrigo de ônibus em uma calçada, observando-se a manutenção da faixa livre sem obstáculos.

Obs.: em casos especiais deve-se observar que a faixa de serviço deve ser a mínima exigida para a sua
largura (ver parâmetros estabelecidos no item anterior) e a faixa livre, dentro do limite do abrigo, deve
ter a largura mínima de 0,90 m. Em outras situações deve-se recorrer ao órgão responsável.

31
10.5.2 Telefones Públicos

Os telefones localizados nas vias públicas ou em espaços externos devem ser instalados na
faixa de serviço, com seu volume superior paralelo a linha do meio fio.

Posicionamento correto do telefone público, mais próximo à via, e com o piso tátil de alerta ao seu redor.

10.5.3 Armários de Telefonia e/ou Lógica

Os armários de telefonia e/ou lógica deverão ser implantados preferencialmente em amplos


espaços públicos como praças, largos etc. No caso das calçadas será permitida a sua instalação desde
que a faixa de serviço mínima exigida para a sua largura seja respeitada (ver parâmetros estabelecidos
no item anterior) e a faixa livre, dentro do limite do armário, tenha a largura mínima de 0,90 m.
Observar, sempre que possível, a possibilidade de intercalar o armário com outros mobiliários
urbanos, existentes na faixa de serviço, de modo a facilitar o deslocamento do pedestre, sempre
priorizando a faixa livre.

Em outros casos, os equipamentos deverão ser instalados nos recuos das edificações, sendo
voltados para as calçadas, sem quaisquer obstruções ao seu acesso. Se comprovada a inviabilidade das
soluçõesmencionadas acima, a empresa deverá buscar soluções junto ao órgão competente da
Prefeitura Municipal de Aracaju.

Modelo de implantação de armário de telefonia e/ou lógica no recuo da edificação.

32
10.5.4 Posteamento

Os postes de iluminação, sinalização pública e semáforos deverão ser implantados de acordo


com as seguintes regras:

• Instalados sempre na faixa de serviço;


• Nas esquinas deverão ser instalados entre a curvatura da calçada e a faixa de pedestre,
distando esta no mínimo 3m do ponto de início da curva, a fim de não interferirem nos
rebaixamentos de passeios e guias para travessia de pedestres.

As ilustrações mostram o posteamento ao longo da faixa de serviço e nas esquinas.

10.5.5 Bancas de Revistas

Só será permitida a instalação de bancas de revistas nas calçadas de Aracaju dentro das faixas
de acesso, garantindo as larguras mínimas das faixas de serviço e livre de acordo com os parâmetros
estabelecidos no item anterior.

33
A ilustração mostra a implantação de uma banca de revista na faixa de acesso.

10.5.6 Bancos

Podem ser instalados na faixa de acesso ou, em casos especiais, na faixa de serviço, desde que
não interfiram na faixa livre, sempre garantindo as larguras mínimas das respectivas faixas de acordo
com os parâmetros estabelecidos no item anterior.

Deve-se atentar para os riscos, sobretudo em vias de circulação rápida, podendo-se prever
mobiliários como anteparos de proteção. É importante prever, junto aos bancos, um local livre e
sinalizadopara o usuário de cadeira de rodas (0,80 m x 1,20 m), posicionado de forma a não interferir
na circulação.

10.5.7Lixeiras e Contentores para Reciclados

Quando instalados nas calçadas, devem ser localizados nas faixas de serviço, garantindo a
faixa livre de circulação. Deve-se garantir as larguras mínimas das respectivas faixas de acordo com os
parâmetros estabelecidos no item anterior. Também deve haver umespaço para aproximação de
pessoas com cadeiras de rodas e altura que permita o alcance manual do maior número de pessoas.

A ilustração mostra a implantação da lixeira na faixa de serviço e sua sinalização tátil.

34
10.6Plantio nas Calçadas

10.6.1 Arborização

Devem ser inseridas, preferencialmente, espécies nativas que são mais adequadas ao clima
local, sem possuir espinhos, princípios tóxicos perigosos ou raízes que danifiquem o piso da calçada.
Os elementos (ramos, raízes, plantas entouceiradas, galhos de arbustos e de árvores) e suas proteções
(muretas, grades ou desníveis) nunca devem interferir nas áreas de circulação de pedestres. É
necessária a realização da poda periodicamente para que os galhos estejam acima de 2,10m, altura
ergonomicamenteideal para a passagemde qualquer cidadão. As árvores não devem bloquear a
iluminação pública e respeitar distância mínima de 3m dos postes, das placas de sinalizaçãoe
distarpelo menos 6m de esquinas.Além disso, deve-se consultar a localização da infraestrutura (gás,
água, esgoto, energia, telefonia, entre outros) para que as raízes da vegetação não danifiquem esses
sistemas operacionais.

Espaçamento mínimo de árvore em relação à esquina e altura mínima livre da copa.

10.6.2 Ajardinamentos das Calçadas

Sãopermitidos os ajardinamentos das calçadas dentro do conceito da calçada livre, desde que
respeitados os seguintes pontos:

• Não poderão interferir na faixa livre, permitindo a circulação adequada de pedestres, devendo
ser implantados na faixa de serviço e/ou na de acesso, seguindo os parâmetros de configuração
das calçadas;
• Quando as áreas drenantes de árvores estiverem invadindo as faixas livres, devem ser
instaladas grelhas de proteção, niveladas em relação ao piso adjacente. As dimensões e os
espaços entre os vãos das grelhas de proteção não podem exceder 15 mm de largura.
• Devem ser interrompidos quando à frente do acesso para veículos e rampas;
• O plantio de mudas de árvores só será permitido na faixa de serviço, devendo ser implantadas
somente as espécies de pequeno e/ou médio porte (pequeno porte - até 5m; médio porte –
entre 5m e 8m).
• Nas áreas ajardinadas junto ao alinhamento do lote (faixa de acesso), somente será permitido o
plantio de grama e/ou vegetação rasteira, e/ou herbáceas e/ou subarbustos (sem espinhos e
sem princípios tóxicos perigosos), ficando restritas a essa faixa.

35
O órgão competente deverá fornecer indicações e orientações técnicas aos interessados na
implantação das áreas ajardinadas.

O cidadão é responsável pela manutenção dos ajardinamentos da calçada na extensão dos limites
do seu lote, bem como pelos seus reparos.

Dois exemplos de calçadas existentes em Aracaju: à esquerda, apresentando-se de forma inadequada, pois a grama promove
uma descontinuidade do piso dafaixa livre, dificultando a circulação; à direita, mostrando-se adequado com a gramaocupando
apenas a faixa de serviço.

Exemplo de locação ideal de árvoresnas calçadas dentro da faixa de serviço.

Uso adequado de grelha na calçada, evitando desníveis no piso.

36
10.7 Rebaixamentos das Calçadas

10.7.1 Para Circulação de Pedestres

O rebaixamento das calçadas para pedestres é um recurso que permite a travessia das vias com
conforto e segurançadas Pessoas com Deficiência ou mobilidade reduzida, facilitando também a vida
dos demais pedestres, pois atende aospreceitos do Desenho Universal.

O rebaixamento de calçada é composto por:

• Acesso principal: rebaixamento de calçada junto à travessia de pedestres, que pode


ser em rampa.
• Área intermediária de acomodação: área que acomoda o acesso principal ao nível do
passeio. Pode ser em abas laterais e rampas.

O rebaixamento de calçada deve:

• ser executado com piso de superfície regular, firme, estável e antiderrapante, sob
qualquer condição climática, preferencialmente em concreto desempenado, com
resistência de 25 MPa.
• conter piso tátil de alerta somente nas travessias seguras (faixas de pedestre). Nos
casos em que são apenas rampas de acesso de veículos a edificações, não deverá ser
instalado o piso tátil de alerta.
• ser executado de forma a garantir o escoamento de águas pluviais.

Osacessos em rampaspodem ser construídos de duas maneiras:

• na direção do fluxo de pedestres.


• paralelo ao alinhamento da faixa de travessia de pedestres.

10.7.1.1Tipos de Rebaixamento das Calçadas

De acordo com as características geométricas do rebaixamento das calçadas, temos os


seguintes tipos:

TIPO I

Composto de rampa principal, abas laterais e largura remanescente de passeio (Lr) mínima de
1,20 m, sendo:

a) Rampa principal

• não deve apresentar desnível entre o término do rebaixamento da calçada (sarjeta) e a via
pública. Porém será permitido desnível máximo de entre 05 e 20 mm, desde que este seja
executado com inclinação máxima de 50% (conforme NBR 9050) ou quando em vias com
inclinação transversal do leito carroçável superior a 5%, deve ser implantada uma faixa de
acomodação de 0,45m a 0,60m de largura ao longo da aresta de encontro dos dois planos
inclinados em toda a largura do rebaixamento.
• deve ter largura mínima de 1,50 m, recomenda-se quando possível que a largura seja igual ao
comprimento da faixa da travessia de pedestre.
• deve ter inclinação constante e não superior a 8,33% (1:12).
37
Para
ara determinação do comprimento da rampa (C)
(C utilizar a fórmula:

C = H x 100/I
Onde:
C = comprimento da rampa (metros)
I = inclinação da rampa (%)
H = altura a ser vencida, considerando a altura real do passeio no ponto de concordância com a
rampa (metros).

b) Abas laterais:

• devem ser rebaixados em ambos os lados, com inclinação de 8.33% e alinhados entre si.
si
• não devem apresentar cantos vivos com o nível do passeio.

Exemplo de rampa tipo I


A rampa também pode ser executada entre canteiros desde que respeitado a declividade de
8.33% e a largura do rebaixamento deve ser igual ao comprimento da faixa de pedestre.

TIPO II

Usado quando a largura do passeio não for suficiente para atender o rebaixamento e a faixa
livre com largura de no mínimo 1,20m.

Composto de: plataformas principais (calçadas), rampas principais, plataforma intermediária


(acesso principal) com largura mínima de 1.20 m.

a) Plataformas principais (calçadas)

b) Rampas principais

38
Para determinação do comprimento das rampas (C) utilizar a fórmula:
C = H x 100/I
Onde:
C = comprimento da rampa (metros)
I = inclinação da rampa (%)
H = altura a ser vencida, considerando a altura real do passeio no ponto de concordância com a
rampa (metros).

• ter inclinação constante e não superior a 8,33%(1:12).

c) Plataforma intermediária (acesso principal)

• deve ter largura mínima de 1.50 m, entretanto quando inferior a esta deve manter a largura
total do passeio existente.
• deve ser plana e não apresentar desnível entre o término do rebaixamento da calçada (sarjeta)
e a via pública. Porém será permitido desnível máximo de entre 05 e 20 mm, desde que este
seja executado com inclinação máxima de 50% (conforme NBR 9050) ou quando em vias com
inclinação transversal do leito carroçável superior a 5%, deve ser implantada uma faixa de
acomodação de 0,45m a 0,60m de largura ao longo da aresta de encontro dos dois planos
inclinados em toda a largura do rebaixamento.
• o comprimento deve ter largura mínima de 1,50 m, recomenda-se quando possível que a
largura seja igual ao comprimento da faixa da travessia de pedestre.

Exemplo de rampa tipo II

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TIPO III

Faixa elevada para travessia

A faixa elevada quando instalada deve atender a legislação específica (Código de Trânsito Brasileiro).

Exemplo de rampa tipo III

Travessias em canteiros

Nas situações entre vias(canteiros) deverão ser instaladas rampas onde existir sinalização de
faixa de travessia segura, executadas com parâmetros apresentados acima (Tipo I ou Tipo II).

No caso em que os canteiros tenham largura inferior a 3,60m, toda sua largura deve ser
rebaixada ao nível da via, sendo permitido desnível máximo de entre 5 e 20 mm, desde que este seja
executado com inclinação máxima de 50% (conforme NBR 9050) ou quando em vias com inclinação
transversal do leito carroçável superior a 5%, deve ser implantada uma faixa de acomodação de 0,45m
a 0,60m de largura ao longo da aresta de encontro dos dois planos inclinados em toda a largura do
rebaixamento.

40
10.7.1.2Aplicação de Piso Tátil de Alerta nos Tipos I, II e III

TIPO I
• deverá ser instalado piso tátil de alerta acompanhando a rampa principal e as abas laterais,
com largura (Lp) de 0.30m, e quando for entre canteiros na parte superior da rampa.

TIPO II
• deverá ser instalado piso tátil de alerta entre a plataforma intermediária e as rampas
principais, bem como entre as rampas principais e as plataformas principais (nível da calçada).

TIPO III
• deverá ser instalado piso tátil de alerta no encontro do passeio com a faixa elevada.

10.7.1.3Critérios para Rebaixamento das Calçadas

É obrigatório o rebaixamento de calçada junto à faixa de travessia de pedestres, exceto quando


as características do local, taiscomo declividade do passeio e interferências irremovíveis, entreoutras
possibilidades, comprometerem a segurança viária e foremlocais onde os pedestres não possam fazer a
travessia.Nesses casos deve ser procurado o órgão competente, para buscar soluções como por
exemplo, novas rotas acessíveis de circulação e travessia segura.

Quanto à Largura da Calçada

A escolha do tipo de rebaixamento, determinada em função da largura remanescente do


passeio (Lr),obedece ao seguinte critério de prevalência:

a) Tipo I – Deve ser preservada uma largura remanescente do passeio (Lr) maior ou igual a 1,20 m,
medida entre a rampa principal e oalinhamento do imóvel, para permitir o acesso depedestres e
pessoas que se deslocam com o usode cadeira de rodas.

b) Tipo II – Deve ser utilizado quando a largura remanescente do passeio resulta menor que 1,20 m,
nos casos em que não é possível adotaro Tipo I.

c) Tipo III – Pode ser utilizado nos casos de calçadas largas ou estreitas, contanto que atenda
legislação especifica.

10.7.2 Para Circulação de Veículos

As rampas para acesso de veículos não podem, em hipótese nenhuma, interferir na faixa livre.
Além disto, as entradas para veículos devem atender aos requisitos a seguir:

• localizar-se dentro da faixa de serviço junto à guia ou dentro da faixa de acesso junto aos
imóveis, não obstruindo a faixa de livre circulação.

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• possuir um degrau separador entre o nível da rua e a concordância com o rebaixamento, com
altura média de 2 cm.
• conter abas de acomodação lateral para os rebaixamentos de guia e implantação de rampas
destinadas ao acesso de veículos quando eles intervierem, no sentido longitudinal, em áreas de
circulação ou travessia de pedestres.
• eventuais desníveis entre o lote e o passeio devem ser resolvidos preferencialmente dentro do
imóvel, de forma a não criar degraus ou desníveis abruptos.

As ilustrações mostram que a rampa de acesso de veículos a qualquer entrada de garagem, estacionamento etc, só pode ser
implantada dentro da faixa de serviço. Também destacam a exigência de colocação do piso tátil direcional na ausência de
guia de balizamento (elevação formada por parede, muro, jardineira etc), servindo como linha-guia. Assim, essa faixa de piso
direcional deve ser locada onde poderia haver em tese um muro separando o espaço público do privado.

Os locais destinados a postos de gasolina, oficinas, estacionamentos ou garagens de uso


coletivo deverão ter suas entradas e saídas devidamente identificadas, na forma regulamentada pelo
Contran (Código Brasileiro de Trânsito – Art. 86), bem como devem ser sinalizados, em todo o seu
perímetro, com piso tátil direcional onde não houver o guia de balizamento (paredes ou meio fio).

O rebaixamento de guia para acesso de veículos aos postos de gasolina e similares não poderá
ultrapassar7metros contínuos, ficando vedado o rebaixamento integral das esquinas. Outras definições
são encontradas na Lei Municipal nº 2.529.
42
As ilustrações mostram que a rampa de acesso de veículos aqualquer entrada de uma garagem e posto de gasolina só pode
serimplantada dentro da faixa de serviço.Destaca-se novamente a exigência de colocação do piso tátildirecional na ausência
de guia de balizamento.

10.8 - Esquina

Ponto de cruzamento entre vias, a esquina é o lugar onde ocorrem, de forma mais intensa, as
travessias e a aglomeração de pedestres. Por coincidência, o local também concentra o maior número
de interferências sobre a calçada, como postes e placas de sinalização e caixas de serviços públicos,
entre tantas outras barreiras à livre circulação. Mas os obstáculos afetam também a intervisibilidade
entre pedestres e veículos, gerando uma situação de risco para ambos.

Todos os equipamentos ou mobiliários colocados na proximidade de esquinas deverão seguir


critérios de localização de acordo com o tamanho e a influência na obstrução da visibilidade, conforme
os critérios estabelecidos no Código de Trânsito Brasileiro - CTB e na NBR 9050,da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT ou norma técnica oficial superveniente que a substitua.

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A ilustração sintetiza uma esquina ideal, com posicionamento correto dos postes e das rampas para deficientes e faixas de
pedestres, promovendo travessias seguras.

O alargamento das esquinas é um mecanismo que reduz o tempo de travessia dos pedestres e
aumenta a área da calçada, acomodando um maior número de pedestres diante da travessia.

As esquinas precisam comportar a demanda de pedestres com conforto e segurança. Para isso, devem
atender aos seguintes requisitos:

• possuir rebaixamento de calçadas e guias (rampas) ou faixas elevadas para possibilitar a


travessiade todos os usuários com confortoe segurança, igualitariamente.
• estar livre de interferências visuais e físicas até a distância de 5mdo alinhamento do bordo da
via transversal.
• os postes de sinalização de tráfego devem ser locados de modo a não interferir na faixa de
circulação livre e rebaixamento de passeios e guias.
• nas esquinas não deve haver acesso a estacionamentos de veículos, pois prejudica a
circulaçãodos pedestres na travessia.

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11. Referências

ARACAJU. Lei n°. 13, de 03 de junho de 1966. Código de Obras do Município de Aracaju. Disponível em:
http://www.aracaju.se.gov.br/userfiles/seplan/arquivos/planodiretor2010/Codigo_Obras_Edificacoes.pdf. Acesso
em: 21 de out. 2013.

ARACAJU. Lei Municipal n°. 1.687/91, de 27 de março de 1991. RegulamentaoArt. 16 da LeiOrgânica, que
diz respeito à garantia de acesso adequado aos portadores de deficiência física ou mental aos
bens e serviços coletivos, logradouros e edificações de uso público. Disponível em:
http://www.aracaju.se.gov.br/contribuinte/downloads/lei168-7.pdf. Acesso em: 21 de out. 2013.

ARACAJU. Lei Complementar n°. 042, de 04 de outubro de 2000, que institui o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Aracaju. Disponível em:https://www.leismunicipais.com.br/a/se/a/aracaju/lei-
complementar/2000/4/42/lei-complementar-n-42-2000-institui-o-plano-diretor-de-desenvolvimento-urbano-de-
aracaju-cria-o-sistema-de-planejamento-e-gestao-urbana-e-da-outras-providencias-2000-10-04.html. Acesso em:
21 de out. 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações,


mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

BRASIL, Código de Trânsito Brasileiro. Instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997,
Brasília:DENATRAN, 2008. Disponível em
http://www.denatran.gov.br/publicacoes/download/ctb_e_legislacao_complementar.pdf. Acesso em: 21 de out.
2013.
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana. Brasil Acessível:
programa brasileiro de acessibilidade urbana. 4ª Ed. Brasília, 2007.

BRASILIA. Decreto nº 5296, de 02 de dezembro de 2004, Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro
de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que
estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm. Acesso em: 21 de out. 2013.

LAZZARI, Carlos F .e WITTER, Ilton R. Nova Coletânea de Legislação de Trânsito. Porto Alegre: Editora
Sagra Luzzatto, 2001.

MONTENEGRO, Nadja G. S.; SANTIAGO, Zilsa M. P.; SOUSA, Valdemice C. de, Guia
deAcessibilidade:Espaço Público e Edificações. Fortaleza: SEINFRA-CE, 2009. Disponível em:
http://www.maragabrilli.com.br/files/GUIA_DE_ACESSIBILIDADE_CEARA.pdf. Acesso em: 21 de out. 2013

PALMAS. Ministério Público do Estado do Tocantins. Acessibilidade para uma cidade melhor. Palmas, 2008.
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SÃO PAULO. Decreto nº 45.904, de 19 de maio de 2005, regulamenta o artigo 6º da Lei nº 13.885, de 25 de
agosto de 2004, no que se refere à padronização dos passeios públicos do município de São Paulo. Disponível
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http://www.mobilize.org.br/midias/pesquisas/mobilidade-acessivel-na-cidade-de-sao-paulo.pdf. Acesso em 21 de
out. 2013.
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PROJETO CALÇADA LIVRE
Colaboradores:

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