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O editorial do jornal New York Times do dia 12 de Setembro de 2001 referia: “Com o que
estamos a viver agora, para além do choque e para além da coragem demonstrada nas ruas de
Nova York e Washington ontem, é um impulso para represálias. Mas estamos numa época em
que a vingança é complicada, quando é difícil conciliar o desejo de retaliação com a
necessidade de certezas. Nós sofremos por um acto de guerra sem qualquer nação inimiga
para batalhar. Os mesmos meios de comunicação que nos mostraram imagens do World Trade
Center a cair, mostram-nos também os civis que vivem nos mesmos locais dos terroristas cujas
vidas são tão normais e tão preciosas quanto aquelas que acabámos de perder”.
Do ponto de vista político, com os acontecimentos deste dia tudo a nível mundial mudou. Nos
Estados Unidos, a mudança foi enorme e alterou profundamente a forma como este país
passou a ver o mundo. Mas os EUA arrastaram quase todos os outros países para a mudança.
O que se seguiu teve influência em milhares de soldados que invadiram o Afega nistão e depois
o Iraque. Até Portugal, este pequeno país à beira mar plantado , foi significativamente afectado
com o ataque às torres gémeas. Muitos dos nossos soldados estão no Afeganistão, o que seria
um cenário impensável antes esta situação. E mesmo a Base das Lajes, nos Açores, serviu de
palco à decisão de avançar para o ataque ao Iraque e consequente derrube do ditador.
A decisão de avançar para um cenário de guerra para o Afeganistão e para o Iraque não foi
uma decisão fácil e teve sérias consequências que perduram até ao dia de hoje. Foi
relativamente fácil chegar a Bagdad, mas está a ser um inferno para sair de cabeça erguida e
alguma dignidade. As lições que a guerra do Vietname ensinou parece não terem sido
suficientemente estudadas, e levaram os EUA para um enorme impasse que está a custar um
número elevado de baixas, o que foi decisivo para a saída dos Republicanos da Casa Branca. E,
facto curioso mas previsível, os seus congéneres e apoiantes europeus acabaram por ter uma
sorte semelhante quando o povo foi chamado a votar.
Mas a grande questão que o ataque às torres levanta é a guerra religiosa que está a dividir
cada vez mais os povos. O confronto entre o mundo cristão ocidental e o mundo islâmico
parece estar para durar, quaisquer que venham a ser as decisões políticas, porque enquanto
no mundo ocidental existe uma clara separação entre o papel do Estado e o papel da religião,
no mundo muçulmano essa separação não existe, pelo que os li deres políticos acabam por
decidir de acordo com os pensamentos baseados em questões religiosas.