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À laia de editorial sobre o 11 de Setembro

O dia que marcou o início do século XXI

Pode afirmar-se que, de facto, o século XXI teve início no dia 11 de


Setembro de 2001, com o ataque às Torres Gémeas do World Trade
Center em Nova York, e ao Pentágono em Washington. Este é o primeiro acontecimento deste
século que provoca a ruptura com o século XX. Por isso, a questão que hoje é relevante é:
onde estavas no 11 de Setembro?

O editorial do jornal New York Times do dia 12 de Setembro de 2001 referia: “Com o que
estamos a viver agora, para além do choque e para além da coragem demonstrada nas ruas de
Nova York e Washington ontem, é um impulso para represálias. Mas estamos numa época em
que a vingança é complicada, quando é difícil conciliar o desejo de retaliação com a
necessidade de certezas. Nós sofremos por um acto de guerra sem qualquer nação inimiga
para batalhar. Os mesmos meios de comunicação que nos mostraram imagens do World Trade
Center a cair, mostram-nos também os civis que vivem nos mesmos locais dos terroristas cujas
vidas são tão normais e tão preciosas quanto aquelas que acabámos de perder”.

Do ponto de vista político, com os acontecimentos deste dia tudo a nível mundial mudou. Nos
Estados Unidos, a mudança foi enorme e alterou profundamente a forma como este país
passou a ver o mundo. Mas os EUA arrastaram quase todos os outros países para a mudança.
O que se seguiu teve influência em milhares de soldados que invadiram o Afega nistão e depois
o Iraque. Até Portugal, este pequeno país à beira mar plantado , foi significativamente afectado
com o ataque às torres gémeas. Muitos dos nossos soldados estão no Afeganistão, o que seria
um cenário impensável antes esta situação. E mesmo a Base das Lajes, nos Açores, serviu de
palco à decisão de avançar para o ataque ao Iraque e consequente derrube do ditador.

A decisão de avançar para um cenário de guerra para o Afeganistão e para o Iraque não foi
uma decisão fácil e teve sérias consequências que perduram até ao dia de hoje. Foi
relativamente fácil chegar a Bagdad, mas está a ser um inferno para sair de cabeça erguida e
alguma dignidade. As lições que a guerra do Vietname ensinou parece não terem sido
suficientemente estudadas, e levaram os EUA para um enorme impasse que está a custar um
número elevado de baixas, o que foi decisivo para a saída dos Republicanos da Casa Branca. E,
facto curioso mas previsível, os seus congéneres e apoiantes europeus acabaram por ter uma
sorte semelhante quando o povo foi chamado a votar.

Mas a grande questão que o ataque às torres levanta é a guerra religiosa que está a dividir
cada vez mais os povos. O confronto entre o mundo cristão ocidental e o mundo islâmico
parece estar para durar, quaisquer que venham a ser as decisões políticas, porque enquanto
no mundo ocidental existe uma clara separação entre o papel do Estado e o papel da religião,
no mundo muçulmano essa separação não existe, pelo que os li deres políticos acabam por
decidir de acordo com os pensamentos baseados em questões religiosas.

A.M. Santos Nabo, 11 de Setembro de 2010

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