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Foi iniciada uma rebelião com apoio social massivo no seio da União Européia. Isso reforça a
possibilidade de caminhar rumo à República Catalã, objetivo que requer maiores graus de auto-
organização popular e a realização de um processo constituinte capaz de frear a contrarrevolução
anunciada pelo discurso do Rei Felipe VI na noite de três de outubro. Não por acaso proferido com
o pano de fundo do retrato do rei espanhol que anexou a Catalunya. (nota de tradução)
O monarca Felipe VI, enquanto chefe do Estado e Rajoy, o governo e o partido corrupto, com o
apoio de PSOE e Cs e dos grandes meios de comunicação iniciaram uma campanha de calúnias,
mentiras e desprestígio do movimento popular catalão. Nã desprezemos tal dado, pois é um fator de
doutrinação das classes populares do Estado espanhol e da comunidade européia para enfrentar o
povo catalão e para subordiná-los com a desculpa da "unidade da nação espanhola". O objetivo do
bloco de poder é justificar aos olhos dos cidadãos do Estado espanhol e em nível internacional
novas e mais repressivas medidas, que incluem a detenção de líderes civis e políticos catalãos, o
fechamento ou amordaçamento dos poucos meios de comunicação não submetidos e a suspensão
das instituições controladas pelo governo espanhol em território catalão.E outa medida, mais grave:
prolongar a presença de forçass policiais e militares controladas pelo governo espanhol no território
catalão.
Foi iniciado una titubeante ruptura institucional que com toda certeza vai se radicalizar frente aos
golpes repressivos do Estado. É difícil prever os ritmos e formulações que acabará adotando, mas o
enfrentamento é inevitável. Há dois elementos chave: esforçar se para manter una estratégia mais
pacífica possível, evitando provocações, com o intuito de não oferecer nenhum pretexto ao Estado
espanhol para desencadear uma repressão mais dura e dividir o movimento; o que estão bastante
1 O tradutor se reserva o direito de manter a grafia original – Catalunya – como singela homenagem a esta região de
centenária tradição de lutas, resistência e liberdade.
2 Com a morte do General Franco, o retorno à democracia e à monarquia foi mediado entre as forças políticas no
chamado Pacto de Moncloa, que moldou as instituições políticas atuais da Espanha. (N. Do T.)
dispostos a fazer. Ou trabalhar na extensão da resistência à repressão tanto no mundo do trabalho
catalão, tanto numa aliança ampla antirrepressiva, democrática e pelas liberdades no conjunto do
Estado espanhol e na solidariedade mais massiva possível na opinião pública internacional.
Desde os dias 6 e 7 de setembro existem duas legitimidades e dois ordenamentos jurídicos opostos.
O fosso entre ambos só pode aprofundar-se de modo irreversível. A falta de clareza, firmeza e
decisão de grande parte das esquerdas somente possibilita soprar vento nas velas da
contrarrrevolução e ser um obstáculo à viragem à esquerda dada ao ascenso republicano na
Calalunya. As esquerdas que reinvidicam o socialismo e o movimento operário na Espanha e na
Calalunya não podem se omitir e tem o dever de assumir suas responsabilidades. A tarefa que
enfrentam é impulsionar um processo que aprofunde a ruptura democrática em todo o Estado; tendo
em conta que a situacão e os ritmos são diferentes na Catalunya, em comparação com o resto do
Estado espanhol. Na Catalunya devem disputar a direção política desta incipiente revolução
política, situando as questões sociais, democráticas, ambientais e emancipatórias no centro do
debate constituinte que se instalará nas próximas semanas. O mesmo deverá ser feito, esperamos
que seja o mais breve possível, no resto do Estado espanhol. Também é dever da esquerda e do
movimento dos trabalhadores internacionais organizar campanhas amplas de apoio ao movimento
catalão e denunciar a campanha contrária orquestrada pela classe dominante e seus meios de
comunicacão.
A possibilidade de impulsionar a luta de classe dos trabalhadores com agenda própria e intentar uma
nova hegemonia social anticapitalista existe. Ela depende da afirmação da capacidade dos
trabalhadores e trabalhadoras para atuar politicamente em relação ao resto das classes sociais para
recolocar a questão nacional, rompendo com o corporativismo e o economicismo passivo. Há de se
trabalhar duramente para reduzir a distância entre o necessário e o possível.
A mobilização de massas ocorrida a 3 de outubro, com a greve geral convocada, faz a Calalunya
lançar as bases de uma mudança do movimento dos trabalhadores organizados no processo político
e da generalização de dinâmicas de auto-organização nos bairros (Comitês de Defesa de Referência
e Recrutamento que estão em processo de se converterem em Comitês de Defesa da República),
nas localidades e alguns centros de trabalho. A base social do movimento se massifica, os partidos
nacionais, a Assembléia Nacional Catalana e o Omnium Cultural3, que é o próprio "processo
independentista". Tudo isso assinala o ascenso dos setores mais dinâmicos e radicais da classe
trabalhadora.
A crise em curso não é somente uma rebelião catalã; é sobretudo uma crise de Estado na qual se
digladiam duas forças: a esquerda momentaneamente minoritária (fundamentalmente nossos
companheiros Anticapitalistas4 e correntes significativas da esquerda sindical, os movimentos
sociais, Podemos5 e partidos de esquerda em geral, assim como correntes nacionalistas de
esquerda). E no outro lado do espectro político a extrema direita mobiliza-se contra o relógio para
ocupar as ruas. É provavel que a curto prazo, no resto do Estado espanhol, as forças mais
beneficiadas pela crise sejaê a extrema direita. Daí a urgencia de que as esquerdas emergentes sejam
capazes de abrir un segundo frente que alivie a pressão repressiva sobre a Catalunya tomando
Por isso é fundamental apoiar a luta catalã na medida em que é um exemplo de desobediência civil
de massas mais impressionante das últimas décadas e constitui um verdadeiro laboratório para as
revoluções cidadãs do século XXI e que podo contribuir para romper a espiral rumo à barbarie em
quem tem nos mergulhado a decadência do sistema capitalista mundial. Em tempos em que as
classes trabalhadoras e populares estão sofrendo duros ataques por parte dos capitalistas em toda a
União Européia, com profundos ataques contra os direitos democráticos, a rebelião do povo da
Catalunya é um sinal para recuperar a esperança na ação coletiva dos oprimidos e explorados.
É muito mais que uma coincidência histórica que a bandeira independentista catalã se inspire
diretamente na bandeira dos revolucionários cubanos. No final do século XIX, os cubanos
derrotaram o exército colonial espanhol na ilha de Cuba, derrota que contribuiu decisivamente para
a ruína da primeira tentativa de Restauração do reacionarismo da dinastia Bourbon. Com toda
certeza, a luta em curso na Catalunya feriu gravemente a monarquia espanhola e uma vitória
republicana permitiria vislumbrar um novo ascenso do movimento popular e uma atualização do
horizonte anticapitalista e ecossocialista na Catalunya, Espanha e Europa.
Solidariedade e mobilização
Pela República catalã! Pela auto-organização popular e pela realização de uma Constituinte
democrática!