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RESUMO
DONALDSON, Lex. Teoria da contingência estrutural. In: CLEGG, Stewart, HARDY, Cynthia,
NORD, Walter. (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais. v. 1. São Paulo Atlas, 1999. Cap. 3.
eficaz em ambientes estáveis com baixo nível de incerteza e o modelo orgânico sistêmico mais indicado para
ambientes complexos e incertos.
A síntese da teoria está posta nos trabalhos de Burns e Stalker (1961), citado no artigo como enunciado
seminal da abordagem contingencial. Para estes autores, tanto a abordagem mecanicista e a orgânica tem seu
valor desde que aplicadas conforme à conjuntura. De forma complementar, os estudos de Woodward (1965)
são indicativos do mesmo princípio, onde a medida em que a complexidade tecnológica avança a estrutura
transita de mecanicista para orgânica.
A linha comum dos diversos autores apresentados no artigo está no foco principal da teoria, onde a estrutura
é moldada de maneira a satisfazer a necessidade do ambiente e das tarefas decorrentes. É destacado como
referência os trabalhos de Lawrence e Lorsh (1967), que dão origem ao nome “teoria da contingência”, onde
determinaram que a mudança ambiental tem relação direta com a diferenciação e a integração
organizacional.
A relação entre a estratégia e o modelo estrutural das organizações, se dão a partir de Chandler (1962), onde
a estratégia determina a estrutura e esta se adequa ao ambiente visando desempenho. Quando maior a
diversificação e complexidade dos produtos, mais complexo seriam as estruturas para atender a mercados
diferenciados. A inovação ambiental leva a organização a aumentar o grau de inovação, causa imediata de
uma estrutura orgânica.
O estudo apresenta evidências da relação entre a contingência e a estrutura organizacional, porém indica
preocupações quanto a necessidade da realização de estudos adicionais por pesquisadores independentes, a
fim de confirmar o mesmo fenômeno. O artigo caponta os estudos do Grupo de Aston (1971), que testou as
múltiplas dimensões de estruturas organizacionais, porém não obteve sucesso em comprovar replicações do
fenômeno.
Com a necessidade de testes, surgem os críticos, alegando não existir uma teoria da contingência, mas apenas
uma coleção de teorias que configuram uma “abordagem contingencial”. Essa crítica é rebatida com o que os
Donaldson (1987) chamou de “teoria da adaptação estrutural para readquirir adequação”. Inicialmente a
organização estaria adequada e, após alteração da contingência se tornaria inadequada com declínio de
desempenho, modifica sua estrutura e volta ao desempenho superior, fechando um ciclo de mudanças
contínuas.
Na contramão da contingência, estão ressaltados outros autores como Perrow (1986), Pfeffer e Salancik
(1978), sustentando que as organizações podem influenciar o ambiente de forma a se benefiarem do mesmo,
transformando-o mais favorável aos seus objetivos estratégicos. Outros autores são citados como Drazin e
Van de Vem (1985), ressaltam o conceito de “multiestruturação”, que vai além das variável contingencial e
estrutural, estendendo a um universo mais abrangente.
Outros paradigmas são confrontados no estudo, demonstrando que a teoria da contingência estrutural não é
uma universalidade, principalmente nos anos 70, com o surgimento de outras teorias como a teoria
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institucional nos EUA e teoria do agenciamento no Reino Unido, citadas no artigo por Meyer (1970) e
Silverman (1970) respectivamente. Desta forma, mesmo sem ser unanimidade, a teoria contingencial da
estrutura pode ser considerada como o eixo principal no campo dos estudos da estrutura organizacional.
O autor conclui que a teoria contingencial surge de um “gap” entre os pressupostos da administração clássica
e da escola de relações humanas, tornando-se uma síntese para uma teoria mais ampla, onde seus
proponentes afirmam que ela contribuirá majoritariamente para a nova síntese, enquanto outras propostas
teóricas defendem que a teoria da contingência estrutural contribuirá apenas com com uma parte menor,
sendo este um dos principais debates sobre o futuro imediato dos estudos organizacionais.