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A secular história da impressão

A secular história da impressão foi muito marcada pela evolução, ora


lenta, ora acelerada, dos equipamentos gráficos.
É a Johann Gensfleish Guntenberg (1397-1468), nascido na Móguncia
(Alemanha), que se deve a criação do processo de impressão com
caracteres móveis - "a tipografia". Tanto o seu pai como seu tio eram
funcionários da Casa da Moeda do arcebispo de Móguncia, onde
provavelmente Johann aprendeu a arte da precisão em trabalhos de
metal.

Em 1428, Gutenberg parte para Estrasburgo onde fez as primeiras


tentativas de impressão com caracteres móveis e passou a divulgar a
sua idéia. Nesta cidade teria, em 1442, impresso o primeiro exemplar
na sua prensa original - um pedaço de papel com onze linhas.

Em 1448 volta para Mogúncia e em 1450 conhece Johann Fust, homem


rico que lhe fizera um empréstimo de 800 ducados. Em troca exige-lhe
a participação nos lucros da empresa que então formaram e
denominaram "Das Werk der Buchei" (Fábrica de Livros). Pouco tempo
depois, a sociedade ganha um novo sócio, Pedro Schoffer. Este
descobriria o modo de fundir e fabricar caracteres, aliando o chumbo ao
antimónio, devendo-se a ele também a criação de uma tinta composta
de negro de fumo. Mas é a Gutenberg que a história atribui o mérito
principal da invenção da imprensa, não só pela idéia dos tipos móveis
mas também pelo aperfeiçoamento da prensa, que até então era
utilizada para cunhar moedas, espremer uvas, fazer impressões em
tecido e acetinar o papel.

Entre os primeiros impressos produzidos estão várias edições do


"Donato" e bulas de indulgências concedidas pelo Papa Nicolau V. No
início da década de 1450, Gutenberg iniciou a impressão da célebre
Bíblia de quarenta e duas linhas (em duas colunas). Com cada letra
composta à mão e com cada página laboriosamente colocada na
impressora, tirada, seca e depois impressa no verso, parece quase
impossível que alguém tivesse coragem para começar. Supõe-se que
Gutenberg imprimia cerca de trezentas folhas por dia, utilizando seis
impressoras. A Bíblia têm 641 páginas e pensa-se que foram produzidas
cerca de trezentas cópias, das quais existem cerca de quarenta.
Os peritos reconhecem que a Bíblia foi impressa em dez partes, o que
significa que Gutenberg deve ter possuído tipos suficientes para
imprimir cerca de 130 páginas de cada vez.

Em 1455, depois de realizada esta impressão, a sociedade desfez-se


por diferenças de interesses e direitos, suscitando-se entre Fust e
Gutenberg tal dissidência, necessitando inclusive intervenção judicial. O
resultado do julgamento determinou a compensação da dívida. Fust
ficou com todo o negócio de Gutenberg: a impressora, os tipos e as
Bíblias já completas. Nesse mesmo ano houve a publicação da "Bíblia
de quarenta e duas linhas".

A tipologia apresentou uma acentuada evolução apenas quatro séculos


depois (final do séc. XIX) com a construção do prelo de Stanhope, o
primeiro totalmente em ferro. Lord Charles Stanhope (1753-1816),
filantropo inglês, concebeu por volta de 1795 um prelo para publicar as
suas obras. As suas principais inovações foram a pressão regulável
através de um alavanca, as calhas oleadas onde desliza o cofre e a
capacidade, dada a sua força de pressão, de imprimir de uma vez só
toda a superfície da forma. Devido a um contra-peso no braço (alavanca
de pressão) regressava automaticamente à sua posição inicial.
Com estas melhorias no sistema de prensagem e na entintagem (feita
manualmente com as chamadas "balas"), já era possível uma produção
de 100 exemplares/hora. A sua difusão no restante continente europeu
foi muito rápida. Depois de estar já há algum tempo a serviço do jornal
inglês "Times", chega à França em 1814. O escritor e também
impressor Honoré de Balzac descreve ao longo das páginas do livro
"Ilusões Perdidas", editado em 1837, as transformações e
conseqüências da importação para França deste tipo de prelo.

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