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A Moreninha

A Moreninha é um romance do escritor brasileiro Joaquim Manuel de


Macedo (1820-1882). Considerada um enredo leve dentre as obras do
Romantismo, a narrativa conta a história de um casal que se apaixona, mas
enfrenta alguns obstáculos pela tensão entre “entregar-se” e “cumprir uma
promessa de infância”. Conheça a seguir um pouco mais sobre esse livro que
já foi adaptado para filmes e novelas!

Resumo da Obra

Composto por 23 capítulos e epílogo, o romance foi publicado em 1844 e versa


sobre o amor entre Dona Carolina (a Moreninha) e Augusto. Ele é um
estudante de medicina da classe burguesa que vive em festas com os amigos.
Certo dia, Filipe o convida com outros colegas para passar um feriado na casa
de sua avó na ilha de “…” (isso mesmo, a ilha é referenciada na obra por três
pontinhos).

Filipe sugere que os amigos vão se interessar por suas primas ou por sua irmã,
Carolina. E, pelo fato de Augusto ser muito namorador, mas sem
relacionamentos duradouros, Filipe faz uma aposta com ele: caso Augusto se
apaixone verdadeiramente na viagem, deve escrever um romance, caso não,
Filipe é quem o escreverá. Na ilha, os amigos entregam a personalidade de
Augusto em um jantar, isso faz com que as moças o desprezem, exceto
Carolina.

Em um passeio com a avó de Filipe, Augusto revela ser assim devido a


desilusões amorosas. Ele conta que, na infância, apaixonou-se por uma
menina com quem brincara na praia e trocara amor eterno, por isso não
consegue se relacionar com mais ninguém. Entretanto, apaixona-se por
Carolina e, ao final do romance, descobre que ela é a menina de sua infância.
Assim, para cumprir a aposta, escreve este livro.

Personagens
As personagens são típicas da burguesia carioca do século XIX, com seus
comportamentos, costumes, lazer e relacionamentos. A seguir, veja os papéis
de cada uma na história:

• Filipe: estudante de medicina que convida os colegas de curso para


passarem o feriado na casa de sua avó;
• Fabrício: um dos amigos de Filipe. Na ilha, ele tenta se livrar de
Joaquina;
• Leopoldo: o mais animado do grupo de amigos;
• Augusto: o mais namorador do grupo. Apaixona-se fácil, mas é
inconstante nos relacionamentos que não duram muito, por isso ele
afirma nunca ter amado verdadeiramente;
• Carolina: a Moreninha. Menina travessa e espontânea, tem 14 anos, é
irmã de Filipe e mora na ilha com a avó;
• Dona Ana: dona na casa na ilha e avó de Filipe. Uma senhora de 60
anos gentil e compreensiva que ama Carolina, a quem cria após ter
ficado órfã;
• Joana: prima de Filipe, tem 17 anos e é morena;
• Joaquina: também é prima de Filipe, tem 16 anos sendo loura de olhos
azuis.

Agora que você já conhece as personagens e seus papéis na trama, confira


uma análise da obra com informações sobre o contexto histórico em que ela
foi escrita.

Análise
Narrada em tempo cronológico e linear, a história retratada no romance ocorre
em três semanas e meia. Um amor que nasce na pureza da infância e persiste
ao longo dos anos é retomado em meados do romance e delineia um
relacionamento difícil que acontece na primeira metade do século XIX. A
seguir, compreenda melhor essa época.

Contexto histórico

A Moreninha foi a primeira obra publicada no formato de folhetim, com uma


parte do texto lançada semanalmente no jornal. A obra também marca o início
da prosa do Romantismo no Brasil. Joaquim Manoel de Macedo estudou
medicina, mas nunca exerceu a profissão, dedicando-se à literatura. Fazendo
parte desse contexto sociocultural, sua obra abordou os hábitos e a
organização do Rio de Janeiro no século XIX, por isso caiu no gosto do público.

A Moreninha retrata os hábitos da juventude carioca desse período, com seus


saraus, piqueniques, namoros e costumes. Assim, forneceu valores e padrões
de conduta ao leitor da época. Abaixo, leia mais algumas características
importantes do romance.
Características da obra
Macedo escreveu a história de um amor impossível, repleto de obstáculos e
dúvidas, além de uma pitada de suspense e de humor. Confira outros pontos
de destaque na obra:

• O amor puro e idealizado é o tema central da narrativa com uma


história que começa na infância e tem final feliz quando os
personagens se reencontram;
• O narrador é onisciente em terceira pessoa, descrevendo tudo o que vê.
Entretanto, em alguns momentos o narrador é Augusto, pois é ele quem
relata a aposta feita com Filipe;
• A linguagem do romance é simples com uso do discurso direto,
características que expressam espontaneidade nas falas das
personagens e dão o tom coloquial da juventude;
• A subjetividade das personagens e a exaltação da natureza na
composição do cenário da obra expressam traços do Romantismo;
• A obra é considerada um romance urbano por retratar a vida cotidiana
da burguesia carioca, como a tradição religiosa da festa de Sant’Ana que
vira motivo para a viagem dos amigos;
• Apesar da pouca diferença de idade em relação às suas primas, a
Moreninha é caracterizada de forma muito diferente delas: como uma
moça brincalhona, espontânea e doce. Tanto ela quanto Augusto são
um pouco infantilizados na narrativa.

Um dos fatos que guia a história é a lenda da gruta. Dona Ana conta a Augusto
que uma indígena Ttamoia chorou sobre o rochedo até formar uma fonte
porque foi desprezada por seu amor. Esse, por sua vez, dormiu na gruta e bebeu
das lágrimas dela, assim se apaixonou. Por isso, a água da gruta é milagrosa e
quem bebe dela adivinha os segredos dos outros.

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