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De forma geral, a sua linguagem é simples e prende o leitor com um leve suspense. Além disso, como há
muitos diálogos entre os personagens, o leitor tem a sensação de que o desenvolvimento da trama está
acontecendo naquele momento.
“A moreninha” e o Romantismo
Como sabemos, o romance “A moreninha”, do autor Joaquim Manuel de Macedo, é considerado
a primeira obra do Romantismo brasileiro.
Além disso, podemos observar a tradição religiosa, o sentimentalismo e a caracterização da
natureza que constroem um cenário romântico para o amor também romântico de AUGUSTO E
CAROLINA.
Carolina: também conhecida como a moreninha, é uma menina de quatorze anos de idade,
impertinente, engraçada, inteligente e travessa. Ela é irmã de Filipe.
D. Ana: é a dona da casa na “ilha de…” que o grupo de amigos vai para passar o feriado. D. Ana é
avó de Filipe e de Carolina.
D. Violante: é amiga da D. Ana e a senhora inconveniente que aborreceu Augusto com suas
reclamações.
Fabrício: é amigo de Augusto e faz faculdade de medicina com ele. Ele é prático e um pouco
mesquinho quando o assunto são relacionamentos.
Joana: é a prima de Filipe que se envolve em um romance com Fabrício. Ela é uma adolescente
de dezessete anos, com olhos e cabelos negros e pele pálida.
Filipe: faz parte do grupo de amigos estudantes de medicina. É ele quem faz o convite para que
Augusto, Fabrício e Leopoldo passem o feriado de Sant’Ana na ilha, na casa da sua avó.
Joaquina: é uma jovem de dezesseis anos. Ela tem cabelos louros, olhos azuis, pele cor-de-rosa e
também é prima de Felipe.
Filipe sugere que os amigos vão se interessar por suas primas ou por sua irmã, Carolina. E, pelo fato
de Augusto ser muito namorador, mas sem relacionamentos duradouros, Filipe faz uma aposta com ele:
caso Augusto se apaixone verdadeiramente na viagem, deve escrever um romance, caso não, Filipe é
quem o escreverá. Na ilha, os amigos entregam a personalidade de Augusto em um jantar, isso faz com
que as moças o desprezem, exceto Carolina.
Em um passeio com a avó de Filipe, Augusto revela ser assim devido a desilusões amorosas. Ele
conta que, na infância, apaixonou-se por uma menina com quem brincara na praia e trocara amor eterno,
por isso não consegue se relacionar com mais ninguém. Entretanto, apaixona-se por Carolina e, ao final
do romance, descobre que ela é a menina de sua infância. Assim, para cumprir a aposta, escreve este
livro.
Personagens
As personagens são típicas da burguesia carioca do século XIX, com seus comportamentos, costumes,
lazer e relacionamentos. A seguir, veja os papéis de cada uma na história:
Filipe: estudante de medicina que convida os colegas de curso para passarem o feriado na casa
de sua avó;
Fabrício: um dos amigos de Filipe. Na ilha, ele tenta se livrar de Joaquina;
Leopoldo: o mais animado do grupo de amigos;
Augusto: o mais namorador do grupo. Apaixona-se fácil, mas é inconstante nos relacionamentos
que não duram muito, por isso ele afirma nunca ter amado verdadeiramente;
Carolina: a Moreninha. Menina travessa e espontânea, tem 14 anos, é irmã de Filipe e mora na
ilha com a avó;
Dona Ana: dona na casa na ilha e avó de Filipe. Uma senhora de 60 anos gentil e compreensiva
que ama Carolina, a quem cria após ter ficado órfã;
Joana: prima de Filipe, tem 17 anos e é morena;
Joaquina: também é prima de Filipe, tem 16 anos sendo loura de olhos azuis.
Análise
Narrada em tempo cronológico e linear, a história retratada no romance ocorre em três semanas e
meia. Um amor que nasce na pureza da infância e persiste ao longo dos anos é retomado em meados do
romance e delineia um relacionamento difícil que acontece na primeira metade do século XIX. A seguir,
compreenda melhor essa época.
A Moreninha retrata os hábitos da juventude carioca desse período, com seus saraus,
piqueniques, namoros e costumes. Assim, forneceu valores e padrões de conduta ao leitor da
época. Abaixo, leia mais algumas características importantes do romance.
Características da obra
Macedo escreveu a história de um amor impossível, repleto de obstáculos e dúvidas, além de
uma pitada de suspense e de humor.
O narrador é onisciente em terceira pessoa, descrevendo tudo o que vê. Entretanto, em alguns
momentos o narrador é Augusto, pois é ele quem relata a aposta feita com Filipe;
A linguagem do romance é simples com uso do discurso direto, características que expressam
espontaneidade nas falas das personagens e dão o tom coloquial da juventude;
Um dos fatos que guia a história é a lenda da gruta. Dona Ana conta a Augusto que uma
indígena Ttamoia chorou sobre o rochedo até formar uma fonte porque foi desprezada por seu
amor. Esse, por sua vez, dormiu na gruta e bebeu das lágrimas dela, assim se apaixonou. Por isso,
a água da gruta é milagrosa e quem bebe dela adivinha os segredos dos outros.
Texto 01 a 05:
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhados abaixo. Em um sarau todo o
mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champanha na mão, os mais intrincados
negócios; todos murmuram e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e
das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como
as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas
asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala
do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se
espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares,
se deslizando pela sala e marchando em seu passeio (…) Finalmente, no sarau não é essencial ter
cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da Corte para a ilha
de… senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida
sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
A Moreninha – Joaquim Manuel de Macedo – pp. 66, 67. – Ed. Ftd…
R: o sarau se aproxima das festas familiares em que ocorrem dança, jogos, conversa, não é uma
balada, pois o sarau tinha caráter privado, não era aberto a quem quisesse.
3.O sarau associa-se ao modo de vida burguês. Que elementos justificam a afirmação?
o elemento que associa o sarau ao modo de vida burguês é o fato de ser uma festa urbana,
noturna.
4.A burguesia se firmou como classe dominante a partir da Revolução Francesa. Que mudanças
ela implantou no cotidiano?
introduziu a valorização da família, do trabalho, e novas formas de lazer, mais democráticas, como
os bailes, os saraus.
R: metáfora/comparação: as moças são no sarau como as estrelas no céu; hipérbole: no sarau não
é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar
pelos olhos.
6. Texto 1:
Já era tarde. Augusto amava deveras, e pela primeira vez em sua vida; e o amor, mais forte que seu
espírito, exercia nele um poder absoluto e invencível. Ora, não há ideias mais livres que as do preso; e,
pois, o nosso encarcerado estudante soltou as velas da barquinha de sua alma, que voou, atrevida, por
esse mar imenso da imaginação; então começou a criar mil sublimes quadros e em todos eles lá aparecia
a encantadora Moreninha, toda cheia de encantos e graças. Viu-a, com seu vestido branco, esperando-o
em cima do rochedo, viu-a chorar, por ver que ele não chegava, e suas lágrimas queimavam-lhe o
coração.(Joaquim Manuel de Macedo. “A Moreninha”. São Paulo: Ática, 1997, p.125.)
Texto 2:Quadrilha
a) Em ambos os textos, percebe-se a utilização de uma mesma temática mas com tratamentos distintos.
Explique, com suas próprias palavras, a concepção de amor presente nos textos de Joaquim Manuel de
Macedo e de Carlos Drummond de Andrade.
b) Nota-se que a estrutura do poema “Quadrilha” é construída a partir de dois movimentos. Identifique-os
indicando, para cada movimento, o verso inicial e o final.
RESPOSTA:
a)A concepção de amor no texto 1 indica idealização do sentimento amoroso e da mulher amada;
valorização da fantasia e da imaginação; caracterização do poder absoluto do amor sobre as
personagens. O tema é tratado no texto 2 a partir de um tom crítico e irônico, apontando o
desencanto e o desencontro entre as personagens. b)Lili, a “que não amava ninguém”, é a única
do grupo que ironicamente encontrou um par. Diferente dos outros que cumpriam um destino
solitário ou trágico, ela se casou com J. Pinto Fernandes, uma personagem fora da quadrilha.
b) O termo “românticos”, utilizado no texto, diz respeito a estado de espírito, desviando-se do movimento
artístico dominante na primeira metade do século XIX brasileiro.
c) O movimento romântico teve caráter contestador, trazendo mudanças não somente para a arte
como também para o comportamento.
d) Percebe-se, no texto, forte influência do Positivismo, pois o personagem preocupa-se com a maneira
através da qual os escritores românticos referem-se às mulheres.
e) A referência ao modo de tratar a figura feminina exprime uma tentativa de aproximar dois polos
considerados inconciliáveis e opostos, denotando profundo gosto pelo paradoxal e antitético.
I.Há no texto uma nítida oposição entre “outrora” e “hoje”, podendo o primeiro ser lido como “época em
que dominavam os valores clássicos”, e o segundo, como “época em que dominam os valores
românticos”.
II.No período clássico, a designação da realidade era feita através de palavras precisas, deixando claro
que aquele que a focalizava possuía grande conhecimento da língua portuguesa padrão.
III. No período romântico, a realidade não é mais vista por uma única perspectiva, por conseguinte, pode
ser apreendida de maneira subjetiva.
IV.Olhar a realidade de forma romântica ou de forma clássica vem a ser a mesma coisa, pois o olhar é,
antes de mais nada, humano.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) I, III e IV. e) II, III e IV.
9.Dado o fato de haver no texto o emprego do substantivo “reformadores” aplicado aos românticos, é
correto afirmar que Fabrício:
e) Apresenta-se neutro frente à oposição visão de mundo clássica e visão de mundo romântica.
10.Sobre a expressão “em bom português”, presente no texto, considere as afirmativas a seguir. Estão
corretas apenas as afirmativas:
I.Conforme aparece no texto, indica o desejo de estar de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
III. Conforme aparece no texto, aponta a valorização da fidelidade aos sentidos originais dos vocábulos.
IV.É utilizada para ressaltar a admiração pela língua portuguesa conforme é falada em Portugal.
11.A passagem extraída do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, refere-se ao seu
protagonista masculino, o estudante de medicina Augusto.
O tema abordado neste texto corresponde:
Manuel de Macedo.
I- A Moreninha é um livro centrado no romance entre Augusto e Carolina e é um dos pilares de nossa
literatura romântica.
II- Numa época onde a cultura era totalmente voltada para a Europa, A Moreninha é uma das primeiras e
magníficas tentativas de fazer literatura brasileira, observando usos e costumes do Brasil do Segundo
Império, retratando o cotidiano da vida brasileira em meados do século XIX.
III- O romance apresenta a temática do casamento por interesse tão comum no século XIX e criticado
pelo autor que já era considerado realista-naturalista.
I- Mestre na arte do folhetim, Macedo sabia como entrelaçar vários fios narrativos, criando para o leitor
momentos de emoção imprevistos e cenas cômicas que ajudam a desfazer a tensão, enquanto o narrador
prepara o final feliz reservado para os protagonistas.
II- O Romantismo presente na trama desenvolvida por Macedo se manifesta em diversos aspectos da
estrutura: há a pureza do amor infantil, que se concretiza na idade adulta; há a manutenção do mistério
da identidade dos amantes; há até o traço nacionalista com a apresentação de uma lenda indígena.
III- Foi o primeiro romance romântico urbano com qualidade literária que alcançou grande sucesso de
público e abriu caminho para uma vasta produção de folhetins escritos por autores brasileiros.
Apenas I. B) I, II e III. C) Apenas I e II. D) Apenas II e III. E) Apenas I e III.
15.Sobre o romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, leia o trecho reproduzido e responda
à questão seguinte.
“Entre os rapazes, porém, há um que não está absolutamente satisfeito: é Augusto. Será porque no tal
jogo da palhinha tem por vezes ficado viúvo?… não! ele esperava isso como castigo da sua inconstância.
A causa é outra: a alma da ilha de … não está na sala! Augusto vê o jogo ir seguindo o seu caminho
muito em ordem; não se rasgou ainda nenhum lenço, Filipe ainda não gritou com a dor de nenhum
beliscão, tudo se faz em regra e muito direito; a travessa, a inquieta, a buliçosa, a tentaçãozinha não está
aí: D. Carolina está ausente!…
Com efeito, Augusto, sem amar D. Carolina, (ele assim o pensa) já faz dela ideia absolutamente diversa
da que fazia ainda há poucas horas. Agora, segundo ele, a interessante Moreninha é, na verdade,
travessa, mas a cada travessura ajunta tanta graça, que tudo se lhe perdoa. D. Carolina é o prazer em
ebulição; se é inquieta e buliçosa, está em sê-lo a sua maior graça; aquele rosto moreno, vivo e delicado,
aquele corpinho, ligeiro como abelha, perderia metade do que vale, se não estivesse em contínua
agitação. O beija-flor nunca se mostra tão belo como quando se pendura na mais tênue flor e voeja nos
ares; D. Carolina é um beija-flor completo.”MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. L&PM: Porto
Alegre, 2001.p. 123-124.
A) O cotidiano burguês do século XIX é apresentado em diversos capítulos, detalhando os hábitos e
costumes da época.
C) A inquietação de Augusto é causada pela ausência de D. Carolina, e não pelo fato de o jogo estar
monótono.
D) Augusto começa a enxergar a jovem D. Carolina como uma mulher sedutora e extravagante,
após alguns dias devidamente instalado na ilha de…
E) A obra sugere, em seu final, que o romance é resultado da derrota de Augusto na aposta realizada
com seu amigo Filipe.
16.Sobre o contexto histórico-literário da obra “A Moreninha” e seu autor, analise as afirmações a seguir.
I.Joaquim Manuel de Macedo foi o primeiro romancista a alcançar sucesso junto ao novo público
romântico formado por jovens senhoras e estudantes.
II.O contexto da publicação da obra revela um Rio de Janeiro imperial e seus costumes urbanos.
III. A burguesia mantém-se como personagem e consumidor dos romances românticos, fato esse herdado
da estética literária anterior.
e) uma história que mostra a oposição Roça/Corte no século passado, através de um episódio amoroso.
II- Foi aceito de imediato pelo público porque explorou com muita felicidade a “psicologia feminina e a
sociedade da época” bem como por usar a linguagem do leitor.
III- Retratou a elite brasileira da corte com alguns tipos inconfundíveis: os estudantes, a moça
namoradeira, a criada intrometida, a avó carinhosa, a senhora fofoqueira, todos eles envolvidos em
cenas que se desenrolam em espaços claramente brasileiros (a Ilha
A) Apenas I. B) Apenas I e II. C) Apenas II e III. D) Apenas I e III. E) I, II e III.
Esta análise irá abordar os elementos estruturais da narrativa: enredo, personagens, narrador, tempo e
linguagem
1- ENREDO
A história de “A Moreninha” gira em torno de uma aposta feita por quatro estudantes de Medicina
da cidade do Rio de Janeiro do fim da primeira metade do século XIX. Um deles, Augusto, é tido pelos
amigos como namorador inconstante. Ele próprio garante aos colegas ser incapaz de amar uma mulher
por mais de três dias. Um de seus amigos, Filipe, o convida juntamente com mais dois companheiros,
Fabrício e Leopoldo, a passarem o fim de semana em uma ilha, na casa de sua avó, D. Ana. Ali também
estarão duas primas e a irmã de Filipe, Carolina, mais conhecida como "Moreninha". Por causa da fama
de namorador do colega, Filipe propõe-lhe um desafio: se a partir daquele final de semana Augusto se
envolver sentimentalmente com alguma (e só uma!) mulher por no mínimo 15 dias, deverá escrever um
romance no qual contará a história de seu primeiro amor duradouro. Apesar de Augusto garantir que não
correrá esse risco, no final do livro ele está de casamento marcado com Carolina e o romance que
deveria escrever já está pronto.
Nas linhas finais da obra, o próprio Augusto nos informa seu título: "A Moreninha". Clímax O clímax
do romance ocorre quando D.Carolina revela a Augusto, ao deixar cair um breve contendo um camafeu,
que é a mulher a quem ele tinha prometido se casar na sua infância, no final do Capítulo XXXIII: Desfecho
Como todo bom romance romântico, o desfecho dá-se no final da história quando Augusto e Carolina já
estão de casamento marcado e Augusto perde a aposto que havia feito com Filipe. 2-
PERSONAGENS
A Moreninha apresenta dois personagens principais planos, simples, construídos superficialmente,
embora essa caracterização funcione de modo a destacá-los do grupo a que pertencem. Eles são sempre
compostos de modo a tornar viável o que mais interessa nesse tipo de romance: a ação. São eles:
Augusto e D. Carolina, a Moreninha.
A figura de Augusto resume um certo tipo de estudante alegre, jovial, inteligente e namorador.
Dotado de sólidos princípios morais, fez no início da adolescência um juramento amoroso que retardará a
concretização de seu amor por Carolina. Esse impedimento de ordem moral permitirá o desenvolvimento
de várias ações até que, ao final da história, Carolina revelará ser ela mesma a menina a quem o jovem
Augusto jurara amor eterno. É muito jovem e "moreninha" e também travessa, inteligente, astuta e
persistente na obtenção de seus intentos.
Carolina encarna a jovem índia Ahy, que espera incansavelmente por seu amado Aoitin – uma
antiga história da ilha que D. Ana conta a Augusto. No final ela revela para Augusto que era a menina
para quem lhe prometera casamento. Os personagens secundários compõem o quadro social necessário
para colocar a história em movimento ou propiciar informações de certos dados essenciais à trama e
representam, por meio de alguns tipos característicos, a sociedade burguesa da capital do Império.
Rafael: Escravo, criado de Augusto, espécie de pajem ou moleque de recados. É quem lhe
prepara os chás e quem lhe atura o mau humor, levando castigos corporais (bolos) por quase nada.
Tobias: Escravo, criado de D. Joana, prima de Filipe. O negro tem dezesseis anos, é bem-
apessoado, falante, muito vivo quanto à questão de dinheiro.
Paula: Ama-de-leite de Carolina; incentivada por Keblerc, bebeu vinho e ficou bêbada.
D. Ana: Avó de Filipe, é uma senhora de espírito e alguma instrução. Tem sessenta anos, cheia de
bondade. Seu coração é o templo da amizade cujo mais nobre altar é exclusivamente consagrado à
querida neta, Carolina, irmã de Filipe.
Filipe: I Irmão de Carolina, neto de D. Ana. Amigo de Augusto, Fabrício e Leopoldo. Também
estudante de Medicina.
D. Violante: "D. Violante era horrivelmente horrenda, e com sessenta anos de idade apresentava
um carão capaz de desmamar a mais emperrada criança." Meio estabanada, ela quebra a harmonia
reinante no ambiente burguês, sem causar transtornos graves.
Keblerc: Alemão que, diante das garrafas de vinho, prefere ficar com elas a tomar parte na festa
que se desenrola na ilha. Embriaga-se, mas não perturba o clima de harmonia em que se desenvolve a
história.
Fabrício: Amigo de Augusto, também estudante de Medicina. Está apaixonado por Joaninha, mas
dela quer livrar-se por causa das exigências extravagantes da moça. Chega a pedir a ajuda de Augusto
para livrar-se da namorada exigente.
D. Joaninha: Prima de Filipe, namorada de Fabrício. Exigia que o estudante lhe escrevesse cartas
de amor quatro vezes por semana; que passasse por defronte da casa dela quatro vezes por dia; que
fosse a miúdo ao teatro e aos bailes que frequentava; que não fumasse charutos de Havana nem de
Manilha, por ser falta de patriotismo.
D. Clementina: Moça que cortou uma madeixa dos cabelos fez um embrulho e deixou-o sob uma
roseira para ser apanhado por Filipe. Augusto antecipou-se ao colega e guardou o pacotinho.
D. Gabriela: Moça que, por cartas, se correspondia com cinco mancebos. Certo dia, a senhora
encarregada de distribuir as correspondências enganou-se na entrega de duas; trocou-as e deu a de lacre
azul ao Sr.Juca e a de lacre verde ao Sr. Joãozinho.
Vejamos alguns trechos da narrativa que poderão nos dar uma melhor visão da onipresença
do narrador:
“Quanto aos homens ... Não vale a pena!... vamos adiante. (Cap. III) “Um autor pode entrar
em toda parte e, pois ... não. Não, alto lá! No gabinete das moças ... não senhor; no dos rapazes,
ainda bem.” (Cap. XV) “Sobre ela estão conversando agora mesmo Fabrício e Leopoldo. Vamos
ouvi-los.” (Cap. XVI) “Devemos fazer-lhe uma visita; ele está em seu gabinete ...” (Cap. XIX)
4- TEMPO
No romance “A Moreninha”, o tempo é linear, ou seja, os acontecimentos vão sendo
incorporados à história em ordem cronológica, sem recuos nem avanços.
Os eventos narrados desenrolam-se durante os trinta dias pelos quais a aposta entre os
estudantes Filipe e Augusto era válida. A aposta foi feita em 20 de julho de 18...: Quando a história se
inicia, Augusto já estava no quinto ano de Medicina e conquistara, entre os amigos, a fama de
inconstante. Nos capítulos VII e VIII, o autor conta-nos a origem da instabilidade amorosa do herói. Tudo
começara há oito anos, quando Augusto contava 13, e Carolina 7 anos de idade, utilizando a técnica
chamada de flashback, que consiste em voltar no tempo.
CONCLUSÃO
A obra nos mostra porque continua sendo um dos romances mais lidos, com uma leitura
interessante e agradável, vem provar mais uma vez a importância da redescoberta dos valores mais
puros, honestos e genuínos presentes na alma do ser humana. Sua importância dentro do Romantismo
foi ter sido a primeira obra expressiva deste movimento literário no Brasil. O tema é a fidelidade a um
amor de infância. Tem valor para o nosso tempo pois resgata sentimentos como honra, fidelidade e
amor , valores esses que vêm sendo esquecidos na atualidade.
D. Carolina passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e
despeitada; a boa avó livrou-a desses tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair
a conversação sobre o estudante amado, dizendo: - Aquele interessante moço, Carolina, parece pagar-
nos bem a amizade que lhe temos, não entendes assim?... - Minha avó...eu não sei. - Dize sempre,
pensarás acaso de maneira diversa?... A menina hesitou um instante e depois respondeu: - Se ele
pagasse bem, teria vindo domingo. - Eis uma injustiça, Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está
na cama, prostrado por uma enfermidade cruel. - Doente?! Exclamou a linda Moreninha, extremamente
comovida. Doente?...em perigo?... - Graças a Deus, há dois dias ficou livre dele; hoje já pôde chegar à
janela, assim me mandou dizer Filipe. - Oh! Pobre moço!... se não fosse isso, teria vindo ver-nos!... E,
pois, todos os antigos sentimentos de ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por ansiosas
inquietações a respeito de sua moléstia.
No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa menina despertou, e buscando o toucador, há uma
semana esquecido, dividiu seus cabelos nas duas costumadas belas tranças, que tanto gostava de fazer
ondear pelas espáduas, vestiu o estimado vestido branco e correu para o rochedo. - Eu me alinhei,
pensava ela, porque enfim... hoje é domingo e talvez... como ontem já pôde chegar à janela, talvez
consiga com algum esforço vir ver-me. E quando o sol começou a refletir seus raios sobre o liso espelho
do mar, ela principiou também a cantar sua balada: “Eu tenho quinze anos E sou morena e linda”. Mas,
como por encantamento, no instante mesmo em que ela dizia no seu canto: “Lá vem sua piroga Cortando
leve os mares” Um lindo batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a ilha. Com força
e comoção desusadas bateu o coração de d.
Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha atentas vistas, cheias de amor e de
esperanças. Ah! Era o batel suspirado. Quando o ligeiro barquinho se aproximou suficientemente, a bela
Moreninha distinguiu dentro dele Augusto; sentado junto a um respeitável ancião, a quem não pôde
conhecer (...). (...) Augusto, com efeito, saltava nesse momento fora do batel, e depois deu a mão a seu
pai para ajudá-lo a desembarcar; d. Carolina, que ainda não mostrava dar fé deles, prosseguiu seu canto
até que quando dizia: “Quando há de ele correr Somente para me ver...”
Sentiu que Augusto corria para ela. Prazer imenso inundava a alma da menina, para que possa ser
descrito; como todos preveem, a balada foi nessa estrofe interrompida e d. Carolina, aceitando o braço do
estudante, desceu do rochedo e foi cumprimentar o pai dele. Ambos os amantes compreenderam o que
queria dizer a palidez de seus semblantes e os vestígios de um padecer de oito dias, guardaram silêncio
e não tiveram uma palavra para pronunciar; tiveram só olhares para trocar e suspiros a verter. E para que
mais?
02.A conversa entre D. Carolina e sua avó sobre o estudante amado pela jovem foi
a) esclarecedora
b) desmotivante
c) entediante
d) animadora
05. “Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina...”, o termo em destaque significa
a) enormes
b) constantes
c) incomuns
d) reais
07) No fragmento: “o amor é um menino doidinho e malcriado que , quando alguém intenta refreá-lo ,
chora, esperneia, escabuja”, e no outro “... amor é um anzol que ,quando se engole, agadanha-se logo no
coração da gente...” temos uma figura de linguagem chamada :
a) metonímia
b) personificação
c) metáfora
d) antítese
08) No primeiro capítulo do livro, Augusto fez com Felipe uma aposta. Quem perdesse deveria escrever a
história dos acontecimentos em casa de D. Ana. Perdida a aposta, Augusto cumpriu a promessa e
escreveu A Moreninha.
Vamos escrever como isso aconteceu, numerando os fatos relacionados abaixo de acordo com a ordem
em que eles se sucederam no romance.
( ) Carolina percebe que ama Augusto.
( ) Augusto se dá conta que começa a amar Carolina.
( ) Augusto declara seu amor a Carolina.
( ) Augusto acha Carolina estouvada, caprichosa e feia.
( ) Carolina revela-se a menina a quem Augusto fizera o juramento de amor. Os dois ficam noivos.
( ) Perdida a aposta, Augusto escreve o livro.
( ) Augusto adoece de amor pela Moreninha, em função do juramento que fizera na infância.
9) Se você reparou bem há um mistério que envolve as vidas de Augusto e de Carolina. Os dois vivem
presos a um fato que foi muito importante para eles. Qual foi esse acontecimento?
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10) Leia e responda: “[...] porém não posso mais esconder estes sentimentos que eu penso que são
segredos e que todo mundo mos lê nos olhos!” Com qual dos provérbios seguintes essa fala de Augusto
se relaciona:
a) Longe dos olhos, longe do coração.
b) O que os olhos não veem o coração não sente.
c) Os olhos são a janela da alma.
d) Em terra de cego quem tem um olho é rei.
GABARITO:
1-B
2-A
3 - C
4-B
5-C
6-D
7 - C
8 - 4, 2, 3, 1, 6, 7, 5.
10 - C
11 - V; F; V; F.
12 - 1 (E)
2 (F)
3 (B)
4 (D)
5 (C)
6 (A)