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Escola Sesi

A moreninha, de
Joaquim Manuel de Macedo

Júlia Vianna Dancona e Maria Eduarda Mello

Florianópolis, 07 de Abril de 2024


Introdução
Por meio deste estudo literário, objetivou-se identificar a presença feminina no
exemplar de “A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo, levando em consideração as
características de época, contexto histórico e questões sociais presentes, assim como
também vai ser observado as principais características das personagens femininas no
decorrer da obra, e os cenários abordados, deste modo relacionando-os ao Romantismo
em questão.
O romantismo foi uma época marcada pela ascensão do sentimentalismo na
literatura, onde as mulheres foram primeiramente caracterizadas como jovens,
adolescentes, virgens e puras. No Brasil, tal e qual em diversas outras partes do mundo,
o Romantismo teve como principal objetivo mostrar as características culturais e
costumeiros do país, assim como também apresentava um sentimentalismo com a
linguagem em prosa, a idealização do amor romântico com finais trágicos, a natureza,
que era vista como um fonte de inspiração para artistas e escritores, sendo
frequentemente caracterizada por sua exuberância e beleza e a idealização de
sentimentos como a melancolia, tristeza, sofrimento e paixão.
Naturalmente, a figura feminina, antes retratada como jovem, pura e virgem,
passou a ter uma imagem diferente nas obras literárias. Na obra de Joaquim Manuel de
Macedo, por exemplo, observa-se que o autor opta por abordar as personagens
femininas com uma outra visão, esta a qual ficou popularmente conhecida por ter uma
protagonista romântica e frágil, dominada por suas emoções mas sempre seguindo
obedientemente os ensinamentos da avó a respeito de casamento e educação. Pode-se
citar também que a obra teve repercussão extremamente marcante, por ter sido
considerada a primeira obra de romance romântico no Brasil.

Contextualizando a Obra
Joaquim Manuel de Macedo, nasceu no interior do Rio de Janeiro, na cidade de
Itaboraí, no dia 24 de Junho de 1920. Com 18 anos mudou-se para a cidade do Rio de
Janeiro, onde ingressou para a faculdade de medicina e formou-se em 1944, ano de
publicação de sua mais famosa obra "A Moreninha”. O mesmo chegou a trabalhar como
médico por um tempo, porém logo largou e passou a dedicar a vida à literatura, uma vez
que a obra em questão lhe tinha proporcionado fama e dinheiro. Com isso, estabeleceu
forte vínculo com a Família Imperial Brasileira que lhe assegurou o cargo de professor

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de História e Geografia do Colégio D. Pedro II. Além disso, foi eleito membro do Conselho
da Instituição Pública da Corte em 1866, e atuou como militante político do Partido
Liberal, sendo deputado provincial e após, Deputado Geral.
A moreninha situa-se em meados do século XIX, e mostra à sociedade quais eram
os costumes da alta sociedade do Rio de Janeiro. Tem uma linguagem fácil e o enredo
prende os ledores com pequenos mistérios e revelações emocionantes. A obra foi
inicialmente lançada nos folhetins, capítulos de romances publicados semanalmente em
jornais pela cidade, e teve sua divisão feita por capítulos, o que possivelmente auxiliou
bastante os leitores a se organizarem para suas leituras semanais. O discurso utilizado
foi o direto, que era uma característica um tanto quando recorrente na escrita de
Manuel, visto que o mesmo tinha como objetivo trazer espontaneidade e sentimento
para os personagens da narrativa. Visto isso, o mesmo também optava por usufruir de
metáforas, como neste trecho:
“ -Ela é travessa como o beija-flor, inocente como uma boneca, faceira como o pavão e
curiosa como…uma mulher!” (p. 18)
Por ser uma obra que é de pouco conhecimento para o público juvenil, optou-se
por um breve resumo da história:
No livro de Macedo, o estudante Augusto, conhecido por sua inconstância amorosa,
acompanha o amigo Filipe à casa de sua avó para comemorar um feriado. Lá, conhece
Carolina, irmã de Filipe a quem, carinhosamente, chamam de Moreninha. A partir desse
encontro e devido à personalidade esfuziante de Carolina, Augusto começa a mudar.
Através desta história de amor o autor leva todos os leitores a fazerem reflexões
acerca da importância da fidelidade e sinceridade dentro dos relacionamentos, ao
amadurecimento que alguns dos personagens sofrem durante a trama e acima de tudo o
amor e amizade que pode-se ser observado de diversas formas, sejam elas o amor que
Augusto sentiria por seus amigos ou o amor romântico que o mesmo sentirá por
Carolina. Além de fazer com que os leitores refletissem a respeito das expectativas sobre
o “ideal feminino da época” e assim começassem a perceber que a feminilidade que as
mulheres refletiam deveria ser uma visão angelical e delicada assim inspirando e
emocionando o homem. Nesse cenário o autor ressalta a inconstância do jovem
Augustus e a opinião do mesmo a respeito de mulheres belas e o quanto seria injusto
amar apenas uma delas:

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“ (...) - A minha inconstância é natural, justa e, sem dúvida, estimável. Eu vejo uma senhora
bela, amo-a não por que ela é senhora… mas por que é bela; logo, eu amo a beleza. Ora,
este atributo não foi exclusivamente dado a uma só senhora, e quando encontro em outra,
fora injustiça que eu desprezasse nesta aquilo mesmo que tanto amei na primeira.” (p.21)

A Mulher em A moreninha
Joaquim Manuel de Macedo apresenta a personagem principal, Carolina
(moreninha) de quatorze anos, que é descrita como uma menina travessa, engraçada e
impertinente. A moreninha tinha certo receio em relação ao casamento, pois com isso
tinha em mente de que perderia sua liberdade e portanto, não almejava se casar com
tanto fervor. Além do que, querendo ou não, aquela era uma época em que os
casamentos eram obrigações para as mulheres e assim, Carolina sentia-se, apesar de sua
idade, já pressionada ao casamento, que ainda não tinha certeza que queria A heroína,
ao longo do livro, muda sua perspectiva em relação ao matrimônio, já que acaba se
apaixonando por Augustus apesar da inicial inconstância do rapaz a respeito de
relacionamentos.
Tem-se o ponto de vista de Augustus a respeito das características, tanto físicas
quanto pessoais, de Carolina no trecho a seguir:
“(...) - A melhor resposta que posso te dar, é … não sei … porque, o meio-dia a julgava
travessa, importun e feia, mas era-me completamente indiferente…
- À uma hora?...
- Eu a supus estouvada e desagradavel.
- Às duas horas? …
- Má, e desejava vê-la longe de mim.
- Durante o jantar? …
-Fui achando-lhe algum espírito e acusei-me por havê-la julgado feia.
- E agora?
- Parece que me sinto muito inclinado a declará-la engraçada e bonitinha.
- E daqui a pouco?
- Eu te direi …” (p.23)

Também é apresentada a D. Ana, avó de Carolina, que era a dona da casa na ilha,
onde grande parte da narrativa se desenrola. É uma senhora amável de sessenta anos

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que criou a moreninha e Felippe (seu irmão) após terem ficado órfãos. A personagem se
mostra muito paciente e compreensiva ao longo do livro, sempre ouvindo e
aconselhando aqueles que precisavam.
Apesar de serem de épocas diferentes, ambas as personagens conseguem manter
a sensibilidade e doçura do romantismo, assim como a autoridade de uma época
passada com o conservadorismo de D. Ana e a idealização do amor que D. Carolina
representa, já que a mesma demonstra entrega total aos seus sentimentos a Augusto
após um período de dúvidas, sobre se perderia ou não sua liberdade ao se casar com o
rapaz.

Conclusão
Conclui-se, visto que a mulher é costumeiramente tópico de discussão em
variados temas, que a obra usufrui de vários aspectos do romantismo, desde a adoração
à natureza, até a idealização do amor e da mulher. É possível observar que no decorrer
da obra, Augustos principalmente amadurece seu ponto de vista voltado às mulheres,
vendo que sua inconstância na verdade era apenas fruto para manter seu constante
amor a alguém ao qual o havia jurado quando mais novo. E isso fica claro no trecho:
“ (...) - não tenho a louca mania de amar um belo ideal, como pretendi fazer crer; porém, o
certo é que sou e quero ser inconstante com todas e conservar-me firme no amor de uma
só.” (p.25)
Isso nos leva a crer que a sociedade finalmente poderia mudar sua percepção a
respeito da mulher romantizada, retratando-a dentro do contexto social e isso não só
influenciou o Romantismo em si, como também foi de extrema importância para futuros
movimentos literários. Por fim, “A Moreninha” foi extremamente relevante como
representação fiel do que seriam as idealizações do Romantismo no Brasil durante o
século XIX, e abordou isso de forma clássica, curta e de fácil leitura para todos,
auxiliando ainda mais a disseminação das ideias românticas da época.

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Fontes Bibliográficas
→ Artigo usado de exemplo
SILVA, Daniela Oliveira, LUCIO, Indhira Medeiros de Queiroz e SILVA, Lucio Laudicéia
Penafort.Repositório Unifap. DIsponível em:
(http://repositorio.unifap.br/bitstream/123456789/975/1/TCC_RepresentacaoFemini
naRomantismo.pdf) Acessado em 07 / 04 / 2024 às 14:49
→ Principais Características do Romantismo na Literatura
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3.
ed. São Paulo: Moderna, 2015.
(https://www.portugues.com.br/literatura/romantismo.html#:~:text=O%20romantis
mo%20foi%20um%20estilo,e%20do%20franc%C3%AAs%20Victor%20Hugo)
Acessado em 07 / 04 / 2024 às 14:00
→ Importância do Livro “A Moreninha” no Romantismo
(http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/a-moreninha.html#
:~:text=Import%C3%A2ncia%20do%20livro,em%20meados%20do%20s%C3%A9culo
%20XIX) Acessado em 07 / 04 / 2024 às 15:25
→ Biografia de Joaquim Manuel de Macedo
DIANA, Daniela. Joaquim Manuel de Macedo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/joaquim-manuel-de-macedo/. Acesso em: 7 abr. 2024
→ Livro “A Moreninha”
DIANA, Daniela. A Moreninha. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/a-moreninha/. Acesso em: 7 abr. 2024
→ Mulheres no Romantismo
(https://www.monografias.com/pt/docs/Figura-da-mulher-nas-gera%C3%A7%C3%B
5es-romanticas-PKSD9Figura da mulher nas gerações romanticas | Monografías
Plus9DH8LJF#google_vignette) Acessado em 07 / 04 / 2024 às 17:20

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