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Mrs dalloway

Cara professora e caros colegas. Eu vou apresentar a minha apreciação crítica do livro
“Mrs. Dalloway” de Virginia Woolf, com leitura integral da obra.
Adeline Virginia Woolf viveu entre 1882 e 1941 e foi uma das principais escritoras
modernistas do século XX, abordando questões políticas, sociais e feministas.
Mrs. Dalloway é conhecida como uma obra-prima do Modernismo e retrata um dia
na vida de uma burguesa londrina, Clarissa Dalloway, enquanto cuida dos preparativos para
a sua festa. Mrs Dalloway é a personagem principal, tal como sugere o título, e é a esposa
do político Richard Dalloway. Esta é enigmática, visto que a sua aparência de mulher estável
e realizada contradiz o seu sentimento de vazio.
Esta obra é narrada alternadamente por Clarissa Dalloway, Peter Walsh, que se
encontrou perdidamente apaixonado por Clarissa toda a sua vida e por Septimus Warren,
um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial, tal como por outras personagens
secundárias. Deste modo, no romance coexistem momentos de ação objetiva,
caracterizados pela descrição do meio que rodeia tais personagens, tal como de ação
subjetiva resultantes do fluxo de consciência, ou seja, de pensamentos, especulações e
reflexões destas.
Este livro aborda diversas temáticas, sendo estas: a crítica materialista cultural, o
período posterior à Primeira Guerra Mundial, o conformismo, a noção do tempo associada
a uma constante evasão para a felicidade do passado e, por vezes, para a incerteza do
futuro, o sofrimento psicológico, o papel das mulheres na sociedade elitista e o simbolismo
da juventude. Esta pluralidade intelectual incute no leitor uma introspecção e envolvimento
emocional profundos.
Sally Seton é uma personagem associada a uma complexidade e dualidade
extremas, demonstrando-se, ao longo de toda a sua juventude como audaz, efusiva e
desafiadora do papel convencionado para a mulher. Irei citar uma descrição feita pela
protagonista: “Quanto a Sally, comportava-se como se o seu jeito fanfarrão a obrigasse a
cometer as proezas mais disparatadas: andar de bicicleta ao longo do parapeito do terraço,
fumar charutos… Enfim, tratava-se de uma rapariguinha absurda, mas mesmo muito
absurda. Fosse como fosse, o seu fascínio era um dado adquirido”, página 31.
Contudo, esta abdica de todos os seus sonhos e ideias ao adquirir a vida que caracterizava
como “uma catástrofe de enormes dimensões” que consistia num casamento desprovido
de paixão e apenas por conveniência, conduzindo, simbolicamente, a um fim trágico da
emancipação feminina.
Gostei da obra, dado que apresenta uma tal expressividade e descrição detalhada
que torna possível a evasão do leitor para o local descrito e conhecer não só a
personalidade das personagens, mas também observar como o meio social que estão
inseridas as moldou completamente. Assim, um provérbio que caracteriza o romance é
“Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.”, já que todas as ambições, sonhos e velhas
emoções de Clarissa Dalloway e Sally Seton morreram, tendo-se tornado mais dois exemplos
de mulheres conformistas que vivem na sombra dos maridos como se verifica na
universalidade da elite londrina.
“Sentia-se muito próxima dele- do jovem suicida. Sentia-se feliz por ele se ter
matado- por ter posto um ponto final a tudo e tê-los deixado ali, ocupados a viver.”, página
158.
Esta citação procede o suicídio de Septimus que sofria de stress pós-traumático
devido à morte de um amigo de guerra, permitindo-nos, simultaneamente, verificar o
paralelismo e a oposição entre as vidas de Septimus e Clarissa. Apesar de não se
relacionarem diretamente, a escolha de Septimus de terminar a sua vida causou em
Clarissa a escolha de viver.
Dois adjetivos que, na minha opinião, caracterizam a obra são intemporal e
brilhante. Selecionei o primeiro, visto que apesar de ter sido escrita há aproximadamente
um século, continua a ser lida universalmente e as suas temáticas ainda se refletem e,
provavelmente, sempre se irão refletir na sociedade. Quanto ao segundo, já que a autora
conseguiu inter-relacionar cada personagem e que todos os pensamentos e acontecimentos
do dia de Clarissa convergessem na festa realizada em casa da mesma, evidenciando uma
perspicácia excecional.
Contudo, a profundidade da obra impossibilita a sua leitura casual, exigindo do leitor
muita concentração. Para além disso, a sua estrutura bíblica, ou seja, de texto corrido sem
divisão por capítulos, dificulta bastante, sendo esta uma característica que me incomodou.
Em conclusão, atribuo 4 estrelas a este romance que, a meu ver, teve um impacto
positivo na minha escrita e perceção do que me rodeia, recomendando vivamente a leitura
desta obra.
O título da apreciação crítica é ‘O conformismo como morte figurativa da mulher’ e
deve-se ao evidente fim trágico das personagens femininas da obra, cujas vivências são
infelizes, monótonas e não contribuem minimamente para a evolução da sociedade, tendo
perdido todo o fervor e paixão de outrora.
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