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Trabalho de Literatura

Úrsula

Sobre a autora - Ana


Maria Firmina dos Reis, chamada de Diliquinha pelos mais
próximos, nasceu em 11 de outubro de 1825 e morreu em 11 de
novembro de 1917 em Guimarães. Ela foi registrada como filha de
João Pedro esteves e Leonor Felipa dos reis, mas era filha ilegítima
de pai negro, sendo ela também negra. Maria Firmina era de família
modesta e quando tinha 5 anos se mudou para Guimarães, para a
casa de uma tia que não morava na casa, onde posteriormente
viveu com sua mãe, irmã, tia, prima e avó. Ela foi professora de
1847 até 1881, sendo que em 1880 fundou uma sala mista, o que
foi um escândalo para a época. Ela costuma cuidar de algumas
crianças filhas de escravos e de afilhados.

Como escritora escreveu os seguintes livros:

● Úrsula - 1859,
● Gupeva - 1861e reedições,
● A escrava - 1887,

Escreveu poemas em que publicou em jornais do maranhão,


participou da antologia poética “Parnaso maranhense” de 1861 e
reuniu poemas em um livro chamado “Cantos a beira-mar”.

José Nascimento Morais Filho publicou um livro chamado “Maria


Firmina: fragmentos de uma vida", onde conta sobre a vida da
escritora contendo desde eventos do dia a dia até alguns
pensamentos, tudo extraídos de diários escritos por Maria Firmina

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e alguns relatos da família. Os diários são marcados por um senso
de solidão, fragilidade e melancolia.

Morais filho também recuperou o trabalho musical de Maria


Firmina, sim ela também era musicista. Na música ela compôs
valsas como rosinha, pastorais como estrela do oriente, e autos
como bumba meu boi. Mas ela também tinha uma musica sobre
escravidão... Hino a libertação dos escravos.

Firmina foi uma mulher que quebrou barreiras raciais, sociais e de


gênero, mostrando em suas obras que pessoas negras tem sim
consciência, sendo capazes de desfazer a ideia de opressão e
silenciamento gerados pela escravidão e exclusão.
Vale a pena destacar um episódio da vida de Maria Firmina: quando
foi nomeada como 1º professora de 1ºas letras no município de
Viamão em 1847. Ela estava disputando o cargo com outras duas
candidatas, mas ela acabou ganhando o cargo e sua mãe ficou
muito feliz, mas ela disse para Maria Firmina que fosse buscar seu
diploma levada em um palanquim carregado pelos escravos de sua
tia. Mas ela não quis ser levada por escravos, afirmando que “negro
não é animal para se ir montado nele”, e foi a pé buscar o diploma.
Fazendo isso Maria Firmina aos 22 anos já mostrava seus fortes
ideais perante a escravidão.

Por mais incrível que pareça, Maria Firmina era a síntese de


extravagancia para a época, filha ilegítima, mulher negra, escritora
com pensamentos muito à frente de sua época. Eu acho que o que
mais admiro em Maria Firmina é o fato dela ser ousada ao defender
seus ideais sem se importar com a opinião alheia, algo que eu não
tenho a mínima capacidade de ignorar.
Nós trouxemos um jornal para podermos ler alguns trechos juntos e
também alguns trecos sobre os personagens.
Antes de começar Úrsula, essa excelente escritora traz um recado
para o leitor, assim, destacamos uns trechos para mostrar a
genialidade de Firmina.

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“Mesquinho e humilde livro é este que vos apresento, leitor.
Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso
mofador de outros, e ainda assim o dou a lume. [...]. Sei que
pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e
mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a
conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que
discutem e que corrigem, com uma instrução misérrima,
apenas conhecendo a língua de seus pais, e pouco lida, o seu
cabedal intelectual é quase nulo. [..]. Deixai, pois, que a minha
URSULA, tímida e acanhada, sem dotes da natureza, nem
enfeites e louçanias da arte, caminhe entre vós. ”

Sobre o livro - Isabelle


Foi em 1970 (um século depois de ser anunciado nos jornais de São
Luís) que o livro se popularizou. Isso aconteceu quando o
bibliógrafo e colecionador Horácio de Almeida achou Úrsula em
meio a um lote de livros antigos oriundos do Rio de Janeiro.

Considerado o 1° romance abolicionista do Brasil e também o 1°


romance escrito por uma mulher no Maranhão (a folhinha que a
professora deu está dizendo que é o 1º do brasil, mas não se tem
certeza se ele é o 1° do brasil, por isso, é considerado pelo menos o
1º do maranhão), foi o 1º escrito por uma mulher negra no brasil e
em todos os países que falam português. Úrsula se destaca por ter
um enredo ultrarromântico, com dois jovens brancos apaixonados,
contendo críticas a escravidão e a sociedade escravista e patriarcal
da época. Firmina coloca um destaque para personagens africanos
e afro-brasileiros escravizados que refletiam sobre o mundo de
injustiças, sobre a tirania das relações escravistas e sobre suas
próprias história algo inédito, por que até então os escritores só
tinham feito reflexões sobre a vida dos escravizados, e não havia
colocado eles como seres pensantes que refletem sobre sua

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situação. Sendo assim o livro também é considerado o pioneiro na
literatura afro brasileira.

Em 1860 o romance foi anunciado nos jornais de São Luís, e eu


enviei um link por WhatsApp, que eu gostaria que, se possível,
vocês acessassem. Esse é um dos jornais em que o livro foi
anunciado. Esse site, tem jornais bem antigos, e nesse jornal "A
Imprensa" o anuncio está na 4° página da edição 94, do dia 24 de
novembro de 1960.

Não sabemos como a escritora conseguiu colocar o livro nas


páginas de jornal, por que na época era muito caro e não tinha
como Firmina pagar o custo disso.

Diferentes jornais divulgaram várias resenhas sobre o livro,


algumas constrangedoras, que nos mostram qual era seu contexto
de publicação. Vamos ler agora no nosso jornal uma dessas
críticas.

“Convidamos os nossos leitores a apreciarem essa obra


original maranhense, que porquanto não seja perfeita, revela
muito talento na autora, e mostra que se não lhe faltar
animação poderá produzir trabalho de maior mérito. O estilo
fácil e agradável, a sustentação do enredo e o desfecho
natural e impressionador, põem patentes neste belo ensaio
dotes que devem ser cuidadosamente cultivados. É pena que
o acanhamento mui desculpável da novela escrita não desse
todo o desenvolvimento a algumas cenas tocantes, como as
da escravidão, que tanto pecam pelo modo abreviado com
que são escritas. A não desanimar a autora na carreira que
tão brilhantemente ensaiou, poderá para o futuro, dar-nos
belos volumes. ”

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Já era de se esperar que não dessem muito valor ao livro, e
aqui o resenhista destaca principalmente o fato de que
Firmina tem potencial, mas que poderia ter escrito o livro de
outra forma, e que assim ele teria ficado bem melhor. Mas
posteriormente, foram criados jornais centrados no público
feminino, que apreciaram o trabalho de Firmina, neles o
resenhista afirmava que o sexo feminino conseguia criar
trabalhos mais tocantes e sentimentalistas.

Essa é a capa que Horácio de Almeida achou, a capa


original. E essa é a capa do livro que compramos. Quem
quiser emprestado depois para ler só pedir.

Período histórico e literário - Isabelle


Naquela época a comunidade de escritores era composta por
homens escritores, tendo um certo preconceito com as
escritoras, e Maria firmina teve a ousadia de publicar seu 1°
livro. Esse livro fica entre a 2° e a 3° fase do romantismo. A
3° geração é muito influenciada pelo escritor francês Victor
marrie Hugo. Nessa fase havia uma busca pela identidade
nacional mas também a identidade negra do país, por isso o
tema abolicionista. Pensando nas características dessa
geração, Firmina separa os personagens perversos dos
corretos, destaca que todos devem ter a sua liberdade
Coloca a negação os sentimentos de Úrsula pelo seu amor
platonico por Tancredo. E ainda relatava realidade social
dos escravizados da época.

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Resumo da obra - Ana
Bom, quando a professora nos deu as opções nós fomos
pesquisar rapidamente um pouco sobre cada livro. Nós
vimos no Google que Úrsula era um romance trágico e
falamos: é esse. E Úrsula é um livro de poucos
acontecimentos e muitos detalhes. Bom, o livro tem como
personagens

1. Tancredo que é um jovem de família rica, cujo o pai é


bem autoritário e tirano, já a mãe é retratada como
uma “santa” de tão correta e submissa ao horrendo
marido, sendo uma mulher que ama o seu filho mais
que tudo. Primeiramente Tancredo se apaixona por
Adelaide, uma prima que ficou órfã e sua mãe tomou-a
para cuidar, ele planejava se casar com ela, mas seu
pai disse que só iria permitir se ele trabalhasse em SP
por 1 ano, realizado esse pedido, Tancredo descobre
que sua doce mãe havia morrido e retorna para se
casar com Adelaide, mas chegando lá descobre que a
jovem havia se casado com seu pai. E ele fica
extremamente chateado com a menina e com seu pai.
E sai de casa, mas no caminho cai do cavalo e fica
atordoado na estrada.
2. Tulio, um jovem escravo negro parou para ajudar
Tancredo, e desde então esses dois constroem uma
amizade admirável. Tancredo ficou tão grato que pagou
a alforria de túlio (a carta para liberdade).
3. Para Tancredo se recuperar, Túlio o levou para a casa
de Luiza B. a senhora de Túlio. Luiza era uma viúva
paralitica e doente que já estava perto da morte. Ela
era uma mulher falida, por que enquanto seu marido,

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Paulo B., era vivo acumulou dívidas e mais dividas.
Luiza também tinha uma filha chamada Úrsula.
4. Úrsula, é uma jovem virginal que acaba cuidando de
Tancredo até ele ficar bom. E nesse período de tempo
ela acaba nutrindo um sentimento pelo jovem
desconhecido, e Tancredo ainda cheio de remorso por
tudo aquilo que já foi narrado na trama, acaba se
esquecendo de Adelaide e se apaixona pela jovem e
angelical Úrsula, ficando assim noivos.
5. Luiza B. tinha um irmão chamado Fernando P, que
para de ter contatado com ela por que não aprovava
seu casamento com o marido. Adivinhem só, foi ele que
matou o marido de Luiza.
6. Quando já estava bom, Tancredo decidiu viajar
rapidamente para resolver suas pendencias em SP e
Túlio com um imenso tom de gratidão se oferece para ir
junto.
7. Isso parte o coração de Susana, uma escrava que havia
cuidado de Túlio como uma mãe. Susana havia sido
sequestrada para ser escrava, mas na África, onde
morava antes, tinha marido e filha, que nunca mais
viu, e sendo mãe, criou Túlio, que era escravo, como se
fosse seu próprio filho.
8. E enquanto tancredo e tulio viajavam, Úrsula esperava
a volta de seu amado ansiosamente, mas ela acaba
encontrando seu tio, que se apaixona perdidamente por
ela.
9. Nisso, Luiza morre e Fernando tenta se casar com
Úrsula, mas aí Tancredo volta e corre com Úrsula para
o convento para se casarem.

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10. Mas fenando p. era comendador, e não gostava de
receber não como resposta. Aí ele acaba matando Túlio
e Tancredo na frente de Úrsula, e posteriormente
Susana devido aos maus-tratos que deu a ela por ser
escrava e por ajudar Úrsula a fugir. Úrsula ficou em
choque, e com isso enlouqueceu, e alguns dias depois
morreu de tristeza ao lembrar que seu Amado Tancredo
havia morrido. E Fernando notando a besteira que
tinha feito viveu o resto de sua vida amargurado,
morrendo de desgosto. E no final o pai de Tancredo
percebe que foi horrível com o filho e sendo já de idade
acaba morrendo fazendo Adelaide refletir no que fizera.
E assim como Otelo todos morrem no final.

Tema comentado - Isabelle


Em Úrsula são retratadas 2 críticas principais: a escravidão e
patriarcalismo.

A escravidão:

Úrsula, Tancredo e Luiza B. são pessoas brancas de famílias


importantes que são escravistas, mas eles mesmos são contra a
violência da escravidão ao contrário de Fernando P., do pai de
Tancredo e de Paulo B., que não se importavam com o fato de
estarem maltratando pessoas iguais a eles. Destacamos em nosso
jornal um trecho da introdução que foi bem claro.

Acho que não vai dar tempo de ficar lendo, mas está tudo bem
organizado aí no jornal, e depois vocês podem ler com calma.

Desde o início do livro, Firmina faz com que os personagens


escravizados se mostrem iguais a nós, com seres pensantes, algo
inédito para a época.

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Depois podem ler no jornal, os trechos da Susana e de Tulio.

Achei interessante o fato de que logo no início, Tancredo que é um


personagem de família rica e também um homem branco trata um
escravizado negro "de igual para igual", mas se Firmina tivesse
colocado Úrsula realizando esse feito? Será que ainda teria o
mesmo impacto? Eu acho que pelo menos para aquela época não,
devido ao fato de que as mulheres eram tratadas como seres
"emocionais demais". E continuando com este pensamento, naquela
época as mulheres com certeza não tinham tanta presença, mas o
n° de personagens femininos e masculinos com falas são quase o
mesmo. E essa presença feminina é marcada por mulheres
sensatas e corretas, com exceção de Adelaide que se casa por pura
ambição. E também queremos destacar que no livro existem 3
relações patriarcais:

1. Pai e mãe de Tancredo: o livro não deixa muito bem claro, mas
faz uma sugestão de que o tirano tenha agredido a sua esposa
variadas vezes causando medo até mesmo em seu filho.
2. Pai e mãe de Úrsula: o livro descreve o pai de Úrsula como
uma pessoa mais pobre que Luiza, sendo este o motivo de
Fernando não aprovar o casamento. O pai de Úrsula, perdeu a
fortuna de Luiza e a maltratava.
3. Fernando E Úrsula: dede o 1° encontro desses personagens,
Úrsula teve medo de seu tio, mas ele não deixou ela ir embora,
mostrando que nunca iria respeitar suas vontades, mostrando
isso também posteriormente no decorrer do livro.

Opinião crítica - Ana


Eu gostei principalmente da personalidade dos personagens, por
que eles conseguem ser ousados assim como Firmina. Achei que o
livro tem muitos detalhes, mas poucos acontecimentos, por

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exemplo, há uma passagem de tempo, mas só há 3 dias cujo os
acontecimentos realmente são retratados no livro, acho que ir a
escrito podia ter feito outros acontecimentos que deixariam a trama
mais interessante.

Mas fora isso criei um amor por Maria Firmina dos Reis, por tudo o
que ela representa e também pelo fato de que ela tinha tantos os
motivos para que fosse alguém "desprezada pela sociedade," mas
ela por esforço próprio colocou seu nome na história.

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