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MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLOGIA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TOCANTINS
CAMPUS PARAISO DO TOCANTINS
CURSO TÉCNICO EM AGROINDUSTRIA INTEGRADO AO ENSINO MÈDIO

MARIA FERNANDA OLIVEIRA MIRANDA ARAÙJO


MARIA GABRYELA DE SOUZA ROCHA GENTIL
LAYS GABRIELLE LEONARDO DE OLIVEIRA
MARIA LUIZA NASCIMENTO NEGRE

OBRA LITERÁRIA: MARIA FIRMINA DOS REIS- ÚRSULA


Disciplina de Língua Portuguesa, 2° Agroindústria
Professor. Ms Cristiano Alves

PARAÌSO DO TOCANTINS
2022

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MARIA FERNANDA OLIVEIRA MIRANDA ARAÙJO
MARIA GABRYELA DE SOUZA ROCHA GENTIL
LAYS GABRIELLE LEONARDO DE OLIVEIRA
MARIA LUIZA NASCIMENTO NEGRE

OBRA LITERÁRIA: MARIA FIRMINA DOS REIS- ÚRSULA


Na disciplina de Língua Portuguesa, foi
estipulado a análise da obra trabalhada
neste relatório, onde foi lida e seus es-
tudos foram ampliados para fim de um
debate.

PARAÌSO DO TOCANTINS
2022

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Sumário
INTRODUÇÃO 1
DESENVOLVIMENTO 2
CONCLUSÃO 3

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INTRODUÇÃO

 Nome do livro: Úrsula;


 Gênero textual: Romance
 Autora: Maria Firmina Dos Reis;
 Ano de publicação: 1859
 Editora: Projeto editorial integral Eduardo Rodrigues Vianna
 Minibiografia de Maria Firmina dos reis;
Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão, em 11 de outubro de 1825, "filha
natural" da escrava alforriada Leonor Felippa dos Reis, tendo como avó a também escrava
alforriada Engrácia Romana da Paixão e, como tio, o professor, gramático e filólogo Sotero dos
Reis, pertencente ao ramo branco da família e com forte atuação nos círculos letrados da capital
maranhense. Firmina é autora de Úrsula, publicado em 1859, mas com circulação somente a
partir do ano seguinte. Livro revolucionário para o seu tempo, figura como o primeiro romance
abolicionista de autoria feminina da língua portuguesa; e, possivelmente, o primeiro romance
publicado por uma mulher negra em toda a América Latina. A narrativa aborda o problema do
tráfico negreiro e do regime como um todo a partir do ponto de vista do sujeito escravizado e
transformado em "mercadoria humana". A autora traz para a nascente ficção brasileira a África
como espaço de civilização e de liberdade. E denuncia os traficantes europeus como "bárbaros",
contrapondo-se desta forma ao pensamento hegeliano voltado para justificar a colonização
escravista como empreendimento civilizatório. E bem antes do "Navio negreiro" de Castro Alves,
denuncia os maus tratos a que eram submetidos os escravizados nos "tumbeiros", verdadeiros
túmulos para muitos que não resistiam.
 Enredo;
A princípio, o livro parece ser mais um com o típico triângulo amoroso entre Úrsula (a jovem
humilde e desamparada), Tancredo (o homem afortunado e bem apessoado) e o tio de Úrsula (o
vilão sem escrúpulos). Mas mesmo; lembra dessa palavrinha? que a sinopse pareça tão comum
aos folhetins de época, os três personagens que realmente ganham a trama contam a história de
um Brasil, até então, não plenamente representado: o Brasil escravocrata. Túlio, Susana e Antero
são três personagens negros, que questionam, agem e acima de tudo: traçam uma identidade do
Brasil. Uma das principais contribuições do romance de Maria Firmina dos Reis é problematizar
a formação identitária no Brasil ao focalizar personagens silenciados historicamente; ensina
Pereira. Já o professor Eduardo Duarte e a mestre Adriana de Oliveira, em artigo publicado pelo
portal PasseiWeb completam: O negro não foi apenas colocado na trama em pé de igualdade
frente ao rico cavaleiro. Mais que isto, ele foi a "base de comparação" para que o leitor
aquilatasse o valor do jovem herói branco.”
 Narração: Narrador-personagem, ou seja, a pessoa que pratica a ação as narra;
 Tempo: O livro se passa na narrativa da escravidão.
 Espaço: fazendas brasileiras;

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 Linguagem: Prosa pois tem gênero textual narrativo de discurso livre e direto, com um
estilo de linguagem mais culta “SÃO VASTOS E BELOS os nossos campos; porque
inundados pelas torrentes do inverno semelham o oceano em bonançosa calma — branco
lençol de espuma, que não ergue marulhadas ondas, nem brame irado, ameaçando insano
quebrar os limites, que lhe marcou a onipotente mão do rei da criação”
 Personagens: Os protagonistas da história são: Túlio e Susana que ambos são escravos e
falam em primeira pessoa; a Úrsula e sua mãe Luiza B. que são mulheres comuns e não
são escravas, mas brancas que não possui posses; o comendador Fernando P., desgraça
em forma humana, é irmão de Luiza B. e tio de Úrsula; o jovem Tancredo, um branco
rico, apaixonado na jovem Úrsula; Horácio de Almeida é o amado de Úrsula.

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DESENVOLVIMENTO

A obra começa com um meio inquieto, onde um cavalheiro é encontrado por um escravo,
desacordado e seu cavalo, já não possuía mais vida. Os escravos fizeram questão de o ajudar,
mesmo sem saber quem o era, o levou para sua casa. O ajudou de todas as formas possíveis,
juntamente da dona da casa Luiza B. e sua filha Ursula, que temiam que algo de pior acontecesse.
Cuidaram por muito tempo, e as suas inquietudes eram altas. O cavalheiro, muito ruim, teve
diversas alucinações, onde mencionava em voz alta, sua mãe e um nome feminino, Adelaide.
Suplicava o amor de sua mãe, mas desejava a morte da Adelaide, Ursula a filha de Luiza B.
prestava atenção sempre, e procurava entender o porquê de tanto ódio por uma pessoa. Passados
dias, o cavalheiro havia melhorado, e Úrsula havia desenvolvido sentimentos onde só ela e Deus
sabiam. Todas as manhãs Úrsula, fazia caminhadas matinais, para pensar sobre suas emoções,
mas em uma certa manhã, estava muito triste, desolada, pois o cavalheiro havia mencionado que
iria embora. Úrsula, em sua caminhada, percebeu que não estava sozinha, o cavalheiro apareceu e
conversaram. Ele expos seus eternos sentimentos, e ela não acreditou muito, e perguntou o
porquê de tanto ódio no coração.
Ele como um bom cavalheiro, contou sobre sua história passada, e começou dizendo: “Havia
terminado seus estudos, e sua maior vontade era voltar para os braços de sua mãe, e assim fez,
voltou para seu leito materno. Chegando em sua casa, logo viu uma moça muito bonita, sua mãe
explicou que era uma parente órfã, e que havia se mudado para lá, para fazer companhia. Logo o
cavalheiro se apaixonou pela donzela, e queria por tudo casar com ela. Seu pai, sendo
conservador, não aceitou por ser órfã, e não ter uma boa condição de vida, mas ele o enfrentou, e
o seu pai aceitou pela condição de passar um ano trabalhando fora, e que cuidaria da sua futura
noiva. Por estar completamente apaixonado ele aceitou.”
Tancredo despede da sua família onde sua mãe o aguardava tremulada e ansiosa, e Adelaide
mulher a qual Tancredo amava , frequentemente recebia cartas de sua mãe as quais falavam de
Adelaide, animava-me no meu desterro, e não dirigia queixas contra o seu marido entretanto as
cartas de seu pai apresentava um tom de frieza Adelaide que com frequência também escrevia
onde recebeu a noticia do falecimento de sua mãe “ Ah, essa dor foi profunda, e tão aguda, que
recaí e por muitos dias ignorei o que se passava em derredor de mim. Recuperei a saúde, alentado
por meu amor. Adelaide estava no coração, e agora mais do que nunca seus afetos eram
necessários à minha alma A dor que eu sentira ao receber essas cartas fatais crescia, e sufocava-
me à proporção que me aproximava dessa casa, onde eu deixara minha desventurada mãe, pálida
e desfeita, e onde ia encontrar lutuoso silêncio: e o aspecto lúgubre do escravo, que vigiava à
entrada, aumentou mais essa dor profunda.”
Ao chegar foi ao encontra de Adelaide que após a morte da mãe do jovem, a moça casa-se com
o pai dele e assim enxergou em Ursula sua possibilidade de felicidade assim foi apresentado a
Luiza B. que veio a causar uma boa impressão pois nele ela sentiu-se comovida, porque era a
primeira pessoa que a visitava em sua triste morada, e que em face de sua enfermidade a não
desdenhava, nem sentia repugnância da sua miséria, e do seu penoso estado em conversa Luiza

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revelou se remoso pelo seu irmão comendador Fernando de P. que tem uma reputação de ser um
homem vingativo e assassino que viva isolado na fazenda de Santa Cruz o qual a mãe de Ursula o
relembra com muito carinho em sua infância “ . Amou-me na infância com tanto extremo e
carinho que o enobreciam aos olhos” diz Luiza, o seu irmão não aprovou o seu relacionamento
com Paulo B. pois o julgava inferior que foi assassinado deixa assim Ursula órfã de pai e Luiza
B. viúva. Luiza era uma senhora bondosa que lutou contra uma doença por 12 anos e ficou
paralitica em sua fila cuidava dela dia e noite, que abençoou o casamento de Tancredo com
Ursula após ver o amor genuíno do rapaz pela sua filha.
Túlio recebeu a chance de ter sua liberdade e acompanhar o senhor Tancredo, após receber o
chamado foi comunicar a Suzana uma mulher escrava de Luiza B. que lhe serviu de mãe a qual se
recordou de como era a sensação de liberdade quando corria as descarnadas e arenosas praias, e
aí com minhas jovens companheiras, brincando alegres, com o sorriso nos lábios, a paz no
coração, divagávamos em busca das mil conchinhas, que bordam as brancas areias daquelas
vastas praias, e lembrou das situações desumanas que sofreu davam a água imunda, podre e dada
com mesquinhez, a comida má e ainda mais porca; viu morrer ao nosso lado muitos
companheiros à falta de ar, de alimentos de água é horrível lembrar que criaturas humanas tratem
seus semelhantes assim, e que não lhes doa a consciência e assim celebrou a liberdade de Túlio.
Assim eles partiram e Úrsula não se contia de tanta saudade, nunca tinha amado na sua solidão
seu coração era tão puro como o de um anjo; foi esse o primeiro choque que lhe abalou a alma, e
a saudade devia corresponder à grandeza desse sentimento. Chorava, pois, porque ia ver partir o
objeto de suas mais caras afeições, mas no momento da partida Tancredo foi completar sua
missão que não tinha completado devido a sua queda. Divagado pela mata Ursula escuta um tiro
e assim ela e Fernanda de P. se conhecem a menina não foge pois ele o diz em nome de vossa
mãe — exclamou o caçador, tolhendo-lhe os passos —, não fujais, Úrsula! Assim afirmando que
conhecia sua mãe, ele começa a se declarar a Ursula em tom de ameaça e se apaixonada por ela.
Úrsula não consegue parar de pensar no que aconteceu com o homem da mata. Na sua
solidão, o homem havia ido perturbar lhe a virginal pureza do coração para dar-lhe uma nova
existência. Ela não se contia e queria muito saber quem era o homem da mata, o porque ele disse
que a amava com amor ardente e intenso, e que terá a duração da sua vida. Quando ela fechava os
olhos, na sua mente lhe vinha a figura constantemente, aquele rosto severo, ardente, apaixonado,
e ameaçador, aos ouvidos lhe lembrava o som da voz daquele homem.
Quando chegou à noite, Úrsula entrou no quarto de sua mãe talvez, conta-la o que se havia
passado na mata, descrevera-la as feições do desconhecido, o acento de sua voz, para ver se
descobria indícios que a elucidassem sobre esse terrível adorador, ou ao menos procurar conforto
no coração materno. Sua mãe está muito mal, olha para ela e diz:” Deus me há de permitir ainda
ver-te feliz. Sim, feliz, porque Tancredo te há de dar a ventura, que tanto hei pedido ao céu para a
minha Úrsula." a mãe de Úrsula recebeu uma carta de seu irmão, tio de Úrsula pedindo perdão
para ela.
Após receber essa carta, Luiza B. mãe de Úrsula estava muito aflita e não conseguia parar de
pensar na carta que recebeu de Fernando B então, logo Fernando foi visitar sua irmã. Fernando

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tinha vivido solitário, e desesperado com essa luta terrível do coração com o orgulho. Após a
chegada de Fernando, Luiza B. piora e começa a morrer. No leito, ela revela a filha que o seu
marido Paulo B. foi assassinado e não só isso, ela também diz a filha que Fernando B. voltará
com um pretendente e a obrigará a casar, sendo suas últimas palavras a Úrsula foi "Úrsula, minha
filha, teme a cólera de Fernando; mas sobretudo teme e repele seu amor desenfreado e libidinoso.
Meu Deus, perdoai-me se peco nisto...Aconselho-te.... que fuja...Foge, minha filha. Foge!". Após
isso, Luiza B. faleceu
No enterro de sua mãe, Úrsula de joelhos a terra úmida, e ainda revolta pelo alvião: e o pranto
amargo que lhe inundava as faces, e o soluçar magoado que vinha lá dos abismos de sua alma,
eram a mais sincera expressão da sua dor. Ela beijava o pó da sepultura, e um pranto sentido caía
sobre essa terra.

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CONCLUSÃO

Através desta reflexão, ressaltamos que muitos autores “esquecidos” como é o caso de Maria
Firmina dos Reis, merecem no mínimo a revisitação da história literária que é dinâmica e sempre
um ponto de vista que desperta questionamentos e expande as possibilidades de leitura.
Ressaltamos que a escritora maranhense contribuiu de forma definitiva ao resgate das minorias
com a marca do discurso afrodescendente e feminino na literatura brasileira, merecendo, assim,
uma visão ampliada da literatura. Além de possuir uma voz autêntica que desfaz a pretensa
superioridade do abolicionismo branco, masculino e hegemônico no século XIX. Ainda neste
aspecto, com o romance Úrsula, a autora acrescentou importantes elementos discursivos de
recuperação da memória afro descendente a partir de uma perspectiva interna e no resgate da
condição da identidade negra no Brasil.
Portanto, literatura, gênero, etnicidade e historicidade são alguns destes elementos discursivos
que caracterizam a riqueza da obra, permitindo ao leitor estabelecer um olhar crítico ao nosso
passado com sua visão ampliada, com a contribuição de obras literárias e outras formas de
expressão cultural que não foram “contempladas” pelo cânone oficial literário brasileiro.
Com estas breves considerações, acreditamos ter demonstrado que a obra de Maria Firmina dos
Reis contribui para a compreensão de outras formas de pensar a literatura no Brasil oitocentista,
deixando um legado diverso que lhe permite ser objeto de estudos e compartilhar aspectos do
romantismo. Essa literatura que leva ao leitor as marcas de um passado e a memória para
afirmação da própria identidade.
Do ponto de vista formal, o texto possui uma linearidade narrativa bem tradicional
e  personagens sem muita complexidade psicológica. A escritora utilizou das técnicas do romance
conhecido popularmente a fim de empregá-las como um instrumento de aproximação. Dessa
forma, há uma maior chance de o romance ser inicialmente aceito e transmitir sua mensagem.
Situando Úrsula no contexto da narrativa folhetinesca, pode-se aquilatar o quanto a escritora se
apropria das técnicas do romance de fácil aceitação popular, a fim de utilizá-las como
instrumento a favor da dignificação dos oprimidos, em especial a mulher e o escravo. O triângulo
amoroso formado pela jovem Úrsula, seu Amado Tancredo e pelo tio Comendador, que surge
como encarnação de todo o mal sobre a terra, ocupa o plano principal das ações. Além de
assassinar o pai e abandonar a mãe da protagonista anos e anos entrevada numa cama, o
Comendador compõe a figura sádica do senhor cruel que explora a mão de obra cativa até o
limite de suas forças. Ao final, enlouquecido de ciúmes, o vilão mata Tancredo na própria noite
do casamento deste com Úrsula, o que provoca a loucura, o posterior falecimento da heroína e o
inconsolável remorso que também leva o tio à morte, não sem antes passar pela libertação de seus
escravos e pela reclusão num convento. O texto descarta o final feliz e opta pelos esquemas
consagrados no romance gótico a fim de estabelecer a empatia com o público.

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Todavia, o livro cresce na medida em que emergem os dramas dos escravos. A narrativa se
inicia com o jovem Túlio – único cativo da decadente propriedade da mãe de Úrsula – salvando a
vida de Tancredo num acidente. Não por acaso, o primeiro capítulo, destinado à apresentação do
cenário e dos dois personagens, se intitula "Duas Almas Generosas" e logo se sabe por quê. De
imediato, destaca-se a humanidade condoída do sujeito afrodescendente, cujo perfil dramático e
existencial vai além da mera força de trabalho ou do papel de porta-voz do ódio rancoroso
dos quilombolas.

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