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PARAÌSO DO TOCANTINS
2022
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MARIA FERNANDA OLIVEIRA MIRANDA ARAÙJO
MARIA GABRYELA DE SOUZA ROCHA GENTIL
LAYS GABRIELLE LEONARDO DE OLIVEIRA
MARIA LUIZA NASCIMENTO NEGRE
PARAÌSO DO TOCANTINS
2022
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Sumário
INTRODUÇÃO 1
DESENVOLVIMENTO 2
CONCLUSÃO 3
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INTRODUÇÃO
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Linguagem: Prosa pois tem gênero textual narrativo de discurso livre e direto, com um
estilo de linguagem mais culta “SÃO VASTOS E BELOS os nossos campos; porque
inundados pelas torrentes do inverno semelham o oceano em bonançosa calma — branco
lençol de espuma, que não ergue marulhadas ondas, nem brame irado, ameaçando insano
quebrar os limites, que lhe marcou a onipotente mão do rei da criação”
Personagens: Os protagonistas da história são: Túlio e Susana que ambos são escravos e
falam em primeira pessoa; a Úrsula e sua mãe Luiza B. que são mulheres comuns e não
são escravas, mas brancas que não possui posses; o comendador Fernando P., desgraça
em forma humana, é irmão de Luiza B. e tio de Úrsula; o jovem Tancredo, um branco
rico, apaixonado na jovem Úrsula; Horácio de Almeida é o amado de Úrsula.
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DESENVOLVIMENTO
A obra começa com um meio inquieto, onde um cavalheiro é encontrado por um escravo,
desacordado e seu cavalo, já não possuía mais vida. Os escravos fizeram questão de o ajudar,
mesmo sem saber quem o era, o levou para sua casa. O ajudou de todas as formas possíveis,
juntamente da dona da casa Luiza B. e sua filha Ursula, que temiam que algo de pior acontecesse.
Cuidaram por muito tempo, e as suas inquietudes eram altas. O cavalheiro, muito ruim, teve
diversas alucinações, onde mencionava em voz alta, sua mãe e um nome feminino, Adelaide.
Suplicava o amor de sua mãe, mas desejava a morte da Adelaide, Ursula a filha de Luiza B.
prestava atenção sempre, e procurava entender o porquê de tanto ódio por uma pessoa. Passados
dias, o cavalheiro havia melhorado, e Úrsula havia desenvolvido sentimentos onde só ela e Deus
sabiam. Todas as manhãs Úrsula, fazia caminhadas matinais, para pensar sobre suas emoções,
mas em uma certa manhã, estava muito triste, desolada, pois o cavalheiro havia mencionado que
iria embora. Úrsula, em sua caminhada, percebeu que não estava sozinha, o cavalheiro apareceu e
conversaram. Ele expos seus eternos sentimentos, e ela não acreditou muito, e perguntou o
porquê de tanto ódio no coração.
Ele como um bom cavalheiro, contou sobre sua história passada, e começou dizendo: “Havia
terminado seus estudos, e sua maior vontade era voltar para os braços de sua mãe, e assim fez,
voltou para seu leito materno. Chegando em sua casa, logo viu uma moça muito bonita, sua mãe
explicou que era uma parente órfã, e que havia se mudado para lá, para fazer companhia. Logo o
cavalheiro se apaixonou pela donzela, e queria por tudo casar com ela. Seu pai, sendo
conservador, não aceitou por ser órfã, e não ter uma boa condição de vida, mas ele o enfrentou, e
o seu pai aceitou pela condição de passar um ano trabalhando fora, e que cuidaria da sua futura
noiva. Por estar completamente apaixonado ele aceitou.”
Tancredo despede da sua família onde sua mãe o aguardava tremulada e ansiosa, e Adelaide
mulher a qual Tancredo amava , frequentemente recebia cartas de sua mãe as quais falavam de
Adelaide, animava-me no meu desterro, e não dirigia queixas contra o seu marido entretanto as
cartas de seu pai apresentava um tom de frieza Adelaide que com frequência também escrevia
onde recebeu a noticia do falecimento de sua mãe “ Ah, essa dor foi profunda, e tão aguda, que
recaí e por muitos dias ignorei o que se passava em derredor de mim. Recuperei a saúde, alentado
por meu amor. Adelaide estava no coração, e agora mais do que nunca seus afetos eram
necessários à minha alma A dor que eu sentira ao receber essas cartas fatais crescia, e sufocava-
me à proporção que me aproximava dessa casa, onde eu deixara minha desventurada mãe, pálida
e desfeita, e onde ia encontrar lutuoso silêncio: e o aspecto lúgubre do escravo, que vigiava à
entrada, aumentou mais essa dor profunda.”
Ao chegar foi ao encontra de Adelaide que após a morte da mãe do jovem, a moça casa-se com
o pai dele e assim enxergou em Ursula sua possibilidade de felicidade assim foi apresentado a
Luiza B. que veio a causar uma boa impressão pois nele ela sentiu-se comovida, porque era a
primeira pessoa que a visitava em sua triste morada, e que em face de sua enfermidade a não
desdenhava, nem sentia repugnância da sua miséria, e do seu penoso estado em conversa Luiza
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revelou se remoso pelo seu irmão comendador Fernando de P. que tem uma reputação de ser um
homem vingativo e assassino que viva isolado na fazenda de Santa Cruz o qual a mãe de Ursula o
relembra com muito carinho em sua infância “ . Amou-me na infância com tanto extremo e
carinho que o enobreciam aos olhos” diz Luiza, o seu irmão não aprovou o seu relacionamento
com Paulo B. pois o julgava inferior que foi assassinado deixa assim Ursula órfã de pai e Luiza
B. viúva. Luiza era uma senhora bondosa que lutou contra uma doença por 12 anos e ficou
paralitica em sua fila cuidava dela dia e noite, que abençoou o casamento de Tancredo com
Ursula após ver o amor genuíno do rapaz pela sua filha.
Túlio recebeu a chance de ter sua liberdade e acompanhar o senhor Tancredo, após receber o
chamado foi comunicar a Suzana uma mulher escrava de Luiza B. que lhe serviu de mãe a qual se
recordou de como era a sensação de liberdade quando corria as descarnadas e arenosas praias, e
aí com minhas jovens companheiras, brincando alegres, com o sorriso nos lábios, a paz no
coração, divagávamos em busca das mil conchinhas, que bordam as brancas areias daquelas
vastas praias, e lembrou das situações desumanas que sofreu davam a água imunda, podre e dada
com mesquinhez, a comida má e ainda mais porca; viu morrer ao nosso lado muitos
companheiros à falta de ar, de alimentos de água é horrível lembrar que criaturas humanas tratem
seus semelhantes assim, e que não lhes doa a consciência e assim celebrou a liberdade de Túlio.
Assim eles partiram e Úrsula não se contia de tanta saudade, nunca tinha amado na sua solidão
seu coração era tão puro como o de um anjo; foi esse o primeiro choque que lhe abalou a alma, e
a saudade devia corresponder à grandeza desse sentimento. Chorava, pois, porque ia ver partir o
objeto de suas mais caras afeições, mas no momento da partida Tancredo foi completar sua
missão que não tinha completado devido a sua queda. Divagado pela mata Ursula escuta um tiro
e assim ela e Fernanda de P. se conhecem a menina não foge pois ele o diz em nome de vossa
mãe — exclamou o caçador, tolhendo-lhe os passos —, não fujais, Úrsula! Assim afirmando que
conhecia sua mãe, ele começa a se declarar a Ursula em tom de ameaça e se apaixonada por ela.
Úrsula não consegue parar de pensar no que aconteceu com o homem da mata. Na sua
solidão, o homem havia ido perturbar lhe a virginal pureza do coração para dar-lhe uma nova
existência. Ela não se contia e queria muito saber quem era o homem da mata, o porque ele disse
que a amava com amor ardente e intenso, e que terá a duração da sua vida. Quando ela fechava os
olhos, na sua mente lhe vinha a figura constantemente, aquele rosto severo, ardente, apaixonado,
e ameaçador, aos ouvidos lhe lembrava o som da voz daquele homem.
Quando chegou à noite, Úrsula entrou no quarto de sua mãe talvez, conta-la o que se havia
passado na mata, descrevera-la as feições do desconhecido, o acento de sua voz, para ver se
descobria indícios que a elucidassem sobre esse terrível adorador, ou ao menos procurar conforto
no coração materno. Sua mãe está muito mal, olha para ela e diz:” Deus me há de permitir ainda
ver-te feliz. Sim, feliz, porque Tancredo te há de dar a ventura, que tanto hei pedido ao céu para a
minha Úrsula." a mãe de Úrsula recebeu uma carta de seu irmão, tio de Úrsula pedindo perdão
para ela.
Após receber essa carta, Luiza B. mãe de Úrsula estava muito aflita e não conseguia parar de
pensar na carta que recebeu de Fernando B então, logo Fernando foi visitar sua irmã. Fernando
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tinha vivido solitário, e desesperado com essa luta terrível do coração com o orgulho. Após a
chegada de Fernando, Luiza B. piora e começa a morrer. No leito, ela revela a filha que o seu
marido Paulo B. foi assassinado e não só isso, ela também diz a filha que Fernando B. voltará
com um pretendente e a obrigará a casar, sendo suas últimas palavras a Úrsula foi "Úrsula, minha
filha, teme a cólera de Fernando; mas sobretudo teme e repele seu amor desenfreado e libidinoso.
Meu Deus, perdoai-me se peco nisto...Aconselho-te.... que fuja...Foge, minha filha. Foge!". Após
isso, Luiza B. faleceu
No enterro de sua mãe, Úrsula de joelhos a terra úmida, e ainda revolta pelo alvião: e o pranto
amargo que lhe inundava as faces, e o soluçar magoado que vinha lá dos abismos de sua alma,
eram a mais sincera expressão da sua dor. Ela beijava o pó da sepultura, e um pranto sentido caía
sobre essa terra.
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CONCLUSÃO
Através desta reflexão, ressaltamos que muitos autores “esquecidos” como é o caso de Maria
Firmina dos Reis, merecem no mínimo a revisitação da história literária que é dinâmica e sempre
um ponto de vista que desperta questionamentos e expande as possibilidades de leitura.
Ressaltamos que a escritora maranhense contribuiu de forma definitiva ao resgate das minorias
com a marca do discurso afrodescendente e feminino na literatura brasileira, merecendo, assim,
uma visão ampliada da literatura. Além de possuir uma voz autêntica que desfaz a pretensa
superioridade do abolicionismo branco, masculino e hegemônico no século XIX. Ainda neste
aspecto, com o romance Úrsula, a autora acrescentou importantes elementos discursivos de
recuperação da memória afro descendente a partir de uma perspectiva interna e no resgate da
condição da identidade negra no Brasil.
Portanto, literatura, gênero, etnicidade e historicidade são alguns destes elementos discursivos
que caracterizam a riqueza da obra, permitindo ao leitor estabelecer um olhar crítico ao nosso
passado com sua visão ampliada, com a contribuição de obras literárias e outras formas de
expressão cultural que não foram “contempladas” pelo cânone oficial literário brasileiro.
Com estas breves considerações, acreditamos ter demonstrado que a obra de Maria Firmina dos
Reis contribui para a compreensão de outras formas de pensar a literatura no Brasil oitocentista,
deixando um legado diverso que lhe permite ser objeto de estudos e compartilhar aspectos do
romantismo. Essa literatura que leva ao leitor as marcas de um passado e a memória para
afirmação da própria identidade.
Do ponto de vista formal, o texto possui uma linearidade narrativa bem tradicional
e personagens sem muita complexidade psicológica. A escritora utilizou das técnicas do romance
conhecido popularmente a fim de empregá-las como um instrumento de aproximação. Dessa
forma, há uma maior chance de o romance ser inicialmente aceito e transmitir sua mensagem.
Situando Úrsula no contexto da narrativa folhetinesca, pode-se aquilatar o quanto a escritora se
apropria das técnicas do romance de fácil aceitação popular, a fim de utilizá-las como
instrumento a favor da dignificação dos oprimidos, em especial a mulher e o escravo. O triângulo
amoroso formado pela jovem Úrsula, seu Amado Tancredo e pelo tio Comendador, que surge
como encarnação de todo o mal sobre a terra, ocupa o plano principal das ações. Além de
assassinar o pai e abandonar a mãe da protagonista anos e anos entrevada numa cama, o
Comendador compõe a figura sádica do senhor cruel que explora a mão de obra cativa até o
limite de suas forças. Ao final, enlouquecido de ciúmes, o vilão mata Tancredo na própria noite
do casamento deste com Úrsula, o que provoca a loucura, o posterior falecimento da heroína e o
inconsolável remorso que também leva o tio à morte, não sem antes passar pela libertação de seus
escravos e pela reclusão num convento. O texto descarta o final feliz e opta pelos esquemas
consagrados no romance gótico a fim de estabelecer a empatia com o público.
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Todavia, o livro cresce na medida em que emergem os dramas dos escravos. A narrativa se
inicia com o jovem Túlio – único cativo da decadente propriedade da mãe de Úrsula – salvando a
vida de Tancredo num acidente. Não por acaso, o primeiro capítulo, destinado à apresentação do
cenário e dos dois personagens, se intitula "Duas Almas Generosas" e logo se sabe por quê. De
imediato, destaca-se a humanidade condoída do sujeito afrodescendente, cujo perfil dramático e
existencial vai além da mera força de trabalho ou do papel de porta-voz do ódio rancoroso
dos quilombolas.
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