Você está na página 1de 8

A Moreninha

Joaquim Manuel de Macedo


O romance começa com a reunião de quatro amigos (Augusto, Leopoldo, Fabrício e
Filipe) que são estudantes de Medicina, são convidados por Filipe para passar o
feriado na casa de sua avó.
Nessa reunião Augusto e Filipe fazem uma aposta: se Augusto ficar apaixonado
mais de um mês pela mesma pessoa, ele terá que escrever um romance, e, se o
mesmo não acontecer, é Filipe quem deverá escrever um livro. A aposta ocorreu
pois Augusto era inconstante dos amigos, ele troca uma paixão por outra e não fica
mais de um mês com a mesma pessoa.
Eles vão para a Ilha e lá encontram D. Ana, a anfitriã, duas amigas, a irmã de Filipe,
D. Carolina e suas primas Joana e Joaquina. Os dias passa e Fabrício começa a ter
problemas com sua namorada Joana pois, ela só queria ir a peças, coisas cara e
estava levando ele a falência. Ele cria um plano para romper com ela, mas, para
não quebrar as suas promessas de amor, ele pede a ajuda de Augusto que o nega a
ajudar e isso causa um atrito entre os amigos, que durante o jantar travam uma
guerra entre si.
No meio da discussão Fabrício revela toda a inconstância de Augusto nos amores.
Essa revelação faz com que Augusto seja afastado pelas mulheres presentes na
pequena reunião, com a exceção de D. Carolina.
Augusto amargurado revela a D. Ana, em uma conversa pela Ilha, que sua
inconstância no amor tem a ver com as desilusões amorosas que já viveu e conta um
episódio que lhe aconteceu quando tinha treze anos. Em uma viagem com a família,
Augusto apaixonou-se por uma menina com quem brincara na praia, eles ficarão
muito próximos e no meio da conversa ela perguntou se ele queria em algum dia se
casar com ela e Augusto falou que sim, mas um menino apareceu anunciando a
morte do pai fez com que o encanto do momento acabasse, eles o ajudaram e como
forma de agradecimento, o homem deu a Augusto um botão de esmeralda envolvido
numa fita branca e deu a menina o camafeu de Augusto envolvido numa fita verde.
Essa era a única lembrança que tinha da menina, pois não havia lhe perguntado nem
o nome, mas sim o juramento de amor feito diante do homem: o de um dia se
encontrarem e serem felizes juntos. E assim ele terminou sua história e Carolina
também havia escutado.
O fim de semana termina e os jovens retornam para os estudos, mas Augusto se vê
com saudades de Carolina e retorna a Ilha para encontra-la. O pai de Augusto,
achando que isso estava atrapalhando seus estudos, proíbe o filho de visitar
Carolina. Depois de um tempo distantes, Augusto volta a Ilha para se declarar a
Carolina. Mas ela o repreende por estar quebrando a promessa feita a uma garotinha
há anos atrás. Augusto fica confuso e preocupado, até que Carolina mostra o seu
camafeu. O mistério é desfeito, e, para pagar a aposta, Augusto escreve o livro de
seu romance: A Moreninha.
A escola literária e suas características
A Moreninha é um romance da primeira geração do Romantismo A
caracterização física da personagem é significativa para a criação de um
mito romântico genuinamente brasileiro: Carolina é muito jovem e
“moreninha”, tom leve e não profundo e sedutor, como outras heroínas
românticas(lastros poéticos do Indianismo). É também travessa,
inteligente, astuta e persistente na obtenção de seus intentos. A casa na ilha
revela o olhar do escritor romântico que busca na natureza brasileira, em
suas cores e riquezas, o material poético capaz de legitimar, ainda que de
forma idealizada, nossa identidade cultural. A obra segue a estrutura típica
de romance romântico onde o herói supera todos os problemas para
conseguir concretizar seu grande amor. Também agregado varias outras
características da escola. São elas: A Idealização da mulher, elas são
tipicamente românticas, elas são a fonte de inspiração, belas, jovens.
Crítica
Considerado o escritor pioneiro do romantismo brasileiro, Joaquim Manoel de
Macedo era formado em medicina, mas sua real profissão foi ser autor. Ele era um
escritor muito famoso e toda a classe média e frequentadores da corte o
liam.Somente isso já explicaria o porquê que a leitura de A Moreninha é tão pedida
nas escolas, trata-se de ter contato com um texto que foi o mais lido de um período
histórico, os últimos 40 anos da monarquia brasileira. Ler este romance de certo
modo é se envolver com o contexto, no sentido mais amplo da palavra, daquela
sociedade, a qual ainda existe porque muito do que nós somos hoje veio dela.A
literatura proporciona entender o passado e ao mesmo tempo o presente, o que
fomos e o que somos. Claro que isto só será possível se o seu olhar como leitor ir
além da história de um estudante de medicina que se apaixona por uma moreninha.
A narrativa não é tão envolvente porém isso é o que menos importa.Do ponto de
vista histórico, antropológico e até mesmo político, o livro é bastante rico.
Como se não bastasse, tem também o fator linguístico, isto é, como essa
literatura escrita em 1841 influencia no nosso modo de escrever hoje e
até mesmo naquilo que consumismo como entretenimento.Para entender
a corrente do romantismo basta ler A Moreninha, afinal todas as
características desse movimento literário estão lá: mocinho que se
regenera ao se apaixonar de verdade, amor que é capaz de matar se não
puder ser consumado, final feliz ou imensamente trágico (neste caso foi
feliz), mais ação do que descrição, personagens rasos psicologicamente
falando, natureza em foco…Entender a estrutura narrativa de um
período literário é importante porque isto ajuda a escrever melhor, a ler
melhor, não ser facilmente enganado ou manipulado por um texto e de
mais a mais serve para passar no vestibular, esta inclusive é a serventia
mais explícita, porém não é a única.
Biografia:
Joaquim Manuel de Macedo é jornalista, professor, romancista, poeta, teatrólogo e
memorialista. Nasceu em Itaboraí, RJ, em 24 de junho de 1820. Era filho do casal
Severino de Macedo Carvalho e Benigna Catarina da Conceição.
Formado em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro. No
mesmo ano da formatura (1844), publicou A Moreninha, que lhe deu fama
instantânea e constituiu uma pequena revolução literária, inaugurando a voga do
romance nacional. Em 1849, fundou com Araújo Porto Alegre e Gonçalves Dias a
revista Guanabara, onde apareceu grande parte do seu poema-romance A Nebulosa,
que alguns críticos consideram um dos melhores do Romantismo.
Voltou ao Rio, abandonou a Medicina e foi professor de
História e Geografia do Brasil no Colégio Pedro II. Foi ativa e fecunda a sua carreira
intelectual nas várias atividades que exerceu. Suas histórias evocam aspectos da vida
carioca na segunda metade do século XIX, com simplicidade de estilo, senso de
observação dos costumes e da vida familiar. Ele faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em
11 de abril de 1882.

Você também pode gostar