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Conflitos na África

Os conflitos na África são consequências do colonialismo, que se intensificou


no período da Guerra Fria. Entre os conflitos ocorridos nas últimas décadas
destacam-se alguns, como veremos a seguir.
Com o fim da Guerra Fria e do mundo bipolar (socialismo X capitalismo), na
década de 1980, grandes transformações ocorreram no Leste Europeu: o
alinhamento político dos países africanos não mais interessou às
superpotências, que suspenderam qualquer tipo de ajuda aos seus antigos
aliados.
Assim, sem a ajuda das grandes potências, o poder dos antigos aliados foi
fragilizado, os quais passaram a ser hostilizados por seus inimigos tradicionais,
transformando o continente africano em um caos político de imprevisíveis
consequências.

Somália
Na Somália, no final dos anos setenta, tropas da Somália invadem Ogaden,
região da Etiópia habitada por somalis. A invasão foi rechaçada em 1978 pelos
etíopes, mas o conflito que ficou conhecido como “Guerra no Chifre da África”
(nome da região) arrastou-se em combates esparsos até 1988, quando um
tratado de paz incorporou definitivamente a região de Ogaden à Etiópia.
O conflito trouxe graves problemas sociais e econômicos à Somália que
incluíram a absorção de cerca de um milhão de refugiados que viviam em
Ogaden. As crises desse conflito aliadas ao fim da Guerra Fria determinaram a
eclosão de rebeliões que acabaram por depor em 1991, o general Siad Barre,
que estava no governo desde 1969. As facções rebeldes tomaram o poder,
mas não chegaram a um acordo político para a formação de um novo governo,
provocando um caos social e econômico.

Essa situação interna, aliada a uma seca prolongada, levou grande parte da
população somali ao estado de miséria absoluta, provocando a intervenção da
ONU, em 1993. Apesar dessa interferência, os conflitos internos continuam até
hoje.
Etiópia
Na Etiópia, a desarticulação econômica e política foi mais grave. Os males
gerados pelo conflito com a Somália foram agravados pelo confronto interno
com os eritreus. Incorporada ao território etíope desde o final do século XIX, a
Eritreia se tornou independente da Etiópia em 1993. Os dois conflitos
associados à ocorrência de uma prolongada seca no país (como na Somália),
provocaram a morte de aproximadamente dois milhões de habitantes.

Angola
Em Angola, a luta pela independência teve início em 1960, sendo conquistada
somente em 1975. As três facções que lutavam pela independência passaram
a disputar o poder entre si, dando início a uma guerra civil.
Esse conflito teve início no contexto da Guerra Fria, envolvendo as grandes
potências. A UNITA (União Nacional para Independência Total da Angola)
recebeu ajuda dos Estados Unidos, da África do Sul e da França; a FNLA
(Frente Nacional para a Libertação de Angola) foi extinta no início dos conflitos,
também de direita. O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)
recebeu apoio da URSS e de Cuba. O conflito dividiu o país, desarticulando
toda a sua estrutura econômica. Foi uma guerra bastante violenta.

Guerra de Angola,
que recrutou meninos de até 15 anos para substituírem milhares de mortos e
inválidos.
Moçambique
Moçambique se tornou independente de Portugal em 1975, e o poder central
passou a ser apoiado pela ex-URSS através da Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo). A instabilidade econômica favoreceu o surgimento de
uma força anticomunista, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo),
apoiada pela África do Sul.
Em 1990, com o fim da Guerra Fria, a Frelimo renunciou ao socialismo, o que
não foi suficiente para desarticular as forças de oposição lideradas pelo
Renamo, que se recusava a colocar seus efetivos militares sob a autoridade do
Exército Nacional.

Guerra civil em Ruanda


O pequeno território de Ruanda (cerca de 26 mil quilômetros quadrados)
localiza-se entre a República Democrática do Congo e a Tanzânia, tendo sido
colonizado por alemães (1885-1914) e belga (1914-1963). A população é de
quase oito milhões de habitantes, dos quais 80% são hutus e 19% tutsis. A
minoria tutsi foi a escolhida pelos colonizadores para servir de intermediária do
poder colonial, acirrando a rivalidade entre os dois povos.

Em 1959, a minoria tutsi foi afastada do poder pela maioria hutu através de
uma sangrenta rebelião em que 120 mil tutsi foram exilados.

A minoria tutsi, considerada a elite do país, não se conformava com o


afastamento do poder, e, em razão do exílio, formaram a Frente Patriótica de
Libertação e passaram a lutar abertamente pela reconquista do poder político.
No início dos anos 1990, os tutsis da Frente Patriótica provenientes de Uganda,
onde se refugiavam, invadiram o país, gerando forte reação das forças
armadas hutus.

Estima-se que o número de mortos possa ter ultrapassado um milhão, o que


representa 10% da população. Além disso, a violência dos combates expulsou
cerca de 2,3 milhões de refugiados que se dirigiram principalmente para a
República Democrática do Congo.
Conclusão
A África, dividida em inúmeros países, cujas fronteiras foram traçadas
arbitrariamente pelos colonizadores, desde os séculos XV e XVI, esteve
sempre servindo a interesses políticos e econômicos externos servindo de
base para os conflitos que vemos atualmente no continente.

Além disso, os índices socioeconômicos apontam a África como o continente


mais pobre do mundo apesar de ser um grande produtor mundial de ouro e
diamantes. Entretanto, do ponto de vista cultural, é um dos mais ricos.

Como o continente africano está praticamente marginalizado dos fluxos


da globalização por apresentar graves problemas econômicos, os blocos
econômicos desse continente são pequenos e pouco consolidados, refletindo a
fragilidade de suas economias. O acordo regional mais importante de comércio
do continente é a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Por: Wilson Teixeira Moutinho

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