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29/08/2017 A perigrinação da alma pelos arcanos - Clube do Tarô - Tarot

29 de agosto de 2017 Responsável: Constantino K. Riemma

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A simbólica dos arcanos: uma peregrinação da alma Tarô Egípcio O Momento

Texto de Jean-Claude Flornoy Quatro pilares I Ching


original no www.letarot.com
Tradução de Constantino K. Riemma
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A idéia da peregrinação da alma, desde sua encarnação até sua liberação, inspirou os
místicos e buscadores da verdade na Idade Média. A codificação das etapas dessa
peregrinação é muito antiga e podemos entender que o Tarô constitui um sucedâneo
modernizado, no final do século XIV, dessa antiga tradição.
Por volta de 1240, os escultores da Catedral de Chartres, na França, antecipam em sua
obras o que seria o Tarô. Seus grafismos deixam bem clara a fonte de onde se inspiraram os
imagineiros do Tarot.
[Nota: O termo traduzido como "imagineiros" refere-se ao francês imagier, que designa os escultores da Idade Média,
companheiros e mestres das corporações de ofícios, criadores de figuras, imagens, baixos-relevos comos os reproduzidos
abaixo]

Cristo, no centro da mandorla, na O baixo-relevo da Catedral de Amiens,


Catedral de Chartres, evoca algumas apresenta clara analogia com a carta
figuras dos arcanos maiores 16. A Casa de Deus (Torre)

Muitos historiadores e analistas do Tarô se recusam a estabelecer um nexo entre a


aparição do Tarô – súbita e “do nada” – no norte da Itália, em 1375-77 e a civilização da
Idade Média. A razão para isso, provavelmente, é o elo perdido. Esses analistas de estilo
universitário têm necessidade de pistas escritas irrefutáveis. Isso se torna ao mesmo tempo
sua grandeza e sua fraqueza. Sua grandeza porque nada avança sem provas e, sua fraqueza
porque, no caso de tradição oral, não existem escritos. Desse modo, eles cortam toda riqueza
de ligações com uma tradição que ainda se encontrava viva na época do aparecimento dos
trunfos.
Em situações como essa – a pesquisa sobre origem do Tarô – parece importante
ultrapassarmos tais modos formais de pesquisa e apresentarmos opções e lendas. São os
grafismos e os temas das imagens que estabelecem as ligações, os nexos.

Esculturas da Catedral de Chartres são provas evidentes da similaridade iconográfica


com cartas do Tarô como a 11. Força, 15. O Diabo, 14. A Temperança.

Esse laços nos levam aos companheiros das corporações de ofícios, aos criadores de
imagens das catedrais, aos talhadores de pedras, aos trovadores, aos fiéis do amor. Referem-
se a todo o conjunto da cultura sagrada da Idade Média, que atravessou uma época sombria,
e que nos deixou maravilhas de beleza e de tecnologia inigualáveis. O tarô nos abre para a
alma do povo românico, esse povo que a Inquisição perseguiu durante quase quatro séculos
para tentar sua erradicação.
Os 22 arcanos maiores do Tarô descrevem, em forma de código, o caminho da vida de um
indivíduo, de sua encarnação à sua liberação. É um mapa geográfico que descreve o itinerário
interior do ser através de suas cinco fases de existência.

A organização geral dos arcanos maiores


O Tarô, como peregrinação da alma, decompõe o caminho da vida em cinco fases:

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infância, aprendizagem, companheirismo ["compagnonnage", no francês, referindo-se aos
companheiros de ofício], mestria – que apresento formando um “quadrado” – e, por fim, a
sabedoria que ocupa a posição central. Cada fase tem sua “porta”, sua conselheira e sua
atmosfera própria. O Mundo e a “Desculpa” possuem um status especial.

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Primeiro quadrado: A INFÂNCIA


Tempo da infância, da construção do corpo físico, dos colégios e nações, o “nós”.

Porta: O Mágico (I), a encarnação


Quadra: vovó (II) , mamãe (III), papai (IV) e vovô (V).

Segundo quadrado: A APRENDIZAGEM


Tempo da aprendizagem, da construção do corpo mental, o “eu”.

Porta: Os Enamorados (VI), a primeira paixão.


Quadra: brilhar (VII), independência (VIII), Diógenes (VIIII), destruição da estrutura (X).

Terceiro quadrado: O COMPANHEIRO


Tempo do companheirismo, da construção do corpo emocional.

Porta: A Força (XI), a reconstrução com e na matéria.


Quadra: retorno das lágrimas (XII), catarse emocional (XIII), caminho com o coração
(XIIII), crescimento da energia (XV).

Quarto quadrado: MESTRIA


Tempo da mestria, construção do corpo de energia.

http://www.clubedotaro.com.br/site/m33_flornoy_quadri.asp 2/3
29/08/2017 A perigrinação da alma pelos arcanos - Clube do Tarô - Tarot
Porta: a Casa de Deus (XVI), morrer antes de morrer.
Quadra: a obra-prima (XVII), fim do medo (XVIII), de coração à coração (XVIIII), nascer do
ensinamento (XX).

Centro (síntese) : REALIZAÇÃO

Tempo da Sabedoria, da construção do corpo glorioso.


A quinta e última fase é a da participação da consciência na alma do mundo,
na Anima Mundi. Representa o Mestre da época.
O arcano XXI. O Mundo, se encontra no centro, como síntese e conclusão
do caminho da vida, da peregrinação da alma.
Os tibetanos do vajrayana diriam que esse estado de realização está ainda
sujeito a uma progressão em graduações que vão até 12 e que denominam
“terras”

O Louco
Ele se desculpa e faz sua reverência;
ele cavalga o instante.
Ele se livra do mundo e vive no aqui e
agora. O passado e o futuro
desapareceram de seu cotidiano.
É o Louco sagrado, o Buda tolo, o Judeu
errante...

Jogos numerológicos
Essa disposição em quatro tem a vantagem de apresentar de modo harmonioso os
conjuntos de fases vividas. Os amantes da numerologia e dos jogos matemáticos têm, aí, um
ponto de encontro.
A base matemática é 4 e o 7 se apresenta, igualmente, com particular importância.
Por exemplo, se somarmos os números das cartas externas ou internas de cada quadra,
teremos:
– primeiro quadrado: 7 = 2 + 5 ou 3 + 4
– segundo quadrado: 17 = 7 + 10 ou 8 + 9
– terceiro quadrado: 27 = 12 + 15 ou 13 + 14
– quarto quadrado: 37 = 17 + 20 ou 18 + 19
Podemos também adicionar as duas cartas que se encontram em linha em dois quadrados
opostos:
17 = Papisa + Diabo; Imperatriz + Temperança; Imperador + Morte...
27 = Carro + Julgamento; Eremita + Lua ...

As etapas e a mensagem
Cada arcano representa uma etapa do caminho da vida, um estágio de realização. Se os
examinarmos um a um, na ordem e por agrupamentos de cada quadra com o seu respectivo
"cabeça", o que “abre a porta”, poderemos sentir em cada um deles a energia particular que
emana dessas imagens. É possível entrar no “jogo da lembrança”. E poderemos dizer “eu
também passei por isso!” No final das contas, talvez, compreenderemos que o Tarô conta a
história de nossas próprias vidas.
Aí está o ensinamento que os Antigos, mestres das imagens e construtores do românico
e, após, das catedrais medievais, quiseram conferir a um jogo de cartas antes de
desaparecerem definitivamente. Trata-se, portanto, de um jogo a dinheiro que se alastrou
como um rastilho de pólvora pelos botequins de toda a Europa. Foi como uma garrafa lançada
ao mar, um conhecimento transmitido, às cegas, para as gerações futuras, para qualquer
finalidade útil...
Uma vez que o suporte era modesto, porque o jogo permitia ganhar dinheiro, porque
falava por imagens e não por palavras e, sem dúvida, ainda por outras razões, a mensagem
chegou até nós.

Do mesmo autor: a restauração do tarô de Jean Noblet (Paris, c. 1650)


e o de Jean Dodal (Lion, c. 1701), os mais antigos tarôs conhecidos
no estilo do "de Marselha", que a história nos conservou.
Para conhecer melhor o trabalho de Jean-Claude Flornoy, seus estudos,
criações e trabalhos de restauração de baralhos antigos, visite os sites:
www.tarot-history.com (inglês) ou www.letarot.com (francês)

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