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RTC/PIRnaUSP n.

454

RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO

Dimensionamento de Um Sistema Fotovoltaico Residencial Zero-Energia

Coordenador: Miguel Edgar Morales Udaeta

Equipe: Guilherme Patriota Sampaio


Jonathas Luiz de Oliveira Bernal
Miguel Edgar Morales Udaeta
Rodrigo Carneiro
Fernanda Antonio
Claudia Terezinha de Andrade Oliveira
Luiz Claudio Ribeiro Galvão
Pascoal Henrique da Costa Rigolin

Responsável: Jonathas Luiz de Oliveira Bernal

Revisão de texto: Cristiane Garcia

SÃO PAULO
2014
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 2

1.1. Descrição Geral do Protótipo Modelo de Casa-Solar................................................... 2

2. OBJETIVO ......................................................................................................................... 5

3. METODOLOGIA ................................................................................................................ 6

4. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ............................................................................................. 7

5. CONSUMO DOS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS ............................................................. 8

5.1. Consumo Noturno ....................................................................................................... 9

5.2. Consumo Matutino/Vespertino .................................................................................. 10

6.1. Pluviosidade e Temperatura ...................................................................................... 12

6.2. Dia Típico .................................................................................................................. 12

7. Cálculo da Irradiação Solar .............................................................................................. 13

8. SISTEMA FOTOVOLTAICO ............................................................................................ 15

8.1. Módulos Fotovoltaicos ............................................................................................... 15

8.2. Inversores ................................................................................................................. 18

8.3. Especificidades do Microgerador ............................................................................... 19

8.3.1. Quantidade Máxima de Módulos por String ........................................................ 20

8.3.2. Quantidade Mínima de Módulos por String ......................................................... 20

8.3.3. Dimensionamento do String ................................................................................ 21

9. CONFIABILIDADE E MANUTENÇÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO .......................... 26

10. IMPLICAÇÕES E ANÁLISE COM BASE NA CASA-SOLAR MODELO .......................... 28

11. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 28

12. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 29


1. INTRODUÇÃO

O século passado foi palco da crescente preocupação com o meio ambiente e, neste
século, a busca pelo desenvolvimento sustentável é de forma irrestrita (isto é, que o país seja
desenvolvido, quer em desenvolvimento). Soluções para tal busca devem ser suficientemente
práticas e de longo prazo. Nesse sentido, assumir o Sol como fonte energética e não energética,
com foco na mitigação dos efeitos globais, vinculados às emissões de gases de efeito estufa e
inclusive a fatores de poluição local, é necessário. Comprovadamente, a energia solar é ilimitada e
também a principal fonte que gera a possibilidade de aproveitamento de outras energias provindas
dos sistemas naturais na Terra.

Assim sendo, e tendo ciência acerca do comprovado potencial de aproveitamento solar no


Brasil, este trabalho se desenvolve com vistas a dimensionar um sistema fotovoltaico baseado no
conceito de energia-zero, ou seja, toda a energia consumida ao longo do ano é produzida pela
própria habitação. Os estudos, as análises e a modelagem pragmática de uma casa-solar zero-
energia tem como sustento o projeto do protótipo Ekó House, idealizado por pesquisadores da
Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Rio
de Janeiro (gráfico e paisagem), Universidade Estadual de Campinas (móveis e modelos físicos),
do Instituto Federal de Santa Catarina (água quente) e da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (Ekó House, 2012).

A Ekó House engloba técnicas tradicionais com tecnologia de ponta, utilizando painéis
fotovoltaicos para prover toda a energia necessária, e a água em ciclo fechado, buscando o
conforto térmico através de sistemas passivos e impactando o mínimo possível o meio ambiente
(RTC/PIRnaUSP 452, 2013).

1.1. Descrição Geral do Protótipo Modelo de Casa-Solar

O modelo assumido neste trabalho como sendo a referência para dimensionar um sistema
fotovoltaico residencial (com o conceito energia-zero), como já mencionado é a Ekó House. Um
dos objetivos da arquitetura do protótipo Ekó House é integrar-se com o meio ao seu redor,
aproveitando-se dos ciclos solares e da forma como moldam a vida das pessoas da região,
através da combinação entre sistemas de tecnologia avançada com técnicas tradicionais de
construção que enfatizam o uso de sistemas passivos. Essa integração possibilita o uso de
materiais e mão de obra local.

A premissa da casa Ekó House é de ser uma edificação Net-Zero Energy Building (N-ZEB)
ou edificação com energia líquida zero, ligada à rede, que se traduz em uma edificação em que a
energia total líquida requerida é nula ou negativa quando comparada a um ano típico
2
(KOLOKOTSA, 2011), sendo o atendimento à energia requerida, com intercâmbio de excedentes
instantâneos com a rede de distribuição de energia elétrica, realizado prioritariamente com fontes
renováveis de energia.

Além disso, a Ekó House destaca-se pela flexibilidade do projeto, permitindo a adaptação a
diferentes configurações familiares. Para obedecer a essas premissas, utiliza um sistema
estrutural de componentes de madeira sólida (vigas, pilares) e madeira processada, dentro do
conceito da estrutura de rede. Os módulos estruturais são independentes, o que facilita o
transporte e a montagem. O sistema completo consiste em um módulo de base, que contém os
elementos essenciais da casa (cozinha, banheiro, quarto e sala de trabalho) e outros módulos que
podem ser adicionados ao módulo de base, de acordo com a necessidade de expansão,
adicionando outras funções e outros quartos, sendo de “2,2 x 8,6 x 3,3” metros as dimensões do
módulo básico da Ekó House (Ekó House, 2012; RTC/PIRnaUSP 452, 2013).

A casa foi concebida na forma retangular para permitir a penetração de luz do dia com
facilidade. As varandas da casa estão baseadas em cortinas e painéis móveis, que se adaptam à
luz do sol ideal e às condições de iluminação, assim como a configuração de privacidade,
utilizando um controlador automatizado. A varanda funciona como um bloqueador que protege os
espaços internos da casa. O quarto, localizado no canto nordeste, recebe o sol da manhã, quando
as temperaturas costumam ser mais baixas. A sala de estar, posicionada a leste, é protegida da
luz direta pela varanda. A cozinha não deve receber muita luz solar através da fachada, assim
como deve ser protegida do calor excessivo. Uma grande abertura a oeste da cozinha garante
iluminação para a estação de trabalho e para a sala de jantar. Além disso, a persiana externa
protege contra o calor excessivo e evita a luz solar direta, o que poderia causar reflexos nas
superfícies. A Figura 1 mostra uma fotografia da casa-solar Ekó House:

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Figura 1. Protótipo Ekó House montado em Madri.

A iluminação artificial do interior segue o padrão de linhas paralelas que percorrem grande
parte do espaço, uma vez que a iluminação geral do interior está associada aos espaços e não
diretamente à configuração do mobiliário. A linha de luz ao longo da casa cria uma linha ótica de
ligação entre as duas extremidades da casa. As luminárias LED de orientação também garantem
boa visibilidade durante o dia. As lâmpadas dimerizadas, dispostas no interior, permitem atrelar a
distribuição de luz ideal entre a iluminação artificial e natural com o uso eficiente da energia
elétrica.

A Ekó House possui isolamento térmico nos painéis de acabamento externo, enquanto
cabos elétricos, de automação e encanamento estão localizados internamente. Dentro da casa, a
estrutura de apoio tem alguns slots que permitem que o morador possa encaixar facilmente
armários, prateleiras ou pinturas sem dificuldades.

Quanto à acústica, a Ekó House adota estratégias diferentes para oferecer conforto para
seus moradores. O armário técnico está disposto na parte externa da casa e tem o banheiro
localizado entre o quarto e a cozinha como um tampão.

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O sistema hidráulico adotado é o “Plug and Play”, que permite a utilização de água em
todos os pontos, por meio de um sistema de distribuição que combina a facilidade de
implementação, manutenção e transporte.

Todo o sistema hidráulico está situado na parede que separa a cozinha e o banheiro. Cada
ponto de utilização está ligado a um coletor com registro individual, permitindo a manutenção de
um ponto sem comprometer o funcionamento dos outros. Estes distribuidores estão fora da casa,
facilmente acessíveis através de um rodapé de manutenção entre a casa e o deque.

O saneamento descentralizado é um instrumento importante para a preservação dos


recursos hídricos. A Ekó House, como descrito em (Ekó House, 2012), possui um sistema
diferenciado de tratamento dos efluentes com novas tecnologias que aceleram o processo de
compostagem para evitar odores, contribuem para a redução do consumo de água e permitem a
reutilização de águas residuais na agricultura e jardins. Ademais, as águas residuais restantes
(chuveiro, pia e máquina de lavar roupa, cozinha, pia e máquina de lavar louça) são tratadas por
um sistema natural, com filtros híbridos e plantados com macrófitas (úmidas) que permitem, no
final do processo, uma elevada quantidade de água para uso não potável, usada em jardinagem,
por exemplo.

A água da chuva capturada sobre o telhado pode ser usada em tarefas que não
necessitem de água potável. Ela é recolhida por meio de calhas localizadas na fachada sul e são
filtradas no tubo de queda. Essa filtração remove impurezas que estão dentro da cobertura, tais
como folhas e outros resíduos sólidos. Entrando no tanque de água da chuva, a água passa
através de um desacelerador, cuja função é reduzir a velocidade de entrada de modo a não
suspender os resíduos depositados no fundo do tanque (RTC/PIRnaUSP 453, 2013).

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é dimensionar um sistema de microgeração fotovoltaico ligado à


rede, tendo como protótipo-modelo a Ekó House descrita no item anterior (que pode ser vista em
www.sdeurope.org, 2012), Porém, neste caso, diferentemente do protótipo modelo, vamos
assumir que é para uma família de cinco pessoas (um casal + três filhos pequenos), de classe
média, simulando o consumo de energia elétrica e a geração a partir da determinação dos
equipamentos de uso final, sempre optando, independentemente do custo final, pela máxima
eficiência energética.

Dessa forma, é detalhada a arquitetura do sistema elétrico do projeto. No Diagrama 1,


pode ser observado o esquema do protótipo que serve de escala para nosso objetivo.

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Diagrama 1. Prototipagem digital da Ekó House (Fonte: ANTONIO, F.; 2013).

3. METODOLOGIA

No projeto original o dimensionamento é estabelecido considerando que a ocupação


normal da residência é para um casal, entretanto, aproveitando-se da flexibilidade de construção
da Ekó House, pode-se facilmente adicionar dois módulos ao da base, incluir a construção de um
novo banheiro e um quarto para os filhos do casal. Ademais, adotamos a localização geográfica
de Recife devido à irradiação solar constante durante o ano e pouca precipitação, além da
facilidade de encontrar informações climatológicas e de radiação, disponíveis no portal on-line do
Climatempo e do Cresesb/Cepel (CRESESB, 2014).

Recife (PE) está localizada na seguinte posição geográfica:

 latitude 8º 04' 03'' S,


 longitude 34º 55' 00'' W
 altitude 7m

Com esse posicionamento, e considerando que o posicionamento dos painéis do sistema


de microgeração fotovoltaica deve ser definido buscando maximizar a produção de energia, temos
que:

 B= 8º 04' 03'' - 23,5° Sen [360/365(N-81)] (1)

Onde:

 B: inclinação do painel para máxima produção de energia;


 N: o dia do ano.

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Para o cálculo do consumo de energia, assume-se que as crianças saem de casa entre 7h-
12h (período escolar), um dos adultos permanece o tempo inteiro em casa e o outro sai no horário
de expediente (7h-17h), mas realiza todas as refeições em casa. Além disso, para os
equipamentos são considerados a potência fornecida pelo INMETRO e sempre com selo
PROCEL, avaliados com etiqueta A, também, pelo INMETRO, ou seja, o mais eficiente possível,
adequando-se, portanto, ao propósito da Ekó House, conforme evidenciado anteriormente.

4. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

O projeto elétrico, seguindo em escala as definições relativas ao protótipo de referência,


elabora-se com base no estilo de vida de uma família de classe média alta brasileira (que reflete
um mínimo de bem-estar, necessário no Brasil do século 21), sempre objetivando alcançar a
melhor eficiência energética. Assim, será apresentado o projeto de iluminação, a especificação do
cabeamento e os circuitos com suas respectivas proteções.

O projeto interno de iluminação artificial é projetado de acordo com a penetração da luz do


dia, uma vez que ela não penetra na sua totalidade em todas as áreas. Portanto, optou-se pelo
uso de lâmpadas LED (light-emitting diode) dimerizáveis de 4,5W (eficiência energética de
30lm/W), mostradas na figura 2, além da redução do consumo de energia, a utilização pela
tecnologia LED oferece melhoria na qualidade da luz. (ELETROBRAS, CEPEL).

Figura 2. Lâmpadas LEDs utilizadas na Ekó House. Modelo – PHILIPS.


Fonte: PHILIPS, 2011.

A modularidade da casa exige que a instalação elétrica seja flexível, diferente da forma
convencional, e simultaneamente confiável. A utilização de um sistema de conexões “Plug and
Play” facilita as conexões, sem a necessidade de realizar as terminações da casa manualmente.
O isolamento para os cabos tripolares é invariável e mantém-se de 0.6/1kV, e, para os unipolares
éi de 0.45/0.75kV, colocados no interior de conduítes metálicos flexíveis.

O restante da distribuição elétrica ocorre através de cabos de cobre isolados


individualmente através de PVC (70ºC não inflamáveis), com cores distinguindo fase, neutro e

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terra. A entrada geral da casa é realizada com cabos de 16mm² tripolar com isolamento de alta
tensão (0.6/1kV).

Localizado no interior do gabinete técnico, um quadro elétrico externo é responsável pelo


gerenciamento e pela proteção dos circuitos elétricos externos citados na Tabela 3.1. A junção e
proteção dos strings de painéis fotovoltaicos e a alimentação de energia da casa são funções
realizadas pelo quadro elétrico externo. Os cálculos elétricos gerais para a definição dos circuitos
estão de acordo com a Norma Brasileira de Instalações Elétricas de Baixa Tensão - NBR5410
(válida a partir de 2005).

5. CONSUMO DOS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

Para o cálculo de consumo de energia elétrica, realiza-se uma simulação, tal como no
relatório técnico-científico PIRnaUSP 453 (2013), utilizando fontes de dados confiáveis e
analisando o consumo dos equipamentos e aparelhos elétricos, do sistema de água, bombas, ar-
condicionado (HVAC), lâmpadas etc., como pode ser observado na Tabela 1.

Para todos os efeitos, na Tabela 1, deve ser notado que o valor de uso/dia considera a
soma do tempo em que cada equipamento está ligado individualmente.

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Tabela 1. Consumo mensal de energia.
POTÊNCIA USO/DIA CONSUMO MENSAL
EQUIPAMENTO QUANTIDADE
(W) (H) (KWH)**
Forno elétrico 1 3570 1 54,44
Cooktop 1 6300 1 192,15
Geladeira/freezer 1 143 12 52.34
Lava-roupas/Secadora 1 4000 2 48.80
Lava-louças 1 1760 1 35.79
TV/DVD 3 140 15 63
Computador 2 18 16 8,64
Videogame 1 250 3 22.5
Micro-ondas 1 1300 1 39
Condicionador de ar 2 2000 14 840
Chuveiro elétrico 2 5500 50min 13.75
Liquidificador 1 600 5min 1.5
Ferro elétrico 1 1050 30min 2,4
Modem de internet 1 8 24 5,76
Impressora 1 15 30min 0,225
Roteador 1 21 24 4,32
Painel automação 1 1 200 1 6,1
Painel automação 2 1 200 1 6,1
Brises 4 500 0.5 7,62
Persianas 7 875 0.5 13,34
Detector de fumaça 1 20 0.5 0,31
Luz de emergência 4 40 0.5 0,612
Lâmpada 1* 70 4.5 5 1,354
Lâmpada 2 1 7.5 5 0,03225
Lâmpada 3 3 7 5 0.0903
Lâmpada 4* 869 0.04 5 0,149468
Boiler 1 2500 2 152,5
Tubos evacuados 1 950 8 231,8
Tanque hidropneumático 2 1875 1 5,72
1
Água tratada 1 313 6 57,28
Total 1922,813268
*Lâmpadas dimerizadas, acrescentando uma economia de 15% (SCHNEIDER,2010).
**No caso das lâmpadas, considera-se um fator de carga de 0,86.
Fontes: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/chuveiro.pdf;
http://www.eletrobras.com/elb/main.asp?TeamID=%7B32B00ABC-E2F7-46E6-A325-1C929B14269F%7D; e elaboração
própria.

5.1. Consumo Noturno

Na Tabela 2, está especificado o consumo noturno, visto que durante a noite não há
produção de energia fotovoltaica e é necessário garantir a energia durante esse período, exigindo,
portanto, um planejamento seguro.

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Tabela 2. Consumo Noturno de Energia.
POTÊNCIA USO/DIA CONSUMO MENSAL
EQUIPAMENTO QUANTIDADE
(W) (H) (KWH)**
Luz de emergência 4 40 0.16667 0,204
Lâmpada 1* 70 4.5 5 1,354
Lâmpada 2 1 7.5 5 0,03225
Lâmpada 3 3 7 5 0.0903
Lâmpada 4* 869 0.04 5 0,149468
Forno elétrico 1 3570 0,5 27,22
Cooktop 1 6300 0,33334 65,05
Geladeira/freezer 1 143 4 17,447
Lava-louças 1 1760 0.333334 11,93
TV/DVD 3 140 10 42
Computador 2 15 10,6667 5,76
Videogame 1 250 2 15
Micro-ondas 1 1300 0,333334 13
Condicionador de ar 2 2000 14 840
Chuveiro elétrico 2 5500 0,41667 6,875
Liquidificador 1 600 2.5min 0.75
Modem de internet 1 8 8 1,93
Impressora 1 15 20min 0,15
Roteador 1 21 8 1,44
Painel automação 1 1 200 0,333334 6,0333
Painel automação 2 1 200 0,333334 6,0333
Brises 4 500 0.166667 2,54
Persianas 7 875 0.166667 4,45
Detector de fumaça 1 20 0.166667 0,10
Boiler 1 2500 0,6667 50,8334
Tubos evacuados 1 950 2,6667 77,2667
Tanque hidropneumático
2 1875 0,3334 5,72
1
Água tratada 1 313 2 57,28
Total 1260.638718
*Lâmpadas dimerizadas, acrescentando uma economia de 15% (SCHNEIDER, 2010).
**No caso das lâmpadas considera um fator de carga de 0,86.
Fontes: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/chuveiro.pdf;
http://www.eletrobras.com/elb/main.asp?TeamID=%7B32B00ABC-E2F7-46E6-A325-1C929B14269F%7D; e elaboração
própria.

5.2. Consumo Matutino/Vespertino

Na Tabela 3, está discriminado o consumo no período de produção de energia fotovoltaica,


permitindo, dessa maneira, determinar o quanto será possível acumular para o período noturno.

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Tabela 3. Consumo Vespertino/Matutino.
POTÊNCIA USO/DIA CONSUMO MENSAL
EQUIPAMENTO QUANTIDADE
(W) (H) (KWH)**
Forno elétrico 1 3570 0.5 27.22
Cooktop 1 6300 0.6667 128.1
Geladeira/freezer 1 143 8 34.90
Lava-roupas/Secadora 1 4000 2 48.80
Lava-louças 1 1760 1 35.79
TV/DVD 3 140 5 21
Computador 2 18 5,3334 2,88
Videogame 1 250 1 7.5
Micro-ondas 1 1300 0.66667 26
Chuveiro 2 5500 25min 6.875
Liquidificador 1 600 2.5min 0.75
Ferro elétrico 1 1050 30min 2,4
Modem de internet 1 8 16 3.84
Impressora 1 15 10min 0.075
Roteador 1 21 16 2.88
Painel automação 1 1 200 0.667 4.07
Painel automação 2 1 200 0.6667 4.07
Brises 4 500 0.3334 5.08
Persianas 7 875 0.3334 8.89
Detector de fumaça 1 20 0.3334 0,21
Boiler 1 2500 1.3334 101.67
Tubos evacuados 1 950 5.3334 154.54
Tanque hidropneumático 2 1875 0.6667 3.82
1
Água tratada 1 313 4 38.19
Total 662.17455
*Lâmpadas dimerizadas, acrescentando uma economia de 15% (SCHNEIDER,2010).
**No caso das lâmpadas considera um fator de carga de 0,86.
Fontes: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/chuveiro.pdf;
http://www.eletrobras.com/elb/main.asp?TeamID=%7B32B00ABC-E2F7-46E6-A325-1C929B14269F%7D; e elaboração
própria.

6. Condições Meteorológicas

Para a determinação da produção de energia do painel fotovoltaico, os dados


referentes à nebulosidade e pluviosidade são essenciais, visto que, nesses períodos, a unidade
fotovoltaica (o painel) funciona muito abaixo da sua capacidade máxima. Além disso, será
especificado o dia típico de Recife, visto que esta será a condição usual de funcionamento do
sistema.

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6.1. Pluviosidade e Temperatura

Os dados climatológicos representam uma média do período entre 1961-1990, tal


como pode ser observado nas figuras 3 e 4.

Figura 3. Temperatura e pluviosidade anual.

Figura 4. Temperaturas e pluviosidade mensal.

6.2. Dia Típico

Recife possui clima tropical quente e úmido, com temperatura média anual de 25,4ºC e
amplitude de 2,8ºC. O regime de chuvas caracteriza-se por dois períodos distintos: uma estação
seca ou de estiagem, que se prolonga de setembro a fevereiro (primavera-verão) e uma estação
chuvosa, de março a agosto (outono-inverno) (Atlas Ambiental da Cidade do Recife, 2000).

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7. Cálculo da Irradiação Solar

Baseados nas informações fornecidas pelo portal do Cresesb/Cepel, temos os cálculos da


irradiação solar em Recife (PE), como apresentados na Tabela 4 e Figura 5:

Tabela 4. Irradiação solar mensal.

Fonte: Cresesb/Cepel

Figura 5. Radiação solar mensal.


Fonte: Cresesb/Cepel

Visto que a inclinação dos painéis fotovoltaicos pode ser ajustada, objetivando
homogeneizar a produção de energia ao longo do ano, otimizando para o inverno, principalmente,
serão utilizados dados de irradiação relativos a quarta maior irradiação mensal. De posse desses
dados, é possível dimensionar o sistema fotovoltaico, acrescentando uma margem de segurança
para eventualidades.

A partir da Tabela 4, obtêm-se os valores médios totais mensais de energia apresentados


na Tabela 5:
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Tabela 5. Totais mensais e anual de energia.
Média Incidência solar mensal
Mês Dias
(horas Wp) (hWp/mês)
Jan. 6,41 31 198,71
Fev. 6,32 28 176,96
Mar. 5,93 31 183,83
Abr. 5,47 30 164,10
Mai. 4,87 31 150,97
Jun. 4,53 30 135,90
Jul. 4,73 31 146,63
Ago. 5,18 31 160,58
Set. 5,93 30 177,90
Out. 6,36 31 197,16
Nov. 6,49 30 194,70
Dez. 6,41 31 198,71
Média 5,72 Total 2086,15

A partir da Tabela 5, com o cruzamento da informação da Tabela 1, de média mensal de


consumo de energia, é possível determinar a quantidade de painéis necessários para o
suprimento anual da residência.

Energia total anual: 1992,81kWh/mês x 12 = 23073,76kWh/ano

A potência necessária é a relação da energia total anual da residência com a incidência


solar total anual:

Potência média anual = energia total anual/incidência solar total

23073,76/2086,15 = 11,06kW

Sendo os painéis de 230W (Ekó House, 2012), a quantidade necessária de painéis para
atender a carga média anual com os requisitos de sobra de energia seria de:

11.060W/230W = 48.09 painéis

A resolução 482 da ANEEL recomenda um dimensionamento com previsão de 10% de


sobras de energia.

+ 10% de sobras =12,167kW

12.165/230 = 52,89 painéis (em se tratando de quantidades unitárias,


por padrão de projeto de sistemas fotovoltaicos, o número de painéis é o próximo número inteiro
maior ou igual ao resultado, totalizando 53 painéis necessários).

Na Tabela 6, apresenta-se um balanço mês a mês da energia gerada e o total acumulado


no ano.
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Tabela 6. Balanço de energia gerada em um ano.
Média kWh
Mês kW kWh gerado Excedente
consumido
Jan. 1922,81 9,676 2422,2749 26%
Fev. 1922,81 10,866 2157,1424 12%
Mar. 1922,81 10,460 2240,8877 17%
Abr. 1922,81 11,717 2000,379 4%
Mai. 1922,81 12,736 1840,3243 -4%
Jun. 1922,81 14,149 1656,621 -14%
Jul. 1922,81 13,113 1787,4197 -7%
Ago. 1922,81 11,974 1957,4702 2%
Set. 1922,81 10,808 2168,601 13%
Out. 1922,81 9,753 2403,3804 25%
Nov. 1922,81 9,876 2373,393 23%
Dez. 1922,81 9,676 2422,2749 26%
Média 23073,76 11,060 25430,1685 10%

8. SISTEMA FOTOVOLTAICO

Como o projeto de dimensionamento de um sistema fotovoltaico em Recife, baseado no


protótipo da Ekó House, tem como foco a geração de energia, grande parte da área
correspondente ao telhado deve ser utilizada para a colocação de painéis fotovoltaicos visando a
geração elétrica.

8.1. Módulos Fotovoltaicos

O sistema fotovoltaico é composto de módulos, modelo SPR 230 WHT (os mesmos do
protótipo modelo), fornecidos pela Sun Power Corporation, os quais são feitos com células solares
monocristalinas que garante até 50% a mais de geração de energia em comparação com os
painéis convencionais (considerados convencionais até 2011), ou seja, uma eficiência de 18.5%
na conversão de energia fotovoltaica, pesando 15kg cada painel (a Figura 6 mostra as
características desse painel). O painel fotovoltaico é controlado e pode ser ajustado para cinco
inclinações diferentes (10, 15, 20, 25 e 30 graus), maximizando a geração de energia.

15
Dimensões (L x P x A) 1559 x 46 x 798 mm

Figura 6. Especificações do módulo fotovoltaico SPR 230 WHT.


Fonte: SunPower, 2012

A potência dos painéis é dada pela potência de pico expressa em [Wp]. No entanto, essa
característica não pode ser utilizada como parâmetro para a escolha dos painéis, pois,
dependendo da utilização, as características elétricas serão de suma importância (CRESESB,
2004). Dessa forma, tais parâmetros/características elétricas e térmicas determinam-se baseados
no STC (Standard-Test-Conditions), os quais definem uma temperatura de junção da célula em
25°C, irradiância total de 1.000 W/m2 normal à superfície de ensaio e espectro AM 1,5 (ABNT,
2006).

16
Na Figura 7, podem ser verificadas tais características, como:

1) Corrente de curto-circuito (Isc): medida quando não há a conexão de nenhum


equipamento, e, assim, tensão zero;
2) Tensão de circuito aberto (Voc): com módulo posicionado na direção do sol, através de
um voltímetro, verifica-se que a corrente não flui, pois não há nenhum equipamento
conectado (LUQUE; HEGEDUS, 2011);
3) Ponto de máxima potência (MPP ou Pmpp): produto da corrente de potência máxima (Imp)
com a tensão de potência máxima (Vmp) (MASTERS, 2004).

Figura 7. Parâmetros elétricos caracterizando a potência máxima.


Fonte: Cresesb, 2007 (modificado)

Por fim, almejando aumentar a Potência Máxima (Pm), os módulos fotovoltaicos devem ser
ligados entre si, em série ou em paralelo. Para a realização de tais conexões, se utiliza um cabo
MultiContact, conforme pode ser visto na Figura 8, resistente à luz solar.

Figura 8. MultiContactKris Tech Wire ( 5,26mm²). Tipo XLP RHW – 2,600V,15 A (resistente à luz solar).
Fonte: Relatório Técnico-científico Ekó House

Já para a proteção do sistema, sempre com base na Ekó House (não é intuito deste
trabalho dimensionar sistemas já estabelecidos e aplicados nesse protótipo de referência),
assume-se o uso de um disjuntor da Schneider ElectricTM, (Figura 9.1), e, para a proteção contra
surtos, outro equipamento também da Schneider ElectricTM (características na Figura 9.2),
demonstradas na Tabela 6.
17
Tabela 5. Dispositivos utilizados para a proteção dos painéis fotovoltaicos (Ekó House, 2012).

Características técnicas:
 2P/CURVA C
 Tensão nominal (Vn): 220V
 Corrente nominal (In): 10A
 Tensão máxima (Ve): 500VDC
 Capacidade de interrupção (Icu): 10kA
Figura 9.1. Schneider Eletric CH60 Modular
DC Circuit Breaker.
Fonte: Schneider-electric, 2011.

Características técnicas:
 Tensão nominal (Um): 600V.
 Corrente nominal de descarga (In): 15kA.
 Corrente máxima de descarga (Imax):
40kA.

Figura 9.2. Schneider Electric PRD 40r – 600


DC Surge Arrester.
Fonte: Schneider-electric, 2011.

8.2. Inversores

Os inversores são equipamentos que convertem a corrente de DC em AC, possibilitando o


seu uso nos equipamentos finais e sistemas da casa. Em projetos de microgeração, utilizam-se
basicamente dois tipos:

1. Microinversores: é uma tecnologia mais recente, que possibilita que um SFV esteja
constituído de pequenos inversores colocados em cada painel individualmente (uma
ilustração pode ser visto na Figura 10). Normalmente, esses inversores têm de 25-30 anos
de garantia e são 5% a 10% mais caros que os inversores string (ver Figura 11), sendo
operados em voltagens menores do que os strings. Dessa forma, caso ocorra falha em
algum microinversor, ou edificações e árvores próximas façam sombra em um painel, não
será afetada a produção de energia dos outros painéis, ao contrário dos inversores string.
Além disso, pode-se ajustar a orientação individualmente dos painéis, enquanto nos strings
inversores todos deverão estar na mesma.

18
Figura 10. Microinversor.
Fonte: Enphase Energy

2. Inversores string: são ligados em série e em linhas do painel fotovoltaico, podendo


existir associações em paralelo ao string, tendo garantia normalmente de 10 anos. Assim,
como a perda de energia em quedas de voltagem é maior para correntes AC do que DC e
nos strings a conversão só acontece no fim – ao contrário do microinversor, em que a
corrente é invertida para AC em cada painel –, os inversores strings (Figura 11) minimizam
a perda de energia.

Figura 11. Inversor String.


Fonte: Fronius

8.3. Especificidades do Microgerador

Neste trabalho, por definição do protótipo modelo, pressupõe-se o uso do inversor modelo
SMA SMC 6000A (RTC/PIRnaUSP 453, 2013), que está protegido com isolação galvânica e
possui tecnologia com controle ativo de temperatura. A partir da escolha do modelo de inversor, é
possível determinar os parâmetros de composição do sistema, como quantidade mínima e
máxima de módulos por string, valores de corrente e quantidades de strings.

19
8.3.1. Quantidade Máxima de Módulos por String

A potência e, como consequência, a tensão gerada pelo módulo fotovoltaico apresentam


uma dependência significativa da temperatura, com variação de -132,5 mV/ºC e referência a 25ºC,
temperatura da Condição Padrão de Testes (STC, sigla em inglês). Isso faz com que locais com
amplitudes térmicas muito grandes necessitem de uma precaução no planejamento da distribuição
dos módulos em strings, para que a máxima voltagem na entrada do inversor não seja maior que
a máxima tensão de entrada suportada, de 600V para o modelo selecionado, tampouco seja
menor.

Em Recife, a mínima temperatura histórica registrada pelo Instituto Nacional de


Meteorologia é de 15ºC, sendo essa a referência para se determinar a variação da máxima tensão
nos módulos, dada por:

{ [( ) ]} (2)

(3)

A quantidade máxima de módulos por string é dada por:

(4)

Para a tensão máxima de 50V por módulo, é possível ligar o máximo de 12 módulos por
string.

8.3.2. Quantidade Mínima de Módulos por String

Como a queda de temperatura influencia, aumentando os valores de tensão dos módulos


e, assim, arriscando ultrapassar os valores máximos de tensão no inversor, o seu aumento pode
causar a queda da tensão a níveis inferiores da tensão mínima no ponto de máxima potência do
inversor. Para o modelo de inversor selecionado essa tensão é de 246V.

A influência de altas temperaturas traz também a consideração de que máxima


temperatura do painel depende, além da máxima temperatura ambiente, do método de fixação
dos painéis, que podem incrementar consideravelmente a máxima temperatura atingida pelo
módulo (IEA, 2004).

20
O método de fixação dos painéis, como arquitetonicamente definido no protótipo aqui
definido como modelo, isto é da Ekó House, em relação ao telhado por ser inclinado, porém com
altura livre da fixação, pode gerar um incremento de até 30ºC, segundo IEA (2004).

Sendo a máxima temperatura histórica de Recife registrada em 35,1ºC, obtém-se assim


uma temperatura de operação de 65,1º, que é inserida na equação da tensão ajustada (2), o que
resulta uma tensão mínima no módulo de 35,67V.

Para:

(5)

Obtém-se, então, um mínimo de 7 módulos no string.

8.3.3. Dimensionamento do String

Como o total de painéis deve ser de 54 módulos para o atendimento total da carga ao
longo dos 365 dias do ano, com 10% de margem de segurança, sendo o mínimo de 7 módulos e o
máximo de 12 módulos por string, o ideal é realizar a montagem com 6 strings de 9 módulos cada,
divididos em dois inversores, ligados a três strings cada. Confirmado pelo cálculo de corrente
máxima por inversor que segue abaixo:

 a corrente de curto-circuito (Isc) no string é de 5,99 A, e a corrente de máxima potência,


(Imp) 5,61 A, considerando um fator de segurança no valor de 1,25 para as três strings de
cada subsistema (excedendo qualquer caso extremo).

Na Tabela 7, é apresentado o cálculo das correntes Isc’ e Imp’, que servem de parâmetro para o
dimensionamento da corrente no inversor.

Tabela 6. Cálculo da corrente DC do inversor.


Corrente de curto-circuito Isc = 5,99 A Isc’ = 5,99 x 3 x 1,25 = 22,5 A
Corrente de máxima potência Imp = 5,61 A Imp’ = 5,61 A x 3 x 1,25 = 21 A
Corrente DC do inversor 26 A

Ademais, considerando mais uma vez um fator de segurança de 1,25, é utilizada a tensão
de circuito aberto para o cálculo do valor de tensão máxima do inversor, como demonstrado na
Tabela 8.

21
Tabela 7. Cálculo de tensão máxima no inversor.
Tensão de circuito aberto Voc = 50V Voc’ = 50x9x1,25 = 562,5V
Tensão máxima no inversor 600 V

Finalmente, através da equação (6), é calculado o valor do último parâmetro a ser


considerado: o cálculo do ponto de máxima potência (Pmpp).

(6)

Assim, na Tabela 9, é demonstrado o valor do ponto de máxima potência (Pmpp) em cada


subsistema, levando em conta que num subsistema existem 2 ou 3 strings de painéis
fotovoltaicos. Sendo que na tabela 10 estão descritos os valores paramétricos para escolha do
inversor.

Tabela 8. Dimensionamento da potência máxima que o inversor pode ser utilizado.


9 PAINÉIS
Tensão de máxima potência Vmp 369 V
Corrente de máxima potência no string Imp 5.61 A
Potência máxima no string Pmpp 2070 W
Potência máxima por sistema 6210 W
Potência máxima dc do inversor 6300 W

Tabela 9. Parâmetros para o dimensionamento e escolha do inversor adequado.


Corrente DC do inversor 26 A

Tensão máxima no inversor 600 V

Potência máxima de saída do inversor 6000 W

No que se refere à escolha do inversor, há opções que impactam na energia entregue


na saída do inversor, bem como no custo final do projeto. Como pôde ser observado nas tabelas 9
e 10, o modelo de inversor escolhido suporta uma entrada ligeiramente superior à máxima
potência gerada pelos strings ligados nele. Contudo, a máxima potência entregue na saída AC do
inversor é cerca de 3,5% menor que a máxima potência gerada.

De posse dessa informação, há a possibilidade de escolha de um modelo com valores


superiores de potência AC de saída, refletindo significativamente no custo do projeto. Também é
possível escolher um modelo inferior em uma distribuição de três inversores de 5000W, elevando
também o custo final, já que a diferença de valores entre unidades de 5000W e 6000W é de
aproximadamente 5%.

22
Optou-se pela configuração de dois inversores de 6000W de potência máxima de saída AC
no inversor, dessa forma os custos dos equipamentos ficam positivamente equilibrados, numa
relação R$/W instalado – além de reduzir custos de operação e manutenção. A desvantagem de não
se aproveitar toda a energia gerada fica minimizada pelo listado abaixo:
 A máxima potência, de fato, é gerada por no máximo 2h de insolação direta
diária, resultando em menos de 1/3 da média diária de insolação.
 A diferença entre o gerado e o entregue é menor que 3,5% nesse período de
2h.
 O projeto obedece ao recomendado pela ANEEL, com sobras de 10% de
energia.

A expectativa de energia gerada, disponível na saída dos inversores, é de 24,1 MWh em


um ano, considerando a eficiência do inversor, contra geração DC de 25,4MWh e consumo
esperado de 23,1MWh no mesmo período.

Dessa forma, como a potência máxima instalada do sistema fotovoltaico é de 12.420Wp,


foram escolhidos dois inversores para completar o sistema (da mesma forma que no protótipo-
modelo, Ekó House), da marca SMATM, modelo Sunny Mini Central 6000A, como mostrado na
Figura 12, juntamente de suas características na Tabela 11.

Figura 12. Inversor escolhido da marca e modelo SMA Sunny Mini Central 6000A.
Fonte: SunPower, 2013

23
Tabela 10. Características elétricas e gerais do Inversor SMA Sunny Mini Central 6000A.
Potência máxima DC (cos φ=1) 6300W
Tensão máxima – entrada 600V
MPP – faixa de tensão 246V - 480V
Tensão mínima/tensão inicial 211V / 300V
Corrente máxima 26A
Corrente máxima por string 26A
SAÍDA (AC)
Potência nominal (@230 V, 50 Hz) 6000W
Potência aparente máxima 6000VA
Tensão nominal 220V
Alcance da faixa de frequência 60Hz
Corrente máxima 26A
Equilíbrio de potência Sim
EFICIÊNCIA
Eficiência máxima 96,10%
PROTEÇÃO
Monitoramento – falta plugues/grid Sim/Sim
Proteção contra inversão de polaridade Sim
DADOS GERAIS
468/613/242m
Dimensões (L / A / P)
m
Peso 62kg
Faixa de operação – temperatura 25°C+60°C
Consumo interno (noite) 0,25W

O inversor é conectado diretamente aos dispositivos de proteção contra surtos (Figura 9.2),
e cada inversor se responsabiliza por três strings. O diagrama dessa conexão é mostrado na
Figura 13.

Figura 13. Conexão dos módulos fotovoltaicos aos inversores #1 e #2.


Fonte: RTC/PIRnaUSP n. 453

24
O inversor admite cabos específicos de corrente contínua (DC), provindos do sistema de
módulos fotovoltaicos, e disponibiliza a energia em corrente alternada (AC) para o painel elétrico,
responsável pela distribuição de energia.

Para dimensionar os cabos em uma distância curta, deve ser verificada a capacidade de
corrente máxima que o sistema pode fornecer, segundo a NBR 5410. Através da Tabela 11,
temos que a corrente máxima que o inversor pode suportar é 26A, e a distância do inversor para o
painel elétrico é considerada de aproximadamente 5m (sempre com base em Ekó House, 2012).
Segundo SUNLABTM, a bitola a ser utilizada para uma corrente de 26A a uma distância de 5m é
de 6mm².

As conexões do inversor estão ilustradas na Figura 14 tal que podem ser observadas as
formas de conexão tanto da entrada como da saida do equipamento.

Figura 14. Conexões de entrada e saída do inversor.


Fonte: RTC PIRnaUSP n. 453

Na Figura 15 é mostrado o esquema de conexão dos inversores com os dispositivos de


medição responsáveis para controlar a geração de energia.

25
Figura 15. Conexão dos inversores com os dispositivos de proteção e de medição da Ekó House.
Fonte: RTC/PIRnaUSP n. 453

9. CONFIABILIDADE E MANUTENÇÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

De acordo com a resolução 482 da Aneel (ANEEL, 2012), é permitida a utilização de um


sistema de compensação de energia elétrica. Nesse sistema, a energia ativa injetada, por unidade
consumidora com microgeração distribuída ou minigeração distribuída, é cedida, por meio de
empréstimo gratuito, à distribuidora local. Posteriormente, essa energia é compensada com o
consumo de energia elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora, ou de outra unidade
consumidora de mesma titularidade em que os créditos foram gerados, por um período de 36
meses – desde que possua o mesmo Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de Pessoa
Jurídica (CNPJ) junto ao Ministério da Fazenda. Além disso, exige-se uma margem de segurança
de 10% na energia gerada, visando, dessa forma, garantir o funcionamento pleno da
microgeração fotovoltaica.

Uma das grandes vantagens dos sistemas de produção fotovoltaicos é que os módulos e
os inversores foram construídos de modo que o trabalho de manutenção seja reduzido ao mínimo
durante os 25 anos garantidos de funcionamento. A parte frontal dos módulos é constituída por
um vidro temperado de 3 a 3,5mm de espessura, o que os torna resistentes até ao granizo,
admitindo qualquer tipo de variação climática. Além disso, eles são autolimpantes devido à própria
inclinação que o módulo deve ter.

26
De qualquer maneira, é aconselhável executar inspeções periódicas dos módulos, para ver
se apresentam danos no vidro, película posterior, estrutura, caixa de junção ou ligações elétricas
externas. Dessa forma, pode-se usar água para lavar o vidro frontal, remover poeira e outros
detritos. Já no caso de sujidade entranhada, indica-se utilizar panos de microfibras com etanol ou
limpa-vidros convencional, principalmente durante os meses de verão, quando as chuvas são
escassas na cidade de Recife, com uma periodicidade mensal e à noite, visto que nesse momento
não há produção de energia. A Figura 16 ilustra o estado real de um painel fotovoltaico após um
tempo sem verificação in loco dele.

Figura 16. Módulo fotovoltaico em Los Angeles após dois meses sem chuvas.

Outro fator importante para garantir um funcionamento seguro é fazer um controle do


inversor, a cada ano, a respeito de danos visíveis, para evitar uma eventual perda de potência
devido a uma refrigeração insuficiente do inversor. Para tanto, é necessário verificar se o LED
verde está aceso, indicando perfeito funcionamento. No interesse de resultados otimizados, o
operador deve verificar, de preferência semanalmente e em condições de radiação solar variadas,
se a mensagem no inversor aponta para um funcionamento correto e plausível.

Como parte essencial da operação e manutenção normal de microgeradores fotovoltaicos,


como os desenvolvidos neste trabalho, anualmente, deve-se:

 Verificar o funcionamento do ventilador, limpá-lo e efetuar a sua montagem inversa.


 Limpar as palhetas de ventilação do inversor, as quais se encontram em ambos os
lados deste. Como o inversor, geralmente, aspira o ar pelo ventilador na parte inferior e o
deixa escapar pelo lado (com, por exemplo, o esquerdo), é necessário efetuar a limpeza
da palheta pelo lado da saída do ar (a esquerda, por exemplo) para que haja a dissipação
de calor ótima do aparelho.

27
 Verificar o estado dos cabos, uniões e terminais, pois uma ligação que não esteja
correta pode produzir um arco elétrico, o que possibilita o aumento de temperatura e um
colapso no dispositivo. Para evitar um problema sério no dispositivo no futuro, é essencial
fazer um teste que verifique a existência de tensões mecânicas.
 Verificar as proteções elétricas.
 Verificar o estado do inversor através da existência de sujidades (poeiras, flores ou
outros detritos) que possam levar a uma perda de potência e a uma refrigeração
insuficiente. Além de conferir se os dados que serão enviados pelo inversor são lógicos e
se coincidem com os que estão visíveis no display do inversor.
 Inspecionar o Electronic Solar Switch, verificando se está desgastado e se as linguetas
no interior da ficha apresentam descolorações castanhas.

10. IMPLICAÇÕES E ANÁLISE COM BASE NA CASA-SOLAR MODELO

Os valores obtidos a partir do desenho original (protótipo Ekó House) demonstram a


possibilidade de aplicar o conceito de energia-zero numa casa sustentável em Recife, porém em
condições locais. O consumo de energia estabelecido para o proposito da casa-solar aqui
considerada (com base no protótipo Ekó House), em um ano é de 23,1MWh, e a geração de
energia em um ano é de aproximadamente 24,15MWh.

Para a diminuição do consumo excessivo calculado, pode ser considerada a escolha de


outro sistema de HVAC mais eficiente, pois, na simulação realizada considerando o atual arranjo
de casa-solar, o sistema de HVAC representa aproximadamente 20% do consumo anual da casa.
Já o sistema de iluminação por LEDS, de baixo consumo de energia, representa
aproximadamente 10% do consumo anual de energia, lembrando que o sistema de automação
está incluso.

Além disso, o sistema de água (tal como desenhado no protótipo-modelo deste trabalho)
deve ser repensado na implementação do projeto, pois representa o maior consumo entre os
sistemas: em torno de 42%. Por fim, o critério de escolha dos equipamentos elétricos vai além de
baixo consumo, devem ser considerados todos os aspectos e as características para a obtenção
de uma alta eficiência energética ligada diretamente ao conforto.

11. CONCLUSÃO

As análises e avaliações da casa-solar consideradas neste trabalho evidenciam


essencialmente o sistema elétrico na visão de consumo/geração e, nesse sentido, concluiu-se que

28
a aplicação pragmática do conceito de residência zero energia está tecnicamente dominada. De
fato, o conceito energia-zero provém de que o consumo seja igual ou menor à produção durante
um ano completo, considerando a vida útil da residência, neste caso, da casa-solar considerada
com base no protótipo-modelo.

Além disso, observa-se que é possível alcançar o resultado esperado (incluindo eficiência
energética e ambiental), utilizando-se sempre dos equipamentos mais eficientes e menos
prejudiciais à natureza, e aproveitando-se do potencial fotovoltaico da cidade de Recife.

Portanto, a casa-solar, aqui desenvolvida (mesmo que precariamente em termos de projeto


detalhado), é uma residência de energia-zero e que a sua geração ultrapassa com segurança o
consumo, verificando assim que ela pode atuar tanto de forma isolada, gerando energia para
outras casas em seu entorno, como em cidades, onde o excedente poderá ser compartilhado com
a rede elétrica comercial, conforme a regulamentação vigente.

12. BIBLIOGRAFIA
ABNT– ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10899: Energia solar
fotovoltaica - Terminologia. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro.
2006.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações Elétricas


de Baixa Tensão. Segunda edição. 30.09.2004. Válida a partir de. 31.03.2005.
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<http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2011428.pdf>.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Processo: 48500.001760/2013-52: modelo para


envio de contribuições referente à audiência pública. Nº 7/2013 ed. Brasil: Roberto Zilles:
Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos – Instituto de Energia e Ambiente, 2013. Disponível em:
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CEPEL - CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. (Brasil). 2014. Disponível em:
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