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Instituto Superior de Engenharia do Porto


Departamento de Engenharia Electrotécnica

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Laabboorraattoorriiaall ppaarraa
IInnssttrruum
meennttaaççããoo ee M
Meeddiiddaass

Estudo das capacidades e funções do


gerador de formas de onda
Medição da relação entre fases de duas
ondas sinusoidais, com a mesma
frequência
Medição da relação entre frequências de
duas ondas sinusoidais

T
Trraabbaallhhoo L
Laabboorraattoorriiaall ppaarraa
IInnssttrruum
meennttaaççããoo ee M
Meeddiiddaass

Gustavo Ribeiro Alves


João Tavares Martins
André Vaz Fidalgo

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Noovveem
N
ISEP INME

1. Objectivos
• Conhecer as capacidades de funções do gerador de formas de
onda.

• Medir a relação entre fases de duas ondas sinusoidais com a


mesma frequência.

• Medir a relação entre frequências de duas ondas sinusoidais.

2. Introdução teórica
2.1 Geradores de formas de onda
Nos laboratórios de electrotecnia os geradores de formas de onda constituem uma das
ferramentas usuais de trabalho. Estes aparelhos geram ondas normalmente de três tipos:
sinusoidais, triangulares e quadradas. Em alguns geradores existe ainda uma outra
hipótese de geração de impulsos.

v1

v2

v3

Fig. 1 – Formas de onda: sinusoidal; triangular; quadrada

GRA - JTM - AVF 1


ISEP INME

• Frequência

Uma das possibilidades oferecidas pelos geradores é a da variação da frequência da onda


gerada.
A frequência é o número de vezes por segundo que a onda retoma as mesmas
características.
Através de um simples botão, o utilizador pode fazer variar a frequência entre valores que vão
dos poucos mHz até a algumas dezenas de MHz.
Um botão rotativo e quatro botões de pressão (fig. 2) permitem cobrir toda a gama de
frequências disponível.
Note-se que a frequência de saída será igual ao produto do valor indicado no botão rotativo,
pelo factor multiplicativo (x 0,01; x 1; x 100; x 10 k) indicado no botão de pressão, premido.

Fig. 2

A gama coberta pelos geradores disponíveis vai de 1 mHz até 2 MHz.


Ao rodar o botão FREQUENCY no sentido dos ponteiros do relógio, a frequência aumenta.
Ao visualizar-se a onda num osciloscópio verifica-se que o seu período diminui uma vez que
este é o inverso da frequência.

v1

→ →

Fig. 3 – Diminuição do período e consequentemente aumento da frequência

• Selecção da Forma de Onda

Quatro botões de pressão, sob a designação WAVEFORM, (fig. 4) permitem seleccionar


outras tantas formas de onda de saída:
‰ o botão com a indicação “ ” permite seleccionar a forma de onda sinusoidal
‰ o botão com a indicação “ ” permite seleccionar a forma de onda quadrada
‰ o botão com a indicação “ ” permite seleccionar a forma de onda triangular
‰ o botão com a indicação “ ” permite seleccionar uma tensão contínua.

GRA - JTM - AVF 2


ISEP INME

Fig. 4

• Gama de Amplitude

A amplitude de saída pode ser variada continuamente, entre 3 V e 30 V pico a pico, tal como
está indicado no botão AMPLITUDE (fig. 5). No entanto, esta variação pode ser alterada por
introdução de um valor de atenuação.

Fig. 5

• Atenuação da Amplitude de Saída

A amplitude de saída do sinal pode ser atenuada, isto é, o seu valor pode ser dividido por um
valor fixo. Para tal, basta pressionar um, ou mais, dos botões, com a indicação
ATTENUATION (fig. 6). Ao pressionar mais que um botão, a atenuação total é a soma de
cada uma das atenuações parciais.

Fig. 6

De reparar que os valores da atenuação estão expressos em dB (decíbel).


O dB exprime uma relação entre a entrada e saída, isto é, um ganho.
Para calcular o ganho, em dB, de um sistema, usa-se a seguinte fórmula:
Uo
20 log (dB)
Ui

em que Uo representa o sinal de saída e Ui o sinal da entrada.

Para um ganho em corrente a fórmula de cálculo é a mesma:


Io
20 log I (dB)
i

Porém, no caso de um ganho de potência a formula passa a ser:


Po
10 log P (dB)
i

Sempre que o ganho (Uo/Ui, Io/Ii ou Po/Pi) seja maior que 1, o resultado será um valor de
ganho; em dB, positivo.

GRA - JTM - AVF 3


ISEP INME

Se, pelo contrário, o ganho for inferior a 1, isto é, se o sinal de saída tiver um valor menor que
o sinal de entrada, o resultado será um ganho, em dB, negativo. Neste caso, diz-se que
existe uma atenuação.
O gerador de formas de onda apresentado aqui, a título de exemplo, dispõe de três botões
com a indicação 10 dB, 20 dB e 30 dB. Seleccionando as várias combinações possíveis entre
os três botões pode obter-se valores de atenuação entre 0 e 60 dB.

Problema prático:
a) Qual o ganho nominal de um sistema com um valor de atenuação em tensão de 20 dB?

b) E se o ganho nominal for dado como uma relação de potências?

c) Se tiver na saída do seu gerador de onda uma tensão sinusoidal, com a amplitude de 20 V,
e seleccionar, simultaneamente, os botões de atenuação de 10 dB e 30 dB, qual a tensão
que deverá ler num voltímetro.

• Duty Cycle

Uma das funções que por vezes está disponível nos geradores de forma de onda é o
chamado Duty Cycle, que traduz a relação temporal existente entre o meio ciclo positivo e o
período de uma onda quadrada.
Normalmente, o Duty Cycle é de 50%, isto é, a onda tem um valor positivo durante meio
período e um valor negativo no restante meio período.

v1

Fig. 7 – Duty Cycle 50%

Pela definição

t+
Duty Cycle =
T

em que:
T ⇒ é o período da onda
t+ ⇒ é o intervalo de tempo em que a onda é positiva.
Por exemplo, uma onda quadrada com uma frequência de 1 kHz e um Duty Cycle de 75%
GRA - JTM - AVF 4
ISEP INME

0,75
Duty Cycle = × 100% = 75%
1
terá o seguinte aspecto:

v1

0,75 1

t (ms)

Fig. 8 – Duty Cycle 75%

Problema prático:
Para o mesmo valor de frequência desenhe a forma de onda para um Duty Cycle de 25%.
Não se esqueça de indicar nas transições os instantes de tempo respectivos.

v1

t (ms)

Fig. 9

• Nível DC
O botão de DC OFFSET permite somar ao sinal de saída um sinal contínuo cujo valor pode
ser variado continuamente entre –10 V e +10 V.
Os botões de atenuação afectam também o nível da tensão DC.

v1

Tensão
Offset
pico-a-pico
DC

Fig. 10

GRA - JTM - AVF 5


ISEP INME

Fig. 11

Problema prático:
Desenhe uma onda quadrada à qual foi acrescentada uma tensão contínua de – 7 V. A onda
quadrada tem uma amplitude (valor pico a pico) de 20 V e uma frequência de 100Hz.

v1

t (ms)

Fig. 12

Atenção:
Se a entrada do osciloscópio, onde está a visualizar a onda, se encontrar no modo DC, o
deslocamento introduzido pela adição do sinal contínuo será visível.
No entanto, se a entrada estiver em modo AC, a componente contínua será filtrada, e o sinal
visualizado não o incluirá.

Para finalizar esta breve introdução ao gerador de sinal ir-se-á abordar uma das últimas
funções disponíveis, a chamada Modulation Mode SWEEP.
Neste modo de funcionamento, a frequência à saída do gerador varia de forma contínua,
desde um valor inicial até um valor final, sendo a duração desse intervalo de tempo variável.
A frequência inicial, a frequência final e o intervalo de tempo ao longo do qual ocorre a
variação são seleccionáveis independentemente.
O modo SWEEP é controlado através dos botões ON, CONT e TRIG (fig. 13).

Fig. 13

GRA - JTM - AVF 6


ISEP INME

log f

f final

f
inicia
tempo de SWEE t

Fig. 14 - A variação da frequência é logarítmica com o tempo

A frequência inicial é escolhida da mesma forma como se escolhia a frequência do sinal de


saída, fora do modo SWEEP.
De reparar que o botão FREQUENCY tem, também, a indicação SWEEP START.
Para se activar o modo de SWEEP deve pressionar-se o botão SWEEP/ON.
A frequência que aparece na saída é a frequência final. O valor da frequência final é o
produto da frequência inicial pelo valor indicado no botão SWEEP STOP. Este botão
cobre uma gama que vai de 0,1 vezes a frequência inicial até 200 vezes essa mesma
frequência.
Se o valor de SWEEP STOP escolhido for inferior a 1, a frequência de saída decrescerá, a
partir da inicial. Se for superior a 1, crescerá.

Fig. 15

O tempo de SWEEP (SWEEP TIME) é o tempo que demora a varrer o intervalo de


frequência. Este tempo pode ser escolhido pelo operador dentro da gama 1 a 150 s.

Fig. 16

De reparar, no osciloscópio, que a variação da frequência se dá de forma logarítmica com o


tempo. Para se ter o varrimento repetitivo, do espectro de frequências escolhido, deve
pressionar-se o botão SWEEP/CONT.
log f

f final

f
inicia
t
Fig. 17
Pressionando, de novo, o mesmo botão, volta-se a ter, na saída, a frequência final.
GRA - JTM - AVF 7
ISEP INME

O disparo de início do varrimento pode, igualmente, ser feito manualmente.


Se pressionar o botão SWEEEP/TRIG a onda de saída passará a ter a frequência inicial e o
LED, situado por cima do botão, acende, indicando que se encontra na posição STAND-BY.
Pressionando, uma vez mais, o SWEEP/TRIG, inicia-se o varrimento.
Ao fim do tempo do SWEEP, a frequência de saída mantém-se fixa na frequência final.
Pressionando de novo o botão SWEEP/TRIG volta-se ao modo STAND-BY (o LED acende e
a onda de saída retoma o valor inicial).

Fig. 18

Qual a finalidade desta função ?


Considere o amplificador de uma aparelhagem de som.
A faixa de frequências audíveis (para o ouvido humano) varia entre os 10 Hz e os cerca de 16
kHz. Obviamente, o amplificador deverá estar preparado para amplificar, com fidelidade e
elevado ganho, toda esta faixa de frequências.
Mas, o que acontecerá se o utilizar para amplificar o sinal que provém da antena de
televisão? Com uma potência de amplificação tão grande, de certeza que o sinal que
chegaria ao receptor de televisão permitiria garantir uma boa imagem. No entanto, pela
simples razão de que a frequência, à qual é emitido o sinal de televisão, é muito superior à
gama de frequências que o amplificador de som é capaz de amplificar, não é possível este
tipo de aplicação.
Verifica-se, pois, que a maioria dos sistemas electrónicos, tem uma gama de frequências de
resposta limitada.

Como determinar, então, a banda de frequências de um sistema?


Muito simplesmente aplicando, na sua entrada, o sinal proveniente de um gerador em modo
SWEEP, e visualizando, num osciloscópio, a variação da tensão na sua saída.

GERADOR
SISTEMA
DE SINAL

Fig. 19

O resultado será uma curva de variação da tensão em função da frequência.


Dividindo a tensão de saída pela de entrada, desde que esta seja mantida constante ao longe
de toda a faixa de variação de frequência, obtém-se o ganho do sistema em função da
frequência.
Uma curva deste tipo é chamada de Diagrama de Bode e tem normalmente o seguinte
aspecto:

GRA - JTM - AVF 8


ISEP INME

|A|

-3dB

1 10 100 1000 10000 log f


Banda de Resposta em Frequência

Fig. 20 – Diagrama de Bode

2.2 Curvas de Lissajous


As curvas de Lissajous permitem determinar o desfasamento entre dois sinais da mesma
frequência, ou a relação entre as frequências de dois sinais (desde que a relação entre as
frequências seja o quociente entre dois inteiros). Neste último caso, conhecida a frequência
de um dos sinais, pode calcular-se a frequência do outro.

Uy

t0 t1 t2
t

t0
Ux

t1

t2

Fig. 21 - Figura de Lissajous obtida com duas ondas com uma relação dupla de frequência.

GRA - JTM - AVF 9


ISEP INME

Trabalho Prático:
a) Desenhe a figura de Lissajous obtida se as ondas tiverem a mesma frequência e
desfasamento nulo.

Uy

Ux

Fig. 22

GRA - JTM - AVF 10


ISEP INME

b) Repita a alínea anterior mas considere que Ux tem um desfasamento de 90º, em avanço,
em relação a Uy.

Uy

Ux

Fig. 23

GRA - JTM - AVF 11


ISEP INME

3. Precauções a tomar nas medições


• As massas dos dois canais (CH1 e CH2) do osciloscópio estão ligadas entre si, (curto
circuitadas).
Deste modo, quando se efectuam medições de tensão, sobre um determinado circuito,
deve ter-se o cuidado de ligar todas as massas, de todos os aparelhos envolvidos
(geradores de sinais, fontes de alimentação e massas dos dois canais do osciloscópio) a
um mesmo ponto.

• Como foi referido, no ponto anterior, as massas dos dois canais estão curto circuitadas
internamente pelo que, para evitar problemas, basta ligar uma das massas, deixando a
outra no ar.

• As massas dos canais estão ligadas ao “chassis” que, por sua vez, está ligado ao terminal
da terra da rede de alimentação.

• Normalmente todos os aparelhos seguem este procedimento pelo que, se deve ter o
máximo cuidado por forma a evitar curto circuitos pelo circuito de terra da instalação.

4. Trabalho laboratorial
4.1 Medição da relação entre fases de duas ondas sinusoidais, com a mesma
frequência
‰ Monte o circuito representado no esquema da fig. 24
C
a c

R
b d

Fig. 24

Em que: R = 1000 Ω e C = 0,47 µF

• Ligue o canal de saída de um gerador de sinal ao canal de entrada 1 (CH 1) do


osciloscópio.
• Seleccione uma onda sinusoidal, com amplitude de 10 V, e uma frequência de 50 Hz,.
Retire a componente DC.
• Meça o desfasamento entre as tensões uab e ucd. Qual a tensão que se encontra em
avanço de fase?

‰ Monte o circuito representado na fig. 25 e repita os passos anteriores (os valores de R e


de C mantêm-se).

a R c

C
b d

Fig. 25
GRA - JTM - AVF 12
ISEP INME

4.2 Medição da relação entre frequências de duas ondas sinusoidais


• Ligue o canal de saída de um gerador de sinal ao canal de entrada 1 (CH 1) do
osciloscópio.
• Ligue o canal de saída do outro gerador de sinal ao canal de entrada 2 (CH2) do
osciloscópio.
• Coloque o osciloscópio no modo de funcionamento ALTERNATE.
• Seleccione uma onda sinusoidal, para ambos os geradores de sinal, e uma frequência de
100 Hz, para o primeiro e 200 Hz, para o segundo. Retire a componente DC de ambos os
sinais e seleccione a mesma amplitude, 10 V, ( valor pico a pico) da tensão.
• Após ter verificado, no osciloscópio, que as duas ondas de entrada possuem as
características mencionadas, seleccione o modo de funcionamento X-Y.
Consegue estabelecer uma relação entre as frequências das duas ondas de entrada,
através da imagem que está a visualizar ?
• Seleccione, agora, para o segundo gerador a mesma onda com uma frequência de 100
Hz.
Será que consegue determinar a relação entre fases das duas ondas de entrada ?

5. Pontos a abordar no relatório


Procure responder e debater as perguntas efectuadas ao longo do trabalho.

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