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A intolerância religiosa é um problema que assola todo o planeta.

Os conflitos
entre católicos e muçulmanos incentivados pelo Boko Haram na Nigéria, a guerra entre
judeus e palestinos no Oriente Médio e a islamofobia proferida pelo candidato à
presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, são quadros deste cenário. No Brasil,
onde há enorme diversidade religiosa, este panorama se replica: as minorias religiosas,
compostas por religiões de matriz afro-brasileira, islamismo, judaísmo e outras, sofrem
com a repressão exercida pelas religiões cristãs, como o Catolicismo e as religiões
Evangélicas, que compõem a maioria religiosa no país. Um Estado incapaz de exercer
uma verdadeira laicidade agrava esta situação, deixando que a religião frequentemente
interfira em decisões políticas.
A educação familiar compõe a origem desta intolerância. Doutrinados por
líderes religiosos com grandes habilidades de oratória, os pais repetem discursos de ódio
para seus filhos, que desde cedo aprendem a temer e odiar as crenças que não
conhecem. Estes preconceitos muitas vezes vêm imbuídos de uma carga histórica que os
fortalece, como o antissemitismo que permeou o século XX, e o racismo, que remonta
aos primórdios do Brasil Colônia. As crianças submetidas a este processo crescem para
se tornarem adultos que agredirão física e verbalmente pessoas de religiões diferentes.
Além disso, o Congresso Brasileiro sofre com uma bancada evangélica que
busca impor o cristianismo no centro das discussões políticas, fator que ameaça o
Estado laico. Como exemplo, houve um recente projeto de lei que buscou tornar
obrigatório o estudo da Bíblia nas escolas. A própria Constituição Brasileira cita Deus
como seu protetor, o que coloca em xeque a definição do Brasil como um Estado
verdadeiramente laico e provoca conflitos entre dois conceitos que deveriam dialogar
sem entraves: ser cidadão e pertencer a religiões não-cristãs.
A educação da sociedade é uma saída para este cenário preocupante. A
distribuição, pelo Ministério da Educação, de cartilhas que defendam a diversidade
religiosa para serem discutidas por alunos, pais e professores em sala de aula se mostra
uma possibilidade. Além disso, maior fiscalização, por parte do Supremo Tribunal
Federal, de projetos e condutas políticas que ameacem a liberdade religiosa e estimulem
a intolerância religiosa. Com tais medidas, será possível combater a intolerância
religiosa e fazer com que o país enxergue esta diversidade não como um fator
preocupante, mas como um símbolo de sua riqueza cultural.

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