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JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO
JUÍZO DA PRIMEIRA VARA
Processo nº : 2008.36.00.018033-3
Prisão Preventiva
Requerente : Ministério Público Federal
DECISÃO
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sobre terras devolutas do Estado de Mato Grosso e/ou da União Federal. Esclarece
que, por tratar-se de vários imóveis que guardavam certa similitude (Fazendas
Chaparral, Três Nascentes, Alvorada, Alvorada I, Juvimará e Minata), divergindo
somente em alguns pontos, optou por descrever separadamente as condutas
atribuídas aos Requeridos, de acordo com os feitos expropriatórios pertinentes.
É o relato. Decido.
FUNDAMENTAÇÃO
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qualificado, processo nº 2008.36.00.018035-0, a qual fora recebida pelo Juízo nesta
data.
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na inicial e os proprietários do imóvel “Fazenda Minata”, Laide Afonso e Maria
Aparecida Afonso, o que permitiu a consumação do procedimento administrativo
expropriatório fraudulento e a sua utilização para subsidiar o ajuizamento da ação
de desapropriação respectiva, processo nº 2006.36.00.011364-7. A narrativa
ministerial encontra amparo na documentação que escoltou o requerimento sob
análise, bem como o recebimento da denúncia na ação penal materializada no
processo nº 2008.36.00.018035-0. As irregularidades apontadas são relevantes,
afastando a presença de mera e simples desídia funcional ou qualquer outro
equívoco que tenha assolado os servidores ANA CARMEN VIANA VIDAL, ANILDO
BRÁZ DO ROSÁRIO, ANTONIO REGINALDO GALDINO DELGADO, SEBASTIÃO
PEREIRA CAJANGO, MARCOS ANTÔNIO ROCHA E SILVA, MANOEL JOAQUIM
DA SILVA FILHO, JOÃO BOSCO DE MORAIS, JOSÉ GAGLIARDI NETO e
DJALMA RODRIGUES PORTO. Antes, estão a revelar, ao menos em tese, a
prática de uma série de atos absolutamente coordenados, a fim de justificar o
pagamento de verba indenizatória indevida e absolutamente ilegal. Vejamos.
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asseverado inicialmente. Aduziu: a) a existência de vários Projetos de
Assentamento na região; b) a regular instrução do feito; e c) a existência de
demanda real. Por sua vez, o Procurador Federal do Incra RUBENS CARLOS
ALVES MADUREIRA determinou que os técnicos se manifestassem sobre a
materialização do imóvel e elaborassem a cadeia dominial, contudo, somente esta
última foi efetivada. Após, o Requerido ANTONIO REGINALDO GALDINO
DELGADO emitiu parecer favorável à desapropriação da Fazenda Minata,
salientando a sua viabilidade para a criação de assentamento para fins de reforma
agrária, o que foi acolhido pelo setor jurídico do órgão, na pessoa do Suplicado
ANILDO BRAZ DO ROSÁRIO.
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engenheiros GILBERTO PIRES FERNANDES e HENRIQUE VIEIRA DE QUEIROZ
NETO deram-na como correta. Em seguida, os Suplicados LEONEL WOHLFAHRT
e LAIDE AFONSO firmaram acordo extrajudicial para a aquisição do imóvel em
questão, havendo MARCOS ANTÔNIO ROCHA E SILVA atestado a legalidade do
procedimento, encaminhando o pleito à Brasília. Ao final, JOÃO BOSCO DE
MORAES solicitou a reserva de empenho.
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casu, praticados contra direitos de 3º geração, que afetam toda a coletividade. Na
hipótese, a custódia cautelar se afigura possível, quando evidentes indícios de
autoria e materialidade suficientes à deflagração de ação penal, bem como de que a
ordem pública e/ou a instrução criminal estejam a merecer a devida garantia por
parte deste Juízo.
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mediante a consecução de idênticas fraudes àquelas concernentes à “Fazenda
Minata”. A repetição das condutas delitivas é fator de grave conspiração contra a
ordem pública e de pesado dano ao meio ambiente e aos interesses da
Administração Pública. Não se pode permitir que agentes ativos de ações de
delinqüência continuem a praticar os mesmos fatos, sem que o Estado faça a
intervenção que a Constituição Federal e o art. 312 do CPP lhe determinam que
seja realizada. Ou seja, não pode o aparato estatal omitir-se na garantia da ordem
pública, que vem sendo violada pelas ações criminosas dos Suplicados, que gozam,
aliás, de poder administrativo e de mobilidade na defesa dos interesses da suposta
quadrilha.
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Na mesma esteira, subsistem motivos a ensejar o decreto
preventivo por conveniência da instrução criminal, uma vez que os Requeridos ANA
CARMEN VIANA VIDAL, ANILDO BRÁZ DO ROSÁRIO, ANTONIO REGINALDO
GALDINO DELGADO, SEBASTIÃO PEREIRA CAJANGO, MARCOS ANTÔNIO
ROCHA E SILVA, MANOEL JOAQUIM DA SILVA FILHO, JOÃO BOSCO DE
MORAIS, JOSÉ GAGAGLIARDI NETO e DJALMA RODRIGUES PORTO, pela
posição e cargo que ocupam, e ante a ligação existente entre os membros da
organização, podem atuar efetivamente em prejuízo à colheita de provas,
intimidando testemunhas e fazendo desaparecer documentos pertinentes aos
feitos/procedimentos expropriatórios objeto da ação penal em apenso, conforme
reconhecido na declaração anexa aos autos. Nesta, aliás, constata-se a real
possibilidade de que a instrução criminal venha a ser prejudicada por ações dos
Suplicados.
DISPOSITIVO
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BOSCO DE MORAIS, JOSÉ GAGLIARDI NETO e DJALMA RODRIGUES PORTO,
nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal.
Intimem-se.
Juiz Federal
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