No início, a localidade era conhecida como "Tapera".
Reza a lenda que em um riacho, hoje
chamado "das Piranhas", um caboclo pescou uma grande peixe, preparou e salgou, levando-o para sua residência. Lá chegando, verificou que se esquecera do cutelo. Voltando-se para o filho, disse: "Vá ao porto das piranhas e traga o meu cutelo". Essa versão foi passando de geração em geração e seria a razão de o lugar ter ficado com a denominação de Piranhas. À parte a lenda, o termo é herança dos índios que viviam à margem do Rio São Francisco e chamavam o local de "Pira aî", que ao pé da letra significa "peixe-tesoura". O arraial de Piranhas data do século XVIII. Na região, predominaram duas famílias: os Feitosa e os Alves. A localidade era, a princípio, conhecida como "Tapera". Com o passar do tempo, ao longo de casas e prédios espalhados, o nome "Piranhas" foi se estendendo desde o riacho até a povoação. O estabelecimento da navegação a vapor, em agosto de 1867, fazendo o percurso Penedo- Piranhas, veio dar novo impulso ao município. Entretanto, o maior fator de desenvolvimento deve-se à construção da estrada de ferro Paulo Afonso, em 1881, fazendo o percurso de Piranhas à Jatobá, no estado de Pernambuco. O distrito de Piranhas foi criado pela lei provincial nº 964, de 20 de julho de 1885 e elevado à categoria de vila em 3 de junho de 1887 pela lei provincial nº 996, sendo então desmembrado do município de Pão de Açúcar. Em 17 de outubro de 1939, o município passou a denominar-se Marechal Floriano, pelo decreto-lei federal nº 1686, voltando à antiga denominação (Piranhas) em 17 de setembro de 1949, pela lei nº 1473. Piranhas ficou nacionalmente conhecida por conta do cangaço. Sediou um combate épico entre um de seus moradores, Seu Chiquinho Rodrigues e um dos bandos de Lampião. O tiroteio entre o aludido habitante de Piranhas e o famigerado bando marcou singularmente os valores nordestinos de honra, fé, amor à família. Tendo chegado a notícia que um dos bandos de Lampião invadira a cidade e estava por fazer atrocidades por onde passava, os moradores da cidade abandonaram-na em retirada urgente; exceto Seu Chiquinho Rodrigues, pois sua esposa Helenira Rodrigues estava de resguardo da primeira filha do casal. Movido pelo amor à família e um fundamental valor de honra, Seu Chiquinho armou-se com seu rifle e muita munição e pusera-se a esperar o bando de Lampião na sacada de sua casa, praticamente sozinho. Quando o primeiro dos cangaceiros apontou, iniciou-se o tiroteio, marcado pela bravura de um cidadão que ousara enfrentar um dos mais temidos bandos, em defesa da integridade física e moral de sua esposa, pois não a podia abandonar em tal situação. Dentro da casa (Sobrado) dos Rodrigues, a cena era em dois tons: na varanda, Seu Chiquinho, munido com seu rifle, enfrentava o bando de Lampião; no quarto, D. Helenira Rodrigues, buscava refúgio em sua fé, recitando o Rosário e suplicando a ajuda de Deus, com orações dirigidas à Virgem Maria. O tiroteio estendeu-se e só se encerrara quando o bando, tendo perdas e vendo não conseguir invadir a cidade, desistira do embate e caíra fora daquela cidade. Venceu a virtude nordestina de, buscando reforço na fé, defender o valor da família ainda que nas mais adversas situações.