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Direito Ambiental

Princípio do desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento sustentável: harmonizar desenvolvimento econômico, social e proteção


ambiental; é aquele que permite o desenvolvimento da geração atual, sem comprometer as
gerações futuras (Relatório Nosso Futuro Comum/1977 da ONU).

Princípio da prevenção e precaução

Prevenção: existe conhecimento científico prévio acerca dos riscos ambientais de determinada
atividade;

Precaução: ausência de certeza científica acerca dos riscos ambientais de determinada obra,
serviço ou atividade econômica. Obs.: na dúvida, in dubio pro natura. Isto é, não havendo
certeza acerca dos riscos de determinada atividade, deve-se proibir a utilização.

Ponto em comum: ambos buscam evitar um dano ambiental;

Competências em matéria ambiental

Competência administrativa exclusiva da União

Art. 21

- Explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio


estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios nucleares e seus derivados;

- Toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e
mediante aprovação do Congresso Nacional;

- A responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa (objetiva);

- Usinas que operam com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal,
sem o que não poderão ser instaladas (art. 225, §6º da CF/88);

- É competência da União licenciar atividades que utilizem material radioativo ou energia


nuclear (Art. 7º da LC 140/11);

Competência legislativa privativa da União

Art. 22

- Águas, energia

- Jazidas, Minas e outros recursos minerais;

- Populações indígenas

- Atividades nucleares
Competência administrativa comum entre todos os entes da federação

Trata-se de competência executiva para fiscalizar, sancionar e licenciar;

Art.23

- Proteger o meio ambiente;

- Combater a poluição;

- Preservar as florestas, a fauna e a flora;

Art.225 – É dever do Poder Público e de toda a sociedade;

Competência legislativa concorrente

Art. 24

Obs.: União, Estados e DF.

- Florestas

- Conservação da natureza;

- Proteção do meio ambiente;

- Controle da poluição;

- Responsabilidade por dano ambiental;

Art.225 da CF/88

Art.225 Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de fundamental de


terceira dimensão;

É um direito difuso.

§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a


serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
a sua proteção;

Qualquer ente da federação pode, por intermédio de quaisquer atos (decreto, resolução, lei e
etc), criar uma unidade conservação. Entretanto, a supressão ou alteração somente é
permitida por lei específica;.

Novo Código Florestal (Lei 12651/2012)


Espaços territoriais especialmente protegidos

Espécies

- Unidades de conservação (UC) – Lei 9.985/00: Art. 2º, inc. I. A unidade de conservação é uma
espécie de espaço territorialmente especialmente protegido com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivo de conservação e limites
definidos, além de regime especial de administração e garantias adequadas de proteção.

São divididas em grupo de proteção integral e espaço de uso sustentável. São áreas protegidas
pela lei 9985/00.

Proteção integral – preservar a natureza e permitir o uso indireto de seus recursos naturais
(art. 7º, §1º);

Categoriais (05)

a) Estação ecológica;
b) Reserva biológica
c) Parque nacional
d) Monumento natural – pode ser de propriedade particular ou pública
e) Refúgio de vida silvestre - pode ser de propriedade particular ou pública

Uso sustentável – conservação da natureza e uso sustentável dos recursos naturais;

Categorias (07)

a) Área de proteção ambiental (APA) - pode ser de propriedade particular ou pública


b) Área de relevante interesse ecológico (ARIE) - pode ser de propriedade particular ou
pública
c) Floresta Nacional
d) Reserva extrativista
e) Reserva de fauna
f) Reserva de desenvolvimento sustentável
g) Reserva particular do patrimônio natural (RPPN) – domínio privado

Zonas de amortecimento: é o entorno da UC, onde as atividades humanas estão sujeitas a


normas protetivas, no intuito de minimizar o impacto sobre unidade de conservação. A
exceção da APA e da RPPN, as unidades de conservação devem ter zona de amortecimento.

Corredores ecológicos: zonas naturais ou seminaturais que ligam as unidades de conservação e


permitem o fluxo de espécies;

- Áreas de preservação permanente (APP) – Código Florestal: Não é unidade de conservação.


Trata-se de uma área protegida pelo Código Florestal. É uma área protegida, coberta ou não
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
São umas áreas protegidas na zona rural e urbana, públicas ou privadas.

Ex.: nascentes devem ser protegidas no raio de 50m; curso d’água devem ter as matas ciliares
protegidas (ainda que degradadas, deverá o responsável recuperá-la e conservar); encosta;
topo de morro; restinga.

i) Tipos de APP’S:

- Faixas marginais (matas ciliares): a largura de preservação dependerá da largura do rio. Ex.:
menor que 10m de rio – 30 m de proteção; 10-50m de largura de rio – 50m de APP;

- Áreas no entorno de nascentes (raio mínimo 50m);

- Encostas com declividade superior a 45°;

- Restingas;

- Manguezais;

- Topos de morro;

- Qualquer área situada acima de 1800m;

- Veredas (largura mínima de 50m);

Intervenção e supressão de vegetação nativa em APP

É possível somente nas hipóteses de: a) utilidade pública; b) interesse social e c) baixo impacto
ambiental;

Art. 8º, §1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, de dunas e restingas só
poderá ser permitida no caso de utilidade pública.

- Reserva Legal (RL) – Código Florestal – É área localizada no interior de uma propriedade ou
posse rural com função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e
promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre
e da flora nativa.

Imóveis particulares ou públicos.

A reserva legal dependerá da localização do imóvel.

Se o bem estiver na Amazônia Legal, a reserva legal será de:

- Área de floresta: 80%

- Área de cerrado: 35%

- Área de campos gerais: 20%

Nas demais regiões do País:


- Independentemente do Bioma, desde que não seja na Amazônia Legal: 20%

- Outros – Quilombos, Terras Indígenas

Obrigação propter rem (Art. 2º, §2º da Lei 12651/2012)

As obrigações previstas no Código Florestal têm natureza real e são transmitidas ao sucessor,
de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural (Art.2º,
§2º da Lei 12.651/2012).

Os deveres associados às APPs e à Reserva Legal têm natureza de obrigação propter rem , isto
é, aderem ao título de domínio ou posse, independente do fato de ter sido ou não o
proprietário o autor da degradação ambiental (STJ/2013). Assim, se o imóvel foi adquirido com
área degradada é obrigação do atual proprietário recuperá-la, bem como manter e conservar
os bens naturais.

Licenciamento ambiental e EIA/RIMA

Art. 225 [...] incumbe ao Poder Público:

IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de


significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;

Conceitos

Licenciamento – é um procedimento administrativo, com a finalidade de licenciar a localização,


instalação, operação e ampliação de empreendimentos que possam causar significativo
impacto ambiental;

Art. 10 da Lei 6938 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de


estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de
prévio licenciamento ambiental.

Licenciamento comum é composto por licença prévia, de instalação e operação;

Licença – é um ato administrativo, tem como objetivo estabelecer as restrições e medidas de


controles que deverão ser observadas pelos empreendedores;

a) Licença prévia: é fase preliminar do planejamento, que aprova a localização do


empreendimento e atesta a viabilidade ambiental. Prazo máximo de 05 anos
b) Licença de instalação: autoriza a instalação do empreendimento. Prazo de 06 anos;
c) Licença de operação: autoriza a operação. Prazo de 04 a 10 anos;

Renovação: Resolução 237/97 e LC 140/11 dispõe que a renovação da licença de operação


deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 dias. O prazo de validade ficará
automaticamente renovado até a decisão final do órgão competente.
EIA (Estudo de impacto ambiental) – estudo complexo, realizado por uma equipe
multidisciplinar, apenas para atividades que causem significativo impacto ambiental;

É um instrumento de avaliação de impactos ambientais, de natureza preventiva, exigido para


atividades/empreendimentos não só efetiva como potencialmente capazes de causar
significativa degradação, sendo certo que sua publicidade é uma imposição constitucional.

Antes da expedição de licença prévia deve-se elaborar o EIA.

O RIMA é o relatório das conclusões do EIA, disponibilizada para todos os interessados.

Compensação ambiental – Lei 9985/00

Jurisprudência do STF

Compensação ambiental é um instrumento previsto no art. 36 da Lei n. 9985/00 que obriga o


empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação (proteção
integral e em alguns casos uso sustentável), nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos que causem significativo impacto ambiental, com fundamento no
EIA/RIMA.

O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a meio por cento
dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento”, no §1º do art. 36 da Lei
n. 9985/00. O valor da compensação-compartilhamento deve ser fixado proporcionalmente ao
impacto ambiental, após estudo em que se assegure o contraditório e a ampla defesa.

Não ofende a legalidade, a separação de poderes, tampouco a razoabilidade.

Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, que será exigido em espécie
e de acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório
EIA/RIMA, sendo os recursos destinados a uma unidade de conservação do grupo de proteção
integral.

O art. 36 da Lei nº 9985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um


mecanismo de assunção compartilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais
derivados da atividade econômica.

Responsabilidade ambiental

Art. 225, §3 da CF/88 – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar danos causados.

Tríplice responsabilização: civil, administrativa e penal.

A jurisprudência do STF indica que não necessita a dupla imputação para responsabilizar a
pessoa jurídica, como entendia o STJ. No momento, tanto o STJ como o STF entendem que é
possível a responsabilização da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.
Patrimônio Nacional

Art. 225, §4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao
uso dos recursos naturais.

Obs.: não significa que é bem da União.

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