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A consolidAção de um projeto (1822-1831)

Reprodução/Palácio do Itamaraty, Brasília, DF.

Primeiro reinado
 proclamação da independência  autonomia em relação a Portugal
 Diferentemente do que ocorreu em outras ex-colônias americanas, que após
longas lutas por sua independência adotaram o regime republicano, no Brasil
foi instituído rapidamente o regime monárquico =manutenção da ordem
econômica, do escravismo, do latifúndio e do domínio político da aristocracia.
 D. Pedro contou com o apoio das elites locais, formadas principalmente por
altos funcionários públicos e membros da aristocracia rural. Expulsou as tropas
portuguesas que se opunham àseparação entre Brasil e Portugal e arrecadou
impostos para reorganizar as milícias, comprar navios e contratar experientes
militares britânicos e franceses para lutar contra as forças metropolitanas
O reconhecimento da independência
Contexto:
 reação monárquica centralizadora europeia, que se seguiu à derrota de
Napoleão Bonaparte, em 1815, aos resultados do Congresso de Viena e à
Santa Aliança, o que dificultou o reconhecimento internacional da autonomia do
país.
 Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a independência do
Brasil, em 1824
 A Inglaterra atuou como mediadora entre o Brasil e as Cortes portuguesas, que
só em agosto de 1825 reconheceram a independência, com a assinatura do
Tratado de Paz e Aliança entre Portugal e Brasil. Os ingleses emprestaram ao
Brasil cerca de 2 milhões de libras esterlinas para o pagamento da indenização
exigida por Portugal, embora o dinheiro não tenha chegado a sair de Londres,
já que os ingleses logo cobraram de Portugal uma dívida no mesmo valor.
 Redução das tarifas aduaneira pagas pelos produtos britânicos 
desestimulava o desenvolvimento da produção industrial interna, provocando
um crescente déficit no comércio internacional do país  frequentes
empréstimos endividamento  dependência econômica em relação à
Inglaterra o Brasil abastecia o mercado Depois da Inglaterra, outras nações
europeias e repúblicas da América Latina reconheceram a independência do
Brasil
A organização política do Estado Brasileiro
O deputado Antônio Carlos de Andrada, irmão de José Bonifácio, um dos principais
articuladores da independência, apresentou à Assembleia um projeto de Constituição
no qual se destacavam dois princípios básicos: a soberania do poder Legislativo
deputados e senadores) – ao qual estavam subordinados tanto o poder Executivo (do
imperador) como as forçasarmadas – e a instituição do voto censitário – o eleitor ou
candidato ao Legislativo teria de comprovar elevada renda, conseguida, specialmente,
por meio a atividade agrícola e avaliada segundo a quantidade de terras e escravos
“Constituição da mandioca”, impedia a participação política da grande maioria da
população brasileira, visto que somente uma pequena elite detinha terras e escravos.
Dessa forma, lançavam-se as bases para a criação de um regime oligárquico no país.
Ao propor a limitação do poder do imperador, ficava claro que essa elite tinha um
projeto próprio de país independente, que era diferente do projeto monárquico de dom
Pedro e daqueles que o apoiavam. Dom Pedro I, vendo seu poder limitad Dissolveu a
Assembleia e, em novembro de 1823, ordenou a prisão e o exílio dos irmãos Andrada
O projeto monárquico no papel: a Constituição de 1824
Após dissolver a Assembleia Constituinte, dom Pedro I nomeou um Conselho de
Estado, formado por seis ministros e quatro personalidades políticas, para ajudá-lo a
redigir a Constituição. Esta ficou pronta em março de 1824 e foi outorgada (aprovada
sem consulta popular), Constituição de 1824 estabelecia a monarquia hereditária, a
divisão político-administrativa do território em províncias e a separação do poder
político em quatro ramos: poder Executivo (imperador e ministros de Estado,
responsáveis pela execução das leis), poder Legislativo (Câmara de Deputados e
Senado, encarregados da elaboração das leis), poder Judiciário (juízes e tribunais,
que zelariam pelo cumprimento das leis e julgamento dos infratores) e poder oderador
(atribuição exclusiva do imperador, que regularia os demais poderes), combinando o
constitucionalismo a mecanismos centralizadores Como o voto era censitário, o eleitor
ou candidato deveria comprovar determinada renda mínima anual, que variava
conforme a categoria de eleitor e para ser elegível a diferentes cargos. Os cidadãos
oram classificados em três grupos: os cidadãos passivos não alcançavam a renda
suficiente para ter direitos políticos; os cidadãos ativos votantes tinham renda
suficiente para votar, mas não para se candidatar; e os cidadãos ativos eleitores
elegíveis tinham renda uficiente para votar e ser eleitos. Os libertos [alforriados que
tinham obtido a liberdade] propriamente ditos não podiam ser eleitores, seus fi-lhos e
etos poderiam exercer os direitos de cidadania brasileira em toda sua plenitude, caso
tivessem a renda e a propriedade exigidas1.” A Constituição estabelecia que as
províncias seriam governadas por presidentes nomeados pelo imperador, oficializava
a religião católica e subordinava a Igreja ao controle do Estado, sendo seus membros
considerados funcionários públicos. antinha a essência elitista da “Constituição da
mandioca”, diferenciando- se pela implantação do poder Moderador, cujo exercício era
atribuição exclusiva do imperador.
Um outro projeto de país: a Confederação do Equador
O fechamento da Assembleia Constituinte e a imposição da Constituição de 1824 pelo
imperador provocaram protestos em várias províncias, especialmente no Nordeste.
Somaram-se ao descontentamento político as constantes dificuldades econômicas
regionais, provocadas por crises como a do açúcar e do algodão, relacionadas à
concorrência estrangeira, e pelos crescentes impostos determinados pelo governo
central. Em Pernambuco, a população se rebelou quando dom Pedro I nomeou um
novo presidente para aprovíncia. Ainda estavam na memória dos pernambucanos os
ideais republicanos da Revolução de 1817; além disso, esse regime estava sendo
dotado em toda a América. Sob o comando do governador deposto, Manuel de
Carvalho Paes de Andrade, o movimento de caráter separatista, republicano e
asicamente urbano e popular, espalhou-se pelo Nordeste, obtendo a adesão do Rio
Grande do Norte, do Ceará, da Paraíba e depois de Alagoas e Sergipe. Em outras
províncias vizinhas, como Piauí e Pará, também ocorreram manifestações de apoio
As províncias insurgentes formaram a Confederação do Equador, cujo nome se refere
localização geográfica das províncias rebeldes, próximas à linha do Equador. Os
revoltosos decidiram extinguir o tráfico negreiro e convocar o recrutamento geral para
enfrentar as tropas monárquicas. Além de Paes de Andrade, os principais líderes do
movimentoforam Joaquim do Amor Divino Rebelo, mais conhecido como Frei Caneca,
divulgador dos ideais republicanos em seu jornal, e Cipriano Barata, veterano das
insurreições de 1798, na Bahia, e 1817, em Pernambuco, dirigente de vários jornais do
Nordeste. Os revoltosos foram brutalmente reprimidos, sofrendo ataques por terra e
or mar. Os revoltosos foram julgados por um tribunal presidido por Lima e Silva, que
condenou à execução 16 participantes. A pena de enforcamento de Frei Caneca teve
de ser mudada para a de fuzilamento, pois os responsáveis pela execução da
sentença, mesmo sob ameaças, recusaram-se a enforcar o padre carmelita.
de vencedor a vencido: a abdicação de dom pedro i
A balança comercial deficitária e o aumento da dívida externa, em virtude de
frequentes empréstimos obtidos da Inglaterra, fragilizaram a economia do Primeiro
Reinado. queda das importações por parte dos países europeus, resultante das
dificuldades causadaspelas guerras napoleônicas, e a crescente oferta de produtos
primários, como açúcar e algodão, graças ao aumento da produtividade de outros
países. A partir de 1820, o café produzido na região que corresponde à atual Baixada
Fluminense começou a despontar na pauta de exportações brasileiras, das quais
representava cerca de 20%. Contudo, sua importância econômica só ultrapassaria a
do açúcar e do algodão na década seguinte, não servindo ainda para aliviar as
dificuldades financeiras do Império. Os elevados gastos com a organização do Estado
e a inexistência de uma significativa fonte nacional de recursos levaram dom Pedro I a
autorizar sucessivas emissões de dinheiro, desvalorizando a moeda circulante e
produzindo crescente inflação4. Em 1829, devido a essa situação, foi decretada a
falência do Bancodo Brasil.5 A alta inflacionária barateava os produtos de exportação,
ao mesmo tempo em que encarecia as importações necessárias ao abastecimento do
mercado interno. Essa situação aumentou a hostilidade contra os comerciantes
portugueses, que controlavam boa parte do varejo e usufruíam de privilégios com o
mperador. Além disso, o autoritarismo de dom Pedro I, que governou o Brasil sem o
poder Legislativo até 1826,descontentava a elite agrária e os grupos urbanos e
esgastou as relações políticas entre eles. Muitos jornalistas, como Líbero Badaró e
Evaristo da Veiga, passaram a criticar a atuação do imperador Duas situações
ocorridas nas primeiras décadas do século XIX agravaram a animosidade contra o
imperador, a ponto de impedir sua permanência no poder: a Guerra da Cisplatina e a
Guerra de Sucessão portuguesa. A Província Cisplatina, anexada ao Brasil por dom
João VI, iniciou sua guerra de independência em 1825, contando com o apoio da
rgentina, que desejava incorporá-la a seu território. O conflito, que teve sucessivas
derrotas das forças militares brasileiras, onerou os cofres do governo imperial,
brigando-o a pedir novos empréstimos aos bancos ingleses – e, consequentemente,
aumentando a dívida externa e a fragilidade econômica nacional. Em 1828, a
Província Cisplatina obteve sua independência política, constituindo a República
Oriental do Uruguai. O imperador foi criticado por sua obstinação em manter anexada
a Cisplatina ao território brasileiro, e a situação se agravou com sua participação na
questão sucessória de Portugal, por ocasião da morte de seu pai, dom João VI, em
1826. A possibilidade de ascensão de dom Pedro I ao trono lusitano reacendeu nos
brasileiros o temor da recolonização. O imperador passou a ser pressionado para
abdicar da Coroa portuguesa em favor de sua filha Maria da Glória, de 7 anos de
idade. Até sua maioridade, ela seria substituída por um regente, seu tio dom Miguel.
Entretanto, dom Miguel proclamou- se o novo rei de Portugal. Dom Pedro I reagiu,
iniciando uma guerra contra o irmão para garantir a Coroa à filha, o que trouxe enorme
prejuízo ao Brasil, na organização e no financiamento de tropas.

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