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13 de dezembro de 2017
Meus olhos se enchem de lágrimas. De alegria, de alívio, de amor pela força que
surge na vulnerabilidade. Ficamos um tempo abraçados, coração no coração.
O poder da escuta empática é imenso. Quando estou aberta e curiosa para
compreender meu filho do lugar em que ele está, sem colocar minhas próprias ideias,
conceitos e opiniões à frente do que realmente importa – a relação – algo mágico
acontece.
Empatia é nosso estado natural. É preciso resgatar este estado. Nós, mães, temos
uma vantagem neste quesito em relação aos homens. Estácientificamente
comprovado que as áreas do cérebro ligadas à empatia, ao apego e ao afeto são
otimizadas na gravidez e ao longo dos dois primeiros anos após o parto. Há uma
redução na massa cinzenta de certas áreas cerebrais para que haja um
fortalecimentos das sinapses (interconexões entre neurônios) que realmentem
importam para a conexão mamãe-bebê e para toda a relação de maternagem. Então,
estas áreas do cérebro responsáveis pela interação social e pela nossa percepção dos
sentimentos dos outros se tornam mais especializadas. Um truque da natureza para
fazer a gente cuidar das crias para que sobrevivam. E uma grande oportunidade de
cultivar estas conexões neurais para que se fortaleçam cada vez mais e para que a
empatia se expanda para outros seres, não só nossos filhos.
A escuta empática parece, ao mesmo tempo, um movimento em direção ao outro e
para dentro de mim mesma: uma observação do que acontece dentro de mim
enquanto estou ouvindo profundamente outro ser humano – independentemente das
palavras usadas por ele. Ao ouvir empaticamente alguém, algo encontra ressonância
em mim. Eu “percebo” o que o outro está sentindo – talvez pelos tais dos neurônios-
espelhos. Mesmo que não haja palavras ou que ainda não exista domínio da
linguagem. Eu estico os ouvidos para acessar o que meu filho pretende dizer, por
exemplo, com o vocabulário que ele tem do alto de seus dois anos e meio. E confiro
se aquilo que chega em mim é o que pulsa nele. Esta qualidade de atenção e a
intenção sincera de me conectar a ele, cria um espaço de interação que nos revela o
que compartilhamos – aquilo que realmente importa para nós, nossas reais
necessidades como seres humanos.
Conexão e presença antes de tudo. Isso é o que nos cuida e nos nutre. Ali, ouvindo
meu filho, acolhendo-o, compreendendo-o e reparando o que precisava ser reparado,
acolhi também a criança que fui e que teve tantas necessidades tantas vezes
desprezadas. A cura da relação com o outro é a cura da relação consigo mesma. Por
isso, faço o que faço: pela transformação das relações, por mães mais conscientes,
por crianças mais respeitadas, por mulheres mais fortalecidas