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NERES, SIQUEIRA & LUCENA

ESTUDO DOS MODELOS DE CÁLCULO AO


CISALHAMENTO DE UMA VIGA EM
CONCRETO ARMADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

APOSTILA DE CONCRETO ARMADO II

NERES, SIRQUEIRA & LUCENA

ESTUDO DOS MODELOS DE CÁLCULO AO CISALHAMENTO DE UMA VIGA EM


CONCRETO ARMADO

AUTORES

DSc. JOSÉ NERES DA SILVA FILHO (UnB/NCSU)


MSc. TIAGO MORKIS SIQUEIRA (USP)
MSc. JULIO CÉSAR TAVARES DE LUCENA (USP)

NATAL - RN
2014

1
RESUMO

Esse documento faz referência ao estudo completo dos modelos de cálculo de cisalhamento de
uma viga de concreto armado. Para isso buscou-se na literatura técnica autores que tratam do
assunto, tanto a parte conceitual e do desempenho mecânico do concreto armado solicitado aos
esforços cortantes, quando a parte prática do dimensionamento de vigas segundo a NBR
6118/2014.

Palavras Chaves: Concreto Armado; Cisalhamento.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 5
2 – COMPORTAMENTO DE VIGAS HOMOGÊNEAS NO ESTÁDIO I .................................... 6
3 – COMPORTAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À FLEXÃO
E À FORÇA CORTANTE ............................................................................................................ 7
4 – MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DA FORÇA CORTANTE .................................... 11
4.1 - Ação de Arco .................................................................................................................. 12
4.2 – Concreto Comprimido Não Fissurado ............................................................................. 13
4.3 – Transferência na Interface das Fissuras Inclinadas .......................................................... 13
4.4 – Ação de Pino da Armadura Longitudinal ........................................................................ 13
4.5 – Tensões Residuais de Tração .......................................................................................... 14
4.6 – Armaduras Longitudinal e Vertical ................................................................................. 15
5 – FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA À FORÇA CORTANTE .................... 16
5.1 – Tipo de Carregamento .................................................................................................... 16
5.2 – Posição da Carga e Esbeltez............................................................................................ 16
5.3 – Tipo de Introdução da Carga........................................................................................... 17
5.4 – Armadura Longitudinal .................................................................................................. 17
5.5 – Forma da Seção Transversal ........................................................................................... 18
5.6 – Altura da Viga ................................................................................................................ 18
5.7 – Resistência do Concreto.................................................................................................. 19
5.8 – Força Axial..................................................................................................................... 19
6 – COMPORTAMENTO DAS VIGAS SEM ARMADURA TRANSVERSAL ........................ 20
6.1 – Modos de Ruptura .......................................................................................................... 20
7 – COMPORTAMENTO DAS VIGAS COM ARMADURA TRANSVERSAL........................ 23
7.1 – Função do Estribo ........................................................................................................... 23
7.2 – Modos de Ruptura .......................................................................................................... 25
8 – TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH .................................................................... 27
9 – TRELIÇA GENERALIZADA............................................................................................... 31
10 – DIMENSIONAMENTO SEGUNDO A NBR 6118/03 ........................................................ 34
10.1 Modelo de Cálculo I ........................................................................................................ 34
10.2 Modelo de Cálculo II ....................................................................................................... 38
10.3 Armadura Mínima ........................................................................................................... 41
11 – DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS ..................................................................................... 43
11.1 Diâmetro do Estribo ........................................................................................................ 43
3
11.2 Espaçamento Mínimo e Máximo entre os Estribos ........................................................... 43
11.3 Espaçamento Máximo entre os Ramos Verticais do Estribo ............................................. 44
11.4 Ancoragem do Estribo ..................................................................................................... 44
12 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DAS DIAGONAIS DE
COMPRESSÃO (θ) .................................................................................................................... 46
13 – REDUÇÃO DA FORÇA CORTANTE ............................................................................... 48
14 – CARREGAMENTO APLICADO NA PARTE INFERIOR DAS VIGAS............................ 50
14.1 Armadura de Suspensão .................................................................................................. 50
15 – EXEMPLO NUMÉRICO .................................................................................................... 55
15.1 Modelo de Cálculo I ........................................................................................................ 55
15.2 Modelo de Cálculo II com θ = 30° ................................................................................... 56
15.3 Detalhamento da Armadura Transversal .......................................................................... 57
16 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 60
17 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61
ANEXOS .................................................................................................................................... 62

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CAPÍTULO 1

1 - INTRODUÇÃO

O dimensionamento de uma viga à força cortante é muito importante, pois a ruptura de


uma viga, se ocorrer, preferencialmente, não deve ser por efeito de força cortante, por ser
normalmente muito frágil.
Para o seu dimensionamento, existem algumas teorias e modelos para análise de vigas de
concreto sob forças cortantes, desenvolvidos geralmente com base na analogia de treliça. No
Brasil se destacam os modelos de treliça denominados Treliça Clássica e Treliça Generalizada.
No caso específico da NBR 6118 existem dois modelos de cálculo que podem ser
utilizados que diferem entre si nas hipóteses que adotam de modo a dar ao projetista opção quanto
ao seu cálculo, e de adotar o que considerar mais representativo da situação real.
Inicialmente procurou-se comentar sobre o desempenho mecânico de vigas de concreto
armado submetidas a esforços cortantes, para posteriormente apresentar os modelos de treliça
clássica e generalizada para, então, introduzir o que preconiza NBR 6118 a respeito do
dimensionamento ao esforço cortante e seu detalhamento.

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CAPÍTULO 2

2 – COMPORTAMENTO DE VIGAS HOMOGÊNEAS NO ESTÁDIO I

Considerando uma viga não fissurada, isto é, no Estádio I, de seção retangular, bi-apoiada
e com carregamento uniformemente distribuído mostrada na figura 1. Sejam dois elementos
infinitesimais A1 e A2 da viga de material homogêneo, elástico linear e isótropo (definido como o
material que apresenta propriedades de deformação iguais para qualquer direção). De acordo com
a teoria clássica da Resistência dos Materiais, as tensões normais de tração e de compressão,
atuantes ao nível dos planos a1 e a2, respectivamente, assim como a variação da tensão de
cisalhamento ao longo da altura da viga, são as indicadas abaixo.

Figura 1 – Tensões normais e de cisalhamento em uma viga de material homogêneo


As tensões normais e de cisalhamento são dadas por:

Sendo “M” e “V”, o momento fletor e o esforço cortante atuantes na seção, “y” a distância
do elemento à linha neutra, “Sy” o momento estático da área considerada até a linha neutra, “I” o
momento de inércia e “bw” a largura da viga.
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CAPÍTULO 3

3 – COMPORTAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À


FLEXÃO E À FORÇA CORTANTE

O comportamento resistente de vigas de concreto armado sujeitas a ação de momentos


fletores e esforços cortantes é diferente do apresentado para vigas homogêneas. Considere uma
viga de concreto armado, bi-apoiada, submetida a duas forças concentradas P de igual intensidade,
crescentes de zero até a força última ou de ruptura (Figura 2). As armaduras consistem da
armadura longitudinal positiva resistente às tensões normais de tração da flexão, e da armadura
transversal, composta por estribos verticais no lado esquerdo da viga e estribos e barras dobradas
inclinadas (cavaletes) no lado direito da viga. Nota-se que no trecho da viga entre as forças
concentradas P a solicitação é de flexão pura (o cortante é nulo).

Figura 2 – Viga bi-apoiada e diagrama de esforços solicitantes (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982)

A figura 3a mostra a viga submetida às forças P de baixa intensidade, com as trajetórias


das tensões principais de tração e de compressão para a viga ainda não fissurada, no Estádio I.
Observe que, no trecho de flexão pura, as trajetórias das tensões de compressão e de tração são
paralelas ao eixo longitudinal da viga. Nos demais trechos as trajetórias das tensões são inclinadas
devido à influência das forças cortantes. É importante observar também que as trajetórias
apresentam-se aproximadamente perpendiculares entre si.

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Figura 3 – Comportamento resistente de uma viga bi-apoiada (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982)

Com o aumento das forças P, e consequentemente das tensões principais, no instante em


que as tensões de tração atuantes no lado inferior da viga superam a resistência do concreto à
tração surgem as primeiras fissuras no trecho de flexão pura, chamadas “fissuras de flexão”
(Figura 3b).
As fissuras de flexão são aquelas que iniciam na fibra mais tracionada e prolongam-se em
direção à linha neutra, conforme aumenta o carregamento externo aplicado. Apresentam-se
aproximadamente perpendiculares ao eixo longitudinal da viga e às trajetórias das tensões
principais de tração, ou seja, a inclinação das fissuras depende da inclinação das tensões principais
de tração. O trecho fissurado passa do Estádio I para o Estádio II e os trechos entre os apoios e as
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forças concentradas, sem fissuras, permanecem no Estádio I, isto é, a viga apresenta trechos nos
Estádios I ou II.
A figura 3c mostra os diagramas de deformação e de tensão nas seções a e b da viga, nos
Estádios I e II, respectivamente. No Estádio I a máxima tensão de compressão ainda pode ser
avaliada de acordo com a lei de Hooke, o mesmo não valendo mais para o Estádio II.
Continuando a aumentar as forças P outras fissuras de flexão continuam a surgir, e aquelas
já existentes aumentam de abertura e prolongam-se em direção ao topo da viga (Figura 3d). Nos
trechos entre os apoios e as forças P, as fissuras de flexão inclinam-se, devido à inclinação das
tensões principais de tração, “σI”, por influência das forças cortantes. Essas fissuras inclinadas são
chamadas de “fissuras de flexão com força cortante”.
Nas proximidades dos apoios, como a influência dos momentos fletores é muito pequena,
podem surgir as chamadas “fissuras por força cortante, ou de cisalhamento” (Figura 3d). Com
carga elevada, a viga se apresenta no Estádio II em quase toda a sua extensão.
Observa-se então que o carregamento externo introduz numa viga diferentes estados de
tensões principais, em cada um dos seus infinitos pontos. Na altura da linha neutra, as trajetórias
das tensões principais apresentam-se inclinadas de 45° (ou 135°) com o eixo longitudinal da viga,
e em pontos fora as trajetórias têm inclinações diferentes de 45°.
As tensões principais de tração inclinadas na alma exigem uma armadura denominada
armadura transversal, composta normalmente na forma de estribos verticais fechados. Nota-se
que, na região de maior intensidade das forças cortantes, a inclinação mais favorável para os
estribos seria de aproximadamente 45°, ou seja, paralelos às trajetórias das tensões de tração e
perpendiculares às fissuras. Por razões de ordem prática os estribos são normalmente posicionados
na direção vertical, o que os torna menos eficientes se comparados aos estribos inclinados de 45°.
A colocação da armadura transversal evita a ruptura prematura das vigas e, além disso,
possibilita que as tensões principais de compressão possam continuar atuando, sem maiores
restrições, entre as fissuras inclinadas próximas aos apoios.
O comportamento da região da viga sob influência das forças cortantes e com fissuras
inclinadas no Estádio II, pode ser muito bem descrito fazendo-se a analogia com uma treliça
(Figura 4). A analogia de treliça consiste em simbolizar a armadura transversal como as diagonais
inclinadas tracionadas (montantes verticais no caso de estribos verticais), o concreto comprimido
entre as fissuras (bielas de compressão) como as diagonais inclinadas comprimidas, o banzo
inferior como a armadura de flexão tracionada e o banzo superior como o concreto comprimido
acima da linha neutra, no caso de momento fletor positivo.

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Figura 4 – Analogia de treliça para regiões próximas do apoio (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982)

Quando esta treliça é isostática com banzos paralelos e diagonais comprimidas de 45° é
chamada treliça clássica de Ritter-Mörsch como será visto adiante (Figura 5).

Figura 5 – Analogia de treliça clássica de Ritter-Mörsch (PINHEIRO, et. al., 2007)

Essa analogia de treliça clássica considera as seguintes hipóteses básicas: fissuras, e,


portanto as bielas de compressão, com inclinação de 45°; banzos paralelos; treliça isostática;
portanto, não há engastamento nos nós, ou seja, nas ligações entre os banzos e as diagonais; e
armadura de cisalhamento com inclinação entre 45° e 90°.
Porém, resultados de ensaios comprovam que há imperfeições na analogia de treliça
clássica. Isso se deve principalmente a três fatores: a inclinação das fissuras é menor que 45°; os
banzos não são paralelos, pois há o arqueamento do banzo comprimido, principalmente nas
regiões dos apoios; a treliça é altamente hiperestática já que ocorre engastamento das bielas no
banzo comprimido, e esses elementos comprimidos possuem rigidez muito maior que a das barras
tracionadas.
Para um cálculo mais refinado, tornam-se necessários modelos que considerem melhor a
realidade do problema. Por esta razão, como modelo teórico padrão, adota-se a analogia de treliça,
mas a este modelo são introduzidas correções, para levar em conta as imprecisões verificadas.

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CAPÍTULO 4

4 – MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DA FORÇA CORTANTE

Os mecanismos existentes numa viga responsáveis pela transferência da força cortante são
complexos e difíceis de identificar e medir, porque após a fissuração ocorre uma complexa
redistribuição de tensões, influenciada por vários fatores.
Excluindo-se a armadura transversal, são cinco os mecanismos mais importantes:
1) força cortante na zona de concreto não fissurado (banzo de concreto comprimido – Vcz);
2) engrenamento dos agregados ou atrito das superfícies nas fissuras inclinadas (V ay);
3) ação de pino da armadura longitudinal (V d);
4) ação de arco;
5) tensão de tração residual transversal existente nas fissuras inclinadas.
Os três primeiros mecanismos estão mostrados com suas contribuições nas Figuras 6a e 6b.

Figura 6 – a) Mecanismos de transferência da força cortante em viga com armadura transversal, b) parcela de
contribuição de cada mecanismo (MACGREGOR e WIGHT, 2005)

Os elementos submetidos à força cortante geralmente encontram-se também sob os


esforços de momento fletor, força axial e torção. Por isso, além do estudo sobre os efeitos da força

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cortante agindo isolada, é importante examinar também a interação com os outros esforços
solicitantes.
No caso das vigas sob flexão, os mecanismos resistentes à força cortante interagem com a
aderência entre o concreto e a armadura longitudinal, bem como com a ancoragem dessa armadura
na sua extremidade.
A transferência da força cortante nas vigas de concreto armado é muito dependente das
resistências do concreto à tração e à compressão, e tem, por isso, a ruptura frágil por efeito da
força cortante. Portanto, é muito importante o correto dimensionamento das vigas à força cortante,
de modo à sempre evitar a ruptura frágil por força cortante.
As características dos cinco principais mecanismos de transferência de força cortante são
comentadas a seguir.

4.1 - Ação de Arco


Nas proximidades dos apoios o banzo comprimido inclina-se em sua direção, formando um
arco, como ilustrado na Figura 7. A formação do arco requer uma reação horizontal no apoio, que
em vigas bi-apoiadas pode ser fornecida pela armadura longitudinal positiva, que deve ser
cuidadosamente ancorada nas extremidades da viga para servir a esta função.

Figura 7 – Ação de arco nas proximidades dos apoios (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982)

A resistência à força cortante proporcionada pela ação de arco depende muito da


possibilidade de acomodação das tensões de compressão do arco, e a intensidade dessas tensões
depende principalmente da inclinação do arco.

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A ação de arco é o mecanismo dominante de resistência de vigas-paredes à força cortante
com o carregamento aplicado na sua região comprimida.

4.2 – Concreto Comprimido Não Fissurado


A zona não fissurada de concreto comprimido pela flexão (banzo de concreto) contribui e
proporciona certa resistência à força cortante atuante numa viga, ou laje, fissurada. A integração
das tensões de cisalhamento sobre a altura desse banzo comprimido fornece uma componente de
força cortante.
A contribuição do banzo comprimido depende principalmente da altura da zona
comprimida, consequentemente, vigas com alturas baixas sem força axial de compressão
apresentam pequena contribuição à resistência, porque a altura do banzo é relativamente pequena.
A contribuição da zona do banzo comprimido de concreto alcança valores entre 20 % e 40 % de
resistência à força cortante na seção, sendo esta variação dependente principalmente da forma e da
natureza das fissuras nas vigas.

4.3 – Transferência na Interface das Fissuras Inclinadas


Devido à rugosidade dos agregados ocorre um engrenamento entre eles nas superfícies das
fissuras, o que proporciona uma resistência ao deslizamento e à transferência de força cortante
através de uma fissura inclinada.
O termo engrenamento dos agregados (aggregate interlock) vem sendo substituído por
atrito entre as superfícies (crack friction), porque os concretos de alta resistência têm matriz com
resistência semelhante à dos agregados, contribuindo para o mecanismo da transferência de força
cortante, mesmo após a propagação da fissura entre os agregados. Além disso, o termo também
indica que o mecanismo não depende meramente das características do concreto.
O mecanismo de engrenamento dos agregados na interface das fissuras proporciona uma
contribuição significativa à resistência à força cortante de vigas de concreto armado e protendido,
chegando entre 33% e 50% da força cortante total sobre a viga.

4.4 – Ação de Pino da Armadura Longitudinal


Experimentos realizados indicaram que a parcela resistente à força cortante proporcionada
pela barra de aço na ação de pino (dowel action) é entre 15% e 25% da força cortante total.
A força cortante que pode ser transferida pela ação de pino depende de vários parâmetros,
como: quantidade de armadura; diâmetro da barra; espaçamento entre as barras; espessura do

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cobrimento embaixo da barra de aço; propriedades do concreto; tensões axiais na armadura; e
existência de armadura transversal impedindo o deslocamento da barra longitudinal.
Dois modos de ruptura podem ocorrer: fendilhamento do concreto do cobrimento (I), e
esmagamento do concreto sob a barra, acompanhada pelo escoamento da barra (II).

Figura 8 – Modos de ruptura do mecanismo de efeito pino (VINTZILEOU, 1997, apud BASTOS, 2008).

O modo de ruptura do tipo I ocorre para pequenas espessuras de cobrimento, e para


grandes cobrimentos ocorre a ruptura do tipo II, com o esmagamento do concreto sob a barra.
Para o caso de ruptura devido ao aparecimento de fissuras de fendilhamento na superfície
de concreto na região próxima à barra (ruptura tipo I), a eficiência do mecanismo é reduzida
aumentando-se o diâmetro da barra. Mesmo para o modo de ruptura tipo II o aumento do diâmetro
da barra afeta negativamente a eficiência da resistência do mecanismo do efeito pino.
Em função do cobrimento da barra é esperado que, para pequenos espaçamentos entre
barras, a resistência oferecida diminui em função de ruptura causada pelo aparecimento de fissuras
prematuras de fendilhamento no concreto.
Normalmente a ação de pino não é muito importante em elementos sem armadura
transversal, porque a máxima força cortante proporcionada pela ação de pino é limitada pela
resistência à tração do concreto do cobrimento da barra, que apoia a barra. A ação de pino pode
ser importante em elementos com grande quantidade de armadura transversal, principalmente
quando distribuída em mais que uma camada.

4.5 – Tensões Residuais de Tração


Quando o concreto fissura não ocorre uma separação completa porque pequenas partículas
do concreto ligam as duas superfícies e continuam a transmitir forças de tração. Essa capacidade
do concreto contribui para a transferência de força cortante, importante quando a abertura da
fissura ainda é pequena. Vigas grandes próximas à ruptura com fissuras de grande abertura
mostram menor contribuição das tensões residuais de tração.
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4.6 – Armaduras Longitudinal e Vertical
Numa viga, antes do surgimento das fissuras inclinadas a deformação nos estribos é a
mesma do concreto adjacente ao estribo, e como a tensão de tração que causa a fissura no concreto
é pequena, a tensão no estribo também é pequena. De modo que somente após ocorrer o início da
fissuração inclinada é que os estribos passam a transferir força cortante, isto é, um estribo passa a
ser efetivo ao transferir a força de um lado para outro da fissura inclinada que o intercepta.
Os estribos também atuam diminuindo o crescimento e a abertura das fissuras inclinadas,
proporcionando uma ruptura mais dúctil às vigas. A existência do estribo na viga faz com que
ocorra uma mudança na contribuição relativa de cada um dos diferentes mecanismos resistentes à
força cortante.
A contribuição da armadura transversal à resistência ao cortante da viga é tipicamente
computada por meio da treliça clássica, somada à contribuição do concreto, ou por meio da treliça
de ângulo variável sem a contribuição do concreto.

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CAPÍTULO 5

5 – FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA À FORÇA CORTANTE

Diversos fatores influenciam a resistência das vigas à força cortante, cerca de vinte, sendo
que de alguns deles não há conhecimento suficiente da sua influência. A seguir apresentam-se
alguns dos principais fatores.

5.1 – Tipo de Carregamento


Para carregamento uniformemente distribuído (cargas atuando de cima, diretamente sobre
a viga), alguns ensaios com vigas esbeltas sem armadura transversal indicaram uma capacidade
resistente à força cortante cerca de 20% a 30% maior do que para carga concentrada na posição
mais desfavorável.

5.2 – Posição da Carga e Esbeltez


Para as cargas concentradas, tem grande influência a distância do apoio até a carga. Já para
as cargas uniformes tem grande influência a esbeltez, isto é, a relação entre o vão, “l”, e a altura da
viga, “h”.
Quanto à ruptura de uma viga com e sem armadura transversal por força cortante, a
posição mais perigosa de uma carga concentrada foi determinada para relação a/h = 2,5 a 3,5,
sendo “a” a distância entre o apoio e a carga concentrada. Para cargas distribuídas, vigas de
rigidezes l/h = 10 a 14 são as que conduzem a maiores perigos de ruptura por força cortante e,
consequentemente, menor capacidade resistente.
A capacidade resistente à força cortante aumenta bastante para cargas próximas ao apoio,
para uma relação a/h < 2,5. Um aumento correspondente acontece com carga distribuída, quando
l/h < 10. Isto ocorre porque uma parcela significativa da força cortante é transmitida diretamente
ao apoio pela ação de arco. E quanto menor a relação a/d mais pronunciada se torna a ação de
arco. As vigas-paredes são exemplos típicos da existência do efeito arco de forma pronunciada.
Deve-se prever para isso uma boa ancoragem da armadura longitudinal do banzo tracionado.

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5.3 – Tipo de Introdução da Carga
Efetuando-se a ligação de uma viga em toda sua altura com outra viga, a viga que se apoia
distribui sua carga ao longo da altura da alma da viga que serve de apoio. Diz-se então que se trata
de um carregamento ou apoio indireto. Na região de cruzamento dessas vigas é necessária uma
“armadura de suspensão” que deve ser dimensionada para a força total atuante no apoio ou nó.
Uma viga no Estádio II transfere sua carga ao apoio primordialmente pela diagonal de
compressão, e as diagonais comprimidas no modelo treliça definem a necessidade de montantes
verticais de tração, ou seja, “armadura de suspensão”. Entretanto, fora da região de cruzamento, a
viga não é influenciada pelo tipo de introdução de carga ou de apoio, isto é, o comportamento em
relação à força cortante é o mesmo que para o apoio ou carregamento direto. Na região de
cruzamento, a armadura de suspensão atende simultaneamente à função de armadura de
transversal.
Cargas penduradas na parte inferior de uma viga produzem tração na alma e também
devem ser transferidas pelas barras de tração da alma ao banzo comprimido. Essa armadura de
suspensão é adicional à armadura transversal para a força cortante.

5.4 – Armadura Longitudinal


O desenvolvimento de uma fissura inclinada por força cortante, ou seja, seu aumento até
próximo da borda superior da zona comprimida de concreto depende da rigidez à deformação do
banzo tracionado. Isto é, quanto menor a armadura longitudinal, mais fraco é o banzo tracionado, e
tanto mais ele se alonga com o aumento da carga. Assim, tão mais depressa as fissuras inclinadas
se tornam perigosas já que elas terão aberturas maiores, diminuindo a resistência à força cortante
e, além disso, a ação de pino por existir menos armadura.
O banzo tracionado não pode, portanto, ser muito enfraquecido na região de uma possível
ruptura por força cortante. Também um escorregamento da ancoragem no apoio tem um efeito
enfraquecedor. Ambas as influências devem ser consideradas como detalhes construtivos na
execução da armadura.
Outra influência é a qualidade da armadura longitudinal. Uma distribuição das tensões com
maior número de barras finas influencia favoravelmente a capacidade resistente à força cortante.
Além disso, barras longitudinais dispostas ao longo da altura das vigas diminuem o espaçamento e
abertura das fissuras, e por isso aumentam a resistência à força cortante de maneira significativa.

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5.5 – Forma da Seção Transversal
A forma da seção transversal tem uma forte influência sobre o comportamento resistente de
vigas de concreto armado solicitadas à força cortante. A seção transversal retangular pode se
adaptar livremente a uma forte inclinação do banzo comprimido e pode absorver toda a força
transversal no banzo comprimido, especialmente no caso de carga distribuída e de carga
concentrada próxima ao apoio.
Em seções transversais de vigas T, a força no banzo comprimido só pode ter uma
inclinação quase horizontal, porque na realidade ela permanece na largura comprimida da laje até
a proximidade do apoio, concentrando-se na alma apenas gradativamente em direção ao apoio. O
banzo comprimido por este motivo, só pode absorver uma parcela da força cortante, e a maior
parte deve ser resistida pelas diagonais comprimidas e pelas barras da armadura transversal.

5.6 – Altura da Viga


Ensaios realizados segundo uma lei de semelhança com vigas sem armadura transversal e
diferentes alturas, com igual porcentagem de armadura longitudinal de mesma distribuição de
barras, mostraram que a capacidade resistente à força cortante diminui consideravelmente com o
aumento da altura, efeito chamado “size effect”.
Em 1956 ocorreu a ruptura de várias vigas de concreto armado, com altura de 91,4 cm,
num galpão da força aérea dos Estados Unidos, com força cortante menor que a metade da força
cortante teórica prevista pela norma ACI (Figura 9). Em investigações realizadas na época vigas
semelhantes foram ensaiadas, porém, com modelos em escala de um terço das vigas reais
rompidas. Os modelos ensaiados mostraram resistência à ruptura muito maior que as vigas do
galpão.

Figura 9 – Viga rompida do galpão da força aérea dos Estados Unidos (CLADERA, 2002, apud BASTOS, 2008).

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A redução da transferência de força cortante nas interfaces das fissuras pode ser explicada
devido a maior largura das fissuras que ocorrem em vigas de grande altura. Outros acreditam que,
em vigas altas, a propagação de fissuras inclinadas ocorre de maneira mais rápida, o que diminui a
resistência à força cortante.

5.7 – Resistência do Concreto


A resistência à força cortante aumenta com o aumento da resistência do concreto, porém,
não está definido ainda se é a resistência do concreto à compressão ou a resistência à tração que
exerce maior influência.
Normas que consideram a “contribuição do concreto” (Vc) como a força cortante relativa
ao aparecimento da fissuração inclinada, como a NBR 6118/03, levam em consideração a
resistência do concreto à tração, geralmente por meio de equações em função da resistência do
concreto à compressão elevadas a uma certa potência.

5.8 – Força Axial


Forças axiais de compressão aumentam a resistência à força cortante porque diminuem a
largura das fissuras inclinadas, o que contribui para uma maior resistência nas interfaces das
fissuras, e aumentam a altura do banzo de concreto comprimido, e consequentemente a sua
resistência à força cortante. Forças de tração, ao contrário, diminuem a resistência à força cortante.

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CAPÍTULO 6

6 – COMPORTAMENTO DAS VIGAS SEM ARMADURA TRANSVERSAL

O comportamento das vigas após a fissuração modifica-se consideravelmente em função


da existência ou não de armadura transversal. Numa viga de concreto armado sob a ação de flexão
e forças cortantes, que ocasionam tensões principais, a fissura se forma quando a tensão principal
de tração excede a resistência do concreto à tração.
Existem vários parâmetros que influenciam significativamente a contribuição relativa dos
diferentes mecanismos resistentes à força cortante e consequentemente a resistência última das
vigas sem armadura transversal à força cortante.

6.1 – Modos de Ruptura


A ruptura de vigas de concreto armado por efeito de força cortante caracteriza-se pela
ocorrência de fissuras inclinadas, mesmo que em alguns casos a viga ainda possa suportar
acréscimos de carga antes da ruptura.
As fissuras inclinadas podem se desenvolver na alma das vigas como uma extensão de
fissuras de flexão já existentes ou de maneira independente. A primeira fissura é chamada “fissura
por flexão e força cortante” e a segunda como “fissura por força cortante”. Ainda existe a fissura
decorrente da flexão pura.
Além dos três tipos de fissuras básicas podem também ocorrer outras fissuras secundárias,
muitas vezes em decorrência de tensões de tração que causam fissuras de fendilhamento, com o
escorregamento relativo entre a barra de aço e o concreto, ou de forças oriundas da ação de pino
de barras longitudinais transferindo força cortante através de uma fissura.
A relação a/d é útil para ilustrar a variação entre a carga correspondente à fissura inclinada
e a capacidade da viga retangular à força cortante.

a) viga muito esbelta (a/d > 6)


As vigas nesta categoria rompem por flexão geralmente antes do surgimento de fissuras
inclinadas.

20
b) viga esbelta (2,5 < a/d < 6)
Além das fissuras de flexão surgem também fissuras com influência da força cortante, isto
é, fissuras inclinadas na direção ao banzo comprimido. Estas podem propagar-se causando o
escoamento das armaduras e separar a viga em duas partes, o que é chamado ruptura por tração
diagonal (Figura 10).

Figura 10 – Ruptura por tração diagonal (ACI-ASCE 426, 1973, apud BASTOS, 2008)

c) viga curta (1 < a/d < 2,5)


Uma fissura inclinada pode propagar-se pela armadura longitudinal, causando perda de
aderência entre as barras longitudinais e o concreto, que leva à ruptura da ancoragem (Figura
11). Não ocorrendo falha da aderência pode ocorrer ruptura por esmagamento do concreto
comprimido do banzo superior, devido ao prolongamento da fissura inclinada em direção ao
topo da viga, que diminui a área do banzo (Figura 12).

Figura 11 – Ruptura por escorregamento das barras longitudinais tracionadas (ACI-ASCE 426, 1973, apud BASTOS,
2008)

Figura 12 – Ruptura por escorregamento das barras longitudinais tracionadas (ACI-ASCE 426, 1973, apud BASTOS,
2008)

21
d) viga muito curta (a/d < 1)
As fissuras inclinadas ocorrem ao longo da linha entre o apoio e o ponto de aplicação da
carga. Nas vigas-paredes classificadas nessa categoria uma parcela significativa da força cortante é
transferida ao apoio por ação de arco, como indicado na Figura 13. Há várias formas de ruptura:
1) ruptura da ancoragem da armadura longitudinal de tração;
2) ruptura por esmagamento do concreto próximo e acima do apoio;
3) ruptura por flexão, com esmagamento do concreto do banzo comprimido ou por
escoamento da armadura de tração;
4) ruptura tração na borda superior acima do arco de compressão;
5) ruptura por esmagamento do concreto que forma a ação de arco.

Figura 13 – Modelos de ruptura em vigas curtas (vigas-paredes) (ACI-ASCE 426, 1973, apud BASTOS, 2008)

22
CAPÍTULO 7

7 – COMPORTAMENTO DAS VIGAS COM ARMADURA TRANSVERSAL

A existência de armadura transversal modifica consideravelmente o comportamento das


vigas após o surgimento das fissuras inclinadas. Ao ser interceptado por uma fissura, o estribo faz
a ponte de transferência das tensões de tração entre os lados da fissura, e ao atingir a tensão de
escoamento o aço do estribo escoa. Ainda existe um ganho de resistência proporcionado
principalmente pelo atrito entre as superfícies nas fissuras. Os estribos, ao continuarem escoando,
proporcionam uma ruptura dúctil.
Em vigas com altas taxas de armadura transversal a ruptura pode ocorrer devido ao
esmagamento do concreto comprimido das diagonais inclinadas, principalmente vigas de seção
transversal “I”. Após a formação de fissuras inclinadas uma parte da força cortante passa a ser
transferida pela armadura transversal. Quando essa armadura passa a escoar qualquer força
cortante adicional deve ser transferida pelos mecanismos citados. Quando a fissura tem a abertura
aumentada, o atrito nas interfaces diminui, o que causa um aumento de força transferida pelo
concreto do banzo comprimido e pela ação de pino, até que rompe a ação de pino ou o concreto
comprimido esmaga.

7.1 – Função do Estribo


A colocação de estribos nas vigas tem três funções básicas:
a) resistir à parte da força cortante;
b) restringir o crescimento da abertura das fissuras, o que ajuda a manter o atrito entre as
interfaces na fissura;
c) aumentar a ação de pino das barras longitudinais.
Além disso, os estribos proporcionam uma pequena resistência por ação de pino nas
fissuras e aumentam a resistência da zona comprimida de concreto pelo confinamento que
promovem.
A figura 14 mostra a atuação ou trabalho desenvolvido pelo estribo vertical na analogia de
treliça, para uma viga com tração na fibra inferior. No nó inferior o estribo, entrelaça a armadura
longitudinal tracionada e, no nó superior o estribo, ancora-se no concreto comprimido e na
armadura longitudinal superior.

23
As bielas de compressão se apoiam nas barras da armadura longitudinal inferior, no trecho
final dos ramos verticais dos estribos e nos seus ramos horizontais, principalmente na intersecção
do estribo com as barras longitudinais.
O ramo horizontal inferior dos estribos é importante porque, além de servir de apoio às
bielas, também atua para equilibrar as tensões de tração oriundas da inclinação transversal das
bielas diagonais, como indicado na Figura 14-III e 14-IV.
Na Figura 14-II mostra-se o apoio da biela na intersecção do estribo com a barra
longitudinal inferior, e o acréscimo de tensão Δσs na armadura longitudinal, entre um estribo e
outro e proveniente da atuação da tensão de aderência τb, entre a barra e o concreto.

Figura 14 – Atuação do estribo no modelo de treliça (FUSCO, 2000, apud BASTOS, 2008).

No nó superior, os estribos se ancoram no concreto comprimido e nas barras longitudinais


aí posicionadas. Barras porta-estribos também atuam para evitar o fendilhamento, que pode ser
provocado pelo gancho do estribo ao aplicar tensões de tração num pequeno volume de concreto.
O ramo horizontal superior do estribo não é obrigatório, porém, sua disposição é indicada
para o posicionamento de barras longitudinais internas e para resistir a esforços secundários que
geralmente ocorrem.
Vigas largas, com larguras maiores que 40 cm, devem ter estribos com mais de dois ramos
verticais, sendo muito comum o uso de estribos com quatro ramos, que oferece a vantagem de ser
montado sobrepondo-se dois estribos idênticos de dois ramos.

24
7.2 – Modos de Ruptura
Quando as tensões principais de tração inclinadas alcançam a resistência do concreto à
tração, surgem as primeiras fissuras devidas à força cortante, perpendiculares à direção delas,
como mostrado anteriormente. À medida que as fissuras vão surgindo ocorre uma redistribuição
dos esforços internos, e a armadura transversal e as diagonais comprimidas passam então a
trabalhar de maneira mais efetiva. A redistribuição de esforços depende da quantidade e da direção
da armadura transversal, o que leva a diversos tipos de ruptura por força cortante.
Com o aumento do carregamento as fissuras de flexão na região de maiores forças
cortantes propagam-se com trajetória inclinada, dando origem às chamadas fissuras de flexão com
cortante. Se a armadura transversal for insuficiente, o aço atinge a deformação de início de
escoamento. As fissuras inclinadas por efeito da força cortante próximas ao apoio desenvolvem-se
rapidamente em direção ao banzo comprimido, diminuindo a sua seção resistente, que por fim
pode se romper bruscamente (Figura 15). A total falta de armadura transversal também pode levar
a esta forma de ruptura. A fissura propaga-se também pela armadura longitudinal de tração nas
proximidades do apoio, separando-a do restante da viga (Figura 15).

Figura 15 – Ruptura de viga por rompimento do banzo superior comprimido de concreto (LEONHARDT e MÖNNIG,
1982)

Pode também ocorrer o rompimento dos estribos, antes da ruptura do banzo comprimido,
ou a ruptura na ligação das diagonais comprimidas com o banzo comprimido. A Figura 16 mostra
a ruptura que pode ocorrer por rompimento ou deformação excessiva dos estribos.

25
Figura 16 – Ruína da viga por rompimento dos estribos (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982)

Em seções com banzos reforçados, como seções I, que possuam armaduras longitudinal e
transversal reforçadas, formam-se muitas fissuras inclinadas, e as bielas de compressão entre as
fissuras podem romper de maneira brusca ao atingir a resistência do concreto à compressão. Tal
ruptura ocorre quando as diagonais são solicitadas além do limite da resistência do concreto, antes
que a armadura transversal entre em escoamento (Figura 17).
As bielas de compressão delimitam o limite superior da resistência das vigas ao esforço
cortante, o que depende da resistência do concreto. A tensão de compressão nas bielas depende da
inclinação dos estribos, como se verá adiante.

Figura 17 - Ruptura das diagonais comprimidas no caso de armadura transversal reforçada (LEONHARDT e
MÖNNIG, 1982)

26
CAPÍTULO 8

8 – TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH

A treliça clássica serve de base para a dedução das equações contidas na NBR 6118/14
para o dimensionamento das vigas à força cortante. A treliça clássica é a admitida pela NBR
6118/14 para o Modelo de Cálculo I (item 17.4.2.2), onde o ângulo θ é fixo com valor de 45°.
A analogia de uma viga fissurada com uma treliça foi introduzida por RITTER (1899), e
serviu para o entendimento do comportamento das vigas à força cortante durante o início do
século 20. Cada barra da treliça, indicada na figura 36, representa uma parte de uma viga simples:
o banzo inferior é a armadura longitudinal de tração, o banzo superior é o concreto comprimido
pela flexão, as diagonais inclinadas de 45° representam o concreto comprimido entre as fissuras
(bielas de compressão) e as diagonais tracionadas inclinadas do ângulo α os estribos. Essa treliça é
a chamada “Treliça Clássica”. Para estribos verticais imagina-se as diagonais tracionadas
dispostas na vertical, com ângulo α de 90°. Este modelo de Ritter foi melhorado por Mörsch,
assumindo que as diagonais comprimidas estendem-se por mais de um estribo.
O modelo de treliça tradicional assume que as bielas de compressão são paralelas à direção
das fissuras inclinadas e que nenhuma tensão é transferida através as fissuras. No entanto, existem
dois mecanismos que não são considerados no modelo de treliça tradicional: as tensões de tração
que existem no concreto transversalmente às bielas de compressão; e as tensões de cisalhamento
que são transferidas nas faces das fissuras inclinadas pela ação do engrenamento dos agregados ou
atrito.
Esses mecanismos resultam: o ângulo da tensão principal de compressão na alma é menor
que o ângulo de inclinação das fissuras; uma componente vertical da força ao longo da fissura que
contribui para a resistência à força cortante, sendo esse mecanismo resistente chamado como
“Contribuição do Concreto” (Vc). Geralmente, a tensão de tração no concreto entre as fissuras não
é considerada nos modelos de treliça.
A Treliça Clássica despreza a resistência do concreto à tração e mesmo após a fissuração
da viga, as diagonais de compressão mantém-se inclinadas de 45°. A “Contribuição do Concreto”
é considerada por meio da parcela V c, com diferentes valores para cada norma.
Considere uma viga bi-apoiada, com o carregamento de uma força concentrada P, e com
força cortante constante. A analogia dessa viga fissurada (Estádio II) com a treliça clássica, com

27
ângulo θ de inclinação das diagonais comprimidas (bielas de compressão) de 45° e com diagonais
tracionadas inclinadas de um ângulo α qualquer, está mostrada na Figura 18.
Sendo a treliça isostática, as forças nas barras podem ser determinadas considerando-se
apenas as condições de equilíbrio dos nós, a partir da força cortante. Considerando a seção 1-1 da
treliça sob atuação da força cortante V, a força na diagonal comprimida (biela de compressão -
Rcb) é:

Figura 18 – Treliça clássica de Ritter-Mörsch para vigas (BASTOS, 2008)

A distância entre duas diagonais comprimidas adjacentes, na direção perpendicular a elas:

A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto
(área da biela):

28
Onde α é o ângulo de inclinação das diagonais tracionadas. A tensão média de compressão
na biela é então dada por:

A força na diagonal tracionada (Rs,α), inclinada do ângulo α, pode ser determinada


fazendo o equilíbrio da seção 1-1 da treliça:

Cada diagonal de tração com força Rs,α é relativa a um comprimento da viga, a distância
z(1 + cotg α), medida na direção do eixo longitudinal, e deve ser resistida por uma armadura
chamada transversal, composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas de
um ângulo α (Figura 19).

Figura 19 – Armadura transversal Asw,α resistente à força na diagonal tracionada (BASTOS, 2008)

Considerando Asw a área de aço de um estribo, a área total de armadura no comprimento


z(1 + cotg α) é dada por:

Onde z(1 + cotg α) / s representa o número de estribos nesse comprimento. A tensão σsw na
armadura transversal resulta:

29
O ângulo α de inclinação da armadura transversal pode variar teoricamente de 45° a 90°,
sendo que na maioria dos casos da prática o ângulo adotado é de 90°, com a armadura transversal
consistindo de estribos na posição vertical. Porém, é interessante fazer algumas comparações com
o ângulo α assumindo os valores de 45° e 90°, o que é mostrado na tabela 1.
A equação que determina a tensão na diagonal comprimida (σcb) mostra que o ângulo α de
inclinação da armadura transversal influencia o valor da tensão na diagonal comprimida. Quando a
armadura transversal é colocada na posição vertical, com α = 90°, como a armadura fica inclinada
com relação às tensões principais de tração, a tensão na diagonal comprimida (biela de
compressão) resulta o dobro da tensão para quando a armadura é colocada inclinada a 45°.
Conclui-se que, quanto mais inclinada for a armadura, até o limite de 45°, menor será a
tensão nas bielas de compressão.

Tabela 1 - Resumo das relações para a treliça clássica em função do ângulo α de inclinação das diagonais tracionadas

O fato da armadura transversal inclinada de 45° ser mais eficiente, por acompanhar a
inclinação das tensões principais de tração, fica evidenciado ao se comparar as equações da tensão
na armadura transversal (σsw). Nota-se que a armadura a 45° resulta 2 vezes menor que a armadura
a 90°. No entanto, a armadura a 45° apresenta comprimento 2 vezes maior que a armadura a 90°, o
que acaba levando a consumos de armadura praticamente iguais.

30
CAPÍTULO 9

9 – TRELIÇA GENERALIZADA

Com base nos resultados de numerosas pesquisas experimentais verificou-se no século


passado que a inclinação das fissuras é geralmente inferior a 45°, e consequentemente as bielas de
compressão têm inclinações menores, podendo chegar a ângulos de 30°, ou até menores, com a
horizontal, em função principalmente da quantidade de armadura transversal e da relação entre as
larguras da alma e da mesa. Além disso, a treliça não considera a ação de arco nas proximidades
dos apoios. Por não fazer essas considerações a treliça clássica de Ritter-Mörsch é conservadora e
conduz à armadura transversal um pouco exagerada.

Figura 20 – Treliça generalizada (CEB, 1979, apud. BASTOS, 2008)

Para levar em conta a menor inclinação das fissuras surgiu, na década de 60, a chamada
treliça generalizada, com ângulos θ menores que 45° para a inclinação das diagonais comprimidas
(Figura 21). A determinação correta do ângulo θ para uma viga é muito complexa, porque depende
de inúmeros fatores.
A dedução das forças na treliça generalizada é semelhante àquela já apresentada para a
treliça clássica. Sendo V a força cortante que atua na seção 1-1 da treliça (Figura 21), a força na
diagonal comprimida (Rcb) é:

31
Figura 21 - Treliça generalizada com diagonais comprimidas inclinadas com ângulo θ e armadura transversal
inclinada com ângulo α (BASTOS, 2008)

A distância entre duas diagonais comprimidas adjacentes, na direção perpendicular a elas,


é:

A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto
(área da biela):

Onde α é o ângulo de inclinação das diagonais tracionadas. A tensão média de compressão


na biela é então dada por:

A força na diagonal tracionada (Rs,α) pode ser determinada fazendo o equilíbrio da seção 1-
1 da treliça:

32
Cada diagonal de tração com força Rs,α é relativa a um comprimento da viga, a distância
z(cotg θ + cotg α), medida na direção do eixo longitudinal da viga, e deve ser resistida por uma
armadura transversal composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas de
um ângulo α.
Considerando Asw a área de aço de um estribo, a área total de armadura no comprimento
z(cotg θ + cotg α) é dada por:

Onde z (cotg θ + cotg α) / s representa o números de estribos nesse comprimento. A tensão


σsw na armadura transversal resulta:

33
CAPÍTULO 10

10 – DIMENSIONAMENTO SEGUNDO A NBR 6118/14

A norma dividiu o cálculo segundo dois modelos, os Modelos de Cálculo I e II. O Modelo
de Cálculo I admite a chamada treliça clássica, com ângulo de inclinação das diagonais
comprimidas (θ) fixo em 45°. Já o Modelo de Cálculo II considera a chamada treliça generalizada,
onde o ângulo de inclinação das diagonais comprimidas pode variar entre 30° e 45°. Aos modelos
de treliça foi associada uma força cortante adicional V c, proporcionada por mecanismos
complementares ao de treliça.
A condição de segurança do elemento estrutural é satisfatória quando são verificados os
Estados Limites Últimos, atendidas simultaneamente as duas condições seguintes:

Onde:
VSd = força cortante solicitante de cálculo na seção;
VRd2 = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de
concreto;
VRd3 = Vc + Vsw = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
Vsw = parcela absorvida pela armadura transversal.
Vc = parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao de treliça.

10.1 Modelo de Cálculo I


No Modelo de Cálculo I a NBR 6118/14 (item 17.4.2.2) adota a treliça clássica de Ritter-
Mörch, ao admitir o ângulo θ de 45° para as diagonais comprimidas de concreto (bielas de
compressão), e a parcela complementar Vc tem valor constante, independentemente do esforço
cortante VSd .

10.1.1 Verificação da Diagonal Comprimida de Concreto


A equação que define a tensão de compressão nas bielas de concreto para a treliça clássica
(θ= 45°) é definida por:

34
A norma limita a tensão de compressão nas bielas ao valor fcd2. O valor fcd2 atua como um
fator redutor da resistência à compressão do concreto, quando há tração transversal por efeito de
armadura e existem fissuras transversais às tensões de compressão (Figura 22). O valor fcd2 é
definido por:

Figura 22 – Tensão de compressão com tração transversal

A NBR 6118/14 (item 17.4.2.2) chama o fator (1 – fck/250) de αv2 . Na equação que define
σcb, substituindo z por 0,9 d, σcb por fcd2 e fazendo V como a máxima força cortante resistente
(VRd2) correspondente à ruína das diagonais comprimidas de concreto, tem-se:

Fazendo α igual a 90° para estribo vertical, tem-se:

Portanto, para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas deve-se ter:

35
10.1.2 Cálculo da Armadura Transversal
Da equação VSd ≤ VRd3, fazendo a força cortante de cálculo (VSd) igual à máxima força
cortante resistente de cálculo, relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal),
tem-se:

A parcela Vc referente à parte da força cortante absorvida pelos mecanismos


complementares ao de treliça é definida como:
a) elementos tracionados quando a linha neutra se situa fora da seção:
Vc = 0
b) na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção:

Com fck em Mpa.


A força Vc0 representa a resistência à força cortante de uma viga sem estribos, ou seja, é a
força cortante que uma viga sem estribos pode resistir.
c) na flexo-compressão

Onde:
bw = menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d;
d = altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de gravidade da
armadura de tração;
s = espaçamento entre elementos da armadura transversal A sw, medido segundo o eixo
longitudinal do elemento estrutural;
fywd = tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos e a
70 % desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, valores
superiores a 435 MPa;
α = ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do
elemento estrutural, podendo-se tomar 45° ≤ α ≤ 90°;
M0 = momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção
(tracionada por Md,max), provocada pelas forças normais de diversas origens concomitantes com
VSd, sendo essa tensão calculada com valores de γf e γp iguais a 0,9, os momentos correspondentes

36
a essas forças normais não devem ser considerados no cálculo dessa tensão pois são considerados
em MSd, apenas os momentos isostáticos de protensão;
MSd,max = momento fletor de cálculo, máximo no trecho em análise, que pode ser tomado
como o de maior valor no semitramo considerado, (para esse cálculo, não se consideram os
momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).
Com o valor de Vc conhecido, da Eq. 24 calcula-se a parcela da força cortante a ser
resistida pela armadura transversal:

A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça clássica (θ = 45°) é
definida por:

Substituindo z por 0,9 d, V por Vsw, e fazendo σsw,α igual à máxima tensão admitida na
armadura (fywd), tem-se:

A NBR 6118/14 (item 17.4.2.2) limita a tensão fywd ao valor de fyd para armadura
transversal constituída por estribos, e a 70 % de fyd quando forem utilizadas barras dobradas
inclinadas, não se tomando, para ambos os casos, valores superiores a 435 MPa. Portanto, para
estribos tem-se:

A tensão máxima imposta pela norma refere-se ao aço CA-50, pois fyd = 500/1,15 = 435
MPa. No caso do dimensionamento do estribo ser feito com o aço CA-60, esta tensão máxima
também deve ser obedecida, ou seja, deve-se calcular como se o aço fosse o CA-50.
A inclinação dos estribos deve obedecer à condição 45° ≤ α ≤ 90°. Para estribo inclinado a
45° e a 90°, tem-se respectivamente:

37
No caso de serem utilizados os aços CA-50 ou CA-60 e armadura transversal somente
na forma de estribos, fywd assume o valor de 43,5 kN/cm², que aplicado às equações acima
encontram-se:

com: Asw = cm²/cm, Vk = kN e d = cm.


É importante observar que Asw/s é a armadura transversal por unidade de comprimento da
viga e Asw é a área de todos os ramos verticais do estribo.
Para estribo de dois ramos, que é o tipo aplicado na grande maioria das vigas, A sw equivale
à área dos dois ramos verticais do estribo. Para estribos com três ou quatro ramos, A sw é a área de
todos os três ou quatro ramos verticais do estribo (Figura 23).

Figura 23 – Ramos dos Estribos

10.2 Modelo de Cálculo II


No Modelo de Cálculo II a NBR 6118/14 (item 17.4.2.3) admite que o ângulo de
inclinação das diagonais de compressão (θ) varie livremente entre 30° e 45° e que a parcela
complementar Vc sofra redução com o aumento de VSd. Ao admitir ângulos θ inferiores a 45° a
norma adota a chamada “treliça generalizada”.

10.2.1 Verificação da Diagonal Comprimida de Concreto


A expressão para a tensão nas bielas de concreto para a treliça com diagonais comprimidas
inclinadas de um ângulo θ é dada por:
38
A norma limita a tensão nas bielas comprimidas ao valor fcd2, que é definido por:

Chamando o fator (1- fck/250) de αv2 e substituindo z por 0,9 d, σcb por fcd2 e V pela
máxima cortante resistente de cálculo (VRd2), tem-se:

Isolando VRd2 fica:

Para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas, deve-se ter:

10.2.2 Cálculo da Armadura Transversal


Fazendo a cortante de cálculo (V Sd) igual à máxima cortante resistente de cálculo, relativa
à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se:

A parcela Vc referente à parte da força cortante absorvida pelos mecanismos


complementares ao de treliça é definida como:
a) elementos tracionados quando a linha neutra se situa fora da seção:
Vc = 0
b) na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção:
Vc = Vc1
c) na flexo-compressão:

Para a determinação de Vc em função de Vc1 , a seguinte lei de variação para Vc1 deve ser
considerada:
Vc1 = Vc0 → para VSd ≤ Vc0 e
Vc1 = 0 → para VSd = VRd2

39
Como já se se foi definido, tem-se a parcela Vc0:

Quando VSd for maior que Vc0 , Vc1 pode ser calculada segundo a equação:

Com o valor de Vc1 conhecido, nas vigas submetidas à flexão simples faz-se Vc = Vc1,
calcula-se a parcela Vsw da força cortante a ser resistida pela armadura transversal:

A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça com ângulo de
inclinação das diagonais comprimidas igual a θ, é definida como:

Limitando σsw,α à máxima tensão admitida na armadura (fywd) e fazendo V = Vsw e z = 0,9d,
tem-se:

Isolando Asw/s encontra-se a equação para cálculo da armadura transversal:

onde:
s = espaçamento dos estribos;
Asw,α = área de todos os ramos verticais do estribo;
α = ângulo de inclinação dos estribos, 45° ≤ α ≤ 90° ;
θ = ângulo de inclinação das bielas de compressão 30° ≤ θ ≤ 45° ;
fywd = tensão máxima no estribo:

40
10.3 Armadura Mínima
Uma armadura transversal mínima deve ser colocada nas vigas a fim de atender os
seguintes objetivos:
a) na eventualidade de serem aplicados carregamentos não previstos no cálculo, as vigas
não apresentem ruptura brusca logo após o surgimento das primeiras fissuras inclinadas;
b) limitar a inclinação das bielas e a abertura das fissuras inclinadas;
c) evitar a flambagem da armadura longitudinal comprimida.
Conforme a NBR 6118/14 (item 17.4.1.1.1), em todas as vigas deve existir uma armadura
transversal mínima, sendo estabelecida a seguinte equação para a taxa geométrica mínima,
constituída por estribos:

onde:
Asw = área da seção transversal total de cada estribo, compreendendo todos os seus ramos
verticais;
s = espaçamento dos estribos;
α = ângulo de inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento
estrutural;
bw = largura média da alma;
fywk = resistência ao escoamento do aço da armadura transversal, valor característico;
fct,m = resistência média à tração do concreto.
Isolando Asw/s na Eq. 44 e fazendo como armadura mínima fica:

Para estribo vertical (α = 90°) e fazendo o espaçamento s igual a 100 cm, a armadura
mínima fica:

com: Asw,mín = área da seção transversal de todos os ramos verticais do estribo (cm²/m);
bw em cm;
fywk em kN/cm².

41
A resistência fct,m deve ser aplicada em kN/cm² é calculada como:

42
CAPÍTULO 11

11 – DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS

As armaduras destinadas a resistir aos esforços de tração provocados por forças cortantes
podem ser constituídas por estribos, combinados ou não com barras dobradas ou barras soldadas.
Os estribos para cortantes devem ser fechados através de um ramo horizontal, envolvendo
as barras da armadura longitudinal de tração, e ancorados na face oposta. Quando essa face
também puder estar tracionada, o estribo deve ter o ramo horizontal nessa região.

11.1 Diâmetro do Estribo


As prescrições para o diâmetro do estribo são:
5 mm ≤ φt ≤ bw/10
- para barra lisa, o diâmetro deve ser inferior a 12,5 mm;
- para estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser reduzido para 4,2 mm,
desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão dessa armadura.

11.2 Espaçamento Mínimo e Máximo entre os Estribos


“O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento
estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador, garantindo um bom
adensamento da massa” (NBR 6118/14, item 18.3.3.2). Adotando-se uma folga de 1 cm para a
passagem do vibrador, o espaçamento mínimo fica:
s ≥ φvibr + 1 cm
A fim de evitar que uma fissura não seja interceptada por pelo menos um estribo, os
estribos não devem ter um espaçamento maior que um valor máximo, estabelecido conforme as
seguintes condições:

43
11.3 Espaçamento Máximo entre os Ramos Verticais do Estribo
O espaçamento transversal (st) entre os ramos verticais sucessivos dos estribos não deve
exceder os seguintes valores:

O espaçamento transversal (st) serve para definir qual o número de ramos verticais deve ser
especificado para os estribos, principalmente no caso de estribos de vigas largas.
Nas vigas correntes das construções, com larguras geralmente até 30 cm, o estribo mais
comum de ser aplicado é o de “dois ramos” verticais, que é simples de ser feito e amarrado com as
barras longitudinais de flexão. Porém, em vigas largas, como vigas de equilíbrio em fundações de
edifícios, vigas de pontes, vigas com grandes vãos, etc., se a distância entre os ramos verticais do
estribo supera o espaçamento máximo permitido, a solução é aumentar o número de ramos,
geralmente fazendo ramos pares, pois assim os estribos podem ser idênticos.

11.4 Ancoragem do Estribo


A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou
barras longitudinais soldadas (NBR 6118/14, item 9.4.6).
Os ganchos dos estribos podem ser (NBR 6118/14, item 9.4.6.1):
a) semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de comprimento igual a 5 φt,
porém não inferior a 5 cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 φt, porém não inferior a
7 cm (este tipo de gancho não deve ser utilizado para barras e fios lisos).
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser no mínimo igual ao índice dado na
tabela abaixo.

Tabela 1 – Diâmetro dos Pinos

44
Figura 24 – Tipos de ganchos para estribos

45
CAPÍTULO 12

12 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DAS DIAGONAIS DE


COMPRESSÃO (θ)

Investigações experimentais mostraram que, após iniciado o processo de fissuração na


viga, ocorre uma redistribuição dos esforços internos, proporcional à rigidez, principalmente das
diagonais de compressão e do banzo comprimido. No caso de seção retangular, por exemplo, as
diagonais de compressão são rígidas em relação ao banzo comprimido, o qual inclina-se em
direção ao apoio, criando o efeito de arco atirantado na viga. O banzo comprimido, ao inclinar-se
em direção ao apoio pode até mesmo absorver toda a força transversal, por meio de sua
componente vertical, ver figura abaixo.
A rigidez das barras da treliça depende das quantidades de armaduras longitudinal e
transversal, mas principalmente das áreas de concreto que formam o banzo comprimido e as
diagonais de compressão, expressa simplificadamente pela relação b/b w. Com a diminuição da
relação b/bw ocorre um aumento da inclinação da força no banzo comprimido e uma diminuição
da inclinação das diagonais comprimidas (diminuição de θ) e, como consequência, os esforços de
tração na alma diminuem progressivamente em comparação àqueles calculados segundo a treliça
clássica.

46
Após constatações feitas em diversos ensaios experimentais pode-se concluir que é
adequado considerar ângulos θ inferiores a 45° quando do dimensionamento de vigas de seção
retangular, isto é, segundo LEONHARDT e MÖNNIG (1982) devem ou podem ser adotados
valores para θ em torno de 30°.
No caso de seções com banzos comprimidos mais rígidos, como seções em forma de T, I,
etc., a força no banzo comprimido inclina-se pouco, e o ângulo de inclinação das fissuras de
cisalhamento tende a crescer para 45°. Recomenda-se neste caso adotar θ variando de 38° a 45°,
conforme a relação b/bw , com b e bw.

47
CAPÍTULO 13

13 – REDUÇÃO DA FORÇA CORTANTE

Ensaios experimentais com medição da tensão nos estribos mostram que o modelo de
treliça desenvolvido para as vigas é efetivamente válido após uma pequena distância dos apoios,
pois se constatou que os estribos muito próximos aos apoios apresentam tensão menor que os
estribos fora deste trecho. Em função desta característica, na região junto aos apoios, a NBR
6118/14 (item 17.4.1.2.1) permite uma pequena redução da força cortante para o dimensionamento
da armadura transversal.
No caso de apoio direto, com a carga e a reação de apoio aplicadas em faces opostas
(comprimindo-as), valem as seguintes prescrições:
a) a força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho entre o
apoio e a seção situada à distância d/2 da face de apoio, constante e igual à desta seção;
b) a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a ≤ 2d do eixo
teórico do apoio pode, nesse trecho de comprimento “a”, ser reduzida multiplicando-a por a/2d.
Esta redução não se aplica às forças cortantes provenientes dos cabos inclinados de protensão.
As reduções indicadas neste item não se aplicam na verificação da resistência à
compressão diagonal do concreto (bielas de compressão). No caso de apoios indiretos, essas
reduções também não são permitidas.

48
A redução da força cortante junto aos apoios, como descrito acima, não é feita na prática
por muitos engenheiros estruturais, por questão de simplicidade e a favor da segurança.

49
CAPÍTULO 14

14 – CARREGAMENTO APLICADO NA PARTE INFERIOR DAS VIGAS

A analogia de treliça com as vigas implica na aplicação do carregamento no lado superior


da viga, nos nós do banzo superior da treliça. Quando o carregamento é aplicado no lado inferior
da viga, deve ser prevista uma armadura transversal para transferir o carregamento para a borda
superior da viga, sendo chamada “Armadura de Suspensão”, e que deve ser somada à armadura
transversal destinada a resistir às forças cortantes atuantes.
Vigas invertidas e vigas I com o carregamento aplicado na parte inferior devem ter uma
armadura de suspensão projetada e detalhada.

14.1 Armadura de Suspensão


Segundo a NBR 6118/14 (item 18.3.6), “Nas proximidades de cargas concentradas
transmitidas à viga por outras vigas ou elementos discretos que nela se apoiam ao longo ou em
parte de sua altura, ou fiquem nela pendurados, deve ser colocada armadura de suspensão”.
Os apoios das vigas são geralmente os pilares e outras vigas, com preponderância para os
pilares. Quando o apoio é um pilar o apoio é chamado “direto” e quando é uma outra viga o apoio
é chamado “indireto”.

As vigas de concreto armado transmitem as cargas aos apoios principalmente por meio das
bielas de compressão, na parte inferior da viga. Por isso, quando uma viga apoia-se sobre outra, há
a necessidade de suspender a carga para a parte superior da viga que serve de apoio à outra.
50
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a zona
comprimida da viga de apoio, o que geralmente é feito por meio de estribos.
Em função de diferenças entre as alturas e o nível das duas vigas os seguintes casos podem
ocorrer:
a) Vigas com faces inferiores no mesmo nível
A figura abaixo mostra duas vigas com alturas iguais e as faces inferiores no mesmo nível.
Neste caso, a área de armadura de suspensão é calculada pela equação:

Onde Vd é a força de cálculo aplicada pela viga apoiada naquela que lhe serve de apoio, e
fyd é a resistência de cálculo de início de escoamento do aço.

51
A armadura de suspensão As,susp deve ficar distribuída nas regiões de encontro das duas
vigas, conforme as distâncias indicadas na figura abaixo.

b) Face inferior da viga apoiada acima da face inferior da viga de apoio


A armadura de suspensão é função das alturas das duas vigas, sendo dada por:

A distribuição dessa armadura segue o indicado na figura abaixo.

52
c) Face inferior da viga apoiada abaixo da face inferior da viga de apoio
A figura abaixo mostra o caso de viga com face inferior apoiada abaixo da face inferior da
viga de apoio. Esse tipo de arranjo entre as duas vigas deve ser evitado tanto quanto possível nas
estruturas de concreto armado.
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a parte
superior da viga de apoio, com área de armadura:

Essa armadura pode ser colocada na forma de estribos, que devem estar distribuídos na
largura da viga de apoio.

53
Na viga que serve de apoio deve ser colocada uma armadura para reforçar a região que
recebe a força da viga apoiada, com área de armadura de:

54
CAPÍTULO 15

15 – EXEMPLO NUMÉRICO

A figura abaixo mostra uma viga bi-apoiada sob flexão simples para a qual deve-se
calcular e detalhar a armadura transversal, composta por estribos verticais.

Dados:
 concreto C20 ;
 aço CA-50
 γc = γf = 1,4
 γs = 1,15
 d = 46 cm
 c = 2,0 cm

Por simplicidade e a favor da segurança a força cortante solicitante no apoio não será
reduzida, conforme permitido pela NBR 6118/14, de tal forma que:
Vk = 100,0 kN ⇒ VSd = γf x Vk = 1,4 x 100,0 = 140,0 kN

15.1 Modelo de Cálculo I


a) Verificação da Compressão nas Bielas
Da Tabela 3 (ver anexo), para concreto C20, determina-se a força cortante última ou
máxima que a viga pode resistir:

55
VRd2 = 0,35 bw d = 0,35 x 12 x 46 =193,2 kN
VSd =140,0 < VRd2 =193,2 kN→ não ocorrerá esmagamento das diagonais de concreto.

b) Cálculo da Armadura Transversal


Da Tabela 3 (ver anexo), para concreto C20, a equação para determinar a força cortante
correspondente à armadura mínima é:
VSd,mín = 0,101 bw d = 0,101 x 12 x 46 = 55,8 kN
VSd =140,0 > VSd,mín = 55,8 kN→ portanto, deve-se calcular a armadura transversal p/ VSd
Da equação para Asw na Tabela 3 (concreto C20):

Como Asw = 5,72 cm²/m > Asw,mín = 1,06 cm²/m, deve-se dispor a armadura calculada.

15.2 Modelo de Cálculo II com θ = 30°


a) Verificação da Compressão nas Bielas
Da Tabela 4 (ver anexo), para concreto C20, a força cortante última ou máxima é:
VRd2 = 0,71 bw d sen θ.cos θ = 0,71x12 x 46 x sen 30 x cos 30 =169,7 kN
VSd =140,0 < VRd2 =169,7 kN→ não ocorrerá esmagamento das diagonais de concreto.
b) Cálculo da Armadura Transversal
Antes de se calcular a armadura deve-se verificar se não vai resultar a armadura mínima.
Para isso deve-se determinar a força cortante mínima (VSd,mín). Da Tabela 4 tem-se:
VSd,mín = 0,035 bw d cot g θ + Vc1
Antes é necessário determinar a parcela Vc1, definida pela equação abaixo:

Da equação abaixo tem-se Vc0 :

Assim, das expressões da Tabela 4 para VSd,mín e Asw:

56
VSd =140,0 > VSd,mín = 41,7 kN→ portanto, deve-se calcular a armadura transversal para VSd .
A área de armadura transversal é:

15.3 Detalhamento da Armadura Transversal


Para efeito de detalhamento, os estribos verticais são mostrados conforme definidos pelo
Modelo de Cálculo II, com ângulo θ de 30°.
a) Diâmetro do estribo: 5 mm ≤ φt ≤ bw/10 =120/10 = 12 mm ∴ φt = 5 mm
b) Espaçamento máximo entre os estribos:
0,67 VRd2 = 0,67 x 169,6 = 113,6 kN
VSd = 140,0 > 113,6 kN ⇒ s ≤ 0,3 d ≤ 20 cm
0,3 d = 0,3 x 46 = 13,8 cm ⇒ Portanto, s ≤ 13,8 cm
c) Espaçamento transversal entre os ramos verticais do estribo:
0,20 VRd2 = 0,20 x 169,6 = 33,9 kN
VSd = 140,0 > 33,9 kN ⇒ st ≤ 0,6 d ≤ 35 cm
0,6 d = 0,6 x 46 = 27,6 cm ⇒ Portanto, s ≤ 27,6 cm
d) Escolha do diâmetro e espaçamento dos estribos
A escolha do diâmetro e do espaçamento dos estribos pode ser feita de duas maneiras
muito simples: por meio de cálculo ou com o auxílio de uma tabela de área de armadura por metro
linear (cm²/m). Na sequencia são apresentados os dois processos.
Para a armadura calculada segundo o modelo de cálculo II, de 4,23 cm²/m nos apoios,
considerando estribo vertical com diâmetro de 5 mm (1 φ 5 mm = 0,20 cm2) composto por dois
ramos verticais (2 φ 5 mm = 0,40 cm²), tem-se:

Para a escolha do diâmetro e do espaçamento dos estribos com o auxílio da Tabela A-1
(ver a tabela anexa em Anexos) deve-se determinar a área de apenas um ramo do estribo. Portanto,
para a área de armadura de 4,23 cm²/m e estribo com dois ramos:

57
Com a área de um ramo na Tabela A-1 encontram-se:
 φ 5 mm c/9,5 cm = 2,11 cm²/m
 φ 6,3 mm c/15 cm = 2,10 cm²/m
Como o espaçamento máximo é 13,8 cm, não é possível adotar φ 6,3 mm c/15 cm, sendo
escolhido então estribo φ 5 mm c/9,5 cm, ou c/9 cm.
Para a armadura mínima de 1,06 cm²/m, considerando o mesmo estribo, tem-se:

Fazendo com o auxílio da Tabela A-1 (ver anexo), considerando-se a área de um ramo
apenas do estribo:

Na Tabela A-1(ver anexo) verifica-se que o espaçamento para φ 5 mm resulta superior a 33


cm (máximo espaçamento permitido para os estribos). Como o espaçamento máximo é de 13,8
cm, deve ser feito φ 5 c/13 cm, o que na Tabela A-1 (ver anexo) resulta 1,54 cm2/m, área de
armadura imposta pelo espaçamento máximo e superior à armadura mínima.

58
Para a distribuição dos estribos ao longo do vão livre da viga é necessário desenhar o
diagrama de forças cortantes de cálculo e posicionar a força cortante mínima ( VSd,mín). Geralmente,
os vãos das vigas podem ter os estribos distribuídos segundo três trechos diferentes, os dois
próximos aos apoios e o do centro, delimitado pela força V Sd,mín , que recebe a armadura
transversal mínima. Dividir o vão livre em mais de três trechos só deve ser feito quando houver
justificativas.
A armadura calculada para os cortantes nos apoios deve se estender até a posição da força
VSd,mín , e após esses trechos é colocada a armadura mínima.
O espaçamento dos estribos não deve ser inferior a 6-7 cm para não dificultar a penetração
do concreto lançado na viga. Espaçamentos superiores a 8 cm devem ter preferência. Os
espaçamentos são adotados geralmente valores inteiros em cm, e ocasionalmente valores múltiplos
de 0,5 cm.
O estribo deve ter uma numeração, como o N1 da Figura 57. Sendo a viga simétrica, nas
proximidades dos apoios os estribos foram distribuídos na extensão de 162 cm, que somados aos
10 cm até o eixo do pilar, representa a distância de 172 cm, que “cobre” aproximadamente a
distância de 176 cm até a força VSd,mín . Com a distância de 162 cm pode ser calculado o número
de estribos nesse trecho, fazendo 162 ÷ 9 = 18 estribos.
O número de estribos no trecho central do vão é calculado fazendo o comprimento do
trecho (480 – 162 –162 = 156 cm) dividido pelo espaçamento dos estribos: 156 ÷ 13,5 = 11,6 ≅ 12
estribos.
As dimensões do estribo são determinadas fazendo a largura e a altura da viga menos duas
vezes o cobrimento da armadura:
Largura = 12 – (2 . 2,0) = 8 cm
Altura = 50 – (2 . 2,0 ) = 46 cm
Os estribos devem ter obrigatoriamente ganchos nas pontas, com comprimento de no
mínimo 5 φt ≥ 5 cm quando o gancho direcionar a ponta do estribo para o concreto da parte interna
da viga. Para estribo com diâmetro de 5 mm o gancho deve ter o comprimento mínimo de 5 cm,
em cada ponta do estribo. Portanto, o comprimento do estribo é calculado como: C = 2 (8 + 46 +
5) = 118 cm.

59
CAPÍTULO 16

16 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observando o que foi exposto percebe-se que o estudo do cisalhamento em vigas de


concreto armado é bastante complexo e depende de diversos fatores, o que abre ainda campo de
estudo na área.
Em relação aos modelos de cálculo pode-se observar que o Modelo I da NBR 6118/14, que
é baseado na treliça clássica de Ritter-Mörsch, é bastante conservador e fornece uma área de
armadura transversal superior ao Modelo II, especialmente quando neste é adotado ângulo de
inclinação das bielas de compressão do concreto de 30°, o menor permitido.
Assim, pode-se perceber que esta versão da norma brasileira evoluiu no sentido de permitir
aos projetistas utilizarem da sua experiência e conhecimento para adotar o modelo que julguem ser
mais representativo da situação real e também que forneça resultados mais econômicos
comparados com os modelos anteriormente utilizados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto –


Procedimento - NBR 6118, Rio de Janeiro, ABNT, 2014.

BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante. UNESP.


Bauru, São Paulo, 2008.

CARVALHO, R.C., FIGUEIREDO FILHO, J.R. Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais


de Concreto Armado. Volume 1. São Carlos, 3ª edição, EdUFSCar, 2010.

LEONHARDT, F. MÖNNIG, E. Construções de Concreto - Princípios básicos da construção


de pontes de concreto. Volume 1. Rio de Janeiro. Editora Interciência, 1982.

MACGREGOR, J.G. ; WIGHT, J.K. Reinforced concrete – Mechanics and design. 4a ed.,
Upper Saddle River, Ed. Prentice Hall, 2005.

PINHEIRO, L.M, MUZARDO, C.D., SANTOS, S.P. Fundamentos do Concreto e Projeto de


Edifícios – Cisalhamento em Vigas. UFSCAR, São Carlos, 2007.

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ANEXOS

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