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Macroeconomia Ambiental

Prof. Jorge Madeira Nogueira


Aluno: Mariana Rezende de Oliveira e Silva
Matrícula: 17/0055060

Atividade Semana 3

INDICADOR DE POUPANÇA GENUÍNA

Indicadores de sustentabilidade vêm ganhando cada vez mais importância e se tornando


reconhecidos como uma ferramenta poderosa para elaboração de políticas e comunicação
pública, uma vez que fornecem informações da performance de países e corporações em áreas
como meio ambiente, economia, social e tecnologia. Através da contextualização do fenômeno
e das tendências, indicadores de sustentabilidade simplificam, quantificam, analisam e
principalmente, comunicam informações complexas de uma maneira simples de entender.

Entre o grande número de indicadores de desenvolvimento sustentável que vêm sendo criados
nas últimas décadas, o Indicador de Poupança Genuína (Genuine Savings Indicators - GSI)
procura refletir o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões: econômica, social
e ambiental. O GSI, também conhecido como “Poupança Líquida Ajustada”, foi concebido para
medir alterações no bem-estar econômico nacional através de um índice agregado único que
seja diretamente comparável com os atuais indicadores econômicos.

Desenvolvido por PEARCE; ATKINSON (1993) este indicador avalia a sustentabilidade econômica
e redefine a riqueza em um perspectiva mais ampla, calcula a mudança líquida em toda gama
de ativos importantes para o desenvolvimento: recursos produzidos, recursos naturais,
qualidade do meio ambiente, recursos humanos e recursos estrangeiros.

Enquanto o Sistema Nacional de Contas (SNC) mostra apenas as alterações no capital físico, o
GSI tenta refletir igualmente as alterações no capital natural e humano. Para tanto, efetua três
ajustes no SNC:

1. Acrescenta à poupança nacional líquida as despesas com educação como sendo o valor
do investimento em capital humano (no SNC tradicional esses despesas são tratadas
como consumo);
2. Deduz as estimativas da redução de uma variedade de recursos naturais, utilizando o
valor da renda para refletir o declínio nos valores dos ativos associados à sua extração
ou captura;
3. Subtrai os danos da poluição.

Desta forma, este indicador procura medir as alterações totais no estoque disponível de ativos
econômicos e informa se a economia está ou não num caminho sustentável. Um valor positivo
do GSI não permite concluir que a sustentabilidade esteja assegurada, mas se o valor for
negativo, implica que a riqueza total está em declínio, o que significa que as políticas praticadas
são insustentáveis.
Macroeconomia Ambiental
Prof. Jorge Madeira Nogueira
Aluno: Mariana Rezende de Oliveira e Silva
Matrícula: 17/0055060

O Banco Mundial publica anualmente o GSI/ANS nos “Indicadores de Desenvolvimento


Mundial”, para cerca de 150 países. A equação utilizada é:

𝑮𝑺𝑰 = 𝑮𝑵 − 𝑫𝒑𝒌 − 𝑫𝒌𝒏 + 𝑨𝒌𝒉

Onde:

GNS = poupança parcial bruta

Dpk = depreciação do capital físico

Dkn = depreciação do capital natural

Akh = apreciação do capital humano.

A depreciação líquida do capital natural inclui depreciação dos recursos e a degradação


ambiental. A estimativa da depreciação dos recursos é feita para uma série de combustíveis
fósseis (petróleo, gás natural e carvão) minerais (bauxita, cobre, ferro, chumbo, níquel, zinco,
fosfato, estanho, ouro e prata) e para apenas um recurso renovável (as florestas).

Para a depreciação dos recursos, recomenda-se que seja usado o valor atualizado líquido (NPV)
dos recursos extraídos. Entretanto, devido à ausência de dados, o Banco Mundial tem usado o
“preço líquido” que é a renda atual por unidade do recurso multiplicada pelo montante de
recursos extraídos. Quanto às florestas, por serem um recurso natural vivo, a renda é obtida
através da parte da extração de madeira que excede o seu crescimento natural (caso o
crescimento exceder a sua colheita esta parcela é zero).

Já as estimações da degradação ambiental baseiam-se nas emissões de dióxido de carbono (CO2)


e nas emissões de partículas. Para calcular os danos do dióxido de carbono é atribuído uma valor
de $20/ tonelada de carbono emitida (preço de 1995). Este valor representa o valor presente do
dano marginal incorrido pelas culturas agrícolas, pelas infraestruturas e pela saúde humana
durante aproximadamente 100 anos, período que o CO2 permanece na atmosfera.

Uma das críticas referentes a este cálculo se dá neste momento, uma vez que existem inúmeras
referências alternativas de valores para os danos do carbono, podendo variar desde valores
negativos à centenas de dólares por tonelada.

Para as emissões de partículas, é estimado o nível médio de partículas com menos de 10


mícrones de diâmetro (PM10) em todas as cidades com mais de 100.000 habitantes em todos
países. Os danos por sua vez, são calculados através da disposição a pagar dos indivíduos para
diminuir o risco de mortalidade atribuído ao PM10.

Outra críticas referentes ao cálculo do Indicador de Poupança Genuína está relacionada ao fato
dele cobrir apenas um recurso renovável (florestas), devido à ausência de dados. Os recursos
hídricos também poderiam ser considerados por exemplo, bem como serviços ecossistêmicos.
Macroeconomia Ambiental
Prof. Jorge Madeira Nogueira
Aluno: Mariana Rezende de Oliveira e Silva
Matrícula: 17/0055060

De maneira geral, os indicadores devem possuir certas qualidades que justifiquem sua escolha.
A seguir o GSI será avaliado quando essas qualidades:

 Simplicidade – é considerado um índice simples por possuir poucas variáveis, porém, a


aquisição dos dados não é tão simples.
 Nível de acessibilidade social – a forma como é calculado é facilmente compreendido
por diferentes setores da sociedade, porém, a aquisição dos dados não é tão acessível.
 Objetividade – o índice é objetivo no sentido de incorporar variáveis do capital natural
e humano ao SNC, que mostra apenas as alterações no capital físico.
 Flexibilidade – é um indicador flexível, uma vez que é calculado por uma instituição
internacional, com base numa metodologia comum, para um grande número de países
 Relevância - o GSI apresenta diversas vantagens como indicador político, pois informa,
de maneira clara, acerca de aspectos importantes que estavam tipicamente ausentes
no SNC.
 Base técnico-científica – apresenta base técnico científica para cálculo da depreciação
dos recursos e a degradação ambiental.
 Condições analíticas – é um indicador coerente com o trabalho acadêmico de
caracterização da sustentabilidade.
 Mensurabilidade – os dados não são facilmente disponíveis ou mensuráveis.
 Qualidade dos dados - devido à dificuldade de serem mensurados, muitas vezes os
dados podem não apresentam qualidade, como a questão da mensuração dos danos do
carbono.
 Comparabilidade com outros indicadores – devido à sua simplicidade de cálculo é
facilmente comparável com outros indicadores.

Referências Bibliográficas

 HAMILTON, C., 1999. The genuine progress indicator methodological developments and
results from Australia. Ecological Economics 30, 13–28
 PALMA, C. R.; MEIRELES, M. Indicadores de sustentabilidade. Departamento de
Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais Prospectiva e Planejamento. Vol.
15-2008.
 SINGH, R. K.; MURTY, H. R.; GUPTA, S. K.; DIKSHIT, A. K. An overview of sustainability
assessment methodologies. Ecological Indicators 15 (2012) 281–299. Elsevier. 2011.

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