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Universidade Gama Filho

Vice Reitoria Acadêmica


Centro de Ciências Exatas e Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica

MÁQUINAS HIDRÁULICAS – MEC 114

= Capítulo 1 =
Noções Básicas de Hidráulica

Mecânica dos Fluidos


dos Meios Contínuos

Não Viscoso Viscoso

Laminar Turbulento

Compressível Incompressível Interno Externo

Prof. Luiz Carlos de Moura Galves


Prof. Marcelo dos Santos Romualdo

AGOSTO / 2006
UGF Máquinas Hidráulicas – MEC 114

SUMÁRIO

Capítulo 1 – Noções Básicas de Hidráulica

Introdução

1.1. Conceitos Gerais


1.1.1. Fluido
1.1.2. Líquido
1.1.3. Líquido Perfeito
1.1.4. O Líquido no Estudo das Máquinas Hidráulicas
1.1.5. Escoamento Permanente
1.1.6. Escoamento Laminar ou Turbulento
1.1.7. Massa Específica
1.1.8. Peso Específico
1.1.9. Densidade
1.1.10. Viscosidade
1.1.11. Pressão
1.1.12. Vazão

1.2. Tipos de Energias (Específicas)


1.2.1. Energia de Posição ou Potencial
1.2.2. Energia de Pressão
1.2.3. Energia de Velocidade ou Cinética
1.2.4. Energia Total

1.3. Equação da Continuidade

1.4. Teorema de Bernoulli


1.4.1. Definição
1.4.2. Escoamento Ideal
1.4.3. Escoamento Real

1.5. Perda de Carga


1.5.1. Definição
1.5.2. Perda de Carga Unitária
1.5.3. Perda de Carga em Trechos Retos de Tubulação
1.5.3.1. Fórmula de Darci-Weisbach
1.5.3.2. Fórmula de Hazen-Williams
1.5.4. Perda de Carga em Acidentes de Tubulação (Localizadas)
1.5.4.1. Fórmula Geral
1.5.4.2. Método do Comprimento Equivalente
1.5.5. Outras Fórmulas Empíricas Relevantes

Referências Bibliográficas

Anexos

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INTRODUÇÃO

O estudo das máquinas hidráulicas necessita, dentre outros requisitos, de um sólido


conhecimento dos principais conceitos empregados em Mecânica dos Fluidos. Sendo assim,
este capítulo tem como objetivo recordar alguns termos e conceitos aplicáveis aos líquidos,
geralmente empregados na análise do escoamento dos fluidos.

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1.1. CONCEITOS GERAIS

1.1.1. Fluido

É uma matéria que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento
(tangencial), não importando quão pequena ela possa ser (Fox & McDonald, 1998).

Os fluidos são classificados da seguinte forma:

Líquidos

Fluidos

Gases / Vapores

1.1.2. Líquido

É todo fluido que, em repouso, assume a forma do recipiente que o contém.

1.1.3. Líquido Perfeito

Fluido ideal, incompressível, perfeitamente móvel, onde não existem forças tangenciais entre
as moléculas do líquido e as paredes dos tubos, ou seja, onde não existe viscosidade.

1.1.4. O Líquido no Estudo das Máquinas Hidráulicas

- O líquido é considerado incompressível;


- A viscosidade é considerada (perda de carga).

1.1.5. Escoamento Permanente

É aquele em que as propriedades do líquido (grandezas características e condições de


escoamento) são constantes com o tempo em qualquer ponto tomado no interior do líquido.
Escoamentos onde este fenômeno não ocorre são denominados não-permanentes ou
transitórios

No escoamento permanente, qualquer propriedade pode variar de ponto a ponto, porém todas
as propriedades permanecerão constantes com o tempo, em cada ponto.

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• Grandezas características do líquido relevantes no estudo das máquinas hidráulicas:


ü Massa específica (ρ )
ü Peso específico (γ )
ü Densidade (d )
ü Viscosidade ( µ , υ )
ü Temperatura (T )

• Condições de escoamento do líquido relevantes no estudo das máquinas hidráulicas:


ü Velocidade (v)
ü Pressão ( p )

Exemplo:

A B

ρA, γA, dA, µA, TA


Ponto A
vA, pA
No tempo t1:
ρB, γB, dB, µB, TB
Ponto B
vB, pB

ρA, γA, dA, µA, TA


Ponto A
vA, pA
No tempo t2:
ρB, γB, dB, µB, TB
Ponto B
vB, pB

O escoamento permanente pode processar-se em:

• Regime Uniforme: É aquele em que as velocidades de escoamento são iguais em todos


os pontos de uma mesma trajetória.

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vA1 vB1
vA1 = vB1
vA2 vB2 vA2 = vB2
vA3 vB3 vA3 = vB3

• Regime Não Uniforme: É aquele em que as velocidades de escoamento variam ao


longo de uma mesma trajetória. Pode ser acelerado ou retardado.

vA1 vB1 vA1 ≠ vB1


vA2 vB2 vA2 ≠ vB2
vA3 vB3 vA3 ≠ vB3

1.1.6. Escoamento Laminar ou Turbulento

O escoamento de um líquido pode ser do tipo laminar ou turbulento.

• Escoamento Laminar: É aquele em que a estrutura do escoamento é caracterizada pelo


movimento em lâminas ou camadas.

• Escoamento Turbulento: É aquele em que a estrutura do escoamento é caracterizada


pelo movimento tridimensional aleatório das partículas do fluido.

A variável que nos permite caracterizar um escoamento em laminar ou turbulento é o número


de Reynolds:

1000 ⋅ D ⋅ v ⋅ ρ
Re = onde,
µ

Re : número de Reynolds (adimensional);


D : diâmetro interno da tubulação (m);
v : velocidade de escoamento (m/s);
ρ : massa especifica (kg/m3);
µ : viscosidade absoluta (cP).

O tipo de escoamento é definido da seguinte forma:

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Re < 2000 è Escoamento Laminar

2000 < Re < 4000 è Escoamento Transitório

Re > 4000 è Escoamento Turbulento

1.1.7. Massa Específica

É a razão entre a massa de uma substância e o seu volume.

m
ρ=
V

Unidades usuais: g/cm3, kg/dm3, kg/m3 e lb/ft3


Sistema Internacional: kg/m3

1.1.8. Peso Específico

É a razão entre o peso de uma substância e o seu volume.

P
γ =
V

m⋅g
Note que: P = m ⋅ g ⇒ γ = ⇒ γ =ρ⋅g
V
Logo, o peso específico depende da aceleração gravitacional local.

Unidades usuais: kgf/dm3, kgf/m3, N/m3 e lbf/ft3


Sistema Internacional: N/m3

1.1.9. Densidade

Também denominada densidade relativa, é a razão entre a massa específica de uma substância
e a massa específica de uma substância tomada como padrão.

ρ
d=
ρ Padrão

Substância padrão: Água @ 15ºC e 1 atm, onde:


ρ = 1,0 kg/dm3 = 1000 kg/m3

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1.1.10. Viscosidade

Característica dos fluidos de resistirem ao esforço de cisalhamento.

Quando um fluido escoa, sob a ação de uma força externa, suas moléculas interagem entre si
oferecendo uma resistência ao escoamento. Esta resistência é devida principalmente a fricção
interna e se apresenta como uma reação à força que faz com que o fluido escoe. Esta reação é
a viscosidade.

Assim, um fluido é tanto mais viscoso quanto maior for a resistência oposta a força externa
que o faz escoar.

• Viscosidade absoluta ou dinâmica:

Modelo de Newton:

S
r F
v
r
y v1
y1
v=0

v
F∝S⋅
y

Para se estabelecer a igualdade, é introduzida uma constante na expressão passando-se


a ter:

v
F =µ⋅S ⋅
y

Rearranjando a equação acima, temos:

F v
=µ⋅ ⇒ É a tensão de cisalhamento no fluido (força por unidade de área)
S y

ou,

v F
= ⇒ É o gradiente de velocidade ou variação da velocidade ao longo
y µ⋅S
da altura y. Chama-se também de taxa de cisalhamento.

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E, finalmente:

F/S
µ= ⇒ É o coeficiente de viscosidade absoluta (dinâmica), relação entre
v/ y
a tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento.

Os fluidos que se comportam conforme estas equações são chamados de newtonianos.

Unidades usuais: cP, Pa.s, kgf.s/m2 e lbf.s/ft2


Sistema Internacional: Pa.s (N.s/m2)
Obs.: 1 Poise = 100cP = 1 dyn.s/cm2 = 0,1 Pa.s = 0,0102 kgf.s/m2

• Viscosidade cinemática:

É a razão entre a viscosidade absoluta (dinâmica) de uma substância e a sua massa


específica.

µ
υ=
ρ

Unidades usuais: m2/s, ft2/s, cSt e SSU


Sistema Internacional: m2/s
Obs.: 1 Stoke = 100cSt = 1 cm2/s = 10-4 m2/s

1.1.11. Pressão

É a razão entre a força aplicada normalmente a uma área e a dimensão da área, ou seja, é a
força por unidade de área.
S
F

F
p=
S

Unidades usuais: Pa, kgf/cm2, bar, PSI (lbf/in2), mH2O e torr (mmHg)
Sistema Internacional: Pa (N/m2)

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• Tipos de pressão:

ü Pressão Atmosférica: É a pressão exercida pelo peso da atmosfera. Varia com a


altitude.

Altitude (m) patm (kPa)


0 101,3
300 97,8 patm
600 94,3
900 91,0
1000 89,9
1200 87,8
1500 84,6
1800 81,5
2000 79,5
2100 78,5
2400 75,6
2700 72,8
3000 70,1
Altitude

ü Pressão Manométrica: Também chamada de pressão relativa ou efetiva, é a pressão


lida no manômetro a partir da pressão atmosférica local.

pm

patm patm

ü Pressão Absoluta: É a soma das pressões atmosférica e manométrica.

è p abs = p atm + p m

B
pm (+)
patm
pm (-) pabs
A

pabs
Pressão Nula
(100% vácuo)

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• Teorema de Stevin (Princípio fundamental da hidrostática) – Pressão de um ponto de


um líquido em equilíbrio:

A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido em equilíbrio é igual ao


produto do peso específico do líquido pela altura entre os dois pontos.

A
h pB − p A = γ ⋅ h
B

• Relação da pressão com o volume – Paradoxo hidrostático:

A pressão de cada ponto assinalado nos reservatórios é a mesma, devido às diferenças


de cotas e os líquidos serem iguais. A forma e o volume dos reservatórios não
interferem na pressão.

p A = p B = pC
A B C
p A' = p B ' = pC '
A’ B’ C’

• Conversão de pressão em altura de líquido:

Tendo como base o teorema fundamental, p = γ ⋅ h , verifica-se que a altura de líquido


é igual a:

p
h=
γ

Observação importante: Deve-se ter total atenção nas unidades utilizadas no calculo.
No caso da utilização de unidades não compatíveis, fatores de compatibilização de
unidades deverão ser utilizados.

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Exemplo 1.1: A) Obter as alturas de coluna de líquido que correspondem às pressões abaixo indicadas.

I) II) III)

h1 h2 h3

10 kgf/cm2 10 kgf/cm2 10 kgf/cm2

Água ( γ =1,0 kgf/dm3) Salmoura ( γ =1,2 kgf/dm3) Óleo ( γ =0,85 kgf/dm3)

Solução:

10
I) h1 =
⋅ 10 ∴ h1 = 100m
1,0
10
II) h2 = ⋅ 10 ∴ h2 = 83,33m
1,2
10
III) h3 = ⋅10 ∴ h3 = 117,65m
0,85

Note que entrando na equação com pressão em kgf/cm2 e peso específico em kgf/dm3,
deve-se multiplicar a equação por 10 para se obter a altura em metro.

B) Obter as pressões que correspondem às alturas de coluna de líquido abaixo indicadas.

I) II) III)

100m 100m 100m

p1 p2 p3

Água ( γ =1,0 kgf/dm3) Salmoura ( γ =1,2 kgf/dm3) Óleo ( γ =0,85 kgf/dm3)

Solução:

1,0 ⋅ 100
I) p1 = γ ⋅ h = ∴ p1 = 10kgf / cm 2
10

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1,2 ⋅ 100
II) p2 = ∴ p2 = 12kgf / cm 2
10
0,85 ⋅ 100
III) p3 = ∴ p3 = 8,5kgf / cm 2
10

1.1.12. Vazão (volumétrica)

É o volume de líquido que escoa através da seção de um duto, em um determinado intervalo


de tempo.

V
Q=
t

Existe ainda outra forma comumente utilizada para se expressar vazão. Note que V = S ⋅ l ,
onde S é área da seção transversal por onde ocorre o escoamento e l é a distância percorrida
pelo líquido. Logo:

S ⋅l
Q=
t

l
Mas, = v (velocidade)
t

Logo, Q = S ⋅v

Unidades usuais: m3/s, m3/h, l/s e GPM


Sistema Internacional: m3/s

1.2. TIPOS DE ENERGIAS (ESPECIFICAS)

1.2.1. Energia de Posição ou Potencial

É a energia que o líquido possui devido à sua posição em relação a um plano de referência.

Ew ⋅ γ
Z= ∴ Ew = Z
Z γ

Plano de Referência Dimensão: Comprimento

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1.2.2. Energia de Pressão

É a energia devido à pressão a que o líquido esta submetido.

A h

p
Ep = h =
Z γ

Plano de Referência Dimensão: Comprimento

1.2.3. Energia de Velocidade ou Cinética

É a energia devido à velocidade do líquido no escoamento.

m ⋅ v2 ρ ⋅ v2
Ec = =
2 2
γ
Sendo γ = ρ ⋅ g ⇒ ρ =
g
γ ⋅ v2 1 v2
Então: Ec = multiplicando por , temos: Ec =
2g γ 2g Dimensão: Comprimento

1.2.4. Energia Total

p v2
Et = Ew + Ep + Ec ∴ Et = Z + +
γ 2g
Dimensão: Comprimento

1.3. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE

S1
S2

v1 v2

Q1 = S1 ⋅ v1 e Q2 = S 2 ⋅ v 2

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Considerando que o fluído é incompressível, o volume de líquido por unidade de tempo que
passa na seção de área S1 é igual ao volume de líquido por unidade de tempo que passa na
seção de área S2, logo:

Q1 = Q2

Então:

Q = S1 ⋅ v1 = S 2 ⋅ v 2

1.4. TEOREMA DE BERNOULLI

1.4.1. Definição

Considera-se um caso particular do Principio de Conservação de Energia: a energia total em


cada ponto é constante.

1.4.2. Escoamento Ideal

PCD ≡ LE
2
v1 2
v2
2g
2g
LP
p1
γ p2
γ
Energia

Z1 Z2
ET1 ET2

Plano de Referência

Posição

PCD – Plano de Carga Dinâmica: Lugar geométrico onde se tem o somatório das energias
totais de cada ponto.

LP – Linha Piezométrica: Lugar geométrico onde se tem o somatório das energias de posição
e de pressão de cada ponto. No caso acima, a LP não é uma reta porque o diâmetro varia
(menor diâmetro è maior velocidade è maior v2/2g è Q constante).

LE – Linha Energética: Lugar geométrico onde se tem o somatório das energias de posição,
de pressão e cinética de cada ponto.

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ET1 = ET1

2 2
p v p v
Z1 + 1 + 1 = Z 2 + 2 + 2
γ 2g γ 2g

1.4.3. Escoamento Real

• Sem escoamento (registro fechado):

1 PCD ≡ LP ≡ LE

p2
2 γ p3
γ
p4
γ
Z1
3
Z2

4
Z3

Z4
Plano de Referência

ET1 = ET2 = ET3 = ET4, logo:

p2 p p
Z1 = Z 2 + = Z3 + 3 = Z4 + 4
γ γ γ

Note que como o registro está fechado, Q = 0 è v = 0 è Ec = v2/2g = 0

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• Com escoamento (registro aberto):

hf2
1 PCD
2
v2
2g

2
hf3
p2 LE 2
γ v3
2g

Z1
p3 hf4
3 γ
Z2 LP 2
v4
2g

4 p4
Z3 γ

Z4
Plano de Referência

ET1 = ET2 = ET3 = ET4, logo:

2 2 2
p v p v p v
Z 1 = Z 2 + 2 + 2 + hf 2 = Z 3 + 3 + 3 + hf 2 + hf 3 = Z 4 + 4 + 4 + hf 2 + hf 3 + hf 4
γ 2g γ 2g γ 2g

hf è Perda de Carga

hf2 = perda de carga localizada;


hf3 = perda de carga no trecho retilíneo de tubulação do ponto 2 ao ponto 3;
hf4 = perda de carga no trecho retilíneo de tubulação do ponto 3 ao ponto 4.

Fórmula Geral:

2 2
p v p v
Z 1 + 1 + 1 = Z 2 + 2 + 2 + hf 1− 2
γ 2g γ 2g

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1.5. PERDA DE CARGA

1.5.1. Definição

Perda de carga (hf) é a energia cedida pelo fluido para vencer as resistências que se oferecem
ao seu escoamento, ou seja, é a perda de energia que o fluido sofre ao escoar. As resistências
são causadas pela interação entre as moléculas do fluido no momento do escoamento.

No estudo dos sistemas hidráulicos, verificamos que a perda de carga pode ser desmembrada
em duas formas:

• Perda de carga normal: Aquela que ocorre em trechos retos de tubulação, e


• Perda de carga localizada: Aquela que ocorre nos acessórios da tubulação (válvulas,
conexões, etc.).

Fazendo-se um estudo teórico-prático da perda de carga, pode-se concluir que a perda de


carga é função de características da tubulação (diâmetro, comprimento e rugosidade), de
características do fluido (viscosidade e massa específica) e da velocidade do escoamento.

Comprimento da tubulação (L)


Diâmetro da tubulação (D)
Velocidade do escoamento (v) Note que:
hf = f Rugosidade da tubulação (ε ) Vazão = f (v,D)
Fator de atrito (f) = f (µ , ρ , ε )
Viscosidade (µ )

Massa específica (ρ )

1.5.2. Perda de Carga Unitária

É a relação entre a perda de carga total gerada em uma tubulação e o comprimento da


tubulação

hf
J=
L

Unidades usuais: m/m, ft/ft.

Note que esta grandeza não é adimensional, pois a relação envolve duas grandezas distintas:
hf (energia por unidade de peso) e L (comprimento).

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1.5.3. Perda de Carga em Trechos Retos de Tubulação

1.5.3.1. Fórmula de Darci-Weisbach

Válida para qualquer tipo de líquido:

L v2 1 v2
hf = f ⋅ ⋅ J= f ⋅ ⋅ , onde:
D 2g D 2g

hf : perda de carga total (m)


J : perda de carga unitária (m/m)
f : fator de atrito (adimensional)
D : diâmetro da tubulação (m)
v : velocidade do escoamento (m/s)
g : aceleração da gravidade (m/s2)
L : comprimento da tubulação (m)

Para a obtenção do fator de atrito f deve-se calcular primeiramente o número de Reynolds (Re)
e então utilizar o seguinte critério:

• Escoamento Laminar (Re < 2000):

64
f = (Fórmula de Poiseville)
Re

• Escoamento Transitório ou Turbulento (Re > 2000):

f è Ábaco de Moody

1.5.3.2. Fórmula de Hazen-Williams

Válida para água ou líquidos com características similares as da água:

10,6455 ⋅ Q 1,852 ⋅ L 10,6455 ⋅ Q 1,852


hf = J= , onde:
C 1,852 ⋅ D 4,87 C 1,852 ⋅ D 4,87

hf : perda de carga total (m)


J : perda de carga unitária (m/m)
Q : vazão (m3/s)
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C : coeficiente de rugosidade (tabelado)


D : diâmetro da tubulação (m)
L : comprimento da tubulação (m)

Esta fórmula também pode ser expressa nas seguintes formas equivalentes:

v = 0,355 ⋅ C ⋅ D 0, 63 ⋅ J 0,54 ou Q = 0,2788 ⋅ C ⋅ D 2,63 ⋅ J 0,54

Os valores de C podem ser obtidos na tabela abaixo:

Material da Tubulação C
Ferro fundido novo 130
Ferro fundido 15 – 20 anos (valor usual para tubos com incrustações) 100
Ferro fundido com mais de 20 anos 90
Aço galvanizado 125
Aço soldado novo 130
Aço soldado em uso 90
Cimento amianto 140
Plástico PVC 140

Não se deve utilizar a fórmula de Hazen-Williams para cálculos de perda de carga em


tubulações com diâmetros inferiores a 50mm. Para estas tubulações deve-se recorrer às
fórmulas de Fair-Whipple-Hsiao, apresentadas no item 1.5.5.

1.5.4. Perda de Carga em Acidentes de Tubulação (Localizadas)

1.5.4.1. Fórmula Geral

v2
hf = k ⋅ , onde:
2g

hf : perda de carga total (m)


v : velocidade do escoamento (m/s)
g : aceleração da gravidade (m/s2)
k : coeficiente experimental tabelado para cada tipo de acessório (acidente). É obtido com o
fabricante do acessório.

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1.5.4.2. Método do Comprimento Equivalente

h f = J ⋅ Leq

1.5.5. Outras Fórmulas Empíricas Relevantes

• Fórmula de Flamant

Válida para água e tubulações com diâmetros entre 0,01 e 1 m

D⋅J v7
=b , onde:
4 D

J : perda de carga unitária (m/m)


D : diâmetro da tubulação (m)
v : velocidade do escoamento (m/s)
b : constante (= 0,00023 para fofo / aço usado e 0,000185 para fofo / aço novo)

• Fórmula de Strickler

Válida para água:

2
 D 3 1
v = K ⋅  ⋅J 2
, onde:
2

J : perda de carga unitária (m/m)


D : diâmetro da tubulação (m)
v : velocidade do escoamento (m/s)
K : coeficiente de resistência de Strickler

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Valores de K para:
K
Tubos de ferro fundido novos 80 a 90
Tubos de ferro fundido velhos 50 a75
Tubos de aços novos 80 a 90
Tubos de aço velhos 70 a 80
Tubos de aço com revestimento especial 80 a 90
Tubos de PVC 100
Tubos de fibrocimento 90 a 100

• Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao

Válida para água e diâmetros de até 100mm (4”)

Para aço galvanizado:

Q = 27,113 ⋅ J 0, 632 ⋅ D 2,596

Para cobre e latão (água fria):

Q = 55,934 ⋅ J 0,57 ⋅ D 2, 71

Para cobre e latão (água quente):

Q = 63,281 ⋅ J 0,57 ⋅ D 2, 71

onde:

J : perda de carga unitária (m/m)


D : diâmetro da tubulação (m)
Q : vazão (m3/s)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MATTOS, E. E. de & FALCO, R. de – Bombas Industriais – Ed. Interciência – Rio de


Janeiro – 2ª Edição – 1998.

[2] AMITRANO, F. – Curso de Bombas – Rio de Janeiro – 1989.

[3] TELLES, P. S. – Tubulações Industriais: Cálculo – Ed. LTC – Rio de Janeiro – 8a


Edição – 1994.

[4] PLATA, C. – Máquinas Hidráulicas – Rio de Janeiro – 2000.

[5] MACINTYRE, A. J. – Bombas e Instalações de Bombeamento – Ed. LTC – Rio de


Janeiro – 2a Edição – 1997.

[6] FOX, R. W & MCDONALD, A. T. – Introdução à Mecânica dos Fluidos – Ed. LTC –
Rio de Janeiro – 4a Edição – 1998.

[7] TELLES, P. S. & BARROS, D. G.– Tabelas e Gráficos para Projetos de Tubulações –
Ed. Interciência – Rio de Janeiro – 3a Edição – 1985.

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ANEXOS

• Ábaco de Moody [7]


• Grau de Rugosidade de Tubos [7]
• Perda de Carga em Acidentes – Coeficiente k [2]
• Perda de Carga em Acidentes – Comprimento Equivalente [5]

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