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Universidade Gama Filho

Vice Reitoria Acadêmica


Centro de Ciências Exatas e Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica

MÁQUINAS HIDRÁULICAS – MEC 114

= Capítulo 4 =
Condições de Funcionamento Bomba x Sistema

AMT

B1 = B2 B1 // B2

B2

B1

Prof. Luiz Carlos de Moura Galves


Prof. Marcelo dos Santos Romualdo

OUTUBRO / 2005
UGF Máquinas Hidráulicas - MEC-114

SUMÁRIO

Capítulo 4 – Condições de Funcionamento Bomba x Sistema

4.1. Curva de Sistema


4.1.1. Curva de Perda de Carga
4.1.2. Curva Característica de Sistema

4.2. Ponto de Trabalho


4.2.1. Definição e Exemplo

4.3. Sistemas Típicos


4.3.1. Reservatórios de Sucção e Recalque no Mesmo Nível
4.3.2. Sistema Comum
4.3.3. Abastecimento por Gravidade
4.3.4. Variação de Nível na Sucção
4.3.5. Variação de Nível no Recalque
4.3.6. Variação de Nível na Sucção e no Recalque

4.4. Faixa de Operação de uma Bomba

4.5. Associação de Tubulações


4.5.1. Associação em Série
4.5.2. Associação em Paralelo

4.6. Associação de Bombas


4.6.1. Associação em Série
4.6.2. Associação em Paralelo

Referências Bibliográficas

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4.1. Curva do Sistema

4.1.1. Curva de Perda de Carga

Denomina-se curva de perda de carga a curva que mostra a variação da perda de carga de um
sistema com a variação da vazão.

Para se determinar a curva de perda de carga, fixam arbitrariamente valores de vazão, em


torno de seis, estando entre estes a vazão zero e a vazão máxima suportada pelo sistema (que
é função da velocidade econômica para a tubulação). Vale ressaltar que quanto mais pontos
forem tomados, mais precisa será a curva.

De posse destas vazões, calcula-se a perda de carga correspondente a cada vazão e monta-se
uma tabela conforme o exemplo abaixo:

Vazão Perda de Carga


Q1 hf1
Q2 hf2
Q3 hf3
Q4 hf4
Q5 hf5
Q6 hf6 Tab. 4.1

De posse dos pares (Q, hf) constrói-se a curva de perda de carga que terá o perfil demonstrado
na figura 4.1:

hf

hf6

hf5

hf4

hf3

hf2
hf1
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6
Q

Fig. 4.1

Como era de se esperar, a curva de perda de carga apresenta um perfil quadrático, pois, como
sabemos, a perda de carga varia diretamente com o quadrado da velocidade de escoamento do
fluido no interior de um conduto.

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Exemplo 4.1: Obter a curva de perda de carga de um sistema, a partir da equação de Hazen-Williams,
onde a tubulação apresenta um diâmetro de 5”, coeficiente de rugosidade igual a 100 e
comprimento equivalente de 100m.

Solução:

Q 10,6455 ⋅ L ⋅ Q1,852
D hf = onde,
C1,852 ⋅ D 4,87
C
Q, L, e D = cte.
L (Leq)

Sendo assim,

10,6455 ⋅ L ⇒ Equação válida para todo sistema


hf = k ⋅ Q1,852 onde, k = onde a equação de Hazen-Williams
C1,852 ⋅ D 4,87
for aplicável.

Determinação das vazões:

• Primeiro ponto: Q1 = 0
• Último ponto: Qmax ( ∝ Vmax)

Para a determinação de Qmax utilizaremos o seguinte artifício gráfico:

Sabemos que as velocidades econômicas para líquidos variam em geral entre 1 e 3m/s
(Silva Telles, 1994). Considerando Vmax = 4m/s, teremos:

π ⋅ D2 π ⋅ D2
Q = A ⋅V ⇒ Qmáx = ⋅ Vmáx ⇒ Qmáx = ⋅4 ∴ Qmáx = π ⋅ D 2
4 4

Vale ressaltar que esta não será a vazão máxima do sistema, mas a vazão considerada para
a construção da curva.

Sendo assim:

Qmáx = π ⋅ (0,0254 ⋅ 5) ∴ Qmáx = 0,051m3 / s


2

Determinando k, temos:

10,6455 ⋅ L 10,6455 ⋅ 100


k= ⇒ k= ∴ k = 4871,27
C1,852 ⋅ D 4,87 ⋅ (0,0254 ⋅ 5)
1, 852 4, 87
100

De posse dos valores de Qmin, Qmax e k, determinamos os pares (Q, hf) para a construção da
curva:

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Q [m3/s] hf = 4871,27 ⋅ Q1,852 [m]


0 0
0,01 0,96
0,02 3,48
0,03 7,37
0,04 12,55
0,05 18,97

20

18

16

14

12
hf (m)

10

0
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05
Q (m3/s)

4.1.2. Curva Característica do Sistema

Denomina-se curva característica do sistema a curva que mostra a variação da altura


manométrica total (AMT) do sistema com a variação da vazão, ou seja, mostra a variação da
energia por unidade de peso que o sistema solicita em função da vazão.

Observe o sistema representado na figura 4.2:


PRR

PRS

HR

HS

Fig. 4.2

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Como sabemos, a altura manométrica total (AMT) para este tipo de arranjo é expressa por:

PRR − PRS
AMT = + (H R − H S ) + (hf S + hf R )
γ

Onde verificamos que:

PRR − PRS
AMT = + (H R − H S ) + (hf S + hf R )
γ
Não varia com a vazão Varia com a vazão è f(Q)

Altura estática (HT) k . Q2

HT hf

Q Q

Logo, a curva de sistema nada mais é do que a composição da altura estática do sistema com a
curva de perda de carga deste mesmo sistema. Esta curva é expressa teoricamente por:

AMT = H T + hf T

Representação gráfica:

AMT

AMTn

hfn
AMT5
AMT4
AMT3 hf5
hf4
AMT2 hf3
hf2
AMT1 HT

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Qn Q Fig. 4.3

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Q1 → AMT1 = H T (não há perda de carga: hf1 = 0, pois,Q = 0)


Q2 → AMT2 = H T + hf 1
Q3 → AMT3 = H T + hf 3
Q4 → AMT4 = H T + hf 4
Q5 → AMT5 = H T + hf 5
Qn → AMTn = H T + hf n
Onde hf1, hf2, hf3, hf4, hf5, ... hfn são as perdas de cargas geradas no sistema devido às
respectivas vazões Q1, Q2, Q3, Q4, Q5, ... , Qn.

4.2. Ponto de Trabalho

4.2.1. Definição e Exemplo

Denomina-se ponto de trabalho o ponto gerado pela interseção de uma curva característica de
bomba com uma curva característica de sistema.

Em uma instalação de bombeamento, as curvas da bomba e do sistema sempre se cruzam


quando o regime de escoamento é permanente. Isto porque a curva da bomba fornece a
energia que a máquina cede ao líquido e a curva do sistema fornece a energia que é requerida
pelo líquido para escoar em seu interior. Então, de acordo com a 1a Lei da Termodinâmica,
ambas as energias deverão ser iguais.

Como exemplo, vamos imaginar um determinado sistema como mostra a figura 4.4, onde o
serviço para o qual a curva de sistema foi levantada necessite de uma vazão de 800 m3/h:

AMT (m)

160

120

80

40

0
0 200 400 600 800 1000 Q (m3/h)

Fig. 4.4

Verificamos que para uma vazão de 800 m3/h, a AMT correspondente é 120 m. Ou seja, para
que uma vazão de 800m3/h chegue ao destino final neste sistema, o líquido terá que receber
uma energia correspondente a 120 m.

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Supondo que a bomba retratada na figura 4.5 atenda integralmente ao sistema, com a vazão e
a AMT determinamos o ponto de trabalho:

1770 RPM

160

120
AMT (m)

80

40

NPSHR (m)
BHP (HP)

400 800 1000 1200


3
Q (m /h)

Fig. 4.5

Plotando-se a curva característica da bomba juntamente com a curva característica do sistema,


temos:

AMT (m)

Ponto de Trabalho
160
Curva Característica do Sistema

120

80
Curva Característica da Bomba

40

0 Fig. 4.6
0 200 400 600 800 1000 Q (m3/h)

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4.3. Sistemas Típicos

4.3.1. Reservatórios de Sucção e Recalque no Mesmo Nível

AMT

HT = 0

HT = 0

Fig. 4.7

4.3.2. Sistema Comum

AMT
HT ≠ 0

HT

HT

Fig. 4.8

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4.3.3. Abastecimento por Gravidade

AMT Neste tipo de arranjo, HT faz com que o


líquido, apenas pela ação da gravidade,
chegue ao reservatório de recalque.

Sentido do fluxo HT
QG Q

- HT

QG è Vazão que chega ao reservatório de


recalque sem que haja necessidade da
utilização de bomba. Para vazões superiores
a QG, uma bomba deve ser utilizada.
Fig. 4.9

4.3.4. Variação de Nível na Sucção

HT máximo ocorre quando o nível


do reservatório de sucção é
mínimo. Sendo assim a curva de
AMT
sistema se desloca para cima.
HT max
HT mín

HT

Nmax HT max

HT
Nmín
HT mín
HT mínimo ocorre quando o nível
do reservatório de sucção é
máximo. Sendo assim a curva de
sistema se desloca para baixo.

Q
Fig. 4.10

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4.3.5. Variação de Nível no Recalque

HT máximo ocorre quando o nível


do reservatório de recalque é
máximo. Sendo assim a curva de
AMT sistema se desloca para cima.
Nmax

Nmín
HT max

HT

HT mín

HT max

HT

HT mín
HT mínimo ocorre quando o nível
do reservatório de recalque é
mínimo. Sendo assim a curva de
sistema se desloca para baixo.

Q
Fig. 4.11

4.3.6. Variação de Nível na Sucção e no Recalque

HT máximo ocorre quando o nível


do reservatório de sucção é
mínimo e o nível do reservatório
AMT de recalque é máximo.
Nmax

Nmín
HT max

HT mín

HT max
Nmax

Nmín HT mín
HT mínimo ocorre quando o nível
do reservatório de sucção é
máximo e o nível do reservatório
de recalque é mínimo.

Q
Fig. 4.12

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4.4. Faixa de Operação de uma Bomba

Quando em um sistema ocorrem variações de nível nos reservatórios de sucção e/ou recalque,
conforme mostrado nas figuras 4.10, 4.11 e 4.12, infinitas curvas de sistema existirão
compreendidas entre a altura estática máxima e a altura estática mínima. Quando isto ocorre,
para facilitar a seleção da bomba e o entendimento do sistema, determina-se a chamada faixa
de variação do sistema, que corresponderá às situações limite, conforme mostra a figura 4.13:

AMT

Curva de Sistema para HT máximo


Faixa de Operação da Bomba

Curva de Sistema para HT mínimo

HT max
2

HT mín
Curva Característica da Bomba

Faixa de Variação do Sistema

Fig. 4.13
Q

Como observamos, a bomba não irá operar em um ponto de trabalho definido, mas sim em
uma faixa de operação (entre os pontos 1 e 2). Ter o conhecimento desta faixa de operação é
importante para verificarmos se o equipamento escolhido atende realmente ao serviço.

Vejamos os exemplos abaixo:

AMT
NRec.max
1º) Quando há variação de nível
1 NRec.mín somente no recalque (figura 4.14),
2 o ponto de seleção do equipamento
HT max deverá ser sempre o ponto 2, pois a
relação NPSHD-NPSHR neste
B
HT mín ponto sempre será menor (situação
mais crítica). No caso apresentado
na figura, observamos que o
NPSH
NPSHR equipamento não atenderia ao
serviço, pois NPSHR é maior que o
NPSHD no ponto 2, o que não
NPSHD
acontece no ponto 1.
Fig. 4.14
Q

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2º) Quando há variação de nível na sucção (figura 4.15) a escolha do ponto de seleção do
equipamento é mais complexa. Primeiro porque existirão infinitas curvas de NPSHD
entre os níveis máximo e mínimo do reservatório (devido à variação do HS). Segundo
porque a inclinação das curvas de NPSH, neste caso, influenciará diretamente na
escolha do ponto de seleção, ou seja, do ponto mais crítico. Vejamos o que ocorre na
figura 4.15:

AMT
NSuc.mín

1 NSuc.max

HT max

HT mín

NPSHR (A)
NPSH

NPSHR (B)

NPSHD N. max

NPSHD N. mín

Q
Fig. 4.15

Supondo que a bomba em questão apresente uma curva de NPSHR semelhante à curva “A”
representada:

• Ponto 1: Ok, NPSHD > NPSHR


• Ponto 2: Bomba rejeitada, NPSHD < NPSHR

Agora vamos supor que a bomba em questão apresente uma curva de NPSHR semelhante à
curva “B” representada:

• Ponto 1: Bomba rejeitada, NPSHD < NPSHR


• Ponto 2: Ok, NPSHD > NPSHR

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Por este exemplo podemos concluir que quando ocorre variação de nível na sucção não temos
como saber, a priori, qual o ponto de seleção (o mais crítico) sem que seja feita uma análise
dos dois pontos.

O mesmo ocorre quando temos a variação de nível nos dois reservatórios simultaneamente. É
necessária uma análise dos dois pontos para garantirmos o funcionamento da bomba.

4.5. Associação de Tubulações

O estudo de associações de tubulações tem o intuito de simplificar sistemas que apresentam


variações de diâmetro e ramificações, procurando gerar uma única curva de sistema que seja
equivalente a todas as tubulações que o compõe.

4.5.1. Associação em Série

Vamos considerar o sistema mostrado na figura 4.14, composto pelas tubulações 1, 2 e 3:

φ1
φ2
φ3

Fig. 4.14

Para que o líquido saia do reservatório superior e chegue ao reservatório inferior ele terá que
necessariamente escoar pelas tubulações 1, 2 e 3. Logo, pelo princípio da continuidade para
líquidos incompressíveis temos:

Q1 = Q2 = Q3 = QT , onde QT é a vazão total do sistema.

Ao passar pela tubulação 1, é gerada pelo escoamento uma perda de carga hf1. O mesmo
acontece com o líquido ao passar pelas tubulações 2 e 3. São geradas as perdas hf2 e hf3
respectivamente. Logo, a perda total do sistema será:

hf T = hf 1 + hf 2 + hf 3

Resumo:

Quando temos sistemas com tubulações em série, o seguinte princípio deve ser considerado:

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QT = Q1 = Q2 = L = Qn
hf T = hf 1 + hf 2 + L + hf n

De posse deste princípio temos como construir a curva de perda de carga do sistema.

Exemplo 4.2: Tendo como base a equação de Hazen-Williams, obter a equação geral da perda de carga
para o sistema abaixo. Demonstrar como ficaria a equação caso o mesmo sistema fosse
composto por “n” tubulações em série.

HT
1
2
B
3

Solução:

Aplicando-se Bernoulli entre os pontos A e B, temos:

2 2
PA VA P V
+ + Z A = B + B + Z B + hf A → B ⇒ Z A − Z B = hf A → B ∴ hf A → B = H T
γ 2g γ 2g

(considerando V2/2g desprezível)

Como as tubulações estão em série o seguinte princípio é válido:

Q1 = Q2 = Q3 = Q
hfT = hf1 + hf 2 + hf 3

Perda de carga nas tubulações:

10,6455 ⋅ L1
Tubulação 1: hf1 = ⋅ Q1, 852
C1 ⋅ D1
1, 852 4 , 87

10,6455 ⋅ L2
Tubulação 2: hf 2 = 1,852 ⋅ Q1, 852
C2 ⋅ D2
4 , 87

10,6455 ⋅ L3
Tubulação 3: hf 3 = 1,852 ⋅ Q1,852
C3 ⋅ D3
4 , 87

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Logo a equação geral da perda de carga para o sistema será:

10,6455 ⋅ L1 10,6455 ⋅ L2 10,6455 ⋅ L3


hfT = H T = ⋅ Q1,852 + 1,852 ⋅ Q1,852 + 1,852 ⋅ Q1,852
C1 ⋅ D1 C2 ⋅ D2 C3 ⋅ D3
1, 852 4 , 87 4 , 87 4 , 87

 10,6455 ⋅ L1 10,6455 ⋅ L2 10,6455 ⋅ L3  1,852


hfT = H T =  1, 852 + 1,852 + 1,852 ⋅Q ou:
 C1 ⋅ D1 C2 ⋅ D2 C3 ⋅ D3 
4 , 87 4 , 87 4 , 87

hfT = H T = (k1 + k2 + k3 ) ⋅ Q1,852 onde,

10,6455 ⋅ L1 10,6455 ⋅ L2 10,6455 ⋅ L3


k1 = , k 2 = 1,852 e k 3 = 1,852 .
C1 ⋅ D1 C2 ⋅ D2 C3 ⋅ D3
1, 852 4 , 87 4 , 87 4 , 87

Outra forma de expressar esta equação é em função da perda de carga unitária:

hf T = H T = J 1 ⋅ L1 + J 2 ⋅ L2 + J 3 ⋅ L3 onde,

10,6455 ⋅ Q1, 852 10,6455 ⋅ Q1,852 10,6455 ⋅ Q1,852


J1 = , J2 = e J3 =
C1 ⋅ D1 C2 ⋅ D2 C3 ⋅ D3
1, 852 4 , 87 1, 852 4 , 87 1, 852 4 , 87

Considerando o sistema acima com “n” tubulações em série, teríamos:

 10,6455 ⋅ L1 10,6455 ⋅ L2 10,6455 ⋅ Ln  1,852


hfT = H T =  1,852 + 1,852 + L + 1,852 ⋅Q ou,
 C1 ⋅ D1 C2 ⋅ D2 Cn ⋅ Dn 
4 , 87 4 , 87 4 , 87

hf T = H T = J 1 ⋅ L1 + J 2 ⋅ L2 + L + J n ⋅ Ln

O exemplo 4.2 é um exemplo típico da determinação da equação geral da perda de carga de


um sistema que apresenta tubulações em série. De posse de equações como esta, podemos
determinar a curva de perda de carga atribuindo valores a Q. Porém este cálculo nem sempre é
trivial, podendo-se tornar complicado dependendo da equação empírica utilizada para a
obtenção das perdas.

Outra forma de se obter a curva de perda de carga para sistemas que apresentam tubulações
em série é a partir do conhecimento da curva de perda de carga de cada tubulação isolada.

Por exemplo, seja o sistema representado na figura 4.15 composto pelas tubulações 1 e 2,
onde são conhecidas as perdas em cada uma destas tubulações (através de tabela ou cálculo):

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Fig. 4.15

Para se obter a curva de perda de carga equivalente à este sistema, os seguintes passos devem
ser observados:

• Plota-se, em um mesmo gráfico, as curvas de perda de carga de cada tubulação:

hf

• Em seguida, utiliza-se graficamente o princípio das tubulações em série: QT = Q1 = Q2


= ... = Qn e hfT = hf1 + hf2 + ... + hfn, ao longo da abscissa Q:

hf
1s2

hf1 + hf2
hf1
2

hf2

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4.5.2. Associação em Paralelo

Vamos considerar o arranjo de tubulações mostrado na figura 4.16:

Q1 Q1
Tubulação 1
Q A B Q

Tubulação 2
Q2 Q2
Fig. 4.16

Pelo princípio da continuidade para líquidos incompressíveis, não é difícil verificarmos que:

Q = Q1 + Q2 (não necessariamente Q1 = Q2 !)

Aplicando-se Bernoulli entre os pontos A e B, temos:

PA − PB
= hf A→ B
γ

Note que os pontos A e B fazem parte tanto da tubulação 1 como da tubulação 2. Sendo assim
a aplicação de Bernoulli entre os pontos A e B é válida tanto para a tubulação 1 quanto para a
tubulação 2. Logo podemos concluir que:

hf 1 = hf 2

Resumo:

Quando existem em um sistema tubulações em paralelo, o seguinte princípio deve ser


considerado:

QT = Q1 + Q2 + L + Qn
hf 1 = hf 2 = L = hf n

De posse deste princípio temos como construir a curva de perda de carga do sistema.

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Exemplo 4.3: Tendo como base a equação de Hazen-Williams, obter a equação geral da perda de carga do
sistema abaixo. Demonstrar como ficaria a equação caso o mesmo sistema fosse composto
por: (i) 4 tubulações em paralelo; (ii) “n” tubulações em paralelo.

Q1 Q1
Tubulação 1
Q Q

Tubulação 2
Q2 Q2

Solução:

Como as tubulações estão em paralelo, o seguinte princípio é válido:

Q = Q1 + Q2
hf1 = hf 2 = hf

Perda de carga nas tubulações:

10,6455 ⋅ L1
Tubulação 1: hf1 = hf = ⋅ Q1
1, 852

C1 ⋅ D1
1, 852 4 , 87

10,6455 ⋅ L2
Tubulação 2: hf 2 = hf = 1,852 ⋅ Q2
1, 852

C2 ⋅ D2
4 , 87

10,6455 ⋅ L1 10,6455 ⋅ L2
Fazendo k1 = e k 2 = 1,852 , temos:
C1 ⋅ D1 C2 ⋅ D2
1, 852 4 , 87 4 , 87

hf = k1 ⋅ Q1 = k 2 ⋅ Q2
1, 852 1, 852

Isolando-se Q temos:

1 1
 hf  1, 852
 hf  1, 852

Q1 =   e Q2 =  
 k1   k2 

Sabemos que Q = Q1 + Q2 logo:

1 1
 hf  1, 852
 hf  1, 852
hf 0, 54 hf 0, 54
Q =  
 +  
 = 0 , 54
+ 0, 54
 k1   k2  k1 k2

Isolando-se hf:

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Q ⋅ k1
0 , 54
⋅ k2
0 , 54
= hf 0, 54 ⋅ k 2
0 , 54
+ hf 0, 54 ⋅ k1
0 , 54
= hf 0, 54 ⋅ k1 ( 0 , 54
+ k2
0 , 54
)

1, 852
 k 0, 54 ⋅ k 0, 54   k 0 , 54 ⋅ k 0, 54  
hf 0 , 54
=  10, 54 2 0, 54  ⋅ Q ⇒ hf =  10, 54 2 0, 54  ⋅ Q 
 k1 + k 2   k1 + k 2  

Para 4 tubulações em paralelo:

hf1 = hf 2 = hf 3 = hf 4 = hf
Q = Q1 + Q2 + Q3 + Q4

Logo:

hf = k1 ⋅ Q1 = k 2 ⋅ Q2 = k3 ⋅ Q3 = k 4 ⋅ Q4
1, 852 1, 852 1, 852 1, 852

Como no item anterior, sabendo-se que Q = Q1 + Q2 + Q3 + Q4 e isolando Q chegaremos a:

1 1 1 1
 hf  1, 852
 hf  1, 852
 hf  1, 852
 hf  1, 852
hf 0 , 54
hf 0 , 54
hf 0 , 54
hf 0 , 54

Q =   +   +  
 +   = 0 , 54
+ 0 , 54
+ 0 , 54
+ 0 , 54
 k1   k2   k3   k4  k1 k2 k3 k4

Q ⋅ k1 ⋅ k2 ⋅ k3 ⋅ k4 = hf 0, 54 ⋅ k2 ⋅ k3 ⋅ k4 + hf 0, 54 ⋅ k1 ⋅ k3 ⋅ k4 +
0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54

+ hf ⋅ k1 ⋅ k2 ⋅ k4 + hf ⋅ k1 ⋅ k2 ⋅ k3
0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54

 k 2 0, 54 ⋅ k3 0, 54 ⋅ k 4 0, 54 + k10 , 54 ⋅ k3 0, 54 ⋅ k 4 0, 54 + 
Q ⋅ k1 ⋅ k2 ⋅ k3 ⋅ k4 = hf 0, 54 ⋅  
0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54

 + k 0, 54 ⋅ k 0 , 54 ⋅ k 0 , 54 + k 0, 54 ⋅ k 0, 54 ⋅ k 0, 54 
 1 2 4 1 2 3 

 k1 ⋅ k 2 ⋅ k 3 ⋅ k 4
0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54

hf 0 , 54
=  0, 54 ⋅Q

 k 2 ⋅ k 3 ⋅ k 4 + k 1 ⋅ k 3 ⋅ k 4 + k 1 ⋅ k 2 ⋅ k 4 + k1 ⋅ k 2 ⋅ k 3
0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54

1, 852
 k1 ⋅ k 2 ⋅ k 3 ⋅ k 4
0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54
 
hf =  0, 54  ⋅ Q

 k 2 ⋅ k 3 ⋅ k 4 + k 1 ⋅ k 3 ⋅ k 4 + k 1 ⋅ k 2 ⋅ k 4 + k 1 ⋅ k 2 ⋅ k 3
0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54 0 , 54
 

1, 852
 
 
 Q 
hf =  
  1 + 1 + 1 + 1 

  k 0, 54 k 0, 54 k 0, 54 k 0 , 54 
 1 2 3 4 

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Para “n” tubulações em paralelo:

1, 852
 
 
 Q 
hf =  
  1 + 1 + L + 1 

  k 0 , 54 k 0, 54 0 , 54 
 1 2
kn 

De forma análoga à associação em série, outra forma de se obter a curva de perda de carga de
uma associação em paralelo é a partir do conhecimento da curva de perda de carga de cada
tubulação isolada.

Por exemplo, seja o sistema representado na figura 4.17 composto pelas tubulações 1 e 2,
onde são conhecidas as perdas em cada uma destas tubulações:

Fig. 4.17

Para se obter a curva de perda de carga equivalente à este sistema, os seguintes passos devem
ser observados:

• Plota-se, em um mesmo gráfico, as curvas de perda de carga de cada tubulação:

hf 1

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• Em seguida, utiliza-se graficamente o princípio das tubulações em paralelo: QT = Q1 +


Q2 + ... + Qn e hfT = hf1 = hf2 = ... = hfn, ao longo da ordenada hf:

hf 1

2
1 // 2

Q1 Q2 Q1 + Q2 Q

Observação Importante: Os exemplos teóricos 4.2 e 4.3 servem para mostrar que,
dependendo da complexidade do sistema, muitas vezes torna-se complicado o cálculo de
associações de tubulações algebricamente, justificando-se a utilização de métodos gráficos.

4.6. Associação de Bombas

4.6.1. Associação em Série

Veja o arranjo mostrado na figura 4.18 composto por duas bombas em série:

PS1 PR1 PS2 PR2

Q Q

B1 B2
Fig. 4.18

Temos:

PR1 − PS 1 PR1 P
= AMT1 ⇒ = AMT1 + S1 (1)
γ γ γ

PR 2 − PS 2
= AMT2
γ

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Considerando desprezível a perda de carga entre o recalque de B1 e a sucção de B2 (o que


geralmente é aceitável em associações de bombas em série), temos:

PS 2 PR1 PR 2 − PR1
= ⇒ = AMT2 (2)
γ γ γ

Substituindo (1) em (2):

PR 2 P PR 2 − PS1
− AMT1 − S 1 = AMT2 ⇒ AMT1 + AMT2 = onde,
γ γ γ

PR 2 − PS1
= AMTTOTAL
γ

Observando-se como se comporta a vazão, pelo princípio da continuidade para líquidos


incompressíveis temos:

Q B1 = Q B 2

Resumo:

Quando existem em um sistema bombas em série, o seguinte princípio deve ser considerado:

QT = Q B1 = Q B 2 = L = Q Bn
AMTT = AMT1 + AMT2 + L + AMTn

Para uma mesma vazão Q, a AMT total será a soma das AMTs de cada bomba!

Graficamente,

AMT

AMT1 + AMT2

AMT2

AMT1
B2 s B2
B2
B1

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4.6.2. Associação em Paralelo

Veja o arranjo mostrado na figura 4.19 composto por duas bombas em paralelo:

PS1 PR1

PS PR

Q B1 Q
PS2 PR2

B2 Fig. 4.19

Temos:

PR1 − PS 1
= AMT1
γ
PR 2 − PS 2
= AMT2
γ

Pelo esquema, verificamos que:

PS = PS 1 = PS 2 e PR = PR1 = PR 2

Logo:

AMT1 = AMT2

Observando-se como se comporta a vazão, pelo princípio da continuidade para líquidos


incompressíveis temos:

QT = Q B1 + Q B 2

Resumo:

Quando existem em um sistema bombas em paralelo, o seguinte princípio deve ser


considerado:

QT = Q B1 + Q B 2 + L + Q Bn
AMTT = AMT1 = AMT2 = L = AMTn

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Para uma mesma AMT, a vazão total será a soma das vazões de cada bomba!

Graficamente:

AMT

B1 = B2 B1 // B2

Q1 = Q2 Q1 + Q2 Q

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Referências Bibliográficas:

[1] MATTOS, E. E. de & FALCO, R. de – Bombas Industriais – Ed. Interciência – Rio de


Janeiro – 2ª Edição – 1998.

[2] AMITRANO, F. – Curso de Bombas – Rio de Janeiro – 1989.

[3] TELLES, P. S. – Tubulações Industriais: Cálculo – Rio de Janeiro – Ed. LTC – 8a


Edição – 1994.

[4] PLATA, C. – Máquinas Hidráulicas – Rio de Janeiro – 2000.

[5] MACINTYRE, A. J. – Bombas e Instalações de Bombeamento – Ed. LTC – Rio de


Janeiro – 2a Edição – 1997.

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