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FIOLHAIS, Carlos; TRINDADE, Jorge. Física no Computador: o Computador como uma Ferramenta
no Ensino e na Aprendizagem das Ciências Físicas. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 25, no. 3, Setembro, 2003.
ANAIS ELETRÔNICOS - 1ª JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EXTENSÃO DO IFTO
Porém existem obstáculos que impedem que sejam dados os passos necessários à plena utilização da
Informática Educativa, já que esconde a necessidade de se pensar em aquisição de softwares, formação
dos profissionais, planejamento de infraestrutura e manutenção, e de uma adequação de todo o projeto
político-pedagógico da escola a essa nova realidade!¹. Neste artigo iremos focar na utilização
computacional nos experimentos de FÍSICA
1.1 Objetivo
A inclusão desta tecnologia no espaço escolar é de forma transformadora e condizente com as teorias da
Educação que hoje são aceitas. Concordando com Valente, esta transformação deve partir dos objetos,
como: a escola, o professor, o aluno, o conteúdo, os softwares, o computador e o projeto político-
pedagógico.
“Sem sólida base empírica, a análise dialética corre o risco de perder-se em considerações abstratas
destituídas de valor explicativo real” (in Minayo, 1992, p. 155), o que reforça a necessidade de uma melhor
compreensão da realidade, dentro de seu contexto, para que uma análise possa ser realizada de maneira
adequada (COELHO, 2002).
As simulações e animações computacionais potencializam e consolidam os conhecimentos adquiridos
pelos alunos no ambiente escolar, necessitando que os alunos desenvolvam certo grau de abstração para
perceber o acontecimento ou fenômeno a ser estudado. As simulações permitem envolver conceitos dos
fenômenos que não são vivenciados cotidianamente pelos alunos.
Segundo Jorge o uso do computador como ferramenta de modelagem e simulação tem se mostrado um
instrumento extremamente eficaz na transmissão do conhecimento, influenciando diretamente e de uma
forma positiva a relação ensino/aprendizagem.
O presente artigo tem como objetivo obter alguma compreensão sobre ampla utilização de computadores
nos experimentos de FÍSICA de nível médio concebe, usando na prática pedagógica, bem como sobre
suas expectativas e necessidades sobre esta tecnologia.
Segundo ROSA, a partir do final da década de setenta e inicio dos anos oitenta a utilização de
computadores pessoais disseminou-se pelo mundo todo e de forma significativa no Brasil. como
consequência dessa disseminação do uso de computadores na sociedade, as crianças e jovens
encararam como mais um objeto a sua disposição, lidando com ele mais cedo.
Segundo ROSA, devido o fator “convivência pacífica” entre usuário e maquina, levou a ser utilizada na
educação em geral e, em particular no ensino de FÍSICA. Em algumas escolas a utilização intensiva de
computadores já é uma realidade e a tendência é a introdução cada vez maior destas maquinas na rotina
diária das escolas.
As primeiras experiências feitas foram nas universidades brasileiras UFRJ, UFRGS e a UNICAMP.
Atualmente a informática educativa está relacionada diretamente com as políticas de inclusão digital.
O objetivo da informática educativa é uma forma de aproximar a cultura escolar dos avanços de que a
sociedade já vem desfrutando, com a utilização das redes técnicas de armazenamento, transformação,
produção e transmissão de informação. (TAJRA,2002)
Sabe se que a mera entrada da Informática no ambiente educacional não vai, por si só, provocar
transformações no ensino que melhorem a qualidade da Educação.
Na formação dos professores não há informações sobre realidade da Informática Educativa como um dos
métodos a ser discutido e explorado, pois seria a o inicio para que a Informática propicie uma
transformação na Educação.
Atualmente grande parte dos professores estão desmotivados para se aperfeiçoarem em novos meios e
métodos que auxiliam na melhoria do seu trabalho devido a sobrecarga de trabalho a que estão
submetidos. Segundo COELHO, os professores dizem utilizar boa parte de seu tempo livre com atividades
de pesquisa para melhorar seu trabalho.
À formação de professores, tanto a inicial como a continuada, deve ter uma atenção especial de forma a
que os profissionais que convivem em sala de aula tenham autonomia tanto para a utilização da
Informática quanto para a participação no planejamento das políticas de Informática Educativa. Assim a
preocupação com a formação de professores aptos a utilizarem a Informática na Educação deve ser tanto
na dimensão pedagógica quanto técnica, e estas duas de maneira integrada.
“a formação do professor envolve muito mais do que provê-lo de conhecimento técnico
sobre computadores. Ela deve criar condições para o professor construir conhecimento
sobre os aspectos computacionais; compreender as perspectivas educacionais subjacentes
aos softwares em uso, isto é, as noções de ensino, aprendizagem e conhecimento
implícitas no software; e entender por que e como integrar o computador na sua prática
pedagógica. Deve proporcionar ao professor as bases para que possa superar barreiras de
ordem administrativa e pedagógica, possibilitando a transição de um sistema fragmentado
de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a elaboração de
projetos temáticos do interesse de cada aluno. Finalmente, deve criar condições para que o
professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência vivida durante a sua
formação para a realidade de sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus
alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir.” (VALENTE, 1999, p. 23)
Tratando especificamente da aplicação no ensino de FÍSICA para experimentação, o computador pode ser
usado como aquisição de dados e Simulação de fenômenos físicos (estática ou dinâmica).
Segundo Champagne, como a FÍSICA é uma ciência experimental, o laboratório assume um papel central
no seu ensino. O computador encontrou já um lugar permanente no laboratório escolar e o seu uso nesse
local encontra-se cada vez mais generalizado.
Champagne sugeriu nos anos 80 a utilização do computador na aquisição de dados experimentais em
laboratório. Muito se evoluiu desde então. Utilizando sensores e software apropriado, os alunos podem
hoje medir e controlar variáveis como: posição, velocidade, aceleração, força, temperatura, etc. O
computador permite novas situações de aprendizagem ao propiciar aos alunos a realização de medições
de grandezas físicas em tempo real que lhes fornecem respostas imediatas a questões previamente
colocadas. A apresentação gráfica de dados facilita leituras e interpretações rápidas.
Segundo Fiolhais e Trindade o termo modelização costuma ser utilizado quando a ênfase é dada à
programação do modelo, ao passo que a simulação se refere à situação em que o modelo é uma ''caixa
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negra''. Esta distinção é de alguma forma artificial e nem sempre clara. Uma vez que as leis da FÍSICA são
expressas por equações diferenciais, pode construir-se um modelo e simular de imediato um dado
problema físico: por exemplo, o movimento orbital de um planeta sob a influência de uma ou mais estrelas,
os movimentos das estrelas de um glóbulo estelar, ou mesmo a colisão de duas galáxias.
Segundo Vasconcelos, a introdução da modelagem computacional no processo de ensino e aprendizagem
pode desmistificar esta imagem da FÍSICA no âmbito escolar. Este processo de modelagem a partir da
construção de simulações utilizando o computador possibilita uma maior compreensão dos conteúdos e
contribui para o desenvolvimento cognitivo em geral, além de favorecer uma aprendizagem significativa.
Assim, pode-se melhorar o processo de aquisição do conhecimento, exigindo que os estudantes pensem
em um nível mais elevado, generalizando conceitos e relações além de propiciar oportunidades para que
os alunos testem seus próprios modelos cognitivos, detectando e corrigindo inconsistências. Desta forma,
torna-se claro que estes programas de modelagem e simulação (como por exemplo, o Modellus) são
recursos didáticos da maior valia no processo de aprendizagem em Ciências, pois a compreensão do
saber científico e a construção do conhecimento em FÍSICA passam pela modelagem, e estes softwares
costumam serem tais que facilitam estudos exploratórios individuais.
Segundo Riley os ambientes de modelação permitem aos alunos construir modelos do mundo físico que
serão mais ou menos aproximados.
Segundo Vasconcelos, o que se pode perceber, é que há uma excessiva valorização pela utilização direta
de fórmulas na resolução de situações apresentadas em sala de aula. Em função desta dificuldade, o uso
do computador como uma ferramenta de construção do conhecimento físico tem possibilitado a
professores e alunos realizar simulações que permitam a visualização do fenômeno estudado, tornando
assim o modelo matemático mais significativo e próximo da realidade dos estudantes.
Segundo Bunge (1974), este modelo é uma representação esquemática da realidade, ou de uma situação
real, e se atribuem a ele propriedades possíveis de ser tratadas por teorias. A construção de um modelo
sobre uma teoria, em FÍSICA apresenta-se através de modelos matemáticos didáticos.
Os simuladores computacionais são relativamente comuns no ensino. Eles reproduzem parte de um
fenômeno real e dão ao usuário a oportunidade de participar mudando variáveis e verificando resultados.
Os simuladores são importantes porque proporcionam a possibilidade de análise por parte do usuário. No
processo educacional essa relação interativa leva o estudante a construir um repertório conceitual, com
base na conclusão obtida acerca do que ele está vendo.
Segundo Rosa, podem-se caracterizar dois tipos de simulação: simulação estática e a simulação
dinâmica. Na simulação estática, o modelo do fenômeno já se encontra pronto cabendo ao aluno,
simplesmente, a manipulação de parâmetros e a observação do que acontece. Já na simulação dinâmica,
cabe ao aluno à elaboração de um modelo explicativo do fenômeno e sua implementação. Isso pode ser
feito via programação ou pela escolha, dentre situações já programadas, daquelas que o aluno julgue ser
mais correta a cada caso.
É importante resaltar que a utilização do computador é para complementar os experimentos de laboratório,
e não substituí-lo. Pois em algumas escolas em que não há laboratório especifico de FÍSICA, com
equipamentos e dispositivos, utiliza-se o computador para ajudar o aluno na compreensão dos fenômenos.
Segundo VASCONCELOS; et al, através de um ambiente computacional de manipulação e modelização
de equações o aluno pode construir um conhecimento partindo da ideia de que o modelo matemático
utilizado não se apresenta apenas como uma fórmula estática e sim como algo inserido em fenômenos do
seu cotidiano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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