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EGPP – Aula 4 – 14/03/2018

Estados Liberal-Democrático e Socialdemocrático


(Referência Bibliográfica: caps. 4 a 6 do livro do Bresser)

Cap. 3 Estado Liberal e Reforma do serviço público

Theodore H. Marshall e os direitos civis (liberdade e propriedade): iluminismo


e tribunais ingleses.

Hobbes e a importância seminal da ideia do contrato social (direitos dos reis


não é divino!) → base da ideia dos direitos de cidadania, já que, afinal, são os
cidadãos que, por acordo (contrato) erigem o Estado/governo.

Direitos de cidadania são direitos conquistados (luta!!!) Von Ihering; Bobbio...

Liberdade dos antigos (positiva; participação nos destinos da polis) e dos


modernos (negativa; não interferência do Estado na vida dos indivíduos; direito civis
de liberdade, propriedade) do Benjamin Constant.

Estado Liberal nasce com Revoluções Liberais dos sécs. XVII e XVIII.

Século XIX é século do capitalismo industrial, do liberalismo econômico e do


Estado Liberal, com a semente do Estado Social (regulação das mercadorias fictícias:
trabalho, terra e dinheiro).

Foi também o século da Reforma Burocrática que levou aparelho de


Estado a assumir feição moderna e capitalista: burocracia racional-legal e impessoal;
hierarquia e recrutamento baseados no mérito e apartidariamente; carreiras no lugar
de amontoado de cargos!

Reforma burocrática foi aspecto central da modernização do Estado!

Prússia: luta política entre 2 aristocracias → burocrática ascendente x rural


declinante.

1770: concursos de admissão obrigatórios na base convivendo com


autorecrutamento aristocrático no topo da burocracia.
Pós invasão napoleônica, Movimento Reformar a Prússia: nova aliança entre
aristocracia rural e aristocracia burocrática, à custa da nobreza patrimonial
(parasitária?).

Inglaterra: Relatórios Northcote/Trevelyan (1853/54) → propunham


burocracia centralizada, baseada no mérito (hierarquia e concurso público), em
oposição a clientelismo, então dominante. Debate clientelismo x burocracia: ver fala
do Disraeli!!! (p.54).

Inicío da noção de carreira (ao invés de só cargos): prêmio da pensão aos


bons desempenhos → Cargos estabelecidos (Superannuation Act-1859).

Decretos Reais de 1870: Gladstone elimina clientelismo e adota concurso para


todos os cargos.

Reforma educacional: universalização da educação básica. Elite Burocrática →


universidades (Cambridge, Oxford).

França: Reforma começa com Revolução Francesa: eliminação de direitos


feudais (a cargos) e da compra, mas sem abolir clientelismo (recrutamento baseado
na lealdade).

Aumento de regras burocráticas: novo ramo do Direito → Direito


Administrativo, que teve papel primordial na Reforma Burocrática na França.

Napoleão: centralização autoritária na nomeação dos altos postos (recrutados


nas universidades e Écoles Nationales) combinado com grande autonomia dessa
burocracia para nomear e demitir servidores, além do estabelecimento de normas.

Papel Central do controle exercido pelo Conseil d’État (1799): Lei de 1872 o
torna uma espécie de Tribunal Superior do Direito Administrativo.

Criação da ENA, Écoles Nationale D’Administration, em 1945.

EUA: começa com Lei Pendleton (1883) e conclui com Personnel


Classification Act (1923).
Até Andrew Jackson-1828, recrutamento aristocrático e posse patrimonial;
depois dele, clientelismo – “spoil system” – para adequar servidores a diretrizes do
governo).

Lei Pendleton (1883): fim do spoil system → Prazos para ocupação de cargos
e concursos de admissão; todavia, limitado a cargos federais.

Debate reformista da 2ª metade do século XIX: como conciliar burocracia


meritocrática autônoma com representação democrática?

Solução: servidor público neutro; apolítico!

Movimento progressista. Woodrow Wilson: A Study of Administration-1887 →


administração pública como ciência → racionalidade e eficiência.

Franck Goodnow (Politics and Administration): partidos não devem controlar


administração.

Reformas nessa direção entre 1890 e 1910 (Theodore Roosevelt).

Personnel Classification Act (1923): sistema de carreiras da burocracia.


Conselho de Classificação de Pessoal: definição de regras de classificação e alocação
de pessoal. Valorização do treinamento externo nas universidades.

Cap. 4 Transição para a Democracia Liberal:

Porque democracia passou a ser o regime político almejado e preferido em


quase todo o mundo?

Revolução capitalista mudou forma de apropriação do excedente econômico,


que passou a não mais depender do controle do Estado (lucros ≈ mercado) → pela
1ª vez na história, os regimes autoritários deixaram de ser uma condição necessária
para a sobrevivência das classes dominantes!

Isso tornou democracia viável e, por fim, desjável!

Democracia tornou-se, gradualmente, equivalente ao bom Estado: sistema


que garantia, com maior confiabilidade a estabilidade política ou a ordem social.
Luta pelo sufrágio universal (que completa transição do Estado Liberal para o
Liberal-Democrático) foi dura!!! Além dos conservadores, os liberais burgueses
temiam que a maioria do povo (trabalhadores) votasse a favor do socialismo nas
eleições (Eu: vide salvaguardas anti-majoritárias dos Federalist Papers contra
“ditadura da maioria”; Engels também pensava assim...). Mas isso não ocorreu (Eu:
Przeworsky!!!) → compromisso de classe que caracteriza o capitalismo
contemporâneo!

Hoje há consenso a favor do Estado Democrático!!! (depois da Guerra Fria,


quando “democracias” avançadas – lembrar do McArthismo!! – apoiaram golpes de
Estado e ditaduras para evitar o comunismo).

Democracia é boa pro capital por promover estabilidade jurídica e proteger


direitos de propriedade e cumprimento de contratos; porque direitos sociais reduzem
desigualdades aumentando a estabilidade social; e assim também a abertura de
acesso ao governo e a alternância no poder.

3 motivos pra preferir democracia:

 Mudança na forma de apropriação do excedente econômico → domínio


completo e exclusivo do Estado deixa de ser pré-requisito à
continuidade do domínio das classes dominantes;

 Maior tamanho da classe dominante (não mais aristocrática, mas


burguesa e de classe média) exige instituições impessoais, seguras e
legítimas (= democráticas!) para regular conflitos e partilha do poder;

 Atendimento às demandas dos pobres e atenuação dos conflitos e dos


antagonismos sociais.

Transição do Estado Liberal para o Liberal-democrático se completa com


extensão do voto a mulheres e pobres! (1ª ½ do séc. XX), resumido por
Schumpeter: democracia, rigorosamente falando, não é governo do povo, mas dos
políticos!!! → divisão de trablaho entre eleitores e políticos = definição minimalista
(elitista) de Democracia: competição entre elites pelos votos do povo (≈ mercado
eleitoral).

Definição mínima de Democracia (5 critérios da Poliarquia de Dahl – p. 77):

 Estado de Direito;

 Liberdade de associação, expressão e informação;

 Direito universal de votar e ser eleito;

 Direitos das minorias;

 Governo escolhido por regra da maioria, via eleições livres e


competitivas.

Na AL ainda somos democracias elitistas!

Cap. 5: Estado Socialdemocrático:

Crise dos 30 foi crise do Estado Liberal-democrático: por uma lado Nazi-
fascismo, por outro, comunismo, ou New Deal (Franklin Delano Roosevelt) → Estado
de bem estar social!

Não apenas por mais proteção social (o que exigiu mais tributos, regulação,
enfim, mais intervenção), mas por poder político menos concentrado numa pequena
elite (maior peso da opinião pública).

Importância do Keynesianismo para explicar sucesso do capitalismo em


vencer a crise, se transformar e prosperar!!!

Welfare State foi produto da crescente capacidade política da classe


trabalhadora e das classes médias.

Exploração neocolonial viabilizou duração do Welfare State (Bill Jordan) →


estruturalismo latinoamericano: Cepal/Prebisch/Celso Furtado.
Democracia liberal (elitista) se converte em social e pluralista! 2
características centrais: negociação aberta entre grupos de interesse e papel central
da opinião pública.

Tipologia dos 3 regimes (Esping-Andersen): critérios de diferenciação: relação


público-privado na provisão social; grau de desmercantilização dos bens e serviços
sociais; e seus efeitos na estratificação social.

- liberal: mercado; EUA

- conservador-corporativo: corporações (≈ sindicatos); Alemanha

- social-democrata: Estado. Suécia.

4 modelos diferentes por grau de intervenção do Estado e grau de proteção


aos direitos sociais:

EUA Inglaterra modelo anglo-saxônico de mercado

Alemanha, França e Escandinávia: modelo social europeu

Modelo desenvolvimentista asiático

Modelo misto LA

Burocracia desenvolvimentista: dos bacharéis aos engenheiros e economistas!

Cap. 6 Crise do Estado Socialdemocrático:

Padrão cíclico da intervenção e regulação do Estado!

3 processos levaram à crise do Estado Socialdemocrático:

 Onda ideológica neoliberal;

 Crise fiscal do Estado;

 Globalização.

Enquanto crise de 30 foi do mercado, a de 80 foi do Estado.

Crise nos países desenvolvidos foi do Estado Socialdemocrático, nos países


em desenvolvimento, do Estado Desenvolvimentista.
Causas endógenas: crise fiscal (dívida externa), do modo de intervenção e da
maneira burocrática de administrar o aparato estatal.

Causa exógena (cap. 7): globalização!

Organizações burocráticas tendem a crescer no longo prazo!! [Eu: “Lei de


ferro da burocratização”]

Reformas pró-mercado dos anos 80 foram neoliberais ou social-


liberais/republicanas conforme tenham objetivado e conduzido a Estado Mínimo ou
Estado Enxuto mas com maior capacidade.

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