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P1 - Escolar

● Texto 1

O artigo "Biopolítica e educação: A medicalização como dispositivo normalizador",


de autoria de Fábio Luiz Pedrosa e Ivanilde Apoluceno de Oliveira, apresenta uma
análise crítica da medicalização na educação, abordando-a como um dispositivo
normalizador da biopolítica.
Os autores argumentam que a medicalização na educação é uma forma de controle
social, através da qual as instituições educacionais são capazes de regular o
comportamento e o desempenho dos alunos, visando a eficiência e produtividade.
Segundo os autores, a medicalização pode ser vista como uma estratégia da
biopolítica, que tem como objetivo a regulação da vida dos indivíduos, através do
controle de seus corpos e comportamentos.
A partir dessa perspectiva, os autores discutem a expansão da medicalização na
educação, especialmente no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento de
Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e à utilização de
medicamentos psicotrópicos em crianças e adolescentes. Eles apontam que essas
práticas podem ter efeitos negativos sobre o desenvolvimento dos alunos, além de
contribuírem para a perpetuação de desigualdades sociais e de gênero.
Os autores também apresentam uma reflexão sobre a relação entre medicalização e
neoliberalismo, argumentando que a medicalização na educação pode ser vista
como uma forma de atender às demandas do mercado e às expectativas de
produtividade e desempenho. Nesse sentido, a medicalização pode ser entendida
como parte do processo de mercantilização da educação e da transformação dos
alunos em "capital humano".
Em geral, o artigo apresenta uma reflexão crítica e importante sobre a
medicalização na educação, destacando suas implicações políticas e sociais. Os
autores apontam a necessidade de uma abordagem mais crítica e reflexiva em
relação à medicalização, com ênfase na valorização da diversidade e na construção
de ambientes educacionais mais inclusivos e democráticos.

● Texto 2

O artigo "Medicalização e patologização da educação: desafios à psicologia escolar


e educacional" aborda a temática da medicalização na educação e seus efeitos
sobre a prática psicológica escolar e educacional.
Os autores argumentam que a medicalização na educação é uma prática crescente,
que envolve a utilização de diagnósticos médicos e psiquiátricos para explicar e
tratar problemas de aprendizagem e comportamento. Eles alertam para os efeitos
negativos dessa prática, que pode reforçar estereótipos e preconceitos, limitar a
compreensão das questões educacionais e reduzir o papel da psicologia escolar e
educacional na promoção do desenvolvimento integral dos alunos.
O artigo destaca os desafios enfrentados pela psicologia escolar e educacional
diante da medicalização e patologização da educação, como a necessidade de se
posicionar crítica e politicamente em relação a essa prática, de ampliar a
compreensão sobre as questões educacionais e de promover abordagens mais
amplas e holísticas para a compreensão dos problemas de aprendizagem e
comportamento dos alunos.
Além disso, o artigo discute as relações entre a medicalização da educação e o
contexto social e político mais amplo, argumentando que a medicalização pode ser
vista como uma forma de controlar e normatizar o comportamento e o desempenho
dos alunos, atendendo às demandas do mercado e às expectativas de
produtividade e eficiência.
Em resumo, o artigo apresenta uma reflexão crítica sobre a medicalização e
patologização da educação, destacando seus efeitos negativos e os desafios
enfrentados pela psicologia escolar e educacional diante dessa prática. Os autores
enfatizam a importância de uma abordagem crítica e politizada para a compreensão
das questões educacionais e para a promoção do desenvolvimento integral dos
alunos.

● Texto 3

O artigo "Educação higienista, contenção social: a estratégia da Liga Brasileira de


Hygiene Mental na criação de uma educação sob medida (1914-45)" aborda a
atuação da Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM) na criação de uma educação
sob medida para a sociedade brasileira.
Os autores destacam que a LBHM tinha como objetivo a promoção da saúde mental
e a prevenção de transtornos mentais e emocionais, mas também buscava a
contenção social, ou seja, a disciplina e controle dos indivíduos considerados
"desviantes" ou "perigosos". Para alcançar esses objetivos, a LBHM criou uma
estratégia de intervenção baseada na educação, com a finalidade de moldar o
comportamento e a moralidade dos indivíduos.
O artigo apresenta a trajetória histórica da LBHM, desde sua criação em 1914 até o
final da década de 1940. Os autores analisam as estratégias adotadas pela LBHM
na criação de uma educação sob medida, incluindo a promoção da higiene mental,
a educação para a maternidade e a infância, a criação de escolas especiais e a
formação de profissionais da área da saúde mental.
Além disso, o artigo discute o contexto social e político no qual a LBHM atuou,
destacando a relação entre a educação higienista e as políticas de contenção social,
como a segregação e internação de indivíduos considerados "anormais" ou
"perigosos". Os autores enfatizam o caráter disciplinador e controlador da educação
proposta pela LBHM, que tinha como objetivo a conformação dos indivíduos aos
padrões considerados "sadios" e "normais".
Em resumo, o artigo apresenta uma análise crítica da atuação da Liga Brasileira de
Higiene Mental na criação de uma educação sob medida para a sociedade
brasileira. Os autores destacam o caráter disciplinador e controlador da estratégia
proposta pela LBHM, que buscava moldar o comportamento e a moralidade dos
indivíduos, mas também alertam para os efeitos negativos desse tipo de
intervenção, que pode reforçar estereótipos, preconceitos e limitar a liberdade
individual.

● Texto 4

O artigo "A medicalização e a produção da exclusão na educação brasileira à luz da


Psicologia Histórico-Cultural" discute a relação entre a medicalização e a exclusão
na educação brasileira, utilizando como referencial teórico a Psicologia
Histórico-Cultural.
Os autores apresentam a medicalização como um fenômeno social que se relaciona
com a busca por soluções individuais para problemas sociais e que tem sido cada
vez mais presente na educação brasileira. Essa prática se caracteriza pelo uso
excessivo de diagnósticos e medicamentos para tratar problemas de
comportamento, aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, em detrimento de
uma abordagem mais ampla e contextualizada.
A partir da perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, os autores argumentam que
a medicalização na educação brasileira está relacionada com a produção da
exclusão, uma vez que a responsabilidade pela aprendizagem e desenvolvimento
dos alunos é transferida para aspectos biológicos e individuais, desconsiderando a
influência dos aspectos sociais, culturais e históricos na construção do
conhecimento e do desenvolvimento humano.
O artigo apresenta também uma análise histórica da educação brasileira,
destacando a influência de ideias e práticas médicas na construção de uma
educação centrada no indivíduo e na patologização dos problemas de
aprendizagem e desenvolvimento. Os autores apontam que essa abordagem
contribuiu para a exclusão de grupos sociais que não se encaixavam nos padrões
considerados "normais" e para a manutenção de desigualdades sociais.
Em resumo, o artigo apresenta uma crítica à prática da medicalização na educação
brasileira, destacando sua relação com a produção da exclusão e a
desconsideração dos aspectos sociais, culturais e históricos na construção do
conhecimento e do desenvolvimento humano. Os autores defendem uma
abordagem mais ampla e contextualizada na educação, que leve em conta a
diversidade e a complexidade da vida humana.

● Conceito de Biopolítica de Foucault

O conceito de "biopolítica" foi desenvolvido pelo filósofo francês Michel Foucault em


sua obra "História da Sexualidade", e refere-se ao uso do poder político para regular
e controlar a vida dos indivíduos e da população em geral.
Foucault argumenta que, desde o século XVIII, houve uma mudança significativa na
forma como o poder é exercido. Antes, o poder era exercido principalmente através
da violência e da coerção física, mas a partir daí, houve uma mudança para uma
forma de poder mais sutil, que ele chamou de "poder disciplinar". O poder disciplinar
é baseado em técnicas de vigilância, punição e normalização, que são usadas para
moldar e controlar o comportamento dos indivíduos.
No entanto, Foucault argumenta que essa forma de poder disciplinar não é
suficiente para controlar a população como um todo. É por isso que ele introduziu o
conceito de "biopolítica", que é o uso do poder político para regular e controlar a
vida dos indivíduos e da população em geral. A biopolítica envolve o controle da
vida dos indivíduos através de políticas públicas, como programas de saúde,
controle de natalidade, planejamento urbano e políticas sociais em geral.
Foucault argumenta que a biopolítica é uma forma de poder muito mais insidiosa do
que o poder disciplinar, pois ela opera em níveis mais profundos da vida social e
política, moldando a maneira como pensamos sobre nós mesmos e sobre a
sociedade em geral. Em última análise, o objetivo da biopolítica é produzir uma
população "normalizada" que seja útil para os interesses do poder político.

● Micropoder de Foucault

O conceito de "micro poder" foi desenvolvido pelo filósofo francês Michel Foucault e
se refere ao poder exercido em níveis mais baixos e cotidianos da vida social,
muitas vezes imperceptível ou invisível, mas que têm um efeito profundo no
comportamento e nas relações sociais.
Foucault argumenta que o poder não é apenas exercido pelas instituições e pelas
autoridades, mas também está presente em todos os aspectos da vida cotidiana,
nas relações interpessoais, nas práticas e nos discursos. O poder é, portanto, difuso
e disseminado por toda a sociedade.
O poder se manifesta em uma multiplicidade de relações sociais, em que indivíduos
ou grupos têm a capacidade de influenciar, controlar ou limitar a ação dos outros.
Essas relações de poder não são apenas exercidas de cima para baixo, mas
também de baixo para cima, entre indivíduos e grupos que interagem entre si.
O micro poder, portanto, se refere ao poder exercido em níveis mais baixos da
hierarquia social, como a família, a escola, a comunidade, a igreja, entre outros.
Essas instituições exercem poder sobre os indivíduos através de práticas
disciplinares, regras, normas, costumes e hábitos, que são internalizados pelos
indivíduos como formas de autocontrole e autorregulação.
Foucault argumenta que o poder não é uma coisa que as pessoas possuem ou não
possuem, mas sim uma relação que se estabelece entre os indivíduos e que se
manifesta em todas as esferas da vida social. O poder é, portanto, uma força que
está sempre em jogo, e que pode ser resistida e subvertida pelos indivíduos e pelos
grupos que se opõem a ele.
● Conceito de “corpo dócil” de Foucault

O conceito de "corpo dócil" é uma das principais ideias desenvolvidas por Michel
Foucault em sua obra "Vigiar e Punir". O termo se refere à forma como o corpo
humano é moldado e disciplinado por técnicas e práticas de controle social.
Foucault argumenta que, na modernidade, o corpo humano deixou de ser visto
como uma unidade indivisível e autônoma, passando a ser entendido como uma
máquina que pode ser controlada e disciplinada. Esse processo de disciplinamento
do corpo é realizado por meio de técnicas como a educação, o treinamento militar, a
prisão, a medicina e a psicologia, que visam tornar o corpo mais dócil e mais
adaptado às demandas da sociedade.
O corpo dócil é, portanto, um corpo disciplinado e adestrado, capaz de realizar
tarefas de forma precisa e eficiente, sem questionar ou resistir às ordens e normas
impostas pelo poder. Ele é moldado por técnicas de vigilância e controle que atuam
tanto no nível físico (como a dieta, o exercício físico e a higiene) quanto no nível
psicológico (como o controle emocional e o condicionamento comportamental).
Para Foucault, o corpo dócil é um produto da modernidade, resultado de um
processo histórico de disciplinamento e controle social que começou no século XVIII
e se intensificou ao longo dos séculos XIX e XX. Ele é uma das principais formas
pelas quais o poder exerce seu controle sobre os indivíduos, moldando-os de
acordo com as necessidades da sociedade e impedindo a emergência de
resistências e contestações.

● Conceito de “biopoder” de Foucault

O conceito de "biopoder" é uma das principais contribuições teóricas de Michel


Foucault para a compreensão do poder na sociedade contemporânea. Esse
conceito se refere ao poder que o Estado exerce sobre os corpos e as vidas dos
indivíduos, através de mecanismos regulatórios que visam controlar e gerir a vida
biológica da população.
Segundo Foucault, o biopoder surge como uma forma de controle social que se
diferencia das formas tradicionais de poder, que se concentravam na disciplina e na
punição. O biopoder se manifesta através de políticas públicas que visam regular a
vida da população em diversas áreas, como a saúde pública, a reprodução, a
alimentação, a higiene, a segurança, entre outras.
Ao regulamentar a vida biológica da população, o Estado assume o controle sobre o
corpo social como um todo, tornando-se capaz de exercer um poder muito mais
amplo e abrangente do que aquele que é exercido sobre os indivíduos
isoladamente. O biopoder opera por meio de técnicas de vigilância, normatização e
regulação, que buscam gerir a vida da população de forma mais eficiente e racional.
O biopoder é, portanto, um poder que atua diretamente sobre a vida dos indivíduos,
moldando-a e controlando-a de acordo com os interesses do Estado. Esse conceito
é fundamental para compreender as formas contemporâneas de poder, que se
baseiam cada vez mais em técnicas de regulação e controle, em detrimento das
formas mais explícitas de dominação e repressão

● Diferenças entre Biopolítica e Biopoder

Embora os termos "biopolítica" e "biopoder" sejam frequentemente usados como


sinônimos, eles têm significados ligeiramente diferentes na obra de Michel Foucault.
O termo "biopoder" é utilizado por Foucault para descrever o poder que é exercido
sobre os corpos e vidas dos indivíduos através de mecanismos regulatórios que
visam controlar e gerir a vida biológica da população. O biopoder é uma forma de
poder que atua diretamente sobre a vida dos indivíduos, moldando-a e
controlando-a de acordo com os interesses do Estado.
Por outro lado, o termo "biopolítica" é utilizado por Foucault para descrever a forma
como o poder se manifesta na sociedade moderna, através do controle dos
processos biológicos e da vida da população. A biopolítica é uma forma de poder
que se concentra na gestão da vida em seus aspectos biológicos, e que visa regular
e controlar a vida da população em diversas áreas, como a saúde pública, a
reprodução, a alimentação, a higiene, a segurança, entre outras.
Assim, enquanto o biopoder se refere ao poder que é exercido sobre a vida dos
indivíduos, a biopolítica se refere ao conjunto de estratégias e técnicas que são
utilizadas para controlar a vida biológica da população como um todo. Em resumo,
podemos dizer que o biopoder é a prática do poder, enquanto a biopolítica é a teoria
que descreve como esse poder é exercido.

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