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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE DIREITO
Brasília
2012
1
BRASÍLIA
2012
2
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
_____________________________________
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 7
1 O DIREITO TRABALHISTA E SEUS CONFLITOS ..................................................... 8
1.1 JURISDIÇÃO ESTATAL E O PODER JUDICIÁRIO .................................................... 8
1.2 RELAÇÃO DE EMPREGO E RELAÇÃO DE TRABALHO ........................................... 9
1.3 CONFLITOS DO TRABALHO ................................................................................... 11
1.4 FORMAS DE SOLUÇÕES DE CONFLITOS TRABALHISTAS.................................. 12
1.4.1 Autotutela .................................................................................................................. 13
1.4.2 Autocomposição........................................................................................................ 13
1.4.3 Heterocomposição .................................................................................................... 15
2 ASPECTOS GERAIS DO INSTITUTO DA ARBITRAGEM ........................................ 17
2.1 HISTÓRICO DA ARBITRAGEM ................................................................................ 17
2.2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS.......................................................................... 21
2.3 NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM ............................................................... 24
2.4 CLASSIFICAÇÃO DA ARBITRAGEM ....................................................................... 26
2.4.1 Quanto ao surgimento ............................................................................................... 26
2.4.2 Quanto à obrigatoriedade.......................................................................................... 27
2.4.3 Quanto à forma de aplicação .................................................................................... 28
2.4.4 Quanto ao espaço ..................................................................................................... 28
2.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA VIA ARBITRAL ............................................ 29
3 A ARBITRAGEM APLICADA AO DIREITO TRABALHISTA ...................................... 32
3.1 A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE ARBITRAGEM .......................................... 32
3.2 A ARBITRAGEM E A INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS........ 33
3.3 A ARBITRAGEM NOS CONFLITOS COLETIVOS DO TRABALHO .......................... 34
3.4 A ARBITRAGEM NOS CONFLITOS INDIVIDUAIS DO TRABALHO ......................... 36
3.4.1 A proibição do uso da arbitragem pelo Tribunal Superior do Trabalho ...................... 37
3.4.2 Artigo 114 da Constituição Federal ........................................................................... 39
3.4.3 Disposições na CLT .................................................................................................. 39
3.4.4 A renúncia aos direitos trabalhistas ........................................................................... 40
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 45
7
INTRODUÇÃO
1
CARAJELESCOV, Paula Corina Santone. Arbitragem nos conflitos individuais do trabalho.
Curitiba:Juruá, 2010. P. 23.
10
2
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo:Impetus, 2008.p.261.
3
DELGADO, Maurício Goldinho. Curso do Direito do Trabalho. São Paulo:LTr, 2008. P. 287.
4
CARAJELESCOV, Paula Corina Santone. Arbitragem nos conflitos individuais do trabalho.
Curitiba:Juruá, 2010. P. 27.
12
1.4.1 Autotutela
1.4.2 Autocomposição
5
DELGADO, Maurício Goldinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008. P. 1.444.
6
DELGADO, Maurício Goldinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008. P. 1.444-1.445.
14
1.4.2.2 Mediação
7
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Impetus, 2008.p 1277.
15
1.4.3 Heterocomposição
8
CARAJELESCOV, Paula Corina Santone. Arbitragem nos conflitos individuais do trabalho.
Curitiba:Juruá, 2010. P. 45.
9
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Impetus, 2008.p. 1278.
10
DELGADO, Maurício Goldinho. Curso do Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008. P. 1446.
16
“Não há pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa
julgar entre seus irmãos?” 1.coríntios 6:5
Passagem bíblica Citada por Marcio Yoshida em seu livro, onde Jesus
Cristo incentiva os primeiros cristãos a submeterem suas disputas ao julgamento de
seus pares em detrimento dos magistrados romanos.11
Nesse mesmo livro, Platão (De Legibus. Livros 6-12) citado por Marcio
Yoshida, demonstra que, em tempos ainda mais remotos, existia a presença da
arbitragem:
Que os primeiros juízes sejam aqueles que o demandante e o demandado
tenham elegido, a quem o nome de árbitros convém mais que o de juízes;
que o mais sagrado dos tribunais (kyriotaton) seja aquele que as partes
mesmas tenham criado e eleito de comum acordo.
12
11
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos
laborais.São Paulo:LTr, 2006. P. 18.
12
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos
laborais.São Paulo:LTr, 2006. P. 18.
13
MORGADO, Isabele Jacob. A Arbitragem nos conflitos de Trabalho. São Paulo:LTr,1998. P. 24.
14
MORGADO, Isabele Jacob. A Arbitragem nos conflitos de Trabalho. São Paulo:LTr,1998. P. 24.
18
15
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos
laborais.São Paulo:LTr, 2006. P. 22-23.
16
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos
laborais.São Paulo:LTr, 2006. P.23.
20
17
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos laborais.
São Paulo: LTr, 2006. P. 24.
21
intervenção estatal e resolvem seus conflitos de forma pacífica por meio de lei
especifica, onde se confere uma maior confidencialidade, informalidade e celeridade
no processo.
Marcio Yoshida, com esteio na conjunção dos arts. 1º,3º,13 e 18 da lei
nº 9.307/1996 conceitua arbitragem como:
Uma modalidade de solução de litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis, fixada através de cláusula compromissória e/ou compromisso
arbitral, que submete a qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das
partes, a prerrogativa de proferir decisão não sujeita a recurso ou
homologação pelo Poder Judiciário.
18
Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das
partes. No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com
imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição (art. 13).
Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas,
ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal
(art.17). O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita
a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário (art. 18).
A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os
mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo
condenatória, constitui título executivo (art 31). Como consequência, caso a decisão
proferida pelo árbitro não venha a ser cumprida, pode-se exigir o seu cumprimento
por meio de ação de execução, pleiteada perante o judiciário.
A parte interessada só poderá pleitear a anulação da sentença arbitral
caso seja verificada a nulidade no processo arbitral em que se deu sentença (art.
33).
Na área trabalhista, a atuação da lei de arbitragem tem respaldo na
Constituição Federal, em seu art. 114, §1º, que preconiza que: “Frustrada a
negociação coletiva as partes poderão eleger árbitros”, e no art. 7º, da lei nº
7.783/1989, que informa que: “Observadas as condições previstas nesta lei, a
participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações
obrigacionais durante o período ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral
ou decisão da justiça do trabalho”.
A arbitragem aplicada no âmbito trabalhista é um grande avanço do
direito brasileiro, pois consubstancia uma forma rápida, pacífica e voluntária de se
solucionar conflitos, desafogando o judiciário e satisfazendo as demandas de forma
benéfica a todos que atuam no processo.
19
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos laborais.
São Paulo: LTr, 2006. P. 70.
20
PACHECO, Iara Alves Cordeiro. Os Direitos Trabalhistas e a Arbitragem. São Paulo: Ltr, 2003.p.34.
21
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos laborais.
São Paulo: LTr, 2006. P. 70-71.
26
22
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos laborais.
São Paulo: LTr, 2006. P.71.
23
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos laborais.
São Paulo: LTr, 2006. P.73.
27
24
DELGADO, Maurício Goldinho. Curso do Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008. P.1450 – 1451.
29
arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem
pública.” Essa previsão legal simplifica o procedimento arbitral, agilizando-o,
tornando-o menos formal, atendendo com melhor qualidade os anseios das
partes. O excesso de formalismo dificulta e atrasa a prestação jurisdicional,
ele tem seu valor, mas em determinados casos é desnecessário o rigorismo
do judiciário.
e) Propicia a paz e a conciliação: quando se fala em buscar seus direitos frente
ao Poder Judiciário, para muitos, isso já é motivo de se armarem para uma
guerra. A justiça estatal, com sua burocracia, formalidade, publicidade dos
atos e lentidão para solucionar os litígios, faz com que as partes travem uma
verdadeira batalha perante o tribunal. Neste contexto, a arbitragem ganha
vantagem a partir do momento em que ela preza pela conciliação e pelo
acordo em comum. A publicidade dos atos que geram uma exposição
desnecessária para os litigantes não é uma característica desse
procedimento, pois, ao convencionarem, os interessados podem acordar o
sigilo da demanda. Por isso, hoje em dia, muitas pessoas que não desejam
ver seus nomes em ações judiciais, principalmente trabalhistas, buscam esse
meio para resguardar sua imagem e privacidade. E, sendo um meio mais
atrativo para as partes, por causa dessas características especificas, a
arbitragem propicia com maior êxito a paz e a conciliação dos litigantes.
f) Onerosidade: o valor das despesas com a arbitragem é uma das maiores
desvantagens apontada pelos doutrinadores. Na arbitragem há uma
necessidade iminente de satisfação dos custos administrativos e de
pagamentos dos honorários, o que inviabiliza esse meio para causas de
pequeno porte, já que no judiciário esses custos, além de serem baixos, só
são cobrados ao final da demanda. Há doutrinadores que sugerem que estes
gastos sejam repassados aos sindicatos, pois o beneficio dessa espécie de
procedimento é muito vantajoso para ambas as partes.
32
25
CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011. P. 78.
26
http://www.conjur.com.br/2001-dez-14/stf_declara_lei_arbitragem_constitucional
33
A lei de arbitragem, em seu art. 1º, deixa claro que: “As pessoas
capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a
direitos patrimoniais disponíveis”. Para melhor compreensão desse artigo, faz
necessário o esclarecimento de alguns pontos.
Quando a legislação fala em pessoas capazes de contratar, entende-se
que estas possam transacionar, renunciar e, até mesmo, dispor de direitos que lhe
pertencem. Nesse mesmo artigo a lei impõe duas condições: i) que esses direitos
sejam de ordem patrimonial; ii) que sejam disponíveis para serem usados para tal
feito.
Mas, o que são direitos patrimoniais disponíveis? São aqueles em que
as partes podem livremente usar, dispor, transacionar ou renunciar. Possuem valor
econômico agregado, podendo ser objeto de contrato estipulado entre as partes,
assumindo, assim, um caráter privado nas relações.
A grande divergência ocorre quando se tenta definir, no âmbito do
direito trabalhista, quais são os direitos disponíveis, pois, em sua maioria, os direitos
trabalhistas seguem a regra da indisponibilidade. Para se usar a arbitragem no
direito laboral, faz-se necessário o discernimento de quais são esses direitos.
Como regra geral, as normas do direito trabalhista são de caráter
indisponível. Quase que em sua totalidade os assuntos pertinentes à matéria são
insuscetíveis de renúncia ou transação, ou seja, são normas cogentes cuja
34
27
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos laborais.
São Paulo: LTr, 2006. p. 103.
28
YOSHIDA, Márcio. Arbitragem Trabalhista: um novo horizonte para solução dos conflitos laborais.
São Paulo: LTr, 2006. p. 105.
36
29
http://www.mpt.gov.br/camaraArquivos/CCR_9783_2011_190.pdf .
38
30
TST-ED-RR-79500-61-2006-5-05-0028 (1). Acórdão da Terceira Turma na integra.
39
32
Martins, Sergio Pinto. Direito Processual do trabalho: doutrina e prática forense. São Paulo: Atlas,
2010.p.65.
41
33
Martins, Sergio Pinto. Direito do trabalho: 25ª Edição. São Paulo: Atlas, 2009. P.62.
34
Martins, Sergio Pinto. Direito Processual do trabalho: doutrina e prática forense. São Paulo: Atlas,
2010.p. 65.
42
CONCLUSÃO
Nos dias atuais, o Estado tem sido bastante questionado acerca de sua
capacidade de resolver as demandas levadas ao judiciário. Isso porque, cada vez
mais, torna-se patente a impotência desse Poder na realização de sua missão,
perdendo a eficácia e a agilidade diante de tantas demandas.
Outro fato inconteste é que, dentre os vários tipos de ações judiciais,
uma das mais expressivas em termos quantitativos é a trabalhista, que é aquela que
surge para resolver os chamados conflitos laborais.
Trata-se de uma consequência das divergências ocorridas nas
relações de trabalho. No âmbito trabalhista, historicamente, essas só são dirimidas
após a intervenção estatal, ou seja, após uma decisão proferida por um juiz, o
representante do Estado.
Todavia, os conflitos não podem ser considerados como uma inovação
dos tempos modernos, existem desde que o homem passou a habitar a terra. Os
registros mais antigos sobre a humanidade mostram embates das mais diversas
formas, em que o homem sempre busca garantir o que é seu, melhorando seu meio.
Como corolário da existência dos conflitos, surgem as formas de
solucioná-los. Na antiguidade, as partes os resolviam pelas próprias mãos. Com o
passar dos anos surgiu a necessidade de se buscar um meio que fosse capaz de
resolver os conflitos de forma pacífica, consensual e justa para as partes. Surgiu
assim a arbitragem.
No ordenamento jurídico brasileiro, tem-se a lei nº 9.307/1996 como a
viga mestre de sua normatização. Para grande parte dos doutrinadores, a lei de
arbitragem foi considerada como um grande marco na história desse instituto.
Sob o ponto de vista teórico, a arbitragem é classificada, por parte
dominante da doutrina, como forma heterocompositiva de solução de litígios. Nela
ocorre a subordinação voluntária de forma privada para dirimir conflitos patrimoniais
disponíveis, sem que a atuação do Poder estatal judicante seja demandada.
No Direito do Trabalho, em especial, este instituto tem sido usado de
forma restrita e com muita cautela, observando sempre a especialidade e
particularidade do caso em questão.
43
REFERÊNCIAS
CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2011.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho: 25ª Edição. São Paulo: Atlas, 2009.