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Paróquia São José Operário / Pastoral familiar

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR


Palestra de Clério José Borges (Comunidade São Paulo)

A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR é a violência, explícita ou velada


(obscura, encoberta, palavra que vem do Latim "velare", que significava
“cobrir com um véu”), praticada dentro de casa, usualmente entre parentes
(marido e mulher). Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso
sexual contra as crianças, violência contra a mulher, maus-tratos contra
idosos, e a violência sexual contra o parceiro.

TIPOS DE VIOLÊNCIA - Pode ser dividida em: Violência física — quando


envolve agressão direta, contra pessoas queridas do agredido ou destruição
de objetos e pertences do mesmo; Violência psicológica — quando envolve
agressão verbal, ameaças, gestos e posturas agressivas; Violência sócio-
econômica, quando envolve o controle da vida social da vítima ou de seus
recursos econômicos. Também alguns consideram como violência
doméstica o abandono e a negligência de crianças, parceiros ou idosos.
Estatisticamente a violência contra a mulher é muito maior do que a contra
o homem. Em geral os homens que batem nas mulheres o fazem entre
quatro paredes, para que não sejam vistos por parentes, amigos, familiares
e colegas do trabalho. Outro fato interessante é que a maioria dos casos de
violência doméstica, registrados nas Unidades Policiais são de mulheres de
classes financeiras mais baixas. A classe média e a alta também tem casos,
mas as mulheres denunciam menos por vergonha e medo de se exporem e
a sua família. A violência praticada contra o homem, embora incomum,
existe. Pode ter como agente tanto a própria mulher quanto parentes ou
amigos, convencidos a espancar ou humilhar o companheiro.

VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA - A família como base do desenvolvimento


humano deve ser o ponto de partida para uma criança receber orientação e
amor. No entanto, diversas famílias proporcionam esse desenvolvimento
moldado por agressões gratuitas ou ainda violência justificada
supostamente pelo amor. A perpetuação da violência assegura e reforça as
relações de poder historicamente desiguais e injustas entre os membros da
família. Reproduz, dessa maneira, uma atitude doente, de geração em
geração, que se repete e se agrava através dos tempos. Pessoas que
sofreram violência na infância, quando crescem, reproduzem essa atitude,
tornando-se adultos violentos. A violência não é hereditária, mas sim
aprendida.

AUTORIDADE DOS PAIS - É importante ressaltar que a autoridade dos pais


na família deve ser fundamentada no respeito e não nas relações de poder
exercidas pelos mais fortes sobre os mais fracos. Os pais fazem uso da
necessidade que os filhos têm de seus cuidados e, com esse poder,
manipulam a relação. O pátrio poder em relação à criança cria uma
dependência ainda mais cruel ao passo que o filho fica à espera de amor,
mas os pais em vez de conceder, resolvem retirar esse sentimento, ou ainda
transformá-lo em algo bem perverso. Os pais são capazes de criar uma
confusão imensa nos filhos quando o maltratam e dizem que fazem em
nome do amor.

FORÇA E PODER - Lamentavelmente, o que se ouve com grande freqüência


é: ‘um tapinha não faz mal a ninguém’. Tal expressão não se justifica, já que
toda ação que causa dor física numa criança, varia desde um simples tapa,
um beliscão até o espancamento fatal. Embora um beliscão, um tapa e um
espancamento sejam diferentes, o princípio que rege os três tipos de
atitude é exatamente o mesmo: Utilizar a força e o poder. Muitos pais dizem
crer que uma ‘simples palmadinha’ não é violência e que pode ser um
recurso eficiente. No entanto, bater não passa de uma atitude equivocada
de descarregar a tensão e a raiva em alguém próximo e que não pode se
defender.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - A Lei Federal Nº 11.340, de 07/08/2006 cria


mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher,
nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal que diz que o Estado
assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
relações. A Lei entrou em vigor no dia 22/09/2006 e altera o Código Penal
Brasileiro e possibilita que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou
familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva
decretada, estes agressores também não poderão mais ser punidos com
penas alternativas, sendo que a legislação também aumenta o tempo
máximo de detenção previsto de um para três anos. A nova lei ainda prevê
medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio e a proibição de
sua aproximação da mulher agredida e filhos. A Lei é conhecida como Lei
Maria da Penha. O nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia,
do Estado do Ceará, que foi agredida pelo marido durante seis anos. O texto
define as formas de violência vividas por mulheres no cotidiano: física,
psicológica, sexual, patrimonial e moral. Antes da Lei Maria da Penha, os
casos de violência contra a mulher eram tratados pelo Código Penal e as
penas dos crimes iam até dois anos de prisão (como lesão corporal leve e
ameaça) e podiam ser levados aos Juizados Especiais Criminais, que podia
trocar a prisão do agressor por penas alternativas. Muitas vezes, com medo
de represália, a própria vítima retirava a queixa na delegacia, antes mesmo
do caso sequer chegar ao juizado. Com a nova legislação mesmo que a
vítima queira desistir, só poderá fazê-lo em audiência, na presença do juiz.
A Violência contra a mulher é ação ou omissão baseada no gênero que lhe
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, dano moral ou
patrimonial.
TIPOS DE CRIMES E PENALIDADES - Os Crimes mais comuns da Violência
Doméstica Familiar são: Lesão Corporal, Ameaça, Homicídio e Tentativa de
Homicídio, entre outros crimes. Segundo algumas estatísticas, a violência
repentina do parceiro, marido, namorado ou pai, é a primeira causa da
morte e invalidez permanente para as mulheres entre 16 e 44 anos, mais
que o câncer, acidentes de trânsito e a guerra.

AÇÃO E REAÇÃO - Nos últimos anos, a sociedade brasileira entrou no grupo


das sociedades mais violentas do mundo. A questão que precisamos
descobrir é porque esses índices aumentaram tanto nos últimos anos. Já é
tempo da sociedade brasileira se conscientizar de que, violência não é ação.
Violência é, na verdade, reação. O ser humano não comete violência sem
motivo. É verdade que algumas vezes as violências recaem sob pessoas
erradas, (pessoas inocentes que não cometeram as ações que estimularam
a violência).

CAUSAS DA VIOLÊNCIA - As principais causas da violência são: O


desrespeito -- A prepotência -- Crises de raiva causadas por fracassos e
frustrações -- Crises mentais (loucura conseqüente de anomalias
patológicas que, em geral, são casos raros). Outro problema atrelado à
violência familiar é a bebida alcoólica, que está presente em 95% dos casos.
Exceto nos casos de loucura e alcoolismo, a violência pode ser interpretada
como uma tentativa de corrigir o que o diálogo não foi capaz de resolver. A
violência funciona como um último recurso que tenta restabelecer o que é
justo segundo a ótica do agressor. Em geral, a violência tem uma motivação
corretiva que tenta consertar o que o diálogo não foi capaz de solucionar.
Portanto, sempre que houver violência é porque, alguma coisa, já estava
errada. É essa “coisa errada” a real causa que precisa ser corrigida para
diminuirmos os tipos de violências.

AÇÕES ERRADAS - No Brasil, a principal “ação errada”, que antecede a


violência é o desrespeito, que é conseqüente das injustiças e
afrontamentos, sejam sociais, sejam econômicos, sejam de relacionamentos
conjugais, etc. Quando um cidadão agride o outro, ou mata o outro,
normalmente o faz em função de alguma situação que considerou
desrespeitosa, mesmo que a questão inicial tenha sido banal como um
simples pisão no pé ou uma dívida de centavos. Em geral, a raiva que
enlouquece a ponto de gerar a violência é conseqüência do nível de
desrespeito envolvido na respectiva questão. Portanto, até mesmo um
palavrão pode se transformar em desrespeito e produzir violência. Logo, a
exploração, o calote, a prepotência, a traição, a infidelidade, a mentira etc.,
são atitudes de desrespeito e se não forem muito bem explicadas, e
justificadas (com pedidos de desculpas e de arrependimento), certamente
que ao seu tempo resultarão em violências. É de desrespeito em
desrespeito que as pessoas acumulam tensões nervosas que, mais tarde,
explodem sob a forma de violência.
TIPOS DE DESRESPEITOS - Sabendo-se que o desrespeito é o principal
causador de violência, podemos então combater a violência diminuindo os
diferentes tipos de desrespeito: Seja o desrespeito econômico, o desrespeito
social, o desrespeito conjugal, o desrespeito familiar e o desrespeito entre
as pessoas (a “má educação”). Em termos pessoais, a melhor maneira de
prevenir a violência é agir com o máximo de respeito diante de toda e
qualquer situação.

DESTRUIÇÃO DOS VALORES MORAIS - A vulgaridade vem destruindo valores


morais e tornando as pessoas irresponsáveis, imprudentes,
desrespeitadoras e inconseqüentes. A irreverência e o excesso de
liberdades (libertinagens, estimuladas principalmente pela TV), também
produzem desrespeito. E, o desrespeito, produz desejos de vingança que se
transformam em violência. No âmbito Familiar a boa educação se faz com
corretos deveres e não com direitos insensatos. É preciso educar nossos
adolescentes com mais realismo e seriedade para mantê-los longe de
problemas, fracassos, marginalidade e violência. Se diminuirmos os ilusórios
direitos (fenômeno da banalização ou vulgarização dos direitos
fundamentais, causadores de rebeldias, prepotências e desrespeitos) e
reforçarmos os deveres, o país não precisará colocar armas de guerra nas
mãos da polícia.

AMAR O PRÓXIMO - O mau uso da palavra, amar, pela nossa Sociedade e


pela nossa Mídia, que insiste em relacioná-la tão freqüentemente ao namoro
e ao sexo, acaba nos confundindo. No entanto, mesmo antes da era cristã,
amar era se relacionar com total igualdade de consideração, sem
superioridade ou inferioridade e com tolerância às normais falhas e
diferenças dos seres humanos. Amar o próximo (na sua definição mais
simples) é não lhe fazer coisas que nós não gostamos que sejam feitas
conosco. O que nós não gostamos de receber, o nosso semelhante também
não deve gostar. Se respeitarmos essa regra, nos tornaremos cooperadores
um do outro ao invés de destruidores, um do outro, como tem acontecido
tão freqüentemente na nossa sociedade.

AMOR FRATERNAL - Precisamos entender melhor o que é amor fraternal


para colhermos uma boa convivência pessoal, familiar e social. E, para
entendermos bem o que é Amor Fraternal, torna-se importante que
tenhamos sempre presente que Jesus nos ama e Deus é amor. O amor de
Deus é incondicional, não depende de uma resposta positiva: "Eu amo-te,
se, tu me amares também". O amor de Deus diz: "Eu amo-te, mesmo que tu
me rejeites que fales mal de mim, que me persigas". A Bíblia descreve o
Amor em 1 Coríntios 13:4-7: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é
invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta
inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita,
não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

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