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QUESTÕES COMENTADAS – IBFC

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO


LÍNGUA PORTUGUESA
Prof. Iedo Ferraz

FONOLOGIA E ACENTUAÇÃO

Questão 01
Ano: 2016
Órgão: COMLURB
Prova: Engenheiro de Segurança do Trabalho

Com relação às novas regras de acentuação ortográfica, analise a


afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F)
( ) a palavra “prevêntivas” passa a ter acento circunflexo
( ) a palavra “indesejável” mantém o acento agudo
( ) a palavra “caráter” mantém o acento agudo
( ) a palavra “negócios” perde o acento agudo

a) F-V-V-F
b) V-F-V-F
c) F-F-F-V
d) V-V-V-F

Gabarito: A
Comentários:

1. Para responder a essa questão, é necessário conhecermos a classificação


das palavras quanto ao acento tônico e as regras de acentuação previstas
no Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
2. O acento tônico recai na sílaba de maior intensidade quando pronunciamos
uma palavra. Isso, em regra, pode ocorrer nas três últimas sílabas:
a. quando a última sílaba é a tônica, a palavra será oxítona;
b. quando a penúltima sílaba é a tônica, a palavra será paroxítona;
c. quando a antepenúltima sílaba é a tônica, a palavra será
proparoxítona.
3. Tendo isso em vista, analisemos cada uma das afirmativas:
a. ( ) a palavra “prevêntivas” passa a ter acento circunflexo
i. Aqui, a palavra “preventivas” é apresentada como
“prevêntivas”. Ocorre que esta última forma não existe em

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nossa língua, pois o acento tônico da palavra recai sobre o
‘ti’ (preventivas), tratando-se de uma paroxítona. Esse
exemplo permite-nos ver a importância da tonicidade da
palavra como um elemento de sua própria identidade, uma
vez que a alteração da sílaba tônica pode corromper
completamente a unidade de sentido.
ii. Contudo, é importante ressaltar que, caso “prevêntivas”
existisse, ela seria obrigatoriamente acentuada por se tratar
de uma palavra proparoxítona. Lembram-se da regra de que
todas as proparoxítonas são acentuadas? Pois bem.
iii. A primeira afirmativa, portanto, está falsa.
b. ( ) a palavra “indesejável” mantém o acento agudo e ( ) a palavra
“caráter” mantém o acento agudo
i. As afirmativas acima apresentam as palavras “indesejável” e
“caráter” devidamente grafadas com o acento agudo. De
acordo com a Gramática, palavras paroxítonas terminadas
em ‘l’ e em ‘r’ devem ser acentuadas. Essa regra não foi
alterada pelo Novo Acordo Ortográfico, então continua
válida.
ii. Ambas as afirmativas, portanto, estão verdadeiras.
c. ( ) a palavra “negócios” perde o acento agudo
i. A palavra “negócios” é uma paroxítona terminada em
ditongo oral. Essa é mais uma regra de acentuação das
paroxítonas, razão por que “negócios” mantém o acento
agudo. A afirmativa está falsa.
4. A título de revisão, o ditongo oral consiste no encontro de duas vogais
orais em uma mesma sílaba. Para melhor compreendê-lo, lembre-se de
que o ditongo (que, em si, é o encontro de duas vogais numa mesma
sílaba) pode ser oral ou nasal – como em “sabão”. A oralidade se relaciona
com o ar saindo apenas pela boca; a nasalidade, com o ar saindo pela
boca e pelo nariz.

Questão 02
Ano: 2013
Órgão: SEPLAG-MG
Prova: Pedagogia

Assinale abaixo a alternativa cujas palavras são acentuadas pela mesma regra de
“abóbora”, “bobó” e “míssil”, respectivamente.
a) música/cipó/terrível
b) cérebro/mó/difícil.
c) necrotério/ebó/pênsil.
d) titânico/pó/fácil.

Gabarito: A

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Comentários:

1. A questão exige que se identifique, pela ordem, as palavras que se


acentuam em decorrência da mesma regra. Identifiquemos, portanto,
qual a regra de cada uma das palavras listadas no enunciado:
a. “abóbora” é acentuada por ser proparoxítona, e, como já
relembramos, todas as palavras proparoxítonas devem ser
acentuadas em nossa língua;
b. “bobó” é uma palavra oxítona terminada em ‘o’. Vamos lembrar
que a regra diz que todas as palavras oxítonas terminadas em
a(s), e(s), o(s) ou em(ens) devem ser acentuadas.
c. Por último, a palavra “míssil” é acentuada por se tratar de uma
paroxítona terminada em ‘l’, conforme regra exposta na questão
anterior.
2. Analisando as alternativas em face de “abóbora”, é possível eliminar a
letra ‘c’, uma vez que “necrotério” é palavra paroxítona.
3. Em face de “bobó”, é possível eliminar as alternativas ‘b’ e ‘d’, pois
“mó” e “pó” não são palavras paroxítonas (que pressupõem a
existência de mais uma sílaba), mas sim monossílabos tônicos.
4. Quanto a “míssil”, destaque-se que todas as alternativas apresentaram
palavras que se acentuam pela mesma regra: “terrível”, “difícil”,
“pênsil” e “fácil”.
5. A alternativa correta, então, é a letra ‘a’.

Questão 03
Ano: 2013
Banca: IBFC
Órgão: MPE-SP
Prova: Analista de Promotoria I

Assinale a alternativa em que a palavra deve ser, obrigatoriamente,


acentuada.a) Pratica.
b) Negocio.
c) Traido.
d) Critica.
e) Capitulo.

Gabarito: C
Comentários:

1. Buscar a palavra que deve ser obrigatoriamente acentuada implica


verificar sobre qual palavra não é possível recair o acento diferencial.
Este existe para marcar a distinção entre palavras de mesma grafia (como
veremos a seguir), ou mesmo para marcar, nos verbos, a diferença de

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flexão – a exemplo de tem (3ª pessoa do singular do presente do
indicativo) e têm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo).
2. Das palavras apresentadas, “traido” é a única que precisa ser acentuada
para existir. Da forma como está grafada, a palavra seria pronunciada com
a tônica no ditongo: “trai-do” (palavra paroxítona de duas sílabas). A
forma válida, porém, é “tra-í-do” (palavra de três sílaba com hiato), que
consiste no particípio passado do verbo ‘trair’.
3. Quanto às demais alternativas, temos a possibilidade das duas formas
cogitadas:
a. “pratica” (verbo) e “prática” (substantivo);
b. “negocio” (verbo) e “negócio” (substantivo);
c. “critica” (verbo) e “crítica” (substantivo); e
d. “capitulo” (1ª p. do pres. Do indicativo do verbo capitular) e
“capítulo” (substantivo).

Questão 04
Ano: 2016
Banca: IBFC
Órgão: MGS
Prova: Auxiliar de Cozinha

A Angústia

Quem não sabe como vencer o estado de angústia, dê uma olhada para o
desespero alheio.
Aos ouvidos das lebres chega, de repente, um violento estrépito1. Elas então
pensam ter chegado a hora de pôr termo à vida porque não sabiam como livrar-
se de tanto temor.
Assim, (apavoradas), chegam à beira de uma lagoa com o intento de
lançaram-se na água e afogarem-se.
À chegada daquele batalhão de lebres, as rãs fogem aterrorizadas. Então uma
das lebres fala: “Há gente com medo de nós. Vamos prosseguir vivendo como
todos os outros fazem.”
Refeitas do susto, as lebres retomaram a sua vida de rotina saltitante.
1 barulho

(Fedro, Fábulas. São Paulo: Editora Escala, 2008 )

A palavra “angústia” (1°§) recebe acento agudo em função da seguinte


regra de acentuação:

a) paroxítona terminada em ditongo crescente


b) acentuam-se todas as proparoxítonas
c) paroxítona terminada em vogal
d) oxítona termina em “ia”

Gabarito: A

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Comentários:

1. Mais uma vez, estamos diante de uma questão que cobra do candidato
conhecimentos sobre as regras de acentuação na língua portuguesa.
2. As letras ‘c’ e ‘d’ enunciam regras que não existem e, portanto, devem ser
descartadas de pronto. A ver.
a. Quanto a “paroxítona terminada em vogal”, é importante destacar
que nenhuma palavra é acentuada simplesmente porque termina
em vogal, apesar de a terminação nas vogais a, e e o ser
fundamento para a acentuação das palavras oxítonas e dos
monossílabos tônicos.
b. Quanto a “oxítona terminada em ‘ia’”, o examinador buscou induzir
o candidato ao erro quando trouxe um exemplo da regra das
paroxítonas (acentuam-se as palavras terminadas em ditongo oral,
a exemplo de pátria). Observemos, porém, que a palavra
“angústia” nem mesmo oxítona é.
3. Na letra ‘b’, o examinador traz uma regra existente e válida – “acentuam-
se todas as proparoxítonas” –, mas que não se aplica a “angústia”, uma
vez que esta é uma palavra paroxítona.
4. A regra que justificativa a acentuação de “angústia” é a de que se
acentuam as paroxítonas terminadas em ditongo oral. É importante
ressaltar que aí estão abrangidos tanto os ditongos crescentes quanto os
decrescentes, apesar de a banca ter optado por referir expressamente o
caso específico de “angústia”.
a. Para quem não lembra, ditongo crescente é aquele composto de
uma semivogal seguida de uma vogal. Em nossa língua, de uma
maneira geral, as vogais i e u desempenham o papel de semivogal,
pois, quando em ditongo, têm uma articulação menos intensa do
que a vogal que lhe acompanha – a, e ou o.
b. A ideia de crescente, como a palavra estabelece, parte do menor
para o maior, do menos para o mais. Quando o ditongo é crescente,
portanto, partimos da semivogal para a vogal. O ditongo ia é
crescente e, na palavra paroxítona angústia, implica o uso do
acento gráfico sobre a sílaba tônica da palavra.

Questão 05
Ano: 2016
Banca: IBFC
Órgão: MGS
Prova: Auxiliar de Cozinha

Sobre a palavra destacada em “Aos ouvidos das lebres chega”, faz o


seguinte comentário correto:

a) possui três sílabas


b) apresenta flexão de grau

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c) notam-se dois encontros vocálicos
d) ocorre um encontro consonantal

Gabarito: D
Comentários:

1. Questão simples, mas que pode facilmente cair na sua prova, pois o IBFC
já cobrou esse mesmo formato em outras ocasiões. Logo, não deixemos
de analisá-la.
2. A palavra lebres:
a. É composta de duas sílabas (le-bres);
b. Não apresenta flexão de grau.
i. A título de revisão, os graus do substantivo são o
AUMENTATIVO, em que sua significação é exagerada ou
intensificada – no caso em análise, tal forma seria lebrão; e
o DIMINUTIVO, em que sua significação é atenuada ou
considerada afetivamente – o de lebre seria lebrezinha.
c. Não apresenta dois encontros vocálicos, mas sim duas vogais “e”
em sílabas diferentes;
d. Nela, ocorre o encontro consonantal br na sílaba -bre.
3. Logo, a alternativa correta é a letra ‘d’.

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ORTOGRAFIA

Questão 01
Ano: 2016
Órgão: TCM-RJ
Prova: Técnico de Controle Externo

Analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F)


quanto ao emprego do acento circunflexo estabelecido pelo Novo
Acordo Ortográfico.

( ) O acento permanece na grafia de 'pôde' (o verbo conjugado no passado) para


diferenciá-la de 'pode' (o verbo conjugado no presente).

( ) O acento circunflexo de 'pôr' (verbo) cai e a palavra terá a mesma grafia de


'por' (preposição), diferenciando-se pelo contexto de uso.

( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do plural do presente do


indicativo dos verbos crer, dar, ler, ter, vir e seus derivados.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para


baixo.
a) V F F
b) F V F
c) F F V
d) F V V

Gabarito: A
Comentários:

1. A questão em comento aborda regras específicas sobre o acento


circunflexo previstas no Novo Acordo Ortográfico. Caro aluno, não existe
outra alternativa senão memorizar e, com o estudo, introjetar tais regras.
Vamos à análise de cada uma das afirmativas.
2. A primeira delas enuncia que o acento circunflexo diferencial permanece
para as formas verbais “pôde” e “pode”, o que é correto e torna a
afirmativa verdadeira.
3. A permanência do acento diferencial também se estende às formas “pôr”
(verbo) e “por” (preposição), o que torna a segunda afirmativa falsa.
4. Na terceira e última alternativa, a banca diz que não mais se usa o acento
circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos

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crer, dar, ler, ter e vir. A afirmativa está falsa, mas não quanto a todos
os verbos listados. Vejamos:
a. Quanto aos três primeiros, antes do Novo Acordo Ortográfico,
tínhamos os seguintes pares: ele crê/eles crêem; que ele dê/que
eles dêem; ele lê/eles lêem. Atualmente, com a queda do acento
no plural, temos: creem, deem e leem. Gravem isso!
b. Além disso, a afirmativa comete um deslize ao afirmar que a regra
se refere à terceira pessoal do plural do presente do indicativo, uma
vez que isso se aplica apenas aos verbos crer e ler. Quanto ao verbo
dar, o par dê/deem está conjugado na terceira pessoa do plural do
PRESENTE DO SUBJUNTIVO.
c. Por fim, a queda do acento circunflexo para a 3ª pessoa do plural
do presente do indicativo dos verbos ter e vir NÃO ocorreu. Sendo
assim, é necessário marcar na escrita a diferença entre “ele tem” e
“eles têm”, bem como entre “ele vem” e “eles vêm”.
5. A sequência correta é V, F e F.

Questão 02
Ano: 2016
Órgão: TCM-RJ
Prova: Técnico de Controle Externo

Assinale a locução que não deve ser grafada com hífen de acordo com
o Novo Acordo Ortográfico.

a) cor-de-rosa
b) pingue-pongue
c) mato-grossense
d) manda-chuva

Gabarito: D
Comentários:

1. Essa questão aborda o emprego do hífen nas palavras compostas,


tópico de ortografia que merece bastante atenção do candidato, uma vez
que convivem várias regras e exceções. Vamos recapitular algumas
informações importantes sobre o hífen e, em seguida, analisar cada uma
das alternativas.
2. Os gramáticos Celso Cunha e Lindley Cintra trazem, na página 80 da 5ª
edição da Nova Gramática do Português Contemporâneo, o seguinte
princípio: “O emprego do HÍFEN é uma convenção. Estabeleceu-se que ’só
se ligam por HÍFEN os elementos das palavras compostas em que se
mantém a noção da composição, isto é, os elementos das palavras
compostas que guardam a sua independência fonética, conservando cada

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um a sua própria acentuação, porém formando o conjunto perfeita
unidade de sentido’.”.
a. Por exemplo, a palavra arco-íris. Tanto a palavra “arco” quanto a
palavra “íris” preservam sua unidade fonética quando estão juntas
na palavra “arco-íris”, razão por que se utiliza o hífen na sua escrita.
3. Entendendo esse princípio pelo seu contrário, a grafia das palavras
compostas em que se perdeu a noção de composição deve ser aglutinada,
ou seja, sem o hífen. É exatamente essa regra que nos encaminhará para
a resposta correta da questão: mandachuva. Esta palavra é composta
pela forma verbal manda e pelo substantivo chuva. A composição (ou seja,
a junção) de manda com chuva gerou uma terceira palavra, mandachuva,
que consiste em uma nova unidade fonética em relação às palavras
isoladamente consideradas.
4. Tendo em vista essa regra geral, analisemos as demais palavras
apresentadas nas alternativas.
a. Quanto à alternativa ‘a’, a regra é que NÃO se usa hífen em
locuções de qualquer tipo. Por isso, escrevemos “fim de semana”,
“cor de café”, “sala de jantar”. Ocorre que COR-DE-ROSA É UMA
EXCEÇÃO a essa regra e deve, sim, ter o hífen empregado em sua
grafia. Outras exceções à regra apresentada são: água-de-colônia,
arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, à queima-roupa.
b. Na alternativa ‘b’, pingue-pongue, o hífen está corretamente
utilizado, pois seu emprego é obrigatório em palavras compostas
por elementos semelhantes ou idênticos. Outros exemplos que
ilustram essa regra são: esconde-esconde, pega-pega, tic-tac,
mata-mata etc.
c. Em mato-grossense, na alternativa ‘c’, o emprego do hífen está
correto. A regra em questão é a de que serão hifenizados os
adjetivos gentílicos (no caso, mato-grossense) derivados de
topônimos compostos (no caso, Mato Grosso).

Questão 03
Ano: 2012
Órgão: INEP
Prova: Pesquisador-Tecnologista em Informações e Avaliações Educacionais

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as


lacunas.

É ___________ descobrir ______ houve a falha na produção.

a) imprescindível – por que


b) imprescindível - porque

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c) imprecindível – porque
d) imprecindível – por que
e) imprescindível – por quê

Gabarito: A
Comentários:

1. A questão exige que o candidato conheça a grafia correta da palavra


“imprescindível”, bem como o emprego dos porquês.
2. Quanto a imprescindível, assim como a uma série de outras palavras,
não há forma de conhecer a resposta correta senão pelo contato prévio.
Esse tipo de questão reforça a necessidade de o aluno ter o hábito da
leitura, uma vez que por meio dela temos a oportunidade de visualizar e
“fotografar” na memória a escrita correta das palavras.
3. Quanto aos diferentes usos do porquê (junto ou separado, com ou sem
acento), façamos uma rápida revisão:
 POR QUE
O “por que” tem dois usos:
a. O primeiro ocorre em sentenças interrogativas, diretas ou
indiretas. Ou seja, quando o utilizamos para fazer uma
pergunta, tal como em “Por que esse concurso do TJPE está
demorando tanto?” ou em “É preciso descobrir por que essa
demora está ocorrendo”. Ele equivale a “por qual razão”,
“por qual motivo”.
b. A segunda forma de usá-lo acontece em sentenças
declarativas, em que o por que equivale a pelo qual, pela
qual, pelos quais, pelas quais, como em “Caro aluno, esteja
certo de que a agonia por que você está passando agora
será recompensada”.

 PORQUE
Trata-se de uma das conjunções explicativas possíveis,
assim como pois, uma vez que, porquanto, entre outras. É
utilizado nas respostas às perguntas feitas com o “Por que”
estudado no tópico 1.1.
Respondendo à pergunta sobre a demora do concurso, eu
diria “Porque o Universo está providenciando mais tempo para
você estudar, caro aluno!”.

 POR QUÊ
A forma separada e com acento ocorre quando o “que”
está diante de ponto final, interrogação, exclamação ou
reticências. Por conta dessa posição no final da frase, o “que”
passa a ser tônico e recebe o acento circunflexo: “Você não sabe
por quê? Senta aí, que eu vou te contar.”

 PORQUÊ

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Nesse último caso, trata-se de um substantivo. Quando
está junto e com acento, ele designa um objeto abstrato que
tem como sinônimo razão, causa.
Vejamos em dois exemplos: “Eu quero entender o porquê
dessa demora toda”; “Existem muitos porquês possíveis para a
atitude dela”.
Uma dica sempre válida para identificá-lo é verificar a
possibilidade de ele ser antecedido por um artigo
(determinante), uma vez que é um substantivo.
4. A frase do enunciado da questão se enquadra no tópico 1.1. Sendo assim,
temos “É imprescindível descobrir por que houve a falha na produção”.

Questão 04
Ano: 2013
Órgão: MPE-SP
Prova: Analista de Promotoria II

Leia abaixo o excerto de um conto do famoso escritor argentino Julio


Cortázar.

Continuidade dos parques

Primeiro entrava a mulher, receosa; agora chegava o amante, a cara ferida pela
chicotada de um galho. Admiravelmente ela estancava o sangue com seus beijos,
mas ele recusava as carícias, não havia vindo para repetir as cerimônias de uma
paixão secreta, protegida por um mundo de folhas secas e caminhos furtivos. O
punhal ficava momo contra seu peito, e debaixo pulsava a liberdade escondida.
Um diálogo ardente corria pelas páginas como um riacho de serpentes, e sentia-
se que tudo estava decidido desde sempre. Até essas carícias que envolviam o
corpo do amante, como querendo retê-lo e dissuadi-lo, desenhavam
abominavelmente a figura de outro corpo que era necessário destruir. Nada havia
sido esquecido: desculpas, azares, possíveis erros. A partir dessa hora cada
instante tinha seu emprego minuciosamente atribuído. O impiedoso duplo
reexame se interrompia apenas para que uma mão acariciasse uma face.
Começava a anoitecer.

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as


lacunas.

I. O ___________ministro fez um belo discurso.

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II. Durante a ______, os deputados entraram em discussão.

III. O dono da loja foi acusado de ___________racial.

a) iminente - seção - descriminação


b) iminente - sessão - discriminação
c) eminente - sessão - discriminação
d) eminente - seção - discriminação
e) eminente - sessão - descriminação

Gabarito: C
Comentários:

1. O objeto dessa questão é a paronímia. Palavras parônimas são aquelas


que se parecem, são quase homônimas, mas que se distinguem
discretamente na grafia e na pronúncia.
2. As alternativas acima listam três pares de palavras parônimas, e é preciso
conhecê-las bem para não errar na hora da prova. Vejamos as diferenças
de significado de cada um deles:
a. Iminente é a qualidade daquilo que está a ponto de acontecer, que
está prestes a se concretizar. Já eminente é um adjetivo que denota
importância, excelência, altura, elevação. Fica claro, pelo contexto
da frase I, que a lacuna deve ser preenchida com eminente.
b. Seção é a porção retirada de um todo, um segmento, uma
subdivisão. Sessão, por sua vez, consiste no intervalo de tempo no
qual se sucede alguma atividade. Pelo contexto, a frase II deve ser
completada com sessão.
c. Descriminação é o ato de retirar o caráter criminoso de uma
conduta – trata-se de um sinônimo de descriminalização. Já
discriminação é o ato pelo qual se distingue algo ou se segrega
alguém. Tendo em vista a frase 3, a lacuna deverá ser preenchida
com discriminação.
3. Na ordem, temos: EMINENTE, SESSÃO e DISCRIMINAÇÃO.

Questão 05
Ano: 2016
Órgão: COMLURB
Prova: Técnico de Segurança do Trabalho

O novo acordo ortográfico nos apresentou algumas alterações de


acentuação de palavras em Língua Portuguesa. Leia as alternativas

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abaixo e assinale a que apresenta somente palavras acentuadas
corretamente.

a) Seqüência, idéia, caráter, bóia, saúde.


b) Sequência, idéia, carater, bóia, saúde
c) Sequência, ideia, caráter, boia, saúde.
d) Seqüência, ideia, caráter, bóia, saude.

Gabarito: C
Comentários:

1. A questão cobra que o aluno domine as regras estabelecidas pelo Novo


Acordo Ortográfico quanto à acentuação e à grafia das palavras listadas
nas alternativas. Vejamos uma por uma.
2. SEQUÊNCIA. O Acordo Ortográfico aboliu o trema (¨) de todas as palavras
da língua portuguesa, restando apenas em nomes próprios estrangeiros e
suas derivações. Por isso, não mais se considera correta a forma
seqüência. Eliminamos, então, as letras ‘a’ e ‘d’.
3. IDEIA. As palavras paroxítonas cuja sílaba tônica recaia nos ditongos
abertos EI e OI não são mais acentuadas. Sendo assim, idéia passou a
ideia; heróico passou a heroico. Porém, atenção! As palavras oxítonas
que têm os mesmos ditongos na sílaba tônica permanecem sendo
acentuadas. Por exemplo, menestréis e caubói.
a. Do visto, eliminamos também a letra ‘b’ e já encontramos a
resposta.
4. CARÁTER. Aqui temos uma palavra paroxítona terminada em ‘r’, logo é
obrigatório o uso do respectivo acento.
5. BOIA. Assim como em ideia, temos uma paroxítona em ditongo aberto –
neste caso, ‘oi’ (boi-a). A reforma ortográfica aboliu o uso do acento agudo
neste caso, como já vimos.
6. SAÚDE. Aqui o acento é obrigatório. Acentua-se o i e o u tônicos quando
formarem um hiato, ou seja, quando estiverem isolados em uma sílaba,
seguidos ou não s.

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PONTUAÇÃO

Questão 01
Ano: 2015
Órgão: MGS
Prova: Pedagogo

Bem-vindo. E parabéns. Estou encantado com seu sucesso. Chegar aqui não
foi fácil, eu sei. Na verdade, suspeito que foi um pouco mais difícil do que você
imagina.
Para início de conversa, para você estar aqui agora, trilhões de átomos
agitados tiveram de se reunir de uma maneira, intricada e intrigantemente
providencial a fim de criá-lo. É uma organização tão especializada e particular
que nunca antes foi tentada e só existirá desta vez. Nos próximos anos
(esperamos), essas partículas minúsculas se dedicarão totalmente aos bilhões de
esforços jeitosos e cooperativos necessários para mantê-lo intacto e deixá-lo
experimentar o estado agradabilíssimo, mas ao qual não damos o devido valor,
conhecido como existência.
Por que os átomos se dão esse trabalho é um enigma. Ser você não é uma
experiência gratificante no nível atômico. Apesar de toda a atenção dedicada,
seus átomos na verdade nem ligam para você - eles nem sequer sabem que você
existe. Não sabem nem que eles existem. São partículas insensíveis, afinal, e nem
estão vivas. (A ideia de que se você se desintegrasse, arrancando com uma pinça
um átomo de cada vez, produziria um montículo de poeira atômica fina, sem
nenhum sinal de vida, mas que constituiria você, é meio sinistra.) No entanto,
durante sua existência, eles responderão a um só impulso dominante: fazer com
que você seja você.
(BRYSON, Bill. Breve história de quase tudo. Trad. de Ivo Korytowski. São
Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 11)

No trecho “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade


nem ligam para você" (3°§), a pontuação não está de acordo com o que
prescreve a norma padrão da Língua. Nesse sentido, assinale a
reescritura que corrija o problema de pontuação.

a) “Apesar de toda a atenção dedicada seus átomos, na verdade, nem ligam


para você".
b) “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade nem ligam,
para você".
c) "Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade, nem ligam,
para você".

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d) “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos, na verdade, nem ligam
para você".

Gabarito: D
Comentários:

1. A questão afirma que há um erro no trecho destacado e pede a versão


corretamente pontuada. O candidato deve analisar a pontuação quanto ao
emprego da vírgula.
2. Analisemos o período “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos
na verdade nem ligam para você".
a. O único sinal de pontuação presente na frase é a vírgula após
“dedicada”, que marca corretamente a separação da oração
subordinada adverbial concessiva “Apesar de toda a atenção
dedicada, (...)” da oração principal “seus átomos (...) nem ligam
para você”.
b. O erro apontado, por consequência, está na ausência de alguma
pontuação obrigatória. Estão ausentes as vírgulas necessárias para
isolar a expressão de correção “na verdade”.
c. Sendo assim, a frase corretamente pontuada seria “APESAR DE
TODA A ATENÇÃO DEDICADA, SEUS ÁTOMOS, NA VERDADE, NEM
LIGAM PARA VOCÊ".
3. Analisemos os erros das três primeiras alternativas.
a. Letra ‘a’ – “Apesar de toda a atenção dedicada seus átomos, na
verdade, nem ligam para você". As vírgulas para isolar “na verdade”
foram corretamente inseridas, porém se retirou a vírgula necessária
para isolar a oração subordinada adverbial “Apesar de toda a
atenção dedicada, (...)”.
b. Letra ‘b’ – “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na
verdade nem ligam, para você". Manteve-se a primeira vírgula
corretamente, contudo não se isolou a expressão corretiva “na
verdade” e se separou, indevidamente, o verbo “ligam” de seu
complemento “para você”. Lembre-se de que não se separa o verbo
de seu complemento (seja ele objeto direto ou indireto).
c. Letra ‘c’ – "Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na
verdade, nem ligam, para você". Manteve-se a primeira vírgula
corretamente, porém se isolou por vírgulas o termo “nem ligam”
em vez da expressão “na verdade”, separando-se indevidamente o
verbo do seu objeto.

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Questão 02
Ano: 2016
Órgão: TCM-RJ
Prova: Técnico de Controle Externo

Assinale a alternativa cuja frase está corretamente pontuada.

a) O bolo que estava sobre a mesa, sumiu.


b) Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho estranho.
c) Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja.
d) Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia.

Gabarito: D
Comentários:

1. Analisaremos, a seguir, a pontuação de cada umas das frases


apresentadas nas alternativas.
2. Nas letras ‘a’ e ‘b’ devemos avaliar o uso da vírgula.
a. Na frase “O bolo que estava sobre a mesa, sumiu”, verifica-se um
erro básico e não incomum: separar o sujeito do seu verbo, no
caso, o bolo de sumiu. A oração adjetiva intercalada entre estes
dois termos, que estava sobre a mesa, permite vislumbrar duas
hipóteses de pontuação correta para a sentença, a depender da
intenção do emissor em considerá-la explicativa ou restritiva,
respectivamente:
i. “O bolo, que estava sobre a mesa, sumiu”; ou
ii. “O bolo que estava sobre a mesa sumiu”.
b. Já em “Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho
estranho”, as vírgulas de fato delimitam uma intercalação. Mas seu
uso está incorreto, pois elas isolam apressadamente se retirou,
quando poderiam destacar apenas o apressadamente. Este exerce
a função de adjunto adverbial deslocado, por isso pode ser isolado
sem problemas; já o “se retirou” consiste em parte do predicado da
oração e não pode ser separado do sujeito “Ele”.
c. As alternativas ‘a’ e ‘b’, portanto, estão incorretamente pontuadas.
3. Na letra ‘c’, “Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja”, é necessário avaliar
o uso das vírgulas e do ponto e vírgula.
a. Quanto às vírgulas, não há erro a ser apontado, uma vez que elas
separam termos que exercem a mesma função na frase – no caso,
a de objeto direito. São as chamadas vírgulas enumerativas.
b. Entretanto, o ponto e vírgula está empregado incorretamente no
lugar dos dois-pontos, que é o sinal adequado para indicar a
enumeração que ocorre na frase. Logo, a redação correta seria
“Confessou-lhe tudo: ciúme, ódio, inveja”.
4. Já sabendo que a letra ‘d’ é a resposta, vejamos por quê. Em “Paulo
pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia”, é preciso novamente
analisar o uso da vírgula e do ponto e vírgula:
16
a. A vírgula empregada entre Márcia e Odontologia está correta e
indica o zeugma da locução verbal expressa na oração anterior –
“pretende cursar”. Ou seja, se a frase pretende dizer o que tanto
Paulo quanto Márcia pretendem cursar, não é necessário repetir o
verbo nas duas orações. Basta dar uma pequena pausa na segunda
(leia o aluno a frase em voz alta), de modo a sinalizar que se está
falando da mesma ação verbal.
b. O ponto e vírgula pode ser utilizado para separar partes de um
período, das quais uma pelo menos esteja subdividida por vírgula.
É exatamente o caso em questão, pois a ocorrência do zeugma
implica o uso da vírgula (ou seja, de uma pausa na segunda
oração), o que impõe a necessidade de uma pausa ainda maior
entre as duas orações do período. Em outras palavras, uma
pequena pausa na subdivisão implica uma pausa maior na divisão.

Questão 03
Ano: 2016
Órgão: COMLURB
Prova: Engenheiro de segurança do trabalho

Leia o Texto abaixo e responda à pergunta:

Investir na Segurança: Despesa ou Receita

Em se falando de Segurança no Trabalho, nos deparamos com a palavra


ACIDENTE. Numa definição abrangente e genérica, podemos afirmar que
ACIDENTE é um evento indesejável e inesperado que produz desconforto,
ferimentos, danos, perdas humanas e ou materiais. Um acidente pode mudar
totalmente a rotina e a vida de uma pessoa, modificar sua razão de viver ou
colocar em risco seus negócios e propriedades.
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o acidente não é obra do acaso
e nem da falta de sorte. Denomina-se SEGURANÇA, a disciplina que congrega
estudos e pesquisas visando eliminar os fatores perigosos que conduzem ao
acidente ou reduzir seus efeitos. Seu campo de atuação vai desde uma simples
residência até complexos conglomerados industriais.
Nos países desenvolvidos medidas preventivas e de Segurança de caráter
individual ou coletivo, são aplicadas e praticadas pela maioria de seus cidadãos,
ao passo que nos países em desenvolvimento ainda são largamente inexistentes
ou ignoradas. Em alguns destes países a legislação apresenta certos absurdos
como compensação monetária pela exposição ao risco (periculosidade,
insalubridade), fazendo com que empregados e empregadores concentrem suas
atenções no “custo” da exposição e não na eliminação da mesma.
(...)
http://www.segurancanotrabalho.eng.br/artigos/investir_seg.html - acesso em 25/04/2016

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Leia a afirmativa abaixo, retirada do texto, e assinale a resposta
correta:

“Nos países desenvolvidos medidas preventivas e de Segurança de


caráter individual ou coletivo, são aplicadas e praticadas pela maioria
de seus cidadãos, ao passo que nos países em desenvolvimento ainda
são largamente inexistentes ou ignoradas.”

a) O trecho apresenta erro de colocação de plural em “cidadão”.


b) O trecho apresenta erro de pontuação em “(...) cidadãos, ao passo (...)”.
c) A palavra “países” não deve ser acentuada neste caso.
d) O trecho apresenta erro de pontuação em “(...) individual ou coletivo, são
aplicadas (...)”.

Gabarito: D
Comentários:

1. A letra ‘a’ está incorreta, uma vez que o plural de “cidadão” é “cidadãos”,
conforme consta da afirmativa apresentada.
2. A letra ‘b’ acusa um erro de pontuação em “(...) cidadãos, ao passo (...)”
que não existe de fato. A vírgula está adequadamente empregada para
separar uma oração subordinada adverbial anteposta à oração principal.
3. A letra ‘c’ está incorreta ao afirmar que a palavra “países” não deve ser
acentuada, porque temos um i tônico que forma um hiato com a vogal
anterior. Uma vez que a palavra seja paroxítona, o acento em tal contexto
apenas não aconteceria em dois casos:
a. se a vogal do hiato estivesse diante do dígrafo nh, como em rainha;
b. se diante da vogal em hiato houvesse um ditongo decrescente,
como em feiura.
i. Ressalte-se que a regra explicada na letra b é decorrente do
Novo Acordo Ortográfico.
4. A letra ‘d’, gabarito da questão, acerta ao afirmar que o trecho apresenta
erro de pontuação em “(...) individual ou coletivo, são aplicadas (...)”, pois
a vírgula aí empregada fere a regra de não se poder separar o sujeito do
seu verbo. Portanto, ela não deveria existir.

18
Questão 04
Ano: 2016
Órgão: COMLURB
Prova: Engenheiro de segurança do trabalho

Abaixo se apresenta um trecho da obra Ensaio sobre a cegueira, de José


Saramago, com várias opções de pontuação. Assinale a alternativa em
que todas as vírgulas estão colocadas corretamente.

a) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem,


mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos
que sentissem vir no ar a chibata.
b) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem,
mantinham em tensão os carros, avançando recuando como cavalos nervosos
que sentissem vir no ar a chibata.
c) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal, da embraiagem,
mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos,
que sentissem vir no ar a chibata.
d) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem mantinham
em tensão, os carros avançando recuando, como cavalos nervosos que sentissem
vir no ar a chibata.

Gabarito: A
Comentários:

1. Na questão acima, o enunciado solicita que o candidato avalie o emprego


das vírgulas. Vamos partir da análise do texto corretamente pontuado para
identificar os erros das demais alternativas.
2. A versão correta é: “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal
da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando, recuando,
como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata.”.
a. A primeira e a segunda vírgulas isolam o termo “impacientes”, que
exerce a função de aposto em relação ao sujeito “automobilistas”.
b. A segunda e a terceira vírgulas isolam o termo “com o pé no pedal
da embraiagem”, que exerce a função de adjunto adverbial
deslocado para o meio da oração.
c. As três últimas vírgulas isolam as orações subordinadas adverbiais
reduzidas de gerúndio “avançando” e “recuando”.
3. Analisemos as demais alternativas:
a. Letra ‘b’, “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da
embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando
recuando como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a
chibata.”
i. Faltam as vírgulas após “avançando” e “recuando”, de modo
a separar as orações reduzidas de gerúndio, que deve ser
19
separadas por constituírem uma enumeração de termos que
exercem a mesma função sintática.
b. Letra ‘c’, “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal, da
embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando,
recuando, como cavalos nervosos, que sentissem vir no ar a
chibata.”
i. Está incorreta a vírgula que separa os termos “pedal” de “da
embraiagem”. Este exerce a função de adjunto adnominal
daquele, por isso não devem ser separados por vírgula.
ii. Também está incorreta a vírgula que separa “como cavalos
nervosos” de “que sentissem vir no ar a chibata”. Como este
último trecho consiste numa oração adjetiva, a presença da
vírgula indicaria se tratar de uma oração adjetiva
EXPLICATIVA. No entanto, no contexto, só é possível que a
oração referida seja do tipo RESTRITIVA. A comparação que
o autor estabelece com os “cavalos nervosos” não pretende
explicar o nervosismo dos cavalos, mas sim delimitar que a
comparação se dá a cavalos nervosos por tal motivo. Ou
seja, “que sentissem vir no ar a chibata” restringe o grupo
de “cavalos nervosos” que é utilizado para fazer a
comparação pretendida pelo autor. O uso da vírgula
explicaria o nervosismo dos cavalos, quando a intenção é
apenas de qualificar o nervosismo mencionado.
c. Letra ‘d’, “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da
embraiagem mantinham em tensão, os carros avançando
recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a
chibata.”.
i. Faltou a vírgula após “embraiagem”, para delimitar o fim do
adjunto adverbial deslocado “com o pé no pedal da
embraiagem”.
ii. Não cabe a vírgula entre “tensão” e “os carros”. O trecho
“mantinham em tensão os carros” poderia ser pontuado de
duas formas:
1. “mantinham, em tensão, os carros”, isolando-se o
adjunto adverbial “em tensão” e nunca separando o
verbo do seu complemento. Porém, isso é
desnecessário, por se tratar de um adjunto curto.
2. “mantinham em tensão os carros”, sem nenhuma
vírgula, conforme Saramago escreveu.
3. Por fim, faltaram as vírgulas antes e depois de
“avançando”, para isolar as orações reduzidas de
gerúndio “avançando” e “recuando”.
4. A título de curiosidade, “embraiagem” é a variação, no português de
Portugal, da nossa palavra “embreagem”.

20
Questão 05
Ano: 2016
Órgão: COMLURB
Prova: Técnico de Segurança do Trabalho

Que é Segurança do Trabalho?

Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas


que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do
trabalhador.
A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em
Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança,
Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de
Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho,
Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e
Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação,
Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos.
O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma
equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho,
Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também
os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tomar compatível
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador.
A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a
Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas
Regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também
as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho,
ratificadas pelo Brasil.
http://www.areasea.com/sea/ - acesso em 24/04/2016

Em textos em Língua Portuguesa sabe-se que a alteração de pontuação


pode prejudicar a organização do texto e, muitas vezes, mudar o
sentido da frase. Leia a sentença abaixo e indique a alternativa em que
a alteração da pontuação mantém o texto correto:

“O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de


uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do
Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e
Enfermeiro do Trabalho.”

21
a) O quadro de Segurança do Trabalho, de uma empresa compõe-se de uma
equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho,
Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho.
b) O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa, compõe-se de uma
equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho,
Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho.
c) O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma
equipe multidisciplinar composta por: Técnico de Segurança do Trabalho,
Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho.
d) O quadro de, Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se, de uma
equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho,
Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho.

Gabarito: C
Comentários:

1. Ocasionalmente o IBFC cobra questões pedindo a reescrita de um texto


com a pontuação correta. Com questões desse perfil, no intuito de resolvê-
las de forma mais prática, é importante se lançar sobre as pequenas
divergências entre as alternativas, identificar as sugestões erradas e
eliminar as alternativas que as contenham.
2. Analisando o trecho original, verificamos que, além do previsível ponto
final, somente há vírgulas, utilizadas para enumerar os membros de uma
equipe multidisciplinar de uma empresa de Segurança do Trabalho.
3. Analisando, por sua vez, as alternativas, todas apresentam vírgulas e
apenas uma apresenta dois-pontos.
a. Quanto aos dois-pontos, na letra ‘c’, a leitura do texto mostra que
foram utilizados para introduzir a enumeração dos membros da
equipe multidisciplinar referida no item 2. Logo, seu uso está
correto e o gabarito da questão será descoberto somente por meio
da análise das vírgulas.
4. Vamos analisar cada uma das alternativas:
a. Letra ‘a’ – O quadro de Segurança do Trabalho, de uma empresa
compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico
de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Tanto “Segurança
do Trabalho” quanto “de uma empresa” são locuções adjetivas que
servem para especificar o significado do substantivo “quadro”. Não
cabe essa vírgula entre “O quadro de Segurança do Trabalho” e “de
uma empresa”, por separar o nome do seu adjunto adnominal sem
nenhum propósito de destaque ou intercalação.
b. Letra ‘b’ – O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa,
compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico
de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho,

22
Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. A pontuação
proposta também está equivocada, uma vez indevido o emprego
da primeira vírgula – as demais estão corretas. Não se pode separar
o sujeito de seu predicado.
c. Letra ‘d’ – O quadro de, Segurança do Trabalho de uma empresa
compõe-se, de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico
de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Também incorreta,
a pontuação proposta separa a forma verbal “compõe-se” do seu
complemento “de uma equipe multidisciplinar”. Isso, conforme já
visto em outras questões, não é gramaticalmente aceito.
d. Letra ‘c’ – O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa
compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por: Técnico
de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Eis a alternativa
correta.

Questão 06
Ano: 2016
Órgão: Câmara Municipal de Araraquara - SP
Prova: Assistente

Leia a citação abaixo e assinale a alternativa em que a alteração de


pontuação não deixa a frase incorreta.

Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo


comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e
consequentemente de mais difícil compreensão.

a) Com as novas tecnologias a velocidade da informação e o processo


comunicacional, tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente de
mais difícil compreensão.
b) Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo
comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente, de
mais difícil compreensão.
c) Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo
comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente de
mais difícil compreensão.
d) Com as novas tecnologias, a velocidade da informação, e o processo
comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e consequentemente, de
mais difícil compreensão.

Gabarito: B
Comentários:

23
1. Questão no mesmo formato da anterior. Ressalto que ela induz o
candidato ao erro, pois o enunciado pede a pontuação que “não deixa a
frase incorreta”. Ou seja, ele pede a alternativa cuja pontuação esteja
CORRETA.
2. A versão original do texto destacado, “Com as novas tecnologias, a
velocidade da informação e o processo comunicacional tornam-se cada
vez mais complexos e consequentemente de mais difícil compreensão”,
temos apenas a vírgula isolando o adjunto adverbial deslocado para o
início da oração.
3. Vamos analisar a pontuação proposta em cada uma das alternativas:
a. Letra ‘a’ – “Com as novas tecnologias a velocidade da informação e
o processo comunicacional, tornam-se cada vez mais complexos e,
consequentemente de mais difícil compreensão”. O primeiro erro a
ser apontado é a ausência de vírgula para isolar o adjunto adverbial
“Com as novas tecnologias, (...)” no começo da oração. Além disso,
a primeira vírgula grafada em vermelho está incorreta, porque
separa o sujeito do seu predicado. A segunda vírgula grafada em
vermelho, por sua vez, somente se justificaria se houvesse outra
após “consequentemente”, de modo a isolar este adjunto do
restante da oração.
b. Letra ‘c’ – “Com as novas tecnologias, a velocidade da informação
e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos
e, consequentemente de mais difícil compreensão”. A vírgula
grafada em vermelho, assim como na letra ‘a’, somente se
justificaria se houvesse outra após “consequentemente”, de modo
a isolar este adjunto do restante da oração.
c. Letra ‘d’ – “Com as novas tecnologias, a velocidade da informação,
e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e
consequentemente, de mais difícil compreensão”. A primeira
vírgula grafada em vermelho está, equivocadamente, separando os
dois núcleos do sujeito composto “a velocidade da informação e o
processo comunicacional”. A segunda, por sua vez, somente se
justificaria se houvesse outra antes de “consequentemente”, de
modo a isolar este adjunto do restante da oração.
d. Letra ‘b’ – ”Com as novas tecnologias, a velocidade da informação
e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos
e, consequentemente, de mais difícil compreensão”. Alternativa
correta.

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Questão 07
Ano: 2017
Órgão: EBSERH
Prova: Assistente Administrativo

Vivendo e...

Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola
de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do
polegar, e quanto mais jogá-la com a precisão que eu tinha quando era garoto.
Outra coisa: acabo de procurar no dicionário, pela primeira vez, o significado da
palavra “gude”. Quando era garoto nunca pensei nisso, eu sabia o que era gude.
Gude era gude.
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para
dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive
variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei que jeito é
esse. [...]
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001)

O emprego das reticências no título, sugere:


a) a incapacidade do autor em completar a ideia.
b) a caracterização de uma enumeração infinita.
c) um convite para que o leitor reflita sobre o tema.
d) a sinalização de um questionamento do leitor.
e) a representação de uma ideia polêmica.

Gabarito: C
Comentários:

1. A questão exige do candidato conhecimento a respeito do emprego e da


semântica das reticências. A questão envolve tanto interpretação de texto
quanto pontuação.
2. O ponto de reticência (ou simplesmente reticências) é empregado para
indicar a suspensão ou a supressão de um pensamento, seja pela
hesitação em exprimi-lo, seja pela desnecessidade de sua expressão.
3. O título escolhido pelo autor, “Vivendo e...”, suprime do texto o seu
complemento esperado: “... aprendendo”. Trata-se de um dito popular
amplamente compartilhado pelos falantes da língua portuguesa.
4. Após a leitura do texto, em que o autor discorre sobre como
desaprendeu a manusear uma bolinha de gude, bem como a emitir um
silvo bonito posicionando as mãos e os polegares de uma determinada
forma.
5. Sendo assim, é possível inferir que a intenção do autor, ao usar as
reticências no título, é de convidar o leitor a refletir sobre o tema, a partir
da contradição (desaprender) do sentido inicialmente esperado
(aprender).

25
6. Ressalte-se que as reticências também podem caracterizar uma
enumeração infinita (ou, para ser mais acertado, indeterminada),
conforme consta da letra ‘c’, porém não é este o caso.

Questão 08
Ano: 2016
Órgão: EBSERH
Prova: Advogado

Minhas
maturidade
Circunspecção, siso, prudência.
(Mario Prata)
É o que o homem pensa durante anos, enquanto envelhece. Já está perto dos
50 e a pergunta ainda martela. Um dia ele vai amadurecer
Quando um homem descobre que não é necessário escovar os dentes com
tanta rapidez, tenha certeza, ele virou um homem maduro. Só sendo mesmo
muito imaturo para escovar os dentes com tanta pressa.
E o amarrar do sapato pode ser mais tranquilo, arrumando-se uma posição
menos incômoda, acertando as pontas.
[...]
Não sente culpa de nada. Mas, se sente, sofre como nunca. Mas já é capaz de
assistir à sessão da tarde sem a culpa a lhe desviar a atenção.
É um homem mais bonito, não resta a menor dúvida.
Homem maduro não bebe, vai à praia.
Não malha: a malhação denota toda a imaturidade de quem a faz. Curtir o
corpo é ligeiramente imaturo.
Nada como a maturidade para perceber que os intelectuais de esquerda estão,
finalmente, acabando. Restam uns cinco.
Sorri tranquilo quando pensa que a pressa é coisa daqueles imaturos.
O homem maduro gosta de mulheres imaturas. Fazer o quê?
Muda muito de opinião. Essa coisa de ter sempre a mesma opinião, ele já foi
assim.
[...]
Se ninguém segurar, é capaz do homem maduro ficar com mania de apagar
as luzes da casa.
O homem maduro faz palavras cruzadas!
Se você observar bem, ele começa a implicar com horários.
A maturidade faz com que ele não possa mais fazer algumas coisas. Se pega
pensando: sou um homem maduro. Um homem maduro não pode fazer isso.
O homem maduro começa, pouco a pouco, a se irritar com as pessoas
imaturas.
Depois de um tempo, percebe que está começando é a sentir inveja dos
imaturos.
Será que os imaturos são mais felizes?, pensa, enquanto começa a escovar os
dentes depressa, mais depressa, mais depressa ainda.

26
O homem maduro é de uma imaturidade a toda prova.
Meu Deus, o que será de nós, os maduros?

Considere o fragmento abaixo para responder à questão seguinte:


“Depois de um tempo, percebe que está começando é a sentir inveja dos
imaturos.” (17º§)

O emprego da vírgula justifica-se por:

a) isolar uma oração subordinada adverbial.


b) marcar a presença de um aposto explicativo.
c) separar orações coordenadas assindéticas.
d) indicar a presença de um vocativo.
e) acompanhar um termo deslocado da ordem direta.

Gabarito: E
Comentários:

1. O IBFC gosta bastante de explorar o emprego da vírgula, portanto é


aconselhável reforçar a atenção sobre o assunto.
2. O termo isolado por vírgulas no fragmento apresentado é “Depois de um
tempo, (...)”. Identificar a função que ele exerce é o primeiro passo para
checar se ele se enquadra em alguma das regras gramaticais existentes.
No caso, trata-se de um adjunto adverbial temporal deslocado para o
início da oração.
3. No interior da oração, a vírgula é usada para separar alguns elementos
que exercem funções sintáticas diferentes. O adjunto adverbial deslocado
é uma das hipóteses de uso da vírgula, por isso o gabarito é letra ‘e’.
4. O deslocamento do adjunto adverbial nos remete à ideia da ordem direta
da oração, que na língua portuguesa é: sujeito + verbo + complemento.
Contudo, essa ordem pode ser alterada, desde que se marque na escrita
a inversão realizada. É daí que surge a regra de demarcar com a vírgula o
adjunto que vem para o início da frase.
5. Analisemos os erros das demais alternativas:
a. A letra ‘a’ diz que “Depois de um tempo, (...)” é uma oração
subordinada adverbial. Entretanto, para ser oração é necessária a
presença de um verbo, o que não ocorre. Pela mesma razão, a letra
‘c’ também está incorreta.
b. A letra ‘b’, por sua vez, diz que a vírgula é utilizada para marcar a
presença de um aposto explicativo. A função do termo isolado pela
vírgula é de contextualização temporal da ação do verbo, e não de
explicação.
c. A letra ‘d’ enuncia que a vírgula é utilizada para isolar um vocativo,
que é o termo que indica apelo, chamamento. Como já vimos, não
é o caso.

27
Questão 09
Ano: 2014
Órgão: PC-RJ
Prova: Papiloscopista Policial

Notícia de Jornal
(Fernando Sabino)

Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem


de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem
socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada
durante 72 horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma
ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas
regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem)
afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de
Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu
de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto
Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de
fome.
Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes.
Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um
anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa
- não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes,
que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do
homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até
mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua
morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e
sem perdão.
Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha,
por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o
homem morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente
vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes,
que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As
autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem.
Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada
mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena
rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da
Guanabara, um homem morreu de fome.

(Disponível em http://www.fotolog.com.br/spokesman_/70276847/: Acesso em


10/09/14)

28
Assinale a alternativa que melhor explica a função do travessão no fragmento
transcrito a seguir:
Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um
bicho, uma coisa - não é um homem.” (5º §)

a) Separar a opinião do jornal da opinião do narrador, contrastando-as;


b) Destacar a opinião do jornal, confirmando o vínculo com as notícias;
c) Evidenciar uma postura crítica dividindo-a em duas partes: as críticas feitas
sobre o homem e a negação de sua humanidade em função delas.
d) Mostrar a opinião do narrador, que se influenciou pelo julgamento desumano
dos passantes.
e) Ratificar a opinião pública, na qual se incluem sociedade e autoridades, e
com a qual o autor comunga.

Gabarito: C
Comentários:

1. A questão em comento exige conhecimento sobre a pontuação por meio


do travessão.
2. O travessão consiste em uma notação de pontuação distintiva empregada
para:
a. Indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor;
b. Isolar, num contexto, frases ou palavras por meio do travessão
duplo (assemelhando-se à função do parêntese);
c. Destacar enfaticamente a parte final de um enunciado por meio do
travessão único.
3. No texto, ocorre o uso descrito em 2c, uma vez que “não é um homem”
se destaca de todo o enunciado anterior de críticas ao homem que veio a
morrer de fome, ao mesmo tempo que com ele se relaciona.
4. Tendo em vista o contexto e a construção de sentido pretendida pelo
autor, o destaque permitido pelo travessão a “não é um homem” evidencia
a crítica expressa pelo autor em relação a todos os julgamentos que lhe
afastaram da sua própria condição humana.
5. Por tudo isso, o gabarito é letra ‘c’.

Questão 10
Ano: 2016
Órgão: EBSERH
Prova: Técnico em Segurança do Trabalho

Setenta anos, por que não?


Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos
com a vida. Se a gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira
ruga, ou do começo de barriguinha, então viver é de certa forma uma desgraceira

29
que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença crônica
de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não
se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão
lendo na poltrona junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha
branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje
aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente à cidade
vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema, indo a restaurante
(pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando de
novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os
filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela
primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na calçada batendo papo com
alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros
e da vida, críticos o tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das
pessoas. Da própria família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores,
acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias
palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como
dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias
exageradas, dos remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”.
A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos. Precisa
acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

As aspas empregadas em “dos remendos e intervenções para manter


ou recuperar a “beleza” ” (3º§) permitem a leitura de uma crítica à ideia
de que:

a) cada idade tem sua beleza própria


b) a beleza só está associada à juventude
c) a beleza interior deve valer mais do que a exterior
d) o conceito de beleza é subjetivo, bastante relativo
e) trabalhando a mente, o corpo fica belo

Gabarito: B
Comentários:

1. A questão trata do emprego de aspas, mais uma notação de pontuação.


2. Conforme ensinam Celso Cunha e Lindley Cintra (páginas 676 e 677 da 5ª
edição da Nova Gramática do Português Contemporâneo), as aspas podem
ser utilizadas para:
a. No início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do
contexto;

30
b. Para fazer sobressair termos ou expressões geralmente não
peculiares à linguagem de quem fala;
c. Para acentuar o valor significativo de uma palavra ou expressão;
d. Para realçar ironicamente uma palavra ou expressão.
3. A autora utilizou as aspas sobre a palavra “beleza”, o que, dentro da
construção do texto, evidencia o uso descrito em 2d. Lembremos que o
realce irônico tem por função apontar o contrário do que diz. Sendo assim,
todo o movimento de desconstrução da beleza atrelada à juventude que
a autora perfaz em sua coluna ganha reforço gráfico com a referência à
palavra beleza entre aspas.

31
CRASE

Questão 01
Ano: 2017
Órgão: EBSERH
Prova: Advogado

Há algum tempo venho afinando certa mania. Nos começos chutava tudo o
que achava. [...] Não sei quando começou em mim o gosto sutil. [...]
Chutar tampinhas que encontro no caminho. É só ver a tampinha. Posso
diferenciar ao longe que tampinha é aquela ou aquela outra. Qual a marca (se
estiver de cortiça para baixo) e qual a força que devo empregar no chute. Dou
uma gingada, e quase já controlei tudo. [...] Errei muitos, ainda erro. É
plenamente aceitável a ideia de que para acertar, necessário pequenas erradas.
Mas é muito desagradável, o entusiasmo desaparecer antes do chute. Sem graça.
Meu irmão, tino sério, responsabilidades. Ele, a camisa; eu, o avesso. Meio
burguês, metido a sensato. Noivo...
- Você é um largado. Onde se viu essa, agora! [...]
Cá no bairro minha fama andava péssima. Aluado, farrista, uma porção de
coisas que sou e que não sou. Depois que arrumei ocupação à noite, há senhoras
mães de família que já me cumprimentaram. Às vezes, aparecem nos rostos
sorrisos de confiança. Acham, sem dúvida, que estou melhorando.
- Bom rapaz. Bom rapaz.
Como se isso estivesse me interessando...
Faço serão, fico até tarde. Números, carimbos, coisas chatas. Dez, onze horas.
De quando em vez levo cerveja preta e Huxley. (Li duas vezes o “Contraponto”
e leio sempre). [...]
Dia desses, no lotação. A tal estava a meu lado querendo prosa. [...] Um
enorme anel de grau no dedo. Ostentação boba, é moça como qualquer outra.
Igualzinho às outras, sem diferença. E eu me casar com um troço daquele? [...]
Quase respondi...
- Olhe: sou um cara que trabalha muito mal. Assobia sambas de Noel com
alguma bossa. Agora, minha especialidade, meu gosto, meu jeito mesmo, é
chutar tampinhas da rua. Não conheço chutador mais fino.

(ANTONIO, João. Afinação da arte de chutar tampinhas. In: Patuleia: gentes de rua. São Paulo:
Ática, 1996)
Vocabulário:
Huxley: Aldous Huxley, escritor britânico mais conhecido por seus livros de ficção
científica.
Contraponto: obra de ficção de Huxley que narra a destruição de valores do pós-
guerra na Inglaterra, em que o trabalho e a ciência retiraram dos indivíduos
qualquer sentimento e vontade de revolução.

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O emprego do acento grave em “Às vezes, aparecem nos rostos sorrisos
de confiança.“ (5º§) justifica-se pela mesma razão do que ocorre no
seguinte exemplo:

a) Entregou o documento às meninas.


b) Manteve-se sempre fiel às suas convicções.
c) Saiu, às pressas, mas não reclamou.
d) Às experiências, dedicou sua vida.
e) Deu um retorno às fãs.

Gabarito: C
Comentários:

1. O acento grave (`) é o sinal indicativo, na escrita, do fenômeno chamado


CRASE. A crase é a contração da preposição a com o artigo definido
feminino a ou com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e
aquilo.
2. A questão traz a expressão “às vezes” e pede que o candidato assinale a
ocorrência de crase que se justifique pela mesma razão.
3. Bom, a rigor, todas as ocorrências listadas se dão pelo mesmo motivo,
que é a fusão da preposição a com o artigo a, conforme explicado. O
candidato precisa, de fato, identificar a função do “às vezes” e buscar nas
alternativas uma ocorrência de idêntico teor.
4. Nesse sentido, “às vezes” consiste em locução adverbial feminina (de
tempo), que deve ser obrigatoriamente marcada pelo acento grave. Nas
alternativas, a outra locução adverbial feminina presente é “às pressas”
(de modo), por isso o gabarito é letra C.

Questão 02
Ano: 2016
Órgão: Prefeitura de Jandira - SP
Prova: Enfermeiro

Encontro
Com atenção não seria difícil descobrir pequenas mudanças: os cabelos mais
claros, e entretanto com menos luz e vida; a boca pintada com um desenho
diferente, e o batom mais escuro. Impossível negar uma tênue, fina ruga – quase
estimável. Mas naquele instante, diante da amiga amada que não via há muito
tempo, não eram essas pequenas coisas que intrigavam o seu olhar afetuoso e
melancólico. Havia certa mudança imponderável, e difícil de localizar – a voz ou
o jeito de falar, o tom ao mesmo tempo mais desembaraçado e mais sereno?
E mesmo no talhe do corpo (o pequeno cinto vermelho era, pensou ele, uma
inabilidade: aumentava-lhe a cintura), na relação entre o corpo e os membros,
havia uma sutil mudança.

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Sim, ela estava mais elegante, mais precisa em seu desenho, mas perdera
alguma indizível graça elástica do tempo em que não precisava fazer regime para
emagrecer e era menos consciente de seu próprio corpo, como que o abandonava
com certa moleza, distraída das próprias linhas e dos gestos cuja beleza
imprevista ele fora descobrindo devagar, com uma longa delícia.
Por um instante, enquanto conversava com outras pessoas presentes assuntos
sem importância, ele tentou imaginar que impressão teria agora se a visse pela
primeira vez, se aquela imagem não estivesse, dentro de seus olhos e de sua
alma, fundida a tantas outras imagens dela mesma perdidas no espaço e no
tempo. Não tinha dúvida de que a acharia muito bonita, pois ela continuava bela,
talvez mais bem vestida; não tinha dúvida mesmo de que, como da primeira vez
que a vira, receberia sua beleza como um choque, uma bênção e um leve pânico,
tanto a sua radiosa formosura dá uma vida e um sentido novo a qualquer
ambiente, traz essa vibração especial que só certas mulheres realmente belas
produzem. Mas de algum modo esse deslumbramento seria diferente do antigo
– como se ela estivesse mais pessoa, com mais graça e finura de mulher, menos
graça e abandono de animal jovem.
O grupo moveu-se para tomar lugar em uma mesa no fundo do bar. Ele andou a
seu lado um instante (como tinham andado lado a lado!), mas não quis sentar,
recusou o convite gentil, sentia-se quase um estranho naquela roda. Despediu-
se. E quando estendeu a mão àquela que tanto amara, e recebeu, como
antigamente, seu olhar claro e amigo, quase carinhoso, sentiu uma coisa boa
dentro de si, uma certeza de que nem tudo se perde na confusão da vida e que
uma vaga mas imperecível ternura é o prêmio dos que muito souberam amar.
(BRAGA, Rubem. O verão e as mulheres. Rio de Janeiro, ed. Record, 10ª ed., 2008)

Em “E quando estendeu a mão àquela que tanto amara” (5º§), há uma


ocorrência de crase sobre a qual faz-se o seguinte comentário
corretamente:

a) Trata-se de um caso facultativo em função do pronome demonstrativo.


b) Não deveria ocorrer em função da falta da preposição “a” explícita.
c) O acento grave deveria ser deslocado para o “a” que precede o termo “mão”.
d) Ocorre devido à regência do verbo estender e sua relação com o termo regido.

Gabarito: D
Comentários:

1. A letra ‘a’ diz que a crase é facultativa diante do pronome demonstrativo


aquela. Isso, porém, é falso, sendo facultativa a crase apenas diante dos
pronomes demonstrativos esta e essa. A fusão da preposição a com a letra
inicial a dos pronomes aquele, aquela e aquilo implica a obrigatoriedade
do uso do acento grave.
2. A letra ‘b’ enuncia que a preposição a não está explícita, o que também
não é correto. O verbo estender é transitivo direito e indireto, sendo o
seu objeto indireto regido pela preposição a: estender algo A ALGUÉM –

34
“estendeu a mão ÀQUELA que tanto amara”. Desse modo, a crase ocorre
normalmente.
3. A letra ‘c’ diz que o acento grave deveria ser deslocado para o a que
antecede “mão”. Contudo, vimos no tópico anterior que a mão consiste
no objeto direito da forma verbal “estendeu”, sendo este ‘a’ apenas um
artigo. Se a crase é a fusão de dois elementos, um único elemento não
pode justificar o fenômeno. A alternativa em comento também está
errada.
4. A letra ‘d’ é a correta, conforme análise feita no tópico 2.

Questão 03
Ano: 2016
Órgão: COMLURB
Prova: Técnico de Segurança do Trabalho

Que é Segurança do Trabalho?


Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas
que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do
trabalhador.
A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em
Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança,
Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de
Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho,
Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e
Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação,
Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos.
O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma
equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho,
Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também
os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tomar compatível
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador.
A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a
Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas
Regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também
as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho,
ratificadas pelo Brasil.
http://www.areasea.com/sea/ - acesso em 24/04/2016

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Leia o texto abaixo e identifique qual das alternativas apresenta
correta aplicação de crase, seguindo a mesma lógica do texto.

“A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução


à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de
Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações...”

a) O curso de português discute assuntos associados à gramática, à literatura


e à produção de textos.
b) O professor fez correções à respeito dos erros de ortografia presentes no
texto.
c) O referido texto apresenta informações de grande importância à alunos de
Engenharia.
d) A literatura sobre Segurança do Trabalho presente na faculdade apresenta
informações importantes à seus alunos.

Gabarito: A
Comentários:

1. A correta aplicação da crase se dá na letra ‘a’, pois a forma nominal


“associados” rege complementos introduzidos pela preposição a –
associado A alguma coisa. Junto a isso, todos os complementos listados
no texto são determinados pelo artigo feminino definido a – a gramática,
a literatura e a produção de textos. Logo:
a. ASSOCIADOS (A) + (A) GRAMÁTICA = ASSOCIADOS À
GRAMÁTICA;
b. ASSOCIADOS (A) + (A) LITERATURA = ASSOCIADOS À
LITERATURA;
c. ASSOCIADOS (A) + (A) PRODUÇÃO DE TEXTO = ASSOCIADOS À
PRODUÇÃO DE TEXTO;
2. Vejamos os erros das demais alternativas:
a. A letra ‘b’ traz a locução “à respeito dos”. Contudo, esse a não é
craseado, pois não há a presença do artigo feminino a. Nem
poderia, uma vez que o substantivo em questão, “respeito”, é
masculino e não poderia ser determinado por um artigo feminino.
b. Na letra ‘c’, o termo “à alunos de Engenharia” é objeto indireto do
verbo “apresenta”. Logo, existe aí a preposição a. Porém, o
complemento apresentado é o substantivo masculino “alunos”, que
não permite a presença do artigo feminino e, consequentemente,
inviabiliza a ocorrência da crase.
c. A letra ‘d’ está errada pelo mesmo motivo da ‘c’.

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Questão 04
Ano: 2016
Órgão: Câmara Municipal de Araraquara - SP
Prova: Assistente

Leia as opções abaixo e assinale a alternativa em que a crase está


correta.
a) Este ano os alunos vão à São Paulo para fazer pesquisas.
b) O aluno da escola está encerrando o trabalho que será entregue à sua
professora.
c) Este ano os alunos vão à Bahia para fazer pesquisas.
d) O aluno está se dedicando à pesquisar novos meios de comunicação.

Gabarito: C
Comentários:

1. A crase com o verbo “ir” demanda uma análise específica e um macete


bastante conhecido para se averiguar sua existência.
a. Em primeiro plano, o verbo “ir” rege um complemento com a
preposição a, pois quem vai, vai a algum lugar. Não é mesmo?
Ocorre que, para haver crase, é necessário que esse complemento
seja determinado pelo artigo feminino a, o que nem sempre é
identificável à primeira vista.
b. Nas letras ‘a’ e ‘c’, respectivamente, temos “vão à São Paulo” e “vão
à Bahia”. Como identificar se tais ocorrências são craseadas? O
macete é simples: troque o verbo ir pelo verbo voltar e verifique
em qual ocorrência o artigo aparece:
i. Ir a São Paulo; voltar de São Paulo;
ii. Ir à Bahia; voltar da (de + a) Bahia.
c. Vimos acima que o artigo aparece apenas quando o complemento
é Bahia. Portanto, a letra ‘a’ está errada e a letra ‘c’ está correta.
2. A letra ‘b’ traz um caso de crase facultativa, o que poderia anular a
questão. No entanto, não foi esse o posicionamento da banca, que
considerou como gabarito a alternativa “mais correta”. Analisemos:
a. O trecho “entregue à sua professora” está correto, apenas não se
trata de ocorrência obrigatória da crase. A facultatividade se explica
por ser possível
i. enxergar o determinante na desinência do pronome
possessivo – “entregue a sua professora”;
ii. assim como optar pelo registro do determinante de forma
independente do pronome – “entregue à sua professora”.
3. Por último, a letra ‘d’ não está correta, pois não se admite a ocorrência da
crase diante de verbos no infinitivo. O infinitivo é uma das formas nominais
do verbo e não admite a determinação no feminino, razão por que a crase
se torna impossível de acontecer.

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Questão 05
Ano: 2016
Órgão: EBSERH
Prova: Técnico de enfermagem

Rito de Passagem
Um dia seu filho se aproxima e diz, assim como quem não quer nada: “Pai, fiz
a barba”. E, a menos que se trate de um pai desnaturado ou de um barbeiro
cansado da profissão, a emoção do pai será inevitável. E será uma complexa
emoção essa, um misto de assombro, de orgulho, mas também de melancolia. O
seu filho, o filhinho que o pai carregou nos braços, é um homem. O tempo
passou.
Barba é importante. Sempre foi. Patriarca bíblico que se prezasse usava barba.
Rei também. E um fio de barba, ou de bigode, tradicionalmente se constitui numa
garantia de honra, talvez não aceita pelos cartórios, mas prezada como tal. Fazer
a barba é um rito de passagem.
Como rito de passagem, ele não dura muito. Fazer a barba. No início, é uma
revelação; logo passa à condição de rotina, e às vezes de rotina aborrecida.
Muitos, aliás, deixam crescer a barba por causa disto, para se ver livre do
barbeador ou da lâmina de barbear. Mas, quando seu filho se olha no espelho, e
constata que uns poucos e esparsos pelos exigem - ou permitem - o ato de
barbear-se, ele seguramente vibra de satisfação.
Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensa que a infância ficou
pra trás. E, no entanto, é exatamente isto: o rosto que nos mira do espelho já
não é mais o rosto da criança que fomos. É o rosto do adulto que seremos. E os
pelos que a água carrega para o ralo da pia levam consigo sonhos e fantasias
que não mais voltarão.
É bom ter barba? Essa pergunta não tem resposta. Esta pergunta é como a
própria barba: surge implacavelmente, cresce não importa o que façamos. Cresce
mesmo depois que expiramos. E muitos de nós expiramos lembrando certamente
o rosto da criança que, do fundo do espelho, nos olha sem entender.
(SCLIAR, Moacyr et al. Histórias de grandeza e de miséria. Porto Alegre: L&PM, 2003)

Em “logo passa à condição de rotina” (3°§), ocorre o acento grave


indicativo de crase. Dentre as reescrituras do fragmento propostas
abaixo, assinale a que NÃO ilustra um erro no emprego desse acento.
a) logo passa à esta situação de rotina
b) logo passa à situações de rotina
c) logo passa à fazer parte da rotina
d) logo passa à um contexto de rotina
e) logo passa à construção da rotina

Gabarito: E
Comentários:

38
1. Todas as alternativas apresentam o verbo “passar”, que, no contexto em
que foi aplicado, é transitivo indireto e rege complemento iniciado pela
preposição a. Logo, asseguramos a existência da preposição e passaremos
a verificar a existência do artigo feminino para verificar em qual assertiva
a crase ocorre de forma correta.
2. Vamos comentar cada uma das alternativas:
a. Na letra ‘a’, a crase está ocorrendo diante do pronome
demonstrativo “esta”, o que não é possível. A crase só pode ocorrer
com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo,
pela fusão da preposição a com a letra a que inicia estes pronomes.
b. Na letra ‘b’, a crase está ocorrendo em “à situações”, o que também
não é possível. Como “situações” está no plural, o artigo também
está no plural – as. Sendo assim, restariam somente as duas
opções de registro a seguir: A SITUAÇÕES ou ÀS SITUAÇÕES.
c. A letra ‘c’ traz “passa à fazer”, porém não é possível a ocorrência
da crase diante de verbos no infinitivo, uma vez que estes não
admitem a determinação no feminino.
d. A letra ‘d’, por fim, traz a ocorrência mais flagrantemente
equivocada, dado que traz a crase diante de um artigo masculino.
A presença do artigo feminino é condição indispensável para
ocorrência do fenômeno, do contrário haverá somente a preposição
a.

Questão 06
Ano: 2015
Órgão: EMBASA
Prova: Enfermeiro do Trabalho

Não quer ajudar, não atrapalha


(Gregório Duvivier)

É sempre a mesma coisa. Primeiro todo o mundo põe um filtro arco-íris no


avatar. Depois vem uma onda de gente criticando quem trocou o avatar. Depois
vem a onda criticando quem criticou. Em seguida começam a criticar quem
criticou os que criticaram. Nesse momento já começaram as ofensas pessoais e
já se esqueceu o porquê de ter trocado o avatar, ou trocado o nome para guarani
kayowá, ou abraçado qualquer outra causa.
Toda batalha pode ser ridicularizada. Você é contra a homofobia: essa
bandeira é fácil, quero ver levantar bandeira contra a transfobia. Você é contra
a transfobia: estatisticamente a transfobia afeta muito pouca gente se comparada
ao machismo. Você é contra o machismo: mas a mulher está muito mais incluída
na sociedade do que os negros. E por aí vai. Você é de esquerda, mas não doa
pros pobres? Hipócrita. Ah, você doa pros pobres? Populista. Culpado.
Assistencialista.
Cintia Suzuki resumiu bem: “Você coloca um avatar coloridinho, aí não pode
porque tem gente passando fome. Aí o governo faz um programa pras pessoas

39
não passarem mais fome, e aí não pode porque é sustentar vagabundo (...).
Moral da história: deixa os outros ajudarem quem bem entenderem, já que você
não vai ajudar ninguém".
Todo vegetariano diz que a parte difícil de não comer carne não é não comer
carne. Chato mesmo é aguentar a reação dos carnívoros: “De onde você tira a
proteína? Você tem pena de bicho? Mas de rúcula você não tem pena? E das
pessoas que colhem a rúcula, você não tem pena? E dos peruanos que não
podem mais comprar quinoa e estão morrendo de fome?"
O estranho é que, independentemente da sua orientação em relação à carne,
não há quem não concorde que o vegetarianismo seria melhor para o mundo,
seja do ponto de vista dos animais, ou do meio ambiente, ou da saúde, ou de
tudo junto. O problema é exatamente esse: alguém fazendo alguma coisa lembra
a gente de que a gente não está fazendo nada. Quando o vizinho separa o lixo,
você se sente mal por não separar. A solução? Xingar o vizinho, esse hipócrita
que separa o lixo, mas fuma cigarro. Assim é fácil, vizinho.
Quem não faz nada pra mudar o mundo está sempre muito empenhado em
provar que a pessoa que faz alguma coisa está errada — melhor seria se usasse
essa energia para tentar mudar, de fato, alguma coisa. Como diria minha avó:
não quer ajudar, não atrapalha.

(Disponível em: http://www1 .folha.uol.com.br/colunas/ areaorioduvivier/2015/07/1654941-


nao-auer-aiudar-nao-atrapalha.shtml. Acesso em: 10/09/15)

No fragmento “O estranho é que, independentemente da sua


orientação em relação à carne" (5°§), ocorre um exemplo de crase. Ao
reescrever-se um trecho desse fragmento, substituindo o vocábulo
“carne" por outras construções, aponte a única opção em que o acento
grave estaria sendo usado corretamente.

a) independentemente da sua orientação em relação à escolha


b) independentemente da sua orientação em relação à uma alimentação
c) independentemente da sua orientação em relação à alimentar-se
d) independentemente da sua orientação em relação à comidas

Gabarito: A
Comentários:

1. Devemos assinalar a alternativa em que o acento grave está sendo usado


corretamente dentro da estrutura “em relação a” + complemento.
2. A locução “em relação a” tem natureza prepositiva, o que já nos garante
que o a nela presente consiste em uma preposição. Até aí temos meio
caminho andado para a ocorrência da crase. Será necessário, em seguida,
analisar se os complementos presentes nas alternativas trazem o artigo
feminino a.
3. Vejamos uma a uma:
a. Letra ‘b’ – “em relação à uma alimentação” combina a preposição
a com o artigo feminino indefinido uma. Como só pode haver um

40
artigo, a redação “à uma” está equivocada, pois pressupõe o
convívio da preposição a, do artigo a e do artigo uma.
b. Letra ‘c’ – “em relação à alimentar-se” também está incorreto. Não
ocorre crase diante de verbo no infinitivo, pois este não admite
determinante (artigo) diante dele. Só acontece de um artigo vir
diante de uma forma infinitiva quando, por derivação imprópria,
ocorrer sua substantivação. Exemplo: “Quando se é pai, o alimentar
passa a ser uma experiência cotidiana”. De todo modo, não há que
se falar em crase.
c. Letra ‘d’ – “em relação à comidas” faz, também equivocadamente,
uma confusão quanto ao artigo que determina o substantivo
“comidas”. Como está no plural, seu determinante é as, e não a.
Desse modo, seria possível grafar apenas “a comidas”, ou “às
comidas”.
d. Letra ‘a’ – “em relação à escolha” está correto, pois se divide desta
forma: em relação a (prep.) + a (artigo) escolha, donde temos em
relação à escolha.

Questão 07
Ano: 2015
Órgão: Docas - PB
Prova: Assistente Administrativo

Quindins Quando sentiu que ia morrer, o Dr. Ariosto pediu para falar a sós
com a mulher, dona Quiléia (Quequé).
- Senta aí, Quequé.
Ela sentou na beira da cama. Protestou, chorosa, quando o marido disse que
sabia que estava no fim. Mas o Dr. Ariosto a acalmou. Os dois sabiam que ele
tinha pouco tempo de vida e era melhor que enfrentassem a situação sem drama.
Precisava contar uma coisa à mulher. Para morrerem paz. Contou, então, que
tinha outra família.
- O quê, Ariosto?!
Tinha. Pronto. Outra mulher, outros filhos, até outros netos. A dona Quiléia
iria saber de qualquer maneira, pois ele incluíra a outra família no seu
testamento. Mas tinha decidido contar ele mesmo. De viva, por assim dizer, voz.
Para que não ficasse aquela mentira entre eles. E para que dona Quiléia fosse
tolerante com a sua memória e com a outra. Promete, Quequé? Dona Quiléia
chorava muito. Só pôde fazer “sim” com a cabeça. Aliviado, o Dr. Ariosto deixou
a cabeça cair no travesseiro. Podia morrer em paz.
Mas aconteceu o seguinte: não morreu. Teve uma melhora surpreendente,
que os médicos não souberam explicar e que Dona Quiléia atribui à promessa
que fizera a seu santo. Em poucas semanas, estava fora de cama. Ainda precisa
de cuidados, é claro. Dona Quiléia tem que regular sua alimentação, dar remédio
na hora certa... Ficam os dois sentados na sala, olhando a televisão, em silêncio.
Um silêncio constrangido. O Dr. Ariosto arrependido de ter feito a confissão. A
Dona Quiléia achando que não fica bem se aproveitar de uma revelação que o

41
homem fez, afinal, no seu leito de morte. Simplesmente não tocam no assunto.
No outro dia o Dr. Ariosto teve permissão do médico para sair, pela primeira vez,
de casa. Arrumou-se. Pediu para chamarem um táxi.
- Quer que eu vá com você? - perguntou a mulher.
- Não precisa.
- Você demora? - Não, não. Vou só...
Não completou a frase. Ficaram mais alguns instantes na porta, em silêncio.
Depois ele disse:
- Bom. Tchau.
- Tchau.
Agora, tem uma coisa: Dona Quiléia não pagou a promessa ao santo. Ainda
compra quindins escondido e os come sozinha. Aliás, deu para comer quindões.
Grandes, enormes, translúcidos quindões.
(Luis Fernando Veríssimo)

No fragmento “Precisava contar uma coisa à mulher” (3°§), a crase


ocorre, basicamente, devido:

a) à regência do verbo precisar e ao complemento feminino.


b) à construção de uma locução adverbial com vocábulo feminino.
c) ao “a” inicial de uma locução prepositiva com vocábulo feminino.
d) à regência do verbo “contar” e ao complemento feminino.

Gabarito: D
Comentários:

1. A crase que ocorre em “Precisava contar uma coisa à mulher” ocorre,


como qualquer outra crase, pela fusão da preposição a com o artigo
definido feminino a. Para encontrar a explicação requerida no enunciado,
vejamos de onde vem a preposição e onde está o artigo.
2. A locução verbal “precisava contar” tem como verbo principal o verbo
contar. No contexto apresentado, este é transitivo direto e indireto, pois
pede os dois objetos simultaneamente – quem conta, conta algo (objeto
direto) a alguém (objeto indireto). Na estrutura do objeto indireto,
podemos observar a preposição a, concluindo, portanto, que a crase se
justifica parcialmente pela transitividade do verbo CONTAR.
3. Analisemos, em seguida, o núcleo do objeto indireto presente no texto:
mulher. Trata-se de um substantivo feminino singular, cujo determinante
é o artigo definido feminino a. O complemento verbal feminino, então,
consiste na segunda parte que justifica a crase no fragmento apontado.
4. Assim, está correta a letra ‘d’, que diz que a crase ocorre devido “à
regência do verbo ‘contar’ e ao complemento feminino”.
5. Vejamos as razões por que as demais alternativas estão erradas:
a. A letra ‘a’ está errada ao dizer que a crase se deve à regência do
verbo “precisar”, pois este é o verbo auxiliar da locução, e não o

42
principal. É o verbo principal que determina a natureza do eventual
complemento exigido.
b. A letra ‘b’ está errada ao atribuir a crase à construção de uma
locução adverbial com vocábulo feminino, uma vez que “à mulher”
é complemento verbal.
c. A letra ‘c’ atribui a crase ao “a” inicial de uma locução prepositiva
com vocábulo feminino. Primeiramente, o a está no final da locução
prepositiva; além disso, o termo vocábulo feminino é muito
genérico e não resiste à especificação “complemento feminino”
constante da letra ‘d’.

Questão 08
Ano: 2013
Órgão: SEAP-DF
Prova: Professor - Atividades

Indique a alternativa em que o sinal da crase é facultativo:


a) O paciente foi socorrido às pressas.
b) Hoje cedo, Sofia voltou à casa da mãe.
c) Morte de bebês leva à punição de médico.
d) Esse assunto se refere à sua casa.

Gabarito: D
Comentários:

1. O uso da crase é facultativo nos seguintes casos:


a. Diante de nomes próprios femininos, podendo haver ou não a
presença do artigo a, a depender da proximidade de quem fala com
a pessoa referida. Exemplo: “Eu me refiro à Paula”, ou “Eu me
refirmo a Paula”;
b. Diante de pronomes possessivos femininos, conforme vimos no
item 2a da questão 04;
c. Diante da preposição até. Exemplo: “O horário comercial é das 8
até as 18 horas”, ou “O horário comercial é das 8 até às 18 horas”.
2. A alternativa correta, letra ‘d’, se encaixa na hipótese de facultatividade
da crase diante de pronome possessivo feminino (1b) – “Esse assunto se
refere à sua casa”.
3. Vamos analisar os erros das demais alternativas:
a. Na letra ‘a’, a crase é obrigatória por ocorrer em uma locução
adverbial feminina - às pressas. Sugiro rever o item 4 da questão
01 sobre crase.
b. Em “Hoje cedo, Sofia voltou à casa da mãe”, temos uma referência
definida de qual é o objeto do verbo “voltou”: a casa da mãe. Trata-
se de uma casa específica, portanto o complemento pede o artigo
definido a (não é qualquer casa, é a casa da mãe), o qual se junta

43
à preposição a regida pelo verbo “voltou” e sacramenta a
ocorrência obrigatória da crase.
c. Na letra ‘c’, “Morte de bebês leva à punição de médico”, o verbo
“leva” rege o objeto indireto introduzido pela preposição a e o
complemento “punição” pede o artigo feminino a. Crase clássica.

Questão 09
Ano: 2013
Órgão: MPE-SP
Prova: Médico clínico

Continuidade dos parques


Já sem olhar, ligados firmemente à tarefa que os esperava, separaram-se na
porta da cabana. Ela devia seguir pelo caminho que ia para o norte. Do caminho
oposto ele se voltou um instante para vê-la correr com o cabelo solto. Correu por
sua vez, esquivando-se das árvores e das cercas, até distinguir na rósea bruma
do crepúsculo a alameda que levava à casa. Os cães não deviam latir, e não
latiram. O capataz não estaria a essa hora, e não estava. Subiu os três degraus
do pórtico e entrou. Pelo sangue galopando em seus ouvidos chegavam-lhe as
palavras da mulher: primeiro uma sala azul, depois uma galeria, uma escadaria
atapetada. No alto, duas portas. Ninguém no primeiro cômodo, ninguém no
segundo. A porta do salão, e então o punhal na mão, a luz dos janelões, o alto
respaldo de uma poltrona de veludo verde, a cabeça do homem na poltrona lendo
um romance.
Ainda com base no texto, assinale abaixo a alternativa que apresenta erro no que
se refere ao acento indicativo da crase.

a) “ligados firmemente à tarefa que os esperava”


b) “até distinguir na rósea bruma do crepúsculo a alameda"
c) “a luz dos janelões”
d) “O capataz não estaria a essa hora”
e) “a alameda que levava à casa”

Gabarito: C
Comentários:

1. O erro no que se refere ao acento indicativo da crase, conforme solicita o


enunciado, pode decorrer da presença ou da ausência do acento grave no
texto das alternativas apresentadas.
2. A letra ‘a’ não apresenta erro, pois ocorrem a preposição a (regida por
“ligados”) e o artigo a, que determina “tarefa”, resultando corretamente
em “ligados (...) à tarefa”.

44
3. A letra ‘b’ também não apresenta erro, uma vez que em “a alameda”
ocorre tão somente o artigo definido feminino. Não há crase, portanto.
4. A letra ‘c’ também não apresenta erro, pois “a luz dos janelões” contém
tão somente o artigo feminino diante do substantivo feminino “luz”.
Poderia até se tratar de uma locução adverbial, caso em que a crase
ocorreria (à luz de), mas o contexto do fragmento no texto original dissipa
tal hipótese.
5. Na letra ‘d’, a preposição a se encontra diante do pronome demonstrativo
“essa”. Como já vimos no item 1 da questão 01, a crase só acontece com
os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) ou aquilo.
6. Por fim, o gabarito, letra ‘e’. Pela clareza, copio as palavras de Napoleão
Mendes de Almeida a respeito da não ocorrência da crase diante da
palavra casa (pp. 60 e 61 da 46ª edição da Gramática Metódica da Língua
Portuguesa):
Possuímos duas palavras femininas que, ordinariamente,
não admitem o artigo: casa, na acepção de moradia, residência:
“Vim de casa” – “Estive em casa” – “Ó de casa” – são expressões
que mostram claramente a não existência do artigo antes do
vocábulo casa, pois do contrário as expressões seriam “Vim da
casa” – “Estive na casa” – “Ó da casa”. Daqui facilmente
concluiremos ser erro crasear o a antes dessa palavra, quando
empregada com o sentido de lar, residência, domicílio: “Eu vou
a casa”, e não: “Eu vou à casa”.
Se, porém, o vocábulo casa vier seguido de uma
especificação qualquer, como “A Casa X”, “A casa de Pedro”, é
admissível e necessária a crase (quando, naturalmente, essa
palavra estiver em relação complementar). “Fui à Casa Anglo-
Brasileira” – “Dirigi-me à casa de Pedro” – “Irei à Casa da Moeda”
– pois, aplicando-se a segunda regra prática, diremos: “Estive na
Casa da Moeda” – “Vim da casa de Pedro”.

Questão 10
Ano: 2013
Órgão: PC-RJ
Prova: Oficial de Cartório

Mães fazem ‘mamaço’ em unidade do Sesc em São Paulo


Por Flávia Martin
Em meio a fotografias de animais selvagens nas paisagens mais remotas
e intocadas do mundo, retratados por Sebastião Salgado e expostos em
“Genesis”, no Sesc Belenzinho, zona leste, 20 mães faziam algo igualmente
primitivo e natural: davam o peito para seus bebês mamarem.
O “mamaço” da manhã de hoje foi organizado depois que a turismóloga
Geovana Cleres, 35, foi proibida de amamentar Sofia, 1 ano e 4 meses, naquela
unidade do Sesc, na última quarta-feira.

45
Segundo Geovana, uma funcionária abordou dizendo que não era
permitido dar de mamar no espaço de leitura do Sesc e pediu que ela fosse à
sala de amamentação.
Trata-se de um espaço pequeno, com um micro-ondas para esquentar
papinhas e mamadeiras e uma poltrona, que, naquele momento, estava ocupada
por um pai que dava comida para o filho.
“Fiquei sem entender, mas, apesar do incômodo, tirei a Sofia do peito.
Alegaram que outras crianças poderiam ficar olhando e até sentir vontade de
mamar”, conta.
Geovana encaminhou a reclamação ao Sesc e desabafou no Facebook.
Gerei um burburinho e encontrei outras mães que já tinham tido esse problema
aqui.”
[...]
O Sesc Belenzinho afirmou que a proibição a Geovana foi um erro pontual
de uma funcionária. Coordenadores da unidade acompanharam o “mamaço” e
pediram desculpas às mães presentes.

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/11/1372731-maes-fazem-


mamaco-em-unidade-do-sesc-em-sao-paulo.shtml
(Acessado em 17/11/2013)

Nos trechos “Em meio a fotografias de animais selvagens” e “O Sesc


Belenzinho afirmou que a proibição a Geovana”, ocorrem (sic) a preposição
“a”. Assinale a opção em que se faz uma análise incorreta em relação ao uso do
acento grave nesses fragmentos.

a) No primeiro caso, a crase é proibida.


b) No segundo caso, pode não ocorrer crase.
c) No segundo caso, poderia ocorrer crase sem alteração de sentido.
d) No primeiro caso, ocorreria crase caso a palavra estivesse acompanhada de
artigo.
e) Nos dois casos, deveria ocorrer crase obrigatoriamente.

Gabarito: E
Comentários:
1. A questão pede para assinalarmos a alternativa que faz uma análise
incorreta sobre o uso do acento grave nos dois fragmentos do texto
constantes do enunciado.
2. Quanto ao primeiro fragmento, “Em meio a fotografias de animais
selvagens”, há três afirmações:
a. A letra ‘a’ diz que a crase aí é proibida, o que está correto. Uma vez
que “fotografias” está no plural, a preposição (a) não coincide com
o artigo ausente (as) e a crase não ocorre. A redação da
reportagem, portanto, está correta.

46
b. A letra ‘d’ também está correta ao dizer que haveria a crase se o
artigo estivesse presente, pois a + as = às. Assim, teríamos “Em
meio às fotografias (...)”.
c. A letra ‘e’ diz que deveria ocorrer crase obrigatoriamente, o que
contradiz a letra ‘a’, que já vimos estar correta. É o gabarito da
questão.
3. Quanto ao segundo fragmento, “O Sesc Belenzinho afirmou que a
proibição a Geovana”, são feitas duas afirmações.
a. A letra ‘b’ diz que não pode haver crase. A banca
b. A letra ‘c’ diz que poderia ocorrer crase sem alteração do sentido.

47
FUNÇÕES MORFOSSINTÁTICAS DO “QUE” E DO “SE”

Questão 01
Ano: 2016
Órgão: EBSERH
Prova: Médico urologista

Carnaval de trazer por casa


Quinze dias antes já os olhos se colavam aos pés, com medo de uma queda
que acabasse com o Carnaval. Subíamos e descíamos as escadas, como quem
pisa algodão. [...] Nós éramos todas meninas. Tínhamos a idade que julgávamos
ser eterna. Sonhávamos com os cinco dias mais prometidos do ano. A folia
começava sexta-feira e só terminava terça quando as estrelas iam muito altas.
Havia o cheiro das bombinhas que tinham um odor aproximado ao dos ovos
podres e que se misturava com o pó do baile que se colava aos lábios. Que se
ressentiam vermelhos de dor. Havia o cantor esganiçado em palco a tentar a
afinação, que quase nunca conseguia: [...] Depois os bombos saíam à rua, noite
fora, dia adentro. [...] E na noite que transformava o frio do inverno no calor do
Carnaval, eu tinha a certeza de que aquele som dos bombos fazia parte do meu
código genético. E que o Carnaval ia estar sempre presente nas ruas estreitas da
minha aldeia, assim, igual a si próprio, com os carros de bois a chiar pelas ruas,
homens vestidos de mulheres com pernas cheias de pelos, mulheres vestidas de
bebês, o meu pai vestido de François Mitterrand e eu com a certeza de que o
mundo estava todo certo naqueles cinco dias, na minha aldeia.
O outro, o que via nas televisões, não era meu.
(FREITAS, Eduarda. Revista Carta Capital. Disponível em: http://
www.cartacapital.com.br/sociedade/carnaval-de-trazer-por-
casa/?autor=40. Acesso em set. 2016.)
Considere o fragmento abaixo para responder à questão seguinte.

“E na noite que transformava o frio do inverno no calor do Carnaval, eu tinha a


certeza de que aquele som dos bombos fazia parte do meu código genético.”
(10§)

Há duas ocorrências do vocábulo “que” no trecho em análise. Contudo,


possuem classificações morfológicas distintas. Assim, nota-se que,
respectivamente, são:

a) pronome relativo e conjunção integrante


b) conjunção consecutiva e pronome interrogativo
c) pronome relativo e conjunção explicativa
d) conjunção integrante e pronome relativo
e) conjunção explicativa e pronome relativo
48
Gabarito: A
Comentários:

1. A palavra que pode ter diversas classificações morfológicas na língua


portuguesa, dentre elas conjunção, pronome interrogativo, pronome
relativo e interjeição.
2. A questão exige que o candidato classifique morfologicamente os dois
quês presentes no fragmento “E na noite que transformava o frio do
inverno no calor do Carnaval, eu tinha a certeza de que aquele som dos
bombos fazia parte do meu código genético”.
a. “E na noite QUE transformava o frio do inverno no calor do
Carnaval, (...)” é uma construção na qual se vê a palavra que
exercendo a função de pronome relativo, tendo por referente o
substantivo noite. Quando é pronome relativo, será sempre
conversível em o qual, a qual, os quais, as quais. Fazendo o teste,
temos “E na noite A QUAL transformava o frio do inverno no calor
do Carnaval, (...)”.
b. Em “(...) eu tinha a certeza de QUE aquele som dos bombos fazia
parte do meu código genético”, o que introduz uma oração
subordinada substantiva completiva nominal. Ele tem a função,
portanto, de conjunção integrante. Um macete corrente para se
identificar uma oração substantiva é a possibilidade de substituí-la
por “isto”. No caso, seria possível dizer “(...) eu tinha certeza
DISTO”, o que confirma a classificação da oração como substantiva
e da conjunção como integrante.

Questão 02
Ano: 2016
Órgão: EBSERH
Prova: Técnico em Segurança do Trabalho

Setenta anos, por que não?


Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos
com a vida. Se a gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira
ruga, ou do começo de barriguinha, então viver é de certa forma uma desgraceira
que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença crônica
de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não
se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão
lendo na poltrona junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha
branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje
aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente à cidade
vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema, indo a restaurante
(pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando de

49
novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os
filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela
primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na calçada batendo papo com
alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros
e da vida, críticos o tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das
pessoas. Da própria família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores,
acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias
palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como
dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias
exageradas, dos remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”.
A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos. Precisa
acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

Considerando o emprego do pronome “se” em “A alma tem suas dores, e


para se curar necessita de projetos e afetos.” (3º§), nota-se uma
ambiguidade oriunda do emprego incomum da forma passiva sintética.

Desse modo, NÃO entendendo a construção como passiva, o leitor


compreenderia a passagem da seguinte forma:

a) A alma tem suas dores, e para que cure a si mesma necessita de projetos e
afetos.
b) A alma tem suas dores, e para que seja curada necessita de projetos e afetos.
c) A alma tem suas dores, e para que se sinta curada necessita de projetos e
afetos.
d) A alma tem suas dores, e para que a curem necessita de projetos e afetos.
e) A alma tem suas dores, e para que busque a cura necessita de projetos e
afetos.

Gabarito: A
Comentários:

1. A questão exige do candidato o conhecimento de duas das várias funções


exercidas pela palavra se:
a. PRONOME APASSIVADOR – o se mais uma terceira pessoa verbal,
singular ou plural, em concordância com o sujeito. Exemplo: Não
se pode querer passar no concurso do TJPE sem esforço”.
b. PRONOME PESSOAL REFLEXIVO – quando o objeto direto ou
indireto representa a mesma pessoa ou a mesma coisa que o
sujeito do verbo. Exemplo: “Ele se inscreveu para o concurso do
TJPE”.
2. A alternativa ‘b’ traz “para que seja curada”, texto em que permanece a
ideia de passividade em relação à alma, o que não atende ao comando do
enunciado.

50
3. A alternativa ‘c’ traz “para que se sinta curada”, texto em que a forma
verbal sentir-se está na voz ativa, porém subverte o sentido original.
4. A alternativa ‘d’ traz “para que a curem”, texto em que o verbo curar está
na voz ativa, porém subverte o sentido original.
5. A alternativa ‘e’ traz “para que busque a cura”, texto em que a forma
verbal busque está na voz ativa, porém subverte o sentido original.
6. Por fim, a alternativa ‘a’ traz para que “cure a si mesma”, revelando uma
interpretação possível a partir do uso da palavra se não como pronome
apassivador, mas como pronome reflexivo. A alma age e sofre
simultaneamente o efeito da ação verbal, que é curar.

Questão 03
Ano: 2016
Órgão: TCM-RJ
Prova: Técnico de Controle Externo

Meu engraxate
É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu
engraxate me deixou.
Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada.
Então me (1) inquietei, não sei que (2) doenças mortíferas, que (3) mudança
pra outras portas se passaram em mim, resolvi perguntar ao
menino que (4) trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de
hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia alguma. E tímido, o que torna
instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de
desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria”,
respondeu antipático, me (5) deixando numa perplexidade penosíssima: pronto!
Estava sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou um
dos que ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir
que tinha de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um
menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom.
(ANDRADE, Mário de. Os Filhos da Candinha. São Paulo, Martins, 1963. P. 167)

Quanto ao emprego das palavras que e me, destacadas no texto,


identifique com V a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e com F, a(s)
falsa(s):

( ) Nas três ocorrências, a palavra que (2), (3) e (4) tem a mesma função
sintática.
( ) Nas duas ocorrências, a palavra me (1) e (5) refere-se ao narrador.
( ) A palavra que (4) pode ser classificada como pronome relativo.
( ) A palavra que (2) estabelece a coesão textual, retomando “doenças
mortíferas”.

51
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para
baixo.

a) V V F V
b) F V F V
c) F V V F
d) F F V V

Gabarito: C
Comentários:

1. A questão em comento avalia se o candidato é capaz de identificar o papel


morfossintático das palavras que e me ocorridas ao longo do texto.
2. Analisemos cada uma das afirmativas propostas:
(F) Nas três ocorrências, a palavra que (2), (3) e (4) tem a
mesma função sintática.
a. Falso. A palavra que tem uma função nas ocorrências 2 e 3, e outra
na ocorrência 4. Vejamos:
i. Em “(...) não sei que (2) doenças mortíferas, que (3)
mudança pra outras portas se passaram em mim”, o que é
pronome interrogativo. Ele se refere, em 2, a “doenças
mortíferas”; em 3, a “mudança”. Assume a função sintática
do respectivo referente, que é a de OBJETO DIRETO.
ii. Em “(...) resolvi perguntar ao menino que (4) trabalhava na
outra cadeira”, o que é um pronome relativo, que exerce a
função de SUJEITO da oração que introduz.
(V) Nas duas ocorrências, a palavra me (1) e (5) refere-se ao
narrador.
a. Verdadeiro. O texto é uma crônica de Mário de Andrade, narrada
em 1ª pessoa. As duas ocorrências do me se referem ao sujeito
das ações verbais, que coincide com o narrador do texto.

(V) A palavra que (4) pode ser classificada como pronome


relativo.
a. Verdadeiro. Em “resolvi perguntar ao
menino que (4) trabalhava na outra cadeira”, o que é um
pronome relativo que retoma o antecedente “menino”.
(F) A palavra que (2) estabelece a coesão textual, retomando
“doenças mortíferas”.
a. A função coesiva que implica retomar um elemento do texto é
conhecida como ANÁFORA. Porém, o que mencionado é um
pronome indefinido que, inclusive, antecede o termo “doenças
mortíferas”. Logo, sua posição na frase e sua semântica de
indefinição não permitem considerá-lo um termo anafórico.

52
Questão 04
Ano: 2016
Órgão: EBSERH
Prova: Técnico de enfermagem

Rito de Passagem
Um dia seu filho se aproxima e diz, assim como quem não quer nada: “Pai, fiz
a barba”. E, a menos que se trate de um pai desnaturado ou de um barbeiro
cansado da profissão, a emoção do pai será inevitável. E será uma complexa
emoção essa, um misto de assombro, de orgulho, mas também de melancolia. O
seu filho, o filhinho que o pai carregou nos braços, é um homem. O tempo
passou.
Barba é importante. Sempre foi. Patriarca bíblico que se prezasse usava barba.
Rei também. E um fio de barba, ou de bigode, tradicionalmente se constitui numa
garantia de honra, talvez não aceita pelos cartórios, mas prezada como tal. Fazer
a barba é um rito de passagem.
Como rito de passagem, ele não dura muito. Fazer a barba. No início, é uma
revelação; logo passa à condição de rotina, e às vezes de rotina aborrecida.
Muitos, aliás, deixam crescer a barba por causa disto, para se ver livre do
barbeador ou da lâmina de barbear. Mas, quando seu filho se olha no espelho, e
constata que uns poucos e esparsos pelos exigem - ou permitem - o ato de
barbear-se, ele seguramente vibra de satisfação.
Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensa que a infância ficou
pra trás. E, no entanto, é exatamente isto: o rosto que nos mira do espelho já
não é mais o rosto da criança que fomos. É o rosto do adulto que seremos. E os
pelos que a água carrega para o ralo da pia levam consigo sonhos e fantasias
que não mais voltarão.
É bom ter barba? Essa pergunta não tem resposta. Esta pergunta é como a
própria barba: surge implacavelmente, cresce não importa o que façamos. Cresce
mesmo depois que expiramos. E muitos de nós expiramos lembrando certamente
o rosto da criança que, do fundo do espelho, nos olha sem entender.
(SCLIAR, Moacyr et al. Histórias de grandeza e de miséria. Porto Alegre:
L&PM, 2003)
Em “o rosto que nos mira do espelho já não é mais o rosto da
criança que fomos” (4°§), os termos em destaque têm sua correta
classificação gramatical indicada em:

a) Os dois são conjunções integrantes.


b) O primeiro é uma conjunção integrante e o segundo um pronome relativo.
c) Ambos são pronomes relativos, porém os referentes são distintos.
d) Os dois são conjunções consecutivas.
e) Nos dois casos, os pronomes são indefinidos.

Gabarito: C
Comentários:

53
1. A partir do texto das alternativas, é possível saber que a banca está
cobrando do candidato o conhecimento sobre a classificação morfológica
das duas ocorrências do que sublinhadas no trecho destacado.
2. A primeira, “o rosto que nos mira (...)”, evidencia tratar-se de um
pronome relativo cujo antecedente é “rosto”. Note que o que pode ser
devidamente substituído por o qual.
3. A segunda ocorrência, “(...) não é mais o rosto da criança que fomos”,
traz novamente um pronome relativo, mas de referente distinto:
“criança”. Tal como o primeiro que, é possível substituí-lo por a qual.
4. Do exposto, o gabarito é letra ‘c’: ambos são pronomes relativos, porém
os referentes são distintos.

Questão 05
Ano: 2015
Órgão: SAEB-BA
Prova: Analista

Considere o fragmento transcrito a seguir para responder a questão.

“O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens


insubstituíveis, de outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do
consumo de energia, o tratamento do lixo, o replanejamento das cidades e dos
transportes." (7°§)

A respeito da palavra “que”, em destaque no fragmento, assinale,


dentre as alternativas abaixo, aquela em que tal vocábulo possua as
mesmas características morfossintáticas.

a) Espero que tudo ocorra bem.


b) Que lindo!
c) Eu li o livro que você me deu
d) Dormiu tanto que perdeu a hora.
e) O rapaz que chegou era meu amigo.

Gabarito: E
Comentários:

1. Novamente, o IBFC cobra do candidato o conhecimento sobre as funções


da palavra que.
2. Primeiro, vamos analisar e descobrir qual a função do que no fragmento
de texto “produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo
de energia”.
a. O que exerce aí a função morfológica de pronome relativo, uma vez
que se refere, em uma oração, a termo de outra. O referente do
“que” em comento é “tecnologias”, podendo-se substituí-lo por “as
quais”.
54
b. O que tem como antecedente “tecnologias”, que desempenha a
função de sujeito da oração “facilitam a redução do consumo de
energia”. Sintaticamente, portanto, o que exerce a função de
sujeito.
3. Identifiquemos, em seguida, dentre as alternativas, aquela cujo que
exerça também a função morfológica de pronome relativo e sintática de
sujeito.
a. Letra ‘a’ – Em “Espero que tudo ocorra bem”, o que tem a função
de conjunção integrante, pois introduz a oração subordinada
substantiva objetiva direta “que tudo ocorra bem”. Podemos atestar
a classificação sintática ao substituirmos a oração subordinada em
questão por isto: “Espero isto”. Sendo assim, a letra ‘a’ não é o
gabarito.
b. Letra ‘b’ – em “Que lindo!”, o que exerce a função de advérbio a
modificar o adjetivo “lindo”. Também não é este o gabarito da
questão.
c. Letra ‘c’ – “Eu li o livro que você me deu” traz um que cuja função
morfológica é a de pronome relativo, tendo por antecedente “livro”.
Sua função sintática, porém, não é de sujeito. Vejamos a seguinte
composição e sua análise:
i. EU LI O LIVRO + VOCÊ ME DEU O LIVRO = EU LI O LIVRO
QUE VOCÊ ME DEU.
ii. O que retoma o antecedente “livro” e assume a mesma
função sintática deste. Pela análise da oração resultante das
duas menores, tal função sintática é a de OBJETO DIRETO.
iii. Logo, a letra ‘c’ também não é o gabarito.
d. Letra ‘d’ – Em “Dormiu tanto que perdeu a hora”, o que exerce a
função de conjunção subordinativa consecutiva. Apesar de a banca
não ter usado, normalmente as orações subordinadas consecutivas
são precedidas de vírgula – “Dormiu tanto, que perdeu a hora”. De
toda forma, ela expressa a consequência (perder a hora) da causa
expressa na oração principal (dormir tanto) e é introduzida pela
conjunção “que”.
e. Letra ‘e’ – “O rapaz que chegou era meu amigo” traz a nossa
resposta. O que exerce, aí, a função morfológica de pronome
relativo (antecedente: “rapaz”) e a função sintática de sujeito.
Vejamos:
i. O RAPAZ CHEGOU + O RAPAZ ERA MEU AMIGO = O RAPAZ
QUE CHEGOU ERA MEU AMIGO.
ii. O “que” retoma “o rapaz”, assumindo a função sintática de
seu antecedente, que é a de SUJEITO. Temos, então, um
caso idêntico ao do fragmento do enunciado.

55
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

1. As questões a seguir versam sobre as funções da linguagem. Mas qual a


natureza dessas funções e quais são elas? Vamos fazer uma revisão.
2. Essa classificação da linguagem foi obra de um linguista russo chamado
Roman Jakobson. Ele pensava que a linguagem deveria ser estudada em
todas as suas funções dentro do processo de comunicação verbal
(linguagem em uso). Sua teoria nos legou, ao todo, 6 funções.
3. Pois bem, cada elemento do processo de comunicação verbal tem uma
função a ele referente – temos, portanto, 6 elementos e 6 funções.
Imaginemos uma situação de conversa entre duas pessoas e vejamos,
num primeiro momento, que elementos são esses:
a. EMISSOR – o EU que emite (codifica) a mensagem;
b. RECEPTOR – o OUTRO que recebe (decodifica) a mensagem;
c. REFERENTE – o tópico ou o ASSUNTO sobre o qual se diz algo;
d. MENSAGEM – o QUE, de fato, SE DIZ;
e. CANAL – a CONEXÃO que assegura que a comunicação esteja
fluindo entre o emissor e o receptor;
f. CÓDIGO – o SISTEMA DE SIGNOS que possibilita a construção e a
transmissão de mensagens, ou seja, é a própria linguagem
expressada em sua forma.
4. Vejamos agora quais as funções correspondentes a cada um dos
elementos listados:
a. EMOTIVA – quando o texto reflete o ânimo, o estado de espírito,
as emoções do emissor;
i. A presença da 1ª pessoa, tanto no singular quanto no plural,
é marcante quando essa função está presente no texto.
b. APELATIVA (ou CONATIVA) – quando o texto centra atenção sobre
o receptor, com a intenção de provocar nele uma mudança de
estado ou atitude;
i. Verbos no imperativo e o uso de vocativos são característicos
dessa função.
c. REFERENCIAL (ou DENOTATIVA) – quando o foco recai sobre o
tópico a respeito do qual se diz algo, a informação objetivamente
considerada, o fato;
i. A exposição de ideias, como num texto dissertativo em 3ª
pessoa, bem como a escrita de uma notícia exemplificam
bem tal função.
d. POÉTICA – quando a atenção está centrada na mensagem, ou seja,
no COMO se diz o que se diz, com o intuito de romper o sentido
usual da linguagem e buscar novos âmbitos de expressão;
i. Trago como exemplo um verso de Álvaro de Campos, no
poema Ultimatum, em que ele se refere a pessoas que
pensam ser mais do que de fato são (o bom e velho “se
achar”): “monte de tijolos com pretensões a casa”.
e. FÁTICA – é a função que se relaciona com o canal da comunicação.
A palavra “fático(a)” denota aquilo que é relativo ao fato, e o fato

56
é aquilo que é atual, que ocorre agora. Sendo assim, peguemos
essa ideia de atualização permanente daquilo que acontece para
entendermos o sentido dessa função.
i. A função fática se relaciona, então, com o teste do canal,
para assegurar que o fluxo da comunicação está livre e
operante. O exemplo clássico é a saudação telefônica “Alô!”,
como quem diz “podemos nos falar a partir deste momento”.
f. METALINGUÍSTICA – ocorre quando o centro da atenção do texto
é o próprio código, ou seja, o próprio sistema de signos. Um filme
que fala de cinema, um dicionário (que usa palavra para falar de
palavras), entre outros exemplos.
5. Sendo assim, as funções da linguagem têm a natureza de ligar os
elementos envolvidos na comunicação com as possibilidades funcionais
que estes encerram, e são classificados em número de 6: emotiva,
apelativa, referencial, poética, fática e metalinguística.

Questão 01
Ano: 2015
Órgão: Docas - PB
Prova: Contador

Sinto-me um pouco intrusa vasculhando minha infância. Não quero perturbar


aquela menina no seu ofício de sonhar. Não a quero sobressaltar quando se abre
para o mundo que tão intensamente adivinha, nem interromper sua risada
quando acha graça de algo que ninguém mais percebeu.
Tento remontá-la aqui num quebra-cabeças que vai formar um retrato - o
meu retrato? Certamente faltarão algumas peças. Mas, falhada e fragmentária,
esta sou eu, e me reconheço assim em toda a minha incompletude. Algumas
destas narrações já publiquei. São meu rebanho, e posso chamá-las de volta
quando quiser. Muitas eu mesma vi e vivi; outras apanhei soltas no ar, pois
sempre há quem se exponha a uma criança que finge não escutar nem enxergar
muita coisa da sua vida ao rés-do-chão.
Aqui onde estou - diante deste computador, nesta altura e deste ângulo -,
afinal compreendo que não são as palavras que produzem o mundo, pois este
nem ao menos cabe dentro delas. Assim aquela menina dançando no pátio na
chuva não cabia no seu protegido cotidiano: procurava sempre o susto que viria
além.
Então enfiava-se atrás dos biombos da imaginação, colocava as máscaras e
espiava o belo e o intrigante, que levaria o resto de sua vida tentando descrever.
(Lya Luft, Mar de dentro, p. 13-14)

No texto, destaca-se o emprego de duas funções da linguagem. São


elas:

a) emotiva e poética

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b) apelativa e referencial
c) metalinguística e fática
d) referencial e emotiva

Gabarito: A
Comentários:

1. O perfil das questões do IBFC que cobram as funções da linguagem é


sempre objetivo: identificar no texto a função nele presente, ou as
funções nele presentes (quando há mais de uma).
2. Pela referência, vemos que o texto foi extraído de um livro literário. E
ainda que não soubéssemos disso, as marcas textuais são muito fortes
no sentido da expressão do EU, ou seja, de expressar o ânimo, o estado
e as emoções do emissor – no caso, a escritora Lya Luft. São abundantes
os verbos flexionados na 1ª pessoa (“Sinto-me”, “Não quero”, “Tento”),
marca da função emotiva da linguagem.
3. Além disso, conforme já destacado, o texto em análise é literário.
Sabemos que o gênero literário é um espaço em que se rompe com a
denotação, com a forma usual de dizer as palavras; é um espaço em que
as palavras servem para atingir novos sentidos, próprios da linguagem
poética – “Tento remontá-la aqui num quebra-cabeças que vai formar um
retrato”. Verificamos, assim, a presença da função poética.

Questão 02
Ano: 2014
Órgão: PC-RJ
Prova: Papiloscopista Policial

Texto I

Notícia de Jornal
(Fernando Sabino)
Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem
de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem
socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada
durante 72 horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma
ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas
regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem)
afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de
Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu
de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto
Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de
fome.

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Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes.
Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um
anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa
- não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes,
que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do
homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até
mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua
morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e
sem perdão.
Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha,
por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o
homem morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente
vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes,
que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As
autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem.
Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada
mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena
rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da
Guanabara, um homem morreu de fome.

(Disponível em http://www.fotolog.com.br/spokesman_/70276847/: Acesso


em 10/09/14)

Texto II

O Bicho
(Manuel Bandeira)

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,


Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,


Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

(Disponível em: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/bicho.htm, acesso em


10/09/2014)

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Tanto na crônica (Texto I) quanto no poema (Texto II) os enunciadores não se
limitam a apresentar o fato; eles também buscam causar comoção em seus
leitores. A função de linguagem que melhor retrata esse objetivo e os trechos
que podem representar esse aspecto são, respectivamente:

a) Função metalinguística; “Morreu de Fome” (texto I) e “ Meu Deus” (texto II).


b) Função fática; “Leio no jornal” (texto I ) e “Vi ontem um bicho” (texto II).
c) Função poética; “Leio no jornal” (texto I) e “Vi ontem um bicho” (texto II).
d) Função conativa, “Morreu de Fome” (texto I) e “ Meu Deus” (texto II).
e) Função referencial; “Um homem de cor branca” (texto I); “Na imundície do
pátio” (texto II).

Gabarito: D
Comentários:

1. A questão pede que o candidato assinale a alternativa em que, em ambos


os textos, os autores busquem causar comoção em seus leitores. Ora,
sobre que função da linguagem a questão está falando? A que centra
atenção sobre o receptor, ou seja, a função conativa (ou apelativa).
2. Isso já garantiria encontrar a resposta correta, mas analisemos as demais
alternativas quanto à correspondência entre a função apontada e os
exemplos dados.
a. Letra ‘a’ – não há correlação da função metalinguística com “Morreu
de fome” nem com “Meu Deus”, pois não há ênfase sobre o próprio
código;
b. Letra ‘b’ – a função predominante em “Leio no jornal” é a emotiva;
em “Vi ontem um bicho”, por sua vez, convivem a referencial, a
emotiva e a poética;
c. Letra ‘c’ – “Vi ontem um bicho” ilustra corretamente a função
poética, assim como “Leio no jornal”. Contudo, não é a função
poética que o enunciado pede.
d. Letra ‘e’ – “Um homem de cor branca” e “Na imundície do pátio” se
relacionam corretamente com a função referencial, mas, como já
vimos, a questão pede como resposta a função conativa.

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Questão 03
Ano: 2014
Órgão: PC-RJ
Prova: Papiloscopista Policial

Corrida contra o ebola

Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África Ocidental despertou
a atenção da comunidade internacional, mas nada sugere que as medidas até
agora adotadas para refrear o avanço da doença tenham sido eficazes.
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações registradas
neste ano ocorreram nas últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes
atestam a força da enfermidade. A escalada levou o diretor do CDC (Centro de
Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a
epidemia está fora de controle.
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De um lado, as
condições sanitárias e econômicas dos países afetados são as piores possíveis.
De outro, a Organização Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com
celeridade um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas
localidades afetadas.
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas
financeiros. Só 20% dos recursos da entidade vêm de contribuições
compulsórias dos países-membros – o restante é formado por doações
voluntárias.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área, e a
organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual, hoje de
quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC dos EUA contou, somente no
ano de 2013, com cerca de US$ 6 bilhões.
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência passou a
dar mais ênfase à luta contra enfermidades globais crônicas, como doenças
coronárias e diabetes. O departamento de respostas a epidemias e pandemias
foi dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais experimentados
deixaram seus cargos.
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a
gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados.
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá-lo
de Genebra, cidade suíça sede da OMS. Tornou-se crucial estabelecer um
comando central na África Ocidental, com representantes dos países afetados.
Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais,
sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, que possuem antigos laços com
Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente.
A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é
ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o
ebola, todo tempo perdido conta a favor da doença.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-


editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml: Acesso em: 08/09/2014)

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A função da linguagem predominante no texto “Corrida contra o ebola” é a:
a) metalinguística
b) emotiva
c) fática
d) referencial
e) apelativa

Gabarito: D
Comentários:

1. É importante destacar que o enunciado da questão pede a “função da


linguagem predominante”. Isso pressupõe que há mais de uma função
presente no texto, o que é uma realidade em praticamente todos os
textos: as funções convivem entre si nos mesmos espaços.
2. O texto apresentado consiste num editorial da Folha de São Paulo, gênero
textual marcado pela emissão de opinião a respeito de um determinado
assunto. Lembrando que a opinião se relaciona com o que o emissor
pensa, o enfoque sobre o EU é marcante e a função emotiva está
inevitavelmente presente.
3. Contudo, o tema central e todo o desenvolvimento em torno dele fazem
sobressair-se a função referencial, uma vez que o caráter informacional
sobre a corrida contra o ebola se sobrepõe à opinião do emissor, e,
portanto, à função emotiva.

Questão 04
Ano: 2014
Banca: IBFC
Órgão: TRE-AM

Prazeres mútuos
(Danuza Leão)

É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”,
“que olhos lindos”, ou coisas no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão
naturalmente quando se trata de uma criança ou até de um cachorrinho,
dificilmente fazemos a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia conheci,
no meio de várias pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da
minha admiração, fiquei calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é
só minha, acho que é geral. Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um
esforço (que não foi pequeno) e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”.
Ela, que estava séria, abriu um grande sorriso, toda feliz, e sem dúvida passou
a gostar um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que nunca mais nos
vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas,

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homens e mulheres, quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a
quem ouve ou a quem diz; mas por que, por que, essa dificuldade? Será falta
de generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo ninguém diz que você
está linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo
quando um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio,
só alguns, mais tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem,
como “você tem um pezinho lindo”. Mas sentar numa mesa para jantar pela
primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade, “que olhos lindos você tem”,
é difícil de acontecer.
Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém que ele tem o
nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa, o comentário é
espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que a alça do sutiã está aparecendo ou
que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve de um homem que
tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss - e aí é uma
obrigação elogiar todas as partes do seu corpo-, os homens não elogiam mais
as mulheres, aliás, ninguém elogia ninguém.
E é tão bom receber um elogio; o da amiga que diz que você está um
arraso já é ótimo, mas, de uma pessoa que você acabou de conhecer e que
talvez não veja nunca mais, aquele elogio espontâneo e sincero, é das
melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas,
alguma coisa de alguma delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será,
como sempre, ficar calada. Pois não fique. Faça um pequeno esforço e diga
alguma coisa que você notou e gostou; o quanto a achou simpática, como
parece tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do
mundo têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar,
e ouvir isso, sobretudo de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os
outros, mas não é delas que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se
você começar a se exercitar nesse jogo e, com sinceridade, elogiar o que
merece ser elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde passar, que
fatalmente reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo
acreditando no que aprendi na infância, e isso me faz muito bem.

(disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)

A linguagem cumpre funções que dependem da intenção do emissor e da relação


que se pretende estabelecer com o receptor, dentre outros aspectos. No trecho
“Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou;”,
percebe-se a seguinte função da linguagem:

a) Emotiva, marcada pelo sentimento do emissor.


b) Conativa, voltada para o interlocutor.
c) Referencial, destacando-se o objetivo da autora.
d) Metalinguística, priorizando-se o próprio código.

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Gabarito: B
Comentários:

1. A questão delimita um trecho do texto a ser analisado e pede que o


candidato aponte a função da linguagem presente. Isso simplifica o
trabalho, pois há apenas uma função envolvida.
2. Salta aos olhos a presença de dois verbos flexionados no modo imperativo:
“Faça” e “diga”. Como vimos na revisão do assunto, o modo imperativo
está relacionado com o foco sobre o RECEPTOR da mensagem – também
chamado de interlocutor –, sobre quem há a intenção de provocar uma
mudança de estado de espírito, de atitude.
3. A função da linguagem que se relaciona especificamente com o receptor
é a APELATIVA (ou CONATIVA). Letra ‘b’, portanto.

Questão 05
Ano: 2013
Órgão: PC-RJ
Prova: Oficial de Cartório

Mães fazem ‘mamaço’ em unidade do Sesc em São Paulo


Por Flávia Martin
Em meio a fotografias de animais selvagens nas paisagens mais remotas
e intocadas do mundo, retratados por Sebastião Salgado e expostos em
“Genesis”, no Sesc Belenzinho, zona leste, 20 mães faziam algo igualmente
primitivo e natural: davam o peito para seus bebês mamarem.
O “mamaço” da manhã de hoje foi organizado depois que a turismóloga
Geovana Cleres, 35, foi proibida de amamentar Sofia, 1 ano e 4 meses, naquela
unidade do Sesc, na última quarta-feira.
Segundo Geovana, uma funcionária abordou dizendo que não era
permitido dar de mamar no espaço de leitura do Sesc e pediu que ela fosse à
sala de amamentação.
Trata-se de um espaço pequeno, com um micro-ondas para esquentar
papinhas e mamadeiras e uma poltrona, que, naquele momento, estava ocupada
por um pai que dava comida para o filho.
“Fiquei sem entender, mas, apesar do incômodo, tirei a Sofia do peito.
Alegaram que outras crianças poderiam ficar olhando e até sentir vontade de
mamar”, conta.
Geovana encaminhou a reclamação ao Sesc e desabafou no Facebook.
Gerei um burburinho e encontrei outras mães que já tinham tido esse problema
aqui.”
[...]
O Sesc Belenzinho afirmou que a proibição a Geovana foi um erro pontual
de uma funcionária. Coordenadores da unidade acompanharam o “mamaço” e
pediram desculpas às mães presentes.

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Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/11/1372731-maes-fazem-
mamaco-em-unidade-do-sesc-em-sao-paulo.shtml
(Acessado em 17/11/2013)

Considerando a estrutura linguística do texto da Folha de São Paulo, observa-se


que a Função da Linguagem predominante nele é:

a) Referencial
b) Metalinguística
c) Fática
d) Conativa
e) Emotiva

Gabarito: A
Comentários:

1. O texto consiste em uma notícia do jornal Folha de São Paulo, o que, por
si só, nos remete a uma linguagem objetiva de relato de um fato, que se
relaciona com o elemento comunicativo do REFERENTE.
2. Verificando o corpo do texto, é possível visualizar que o conteúdo está
focado no assunto a ser tratado, narrando os episódios decorrentes a
partir do fato central: uma mãe ter sido proibida de amamentar sua filha
no espaço de leitura do Sesc Belenzinho, em São Paulo.
3. A função da linguagem predominante, portanto, é a REFERENCIAL.

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