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O Cálculo Diferencial analisa a taxa de variação de uma função. Portanto, resolve o problema 1.
O primeiro passo ao atacar o problema da reta tangente é definir claramente o que significa “reta
tangente ao gráfico de f no ponto P”.
Esta definição é perfeitamente adequada para arcos de circunferências, mas fracassa para curvas
mais gerais. Por exemplo, a figura (a) mostra várias retas interceptando o gráfico de f apenas no ponto
P, mas nenhuma delas é uma tangente. A figura (b) mostra a tangente a P interceptando o gráfico de f
em outros pontos.
Existe um outro meio, entretanto, de definir a tangente a uma circunferência que tem uma
generalização satisfatória para as curvas mais gerais.
A figura a seguir ilustra que um segundo ponto Q sobre a circunferência determina uma secante
que liga os pontos P e Q.
Quando o ponto Q se move em direção a P ao longo da circunferência, a reta secante gira tendo
o ponto P fixo.
Vamos usar esta idéia para definir a tangente de forma mais geral.
2
Definição 1.1: Sejam P e Q pontos sobre uma curva C. A reta tangente à curva C no ponto P, se
existir, é a posição limite da reta secante que passa por P e Q, quando Q se
aproxima de P ao longo da curva C.
Vamos agora determinar como definir a inclinação da reta tangente ao gráfico de uma função f
em um ponto P, de tal modo que seja consistente com esta noção de tangente a uma curva.
∆y f ( x0 + h ) − f ( x0 )
=
∆x h
3
Exemplo 1.1: Encontre a inclinação da reta tangente ao gráfico de f (x ) = x 2 no ponto (2,4).
Solução:
f (2 + h ) − f (2 )
3 3.9 3.99 3.999 4.001 4.01 4.1 5
h
Quando h se aproxima de zero para estes valores, a inclinação das secantes parecem aproximar-
se de 4. De fato:
2
f ( x0 + h ) = f (2 + h ) = (2 + h ) = 4 + 4h + h 2 , e
f (x0 ) = f (2 ) = 2 2 = 4
m = lim(4 + h ) = 4
h →0
f ( x0 + h ) − f ( x0 )
m = lim .
h →0 h
4
Exemplo 1.2: Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico de f ( x ) = x 3 + 3 x − 2 no ponto
(1,2).
Solução:
f (1) = 13 + 3 − 2 = 2
3
f (1 + h ) = (1 + h ) + 3(1 + h ) − 2 = h 3 + 3h 2 + 6h + 2
(
f (1 + h ) − f (1) h 3 + 3h 2 + 6h + 2 − 2
=
)
= h 2 + 3h + 6, h ≠ 0
h h
(
m = lim h 2 + 3h + 6 = 6
h →0
)
Uma equação para a reta tangente que tem a inclinação m = 6 e passa pelo ponto (1,2) é:
y − 2 = 6(x − 1) ⇒ y − 6 x − 1 = 0 .
Exercícios
1. Use a definição 1.2 para encontrar a inclinação da reta tangente ao gráfico de f no ponto dado.
(b) f ( x ) = 2 x 2 , P = (3,18) 1
(g) f (x ) = , P = (− 2,1)
x+3
(c) f ( x ) = 2 x 2 + 3, P = (1, 5)
4
(h) f (x ) = , P = (2,1)
(d) f ( x ) = 3 x + 4 x + 2, P = (− 2, 6 )
2
x2
(e) f ( x ) = x 3 + 3, P = (2,11)
2. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função f ( x ) = 3x 2 no ponto (-1, 3).
3. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função f ( x ) = ax 2 , no ponto (1, a).
5
5. Usando uma calculadora podemos aproximar a inclinação da reta tangente ao gráfico de f em
(b) Use o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para calcular a inclinação da reta tangente ao
gráfico de f (x ) = x 3 − 3x no ponto (2, 2). Compare com a parte (a).
Tabela 1.1
f (x0 + h ) − f ( x0 )
x0 h
h
0.1
0.01
0.001
0.0001
-0.0001
-0.001
-0.01
-0.1
6. Use a tabela 1.2 para aproximar a inclinação da reta tangente ao gráfico de y = senx no ponto
(0, 0).
Aplique o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para obter uma expressão para o limite que deve ser
calculado a fim de obter a inclinação da reta tangente.
8. Seja f ( x ) = x . Complete a tabela 1.2 para o ponto (0, 0). A função valor absoluto tem um
A afirmação
L = lim f ( x )
x→ a
significa que os valores f ( x ) estão tão próximos de L quanto desejarmos para todo x ≠ a, mas
suficientemente próximo de a.
Esta definição não é uma definição rigorosa porque as frases “tão próximos de L quanto
desejarmos” e “suficientemente próximo de a” são, de algum modo, imprecisas.
lim f ( x ) = 7 .
x →3
Para ver como esta função satisfaz a definição intuitiva de limite dada acima, analisaremos duas
escolhas diferentes de “tão próximo” de f ( x ) para L = 7.
Por exemplo, vamos supor que f ( x ) esteja próximo de 7 com um precisão de 0.5, isto é,
6 .5 ≤ 2 x + 1 ≤ 7 .5
Mas,
Agora, se quisermos que f ( x ) esteja próximo de 7 com uma precisão de 0.1, temos
aberto I centrado em 3 tal que, se x pertence ao intervalo I, então o valor f ( x ) difere de 7 por não
mais do que a precisão prescrita. Assim, dizemos que
lim(2 x + 1) = 7 .
x →3
7
senx
Exemplo 2.2: A função f (x ) = não é definida em x = 0. Entretanto, o limite
x
senx
lim = 1.
x →0 x
Tabela 1.2
senx senx
X x
x x
8
3
Exemplo 2.3: Calcule lim
( x + 1) − 1
.
x →0 x
Solução: A função f ( x ) =
(x + 1)3 − 1
não é definida para x = 0. Mas observando a tabela 1.3 vemos
x
que quando x está se aproximando de zero, o valor f ( x ) se aproxima de L = 3.
Tabela 1.3
x
(x + 1)3 − 1 x
(x + 1)3 − 1
x x
2.0 13.0 -0.001 2.997
1.5 9.75 -0.01 2.9701
1.0 7.0 -0.1 2.71
0.5 4.75 -0.2 2.44
0.2 3.64 -0.5 1.75
0.1 3.31 -1.0 1.0
0.01 3.0301 -1.5 0.75
0.001 3.003 -2.0 1.0
lim
(x + 1)3 − 1 = 3 .
x x →0
lim
(x + 1)3 − 1 = lim(x 2 + 3x + 3) = 0 + 0 + 3 = 3
x →0 x x →0
Graficamente, temos:
9
x 2 − 3x + 2
Exemplo 2.4: Calcule o limite lim .
x→2 x2 + x − 6
22 − 3 ⋅ 2 + 2 4 − 6 + 2 0
= =
22 + 2 − 6 4+2−6 0
x 2 − 3 x + 2 ( x − 2)( x − 1) x − 1
= = .
x 2 + x − 6 ( x − 2)( x + 3) x + 3
Assim,
x 2 − 3x + 2 x −1 2 −1 1
lim 2
= lim = =
x→2 x + x − 6 x→2 x + 3 2 + 3 5
sen 2 x
Exemplo 2.5: Calcule lim .
x →π 1 + cos x
Solução:
2
Primeiro observemos que sen 2π = (senπ ) = 0 e 1 + cos π = 1 + (− 1) = 0 .
Assim, numerador e denominador são ambos iguais a zero quando x = π . Temos, então, de
sen 2 x
encontrar uma expressão equivalente para , isto é,
1 + cos x
Assim,
sen 2 x
lim = lim(1 − cos x ) = 1 − (− 1) = 2 .
x →π 1 + cos x x →π
10
2.1 Limites que não existem
x
Exemplo 2.6: O limite lim não existe. Para ver porque, utilizamos a definição de módulo,
x →0 x
x se x ≥ 0
x =
− x se x < 0
x
Para reescrever a função f ( x ) = como:
x
x
x se x > 0
f (x ) =
− x se x < 0
x
Se x está próximo de zero e for positivo, f ( x ) = 1 . Mas, se x está próximo de zero e for negativo,
f ( x ) = −1 .
Para que o limite exista quando x → 0 , os valores de f ( x ) devem se aproximar de um número
L, quando x se aproxima de zero por qualquer um dos lados. Como não é o que acontece nesse
exemplo, o limite não existe.
1
Exemplo 2.7: lim sen não existe.
x →0
x
1
De fato, os valores f (x ) = sen não se aproximam de um único número L quando x → 0 .
x
As tabelas 1.4, 1.5 e 1.6 a seguir ilustram as oscilações de f ( x ) numericamente. A tabela 1.4
sugere que o limite seria 1, a tabela 1.5 sugere que o limite seria 0 e a tabela 1.6 sugere que o limite
2
seria .
2
11
Exercícios
9. Para cada uma das funções dadas pelos seus gráficos, indique se:
x2 − x − 6 1 − cos 2 x
(d) lim (e) lim (f) lim sen (2 x ) ⋅ cossecx
x → −2 x+2 x →0 senx ⋅ cos x x→
π
2
x2 − 2x − 3 sec x ⋅ cos x 3− 9+ h
(g) lim (h) lim (i) lim
x → −1 x +1 x→
π x h →0 h
2
x 2 - 3x + 3 se x < 0 x 2 + 1 se x < 0
(c) f ( x ) = ( x − 1)3 + 1 (d) f ( x ) = senx
se x > 0 se x > 0
x x
12. Uma função f e um número a são dados. Plote os pontos (a + h, f (a + h )) para h = ±1,
2 x 2 + 5 x − 12 senx
(a) f ( x ) = , a = −4 (b) f ( x ) = , a=0
x+4 3x
Na seção anterior definimos o limite de uma função de maneira informal, dizendo que
L = lim f ( x )
x→ a
Significando que os valores f ( x ) estão tão próximos de L quanto desejarmos, para todo x ≠ a, mas
suficientemente próximo de a.
Para recuperar nossa noção intuitiva de limite com uma linguagem precisa, procedemos da
seguinte forma:
1. Em lugar da frase “os valores de f ( x ) estão tão próximos de L quanto desejarmos”, usamos a
desigualdade
f (x ) − L < ε (2.1)
3. Para ligar estas duas frases na forma desejada, dizemos que, não importa que ε seja dado,
podemos encontrar um número δ tal que se x satisfaz a desigualdade (2.2), então f ( x ) satisfaz
a desigualdade (2.1). Isto é, queremos dizer que
13
Estas convenções nos permitem fazer a definição formal de limite.
Definição 2.1: Seja f ( x ) definida para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto
possivelmente em a. Dizemos que o número L é o limite da função f quando x se
aproxima de a, e escrevemos
L = lim f ( x )
x→ a
se, e somente se, dado qualquer número ε > 0 , existe um número correspondente
δ > 0 , tal que se 0 < x − a < δ , então f (x ) − L < ε .
Em outras palavras, L = lim f ( x ) , significa que os valores f ( x ) estão tão próximos de L quanto
x→ a
Solução: De acordo com a definição 2.1, L = 7 e a = 3. Além disso, as seguintes desigualdades são
equivalentes:
Dado qualquer número pertencente a ε
(2x + 1) − 7 < ε (2.3)
2x − 6 < ε
2 x−3 < ε
ε
x−3 < (2.4)
2
Ainda, de acordo com a definição 2.1, devemos encontrar uma distância δ aceitável para cada
precisão ε > 0 dada, afim de provar que o limite é 7.
ε
(2 x + 1) − 7 < ε ⇔ x −3 < .
2
ε
É exatamente esta equivalência que nos mostra como escolher δ. Com δ = , sabemos que se
2
ε
0 < x − 3 < δ , então a desigualdade x − 3 < é verdadeira e, portanto, a desigualdade (2.3).
2
14
Formalmente, a demonstração é:
ε
Seja ε > 0 dado. Vamos escolher δ = . Segue, então, que se 0 < x − 3 < δ , então
2
(2 x + 1) − 7 = 2 x − 6
= 2 x − 3 < 2δ , pois x − 3 < δ
ε
= 2
2
=ε
Ou seja, se 0 < x − 3 < δ , então (2x + 1) − 7 < ε , como exigido pela definição 2.1.
15
(
Exemplo 2.10: Prove que lim x 2 − 4 x + 7 = 3 .
x→2
)
Solução: Neste caso, temos que f ( x ) = x 2 − 4 x + 7, L = 3 e a = 2 . Assim, se ε é um número positivo
dado, as seguintes desigualdades são equivalentes:
f (x ) − L < ε
(x 2
)
− 4x + 7 − 3 < ε
x2 − 4x + 4 < ε
(x − 2)2 < ε
x−2 < ε
( )
Isto prova que lim x 2 − 4 x + 7 = 3 , de acordo com a definição 2.1.
x→2
1. lim c = c , c = constante
x→a
2. lim x = a
x→a
O teorema que segue estabelece uma álgebra dos limites, pela qual limites de somas, produtos e
quocientes de funções podem ser calculados a partir de limites de termos individuais.
Teorema 2.1: Suponhamos que lim f (x ) = L e lim g ( x ) = M , existem. Seja c um número qualquer.
x→a x→a
[
b) lim[cf ( x )] = c lim f ( x ) = cL
x→a x→a
]
[ ][
c) lim[ f (x ) ⋅ g ( x )] = lim f ( x ) ⋅ lim g ( x ) = L ⋅ M
x→a x→a x→a
]
f ( x ) lim f (x ) L
d) lim = x →a = , desde que M ≠ 0
x→a g ( x ) lim g ( x ) M
x →a
16
Demonstração: Faremos a demonstração das partes a) e b). As duas últimas, embora similares
às duas primeiras são logicamente mais complexas
ε
0 < x − a < δ1 , então, f ( x ) − L < .
2
- Da mesma forma, dado ε > 0 , como lim g ( x ) = M , então existe um número δ 2 > 0 tal
x→a
ε
que se 0 < x − a < δ 2 , então, g ( x ) − M < .
2
Consideramos, então, δ como sendo o menor dos números δ1 e δ2, isto é, δ = min(δ 1, δ 2 ) .
Assim, utilizando estas informações, temos:
( f (x ) + g (x )) − (L + M ) = ( f (x ) − L ) + (g (x ) − M )
≤ f (x ) − L + g (x ) − M
ε ε
< +
2 2
=ε
obviamente verdadeiro.
Vamos supor, então, que c ≠ 0. Queremos provar que dado ε > 0 , existe um δ > 0 tal que
se 0 < x − a < δ , então, cf ( x ) − cL < ε .
- Mas, por hipótese, temos que dado ε > 0 , existe δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ , então,
ε
f (x ) − L < (lembre-se que c ≠ 0).
c
Assim, dado ε >0 existe um δ > 0 tal que se 0< x−a <δ , então,
ε
cf ( x ) − cL = c( f ( x ) − L ) = c f ( x ) − L < c < ε .
c
Isto mostra que lim[cf ( x )] = cL .
x→a
17
(
Exemplo 2.11: Calcule lim 3x 2 + 6 .
x→2
)
Solução:
x→2
( )
lim 3x 2 + 6 = lim 3x 2 + lim 6
x→2
( ) x→2
(a)
( )( )
= 3 lim x lim x + lim 6
x→ 2 x→2 x→2
(c)
= 3⋅ 2 ⋅ 2 + 6
= 18
2x + 3
Exemplo 2.12: Calcule lim .
x → −1 1 + x 2
(
x → −1
)
lim 1 + x 2 = lim 1 + lim x 2
x → −1 x → −1
(a)
x → −1
(
= lim 1 + lim x lim x
x → −1
)( x → −1
) (b)
= 1 + (− 1)(− 1)
=2
O qual é diferente de zero, podemos aplicar a parte (d) para calcular que:
2 x + 3 xlim
→ −1
(2 x + 3)
lim = (d)
x → −1 1 + x 2
xlim
→ −1
1+ x2 ( )
=
(
2 lim x + lim 3
x → −1
) x → −1
(a) e (b)
2
2(− 1) + 3
=
2
1
=
2
Teorema 2.2: (Extensão do teorema 2.1 para potências inteiras de x e funções potência)
Suponhamos que lim f (x ) = L . Para qualquer inteiro positivo n = 1,2,3,... vale que:
x→a
a) lim x n = a n
x→a
x→a
n
[
b) lim[ f ( x )] = lim f ( x ) = Ln
x→a
]
n
18
(
Exemplo 2.13: Calcule lim 3x 4 + 7 x 2 + 4 x .
x→2
)
Solução:
( ) (
lim 3 x 4 + 7 x 2 + 4 x = 3 lim x 4 + 7 lim x 2 + 4 lim x
x→2 x→2
) ( x →2
) ( )
x→2
4 2
= 3⋅ 2 + 7 ⋅ 2 + 4⋅ 2
= 84
(
Exemplo 2.14: Calcule lim x −3 − 3x −2 + 5 x 3 .
x → −2
)
Solução:
1 −3
( )
lim x −3 − 3 x − 2 + 5 x 3 = lim 3 + 2 + 5 x 3
x → −2
x → −2 x x
1 −3 3
= 3
+ 2
+ 5(− 2 )
(− 2) (− 2 )
− 327
=
8
(
Exemplo 2.15: Calcule lim x 3 − 7 x + 1 .
x→2
) 3
Solução:
( ) 3
[
lim x 3 − 7 x + 1 = lim x 3 − 7 x + 1
x→2 x→2
( )] 3
[
= 23 − 7 ⋅ 2 + 1 ]
3
3
= (− 5)
= −125
n n
b) se m é ímpar, lim x m = a m , para − ∞ < a < ∞ .
x→a
19
−3
Exemplo 2.16: Calcule lim 3 x + x 2 .
x→4
−3
1 −3
lim 3 x + x 2 = lim 3 x 2 + x 2
x→4 x→4
1
1
= 3 lim x 2 + 3
x →4
lim x 2
x→4
1 1
= 3(4 ) +2
3
(4)2
1
= 3⋅ 2 +
8
49
=
8
lim f (x ) = L
x→a
20
Exemplo 2.17: Use o teorema do “sanduíche” para mostrar que lim senx = 0 .
x →0
senx ≤ x
e supondo que x → 0 quando x → 0 , então, podemos calcular lim senx = 0 como segue:
x →0
senx ≤ x ⇒ − x ≤ senx ≤ x
Como lim− x = 0 = lim x , pelo teorema do “sanduíche”, fica provado que lim senx = 0 .
x →0 x →0 x →0
senx
Exemplo 2.18: (Limite Fundamental) Mostre, usando o teorema do “sanduíche”, que lim =1
x →0 x
Solução: Se para x próximo de 0, vale a relação de desigualdade
sen x
cos x ≤ ≤1
x
então, quando x → 0 , temos que lim cos x = 1 e lim1 = 1 . Assim, podemos concluir, pelo teorema do
x →0 x →0
senx
“sanduíche”, que lim = 1.
x →0 x
Exercícios
ε
(a) Mostre que (2x + 5) − 9 < ε , se e somente se, x − 2 < .
2
(b) Encontre um δ apropriado para ε = 2, 0.4, 0.05.
14. ( )
Considerando lim x 2 − 1 = 3 ,
x →1
21
15. Use as propriedades de limites para calcular:
(a) lim(3 x − 7 ) x2 − 2x − 3
x →3 (e) lim
x →3 x −3
x 2 + 3x
(b) lim tan x
x→2 x−3 (f) lim
x →0 sen 2 x
3
x2 + 2 x x−4
(c) lim 5 (g) lim
x→4
2
x + x
x→4 x −2
2
(d) lim x 1 − x 2
x→4
( ) (h)
73 2
lim x − 2 x 3
x → −1
16. Nas questões (a) e (b) suponha que lim f ( x ) = 2 e lim g ( x ) = −3 e calcule o limite
x→a x→a
especificado.
2
6 f ( x ) − 4[g (x )]
(a) lim 3 f ( x )g ( x ) (b) lim
x→a x→a g (x ) − 4 f ( x )
17. Use a desigualdade trigonométrica sen x ≤ x para provar que lim x sen x = 0 .
x →0
sen x
18. Use o fato de que lim = 1 (limite fundamental) para calcular o limite:
x →0 x
sen x tan x
(a) lim (b) lim
x→0 2x x →0 4x
22
2.4 Limites Laterais
Este gráfico tem a propriedade de que quando x é escolhido próximo de a, mas à direita de a, os
correspondentes valores da função f ( x ) estão próximos ao número L. Este é o conceito de limite à
direita, cuja notação é:
lim f ( x ) = L
x→a +
Analogamente escrevendo
lim f ( x ) = M
x→a −
significa que os valores de x estão próximos de M se x está próximo de a pela esquerda (limite à
esquerda).
Exemplo 2.17: Como f ( x ) = x não é definida para x < 0 , o limite de x quando x → 0 não
x x
Exemplo 2.18: Para a função f ( x ) = quando x → 0 , como já concluímos lim não existe.
x x →0 x
Entretanto, seus limites laterais existem. De fato,
x x
(a) Para x > 0, lim+ = lim+ = lim 1 = 1 .
x →0 x x →0 x x →0 +
x −x
(b) Para x < 0, lim− = lim− = lim (− 1) = −1 .
x →0 x x→0 x x→0−
23
Exemplo 2.19: O gráfico a seguir corresponde à função maior inteiro, definida por:
Embora lim[[x ]] não exista, ambos limites laterais existem. Por exemplo,
x→ n
Teorema 2.5: lim f ( x ) existe, se e somente se, ambos os limites laterais existem e são iguais. Isto
x→ a
x →1+
( )
lim (4 x − 3) = 4 lim+ x − 3 = 4 ⋅1 − 3 = 1 .
x →1
Portanto, como os limites laterais existem, e são iguais, concluímos, pelo teorema 2.5, que
lim f ( x ) = 1
x →1
24
2.5 Limites Infinitos
1
Seja f uma função definida por f ( x ) = . Iremos analisar o comportamento numérico desta
x
função através das tabelas abaixo.
Podemos notar que quando x → 0 − , ou seja, por valores menores que zero, os valores da
função decrescem sem limite.
Podemos notar que quando x → 0 + , ou seja, por valores maiores que zero, os valores da
função crescem sem limite.
Baseado neste exemplo, podemos afirmar que quando x está próximo de 0 esta função não tem
os valores se aproximando de um limite bem definido. Observe o gráfico:
25
1
Analisando, agora, o comportamento da função f ( x ) = , nas proximidades de x = 0,
x2
observamos que:
1
Neste caso, dizemos que não existe o limite de f ( x ) = no ponto x = 0, mas denotamos tal
x2
fato por:
1
lim =∞
x →0 x2
Por causa desta notação costuma-se dizer que algumas funções têm limites infinitos e por causa
deste limite, dizemos também que o gráfico desta função tem uma assíntota vertical, que é uma reta
cuja equação é dada por x = 0, neste caso.
26
Definição 2.2: Seja f ( x ) definida para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto
possivelmente em a. Diz-se que f tem limite infinito, quando x se aproxima de a,
o que é denotado por:
lim f (x ) = +∞
x→a
se, para todo número real ε > 0,existir um δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ , então
f (x ) > ε .
1
Observação: De modo similar, pode-se chegar à conclusão que para a função g ( x ) = − não existe
x2
limite no ponto x = 0, no entanto pode-se representar um resultado, como descrito anteriormente, por:
−1
lim = −∞ .
x →0 x 2
1
Analisaremos agora o comportamento de f ( x ) = , quando x cresce arbitrariamente ( x → ∞ ) ,
x
ou quando x decresce arbitrariamente ( x → −∞ ) :
lim f ( x ) = 0 e lim f ( x ) = 0
x → +∞ x → −∞
27
E quando construímos o gráfico de f, observamos que existe uma reta (assíntota) horizontal
que é a reta y = 0, que nunca toca a função, mas se aproxima dela em +∞ e em −∞ .
lim f ( x ) = L
x →∞
quando, para todo número real ε > 0,existir um δ > 0 tal que f (x ) − L < ε e
Definição 2.4: Dizemos que a reta y = L é uma assíntota horizontal do gráfico de f se:
lim f ( x ) = L ou lim f (x ) = L
x →∞ x → −∞
3x 2 + 1
Exemplo 2.21: Calcule o lim .
x → ±∞ 2 x 2 − 2 x − 4
Solução: Como estamos interessados em valores da variável x tais que x seja grande, porém x ≠ 0 ,
podemos simplificar a expressão como segue:
1
2 3+ 2
3x + 1 x
lim 2 = lim
x → ±∞ 2 x − 2 x − 4 x → ±∞ 2 4
2− − 2
x x
3+0
=
2−0−0
3
=
2
28
3
A interpretação geométrica deste fato é que a reta horizontal y = é uma assíntota do gráfico
2
3x 2 + 1
da função f ( x ) = .
2x2 − 2x − 4
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Quando, no cálculo do limite de uma função, aparecer uma das
seguintes formas:
0 ∞
, , ∞ − ∞, 0 ⋅ ∞, 00, ∞ 0, 1∞
0 ∞
que são denominadas expressões indeterminadas, nada se poderá concluir de imediato sobre o limite
sem um estudo mais aprofundado de cada caso.
Exercícios
20. Para cada função cujo gráfico é o da figura indicada, calcule os limites, se existirem:
(a)
29
(b)
21. Considere o gráfico de f ( x ) mostrado na figura abaixo. Para que números a, temos:
52 3
2x2 − x +1
(g) lim
(b) lim+ x − 5 x 2
x→∞ x3 − 4
x →0
−1
(h) lim
x−4 x →0 x
(c) lim+
x→4 x+2
2x4 + x −1
2
x − 4x + 4 (i) lim
(d) lim− x →∞ x 3 + x 2 + 4
x→2 x−2
x
(j) lim
x→∞ x − 1
(e) lim− x[[x ]]
x→3
x +1
(k) lim
x →0 x
30
cos x, x ≤ 0
23. Seja f ( x ) =
1 − x, x > 0
x + 2, x < 3
24. Seja f ( x ) = . Prove que lim f ( x ) = 5
2 x − 1, x > 3 x →3
2, x ≤ −1
25. Seja f ( x ) = − x, − 1 < x ≤ 1
2
− x , x > 1
3 CONTINUIDADE
Quando definimos limite de f ( x ) quando x tende para a, enfatizamos que este limite não é
necessariamente igual a f (a ) . De fato, f (a ) pode nem mesmo ser definida.
lim f ( x ) = f (a ) .
x→a
Definição 3.1: Suponhamos que a função f é definida em um intervalo aberto contendo o número
a. Então f é contínua em a, se
lim f ( x ) = f (a )
x→a
31
Observações:
1. A definição de continuidade exige duas coisas: primeiro que lim f ( x ) exista, e segundo que a
x→a
2. A definição 3.1 é uma definição de continuidade no número a para funções que são definidas
sobre um intervalo aberto em torno de a.
Geometricamente, continuidade é uma propriedade que garante que o gráfico de f não terá uma
interrupção (ou será “quebrado”) em (a, f (a )) . Cada uma das funções, cujos gráficos são dados a
seguir, são descontínua em a.
f (a ) não é definida
f (a ) ≠ lim f ( x )
x→ a
32
x2 − 4
Exemplo 3.1: Calcule os números x para os quais f (x ) = é contínua.
x−2
Solução: Como x − 2 = 0 para x = 2 , então, o valor de f (2) não é definido. Dizemos então, que a
função é descontínua para x = 2 .
x2 − 4 a2 − 4
lim f (x ) = lim = = f (a )
x→a x→a x−2 a−2
f (2 ) = lim f (x ) = 4
x →2
x2 − 4
, se x ≠ 2
fˆ ( x ) = x − 2
4, se x = 2
33
Exemplo 3.2: Outra função com uma descontinuidade removível é
sen x
f (x ) = .
x
sen x
lim =1
x →0 x
sen x
ˆf ( x ) = x , para x ≠ 0
1, para x = 0
Teorema 3.1: Se a função f e g são contínuas para x = a e se c é um número real qualquer, então,
as seguintes funções são também contínuas em x = a :
(a) f+g
(b) c⋅ f
(c) f ⋅g
f
(d) , desde que g (a ) ≠ 0 .
g
A combinação dos teoremas 3.1 e 3.2 mostra que qualquer polinômio é contínuo para todo x, e
qualquer função racional é contínua para todo x diferente daquele que anula seu denominador.
34
Por exemplo:
x3 + x + 7
g (x ) =
x−6
Definição 3.2: (i) A função f é contínua no intervalo aberto (a, b) se for contínua em cada
x ∈ (a, b ) .
(ii) A função f é contínua no intervalo fechado [a, b] se for contínua em (a, b), e,
além disso
lim f ( x ) = f (a ) e lim− f ( x ) = f (b )
x→a + x→b
A continuidade é definida de modo análogo em intervalos tais como (a, b], [a, ∞), etc.
35
Exemplo 3.3: A função f ( x ) = x é contínua no intervalo [0,∞). Em outras palavras
n
Teorema 3.3: Sejam m e n inteiros positivos. A função f ( x ) = x m é:
Exemplo 3.4: Utilizando os teoremas anteriores, podemos concluir que as seguintes funções são
contínuas nos intervalos dados
(a) f ( x ) = x 2 − 3 x em [0,∞)
2
2 3
x −x
(b) f ( x ) = em (-∞,1) e (1,∞)
1− x
2 3
6x + 5x
3 2
(c) f (x ) = em (0,2) e (2,∞)
x( x − 2 )( x + 3)
Teorema 3.4: Seja f uma função definida em um intervalo aberto contendo o número a. Então, f é
contínua em a se, e somente se,
lim f (a + h ) = f (a ) .
h →0
Demonstração:
lim f (a + h ) = lim f ( x ) .
h→0 x →a
(definição 3.1).
36
Exemplo 3.5: Mostre que a função f ( x ) = sen x é contínua para todo x.
[ ][
= (sena )lim cos h + (cos a )lim senh
h→0 h →0
]
= (sen a ) ⋅ 1 + (cos a ) ⋅ (0 )
= sen a
= f (a )
Teorema 3.5: Seja f uma função contínua em um intervalo aberto contendo o número L. Se o limite
lim g ( x ) = L
x→a
existe, então,
[ ]
lim f [g ( x )] = f lim g ( x ) = f (L )
x→a x→a
Este teorema afirma que se a função “de fora” na função composta fog é contínua,
podemos “passar o limite para dentro da função f”.
Exemplo 3.6:
(a)
x →0
( ) [x →0
( )]
lim sen π + x 2 = sen lim π + x 2 = sen (π + 0) = senπ = 0 .
senx
Neste caso, f ( x ) = x e g ( x ) = . Verifique calculando fog.
2x
37
3.1.2 Teorema do Valor Intermediário
Teorema 3.6: Seja f contínua no intervalo [a, b] com f (a ) ≠ f (b ) . Seja d um número qualquer
entre f (a ) e f (b ) . Então, existe, no mínimo, um número c ∈ (a, b ) tal que
f (c ) = d .
5 5
um número c ∈ (0,2) com f (c ) = d . Em particular se d = , então, f (c ) = .
2 2
Portanto,
5 1 1
c3 + 1 = ⇒ c3 = ⇒ c = 3 .
2 4 4
38
Exemplo 3.8: Use o teorema do valor intermediário para resolver a desigualdade x 3 − 4 x 2 > 5 x .
x3 − 4 x 2 − 5x > 0
( )
f ( x ) = x 3 − 4 x 2 − 5 x = x x 2 − 4 x − 5 = x( x + 1)( x − 5) ,
Intervalo x f (x ) Conclusão
1 1 11
(− 1, 0) x=− f − = > 0 f (x ) > 0 em (− 1, 0)
2 2 8
Exercícios
1 1 − x, x ≤ 2
(a) f ( x ) = (b) f ( x ) =
x −1 x − 1, x > 2
− x, x ≤ −1
x+2
(c) f ( x ) = 2
(d) f ( x ) = 4 − x 2 , − 1 < x ≤ 2
x −x−2 1
x − 1, x > 2
2
x2 −1
27. A função f ( x ) = tem uma descontinuidade removível em x = 1. Determine como
x −1
definir f (1) tal que a função seja contínua em 1.
39
28. Calcule a constante k que torne a função contínua em x = a:
x k , x ≤ 2
y= ,a=2
10 − x, x > 2
(
(a) lim 1 + 3 x
x →8
)
5
(b) lim cos(π + x )
x→
π
2
40