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CUIABÁ- MT
2018
1. Introdução
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2. Bretton Woods: O legado, o padrão monetário e a expansão americana na
economia mundial.
O acordo de Bretton Woods significou para os EUA, uma nova ordem no comércio
Internacional, o pós-guerra iniciou-se uma nova arquitetura econômica mundial.
Washington desejava assegurar condições para o livre comércio entre as potências em um
mundo dividido. Ora, a partir dessa contextualização podemos compreender e analisar o
capítulo 4 do texto de Barry Eichengreen, que é dedicado a explicar justamente o início
do acordo, o seu contexto histórico, defensores e críticos.
Eichngreen (2000), inicia sua argumentação no capitulo 04, diferenciando Bretton
Woods do padrão –ouro. A diferença segundo o autor se deu por três aspectos: Câmbio
ajustável, controle de fluxos de capital, e a criação do fundo monetário internacional. Mas
afinal o que levou a nova roupagem capitalista pós-guerra? Tavares e Belluzzo (2004),
fazem um ensaio do que levou a uma nova ordem econômica ou financeira pós-guerra.
Segundo os autores o domínio Inglês com o ouro-libra como padrão que surgiu em
meados de 1819 e tem seu declínio em 1914 com o déficit Inglês. Déficit esse citado por
Serrano (2002) também em sua obra. Tavares e Belluzzo (2004), argumentam que a
passagem da hegemonia da Inglaterra para os Norte Americanos se deu pós-guerra no
século XX, e foi causada pela nova roupagem capitalista e nova ordem mundial que se
deu através de uma nova mudança de padrão monetário internacional e divisão
internacional do trabalho.
O que ficou evidente pós-guerra, que de um lado existia uma Inglaterra que
defendia uma política monetária ainda assegurando a zona da Libra, onde tinha Keynes
como assessor do tesouro britânico, e de outro um EUA avido de abertura comercial. Vale
ressaltar que essa “abertura comercial” e esse “liberalismo”, era diferente do pregado em
meados da década de 20 onde os banqueiros privados e os administradores dos bancos
centrais tinham outra visão de política financeira. O que fica evidente no texto de Tavares
e Belluzzo (2004), é que o caráter do estado americano pós-guerra, que os autores
chamam de Darwinista a questão da concorrência e o estado plutocrático Americano,
favoreciam as grandes corporações que nasceram pós segunda revolução industrial. Ao
analisar o mesmo contexto histórico de queda do padrão ouro-libra que para Serrano
(2002), teve fim por consequências geopolíticas, o autor ainda faz uma crítica a Triffin,
pela questão do monetarismo global e o famoso dilema de Triffin.
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Eichengreen (2000), demonstra no início do capitulo 04, que apesar das três
mudanças de Bretton Woods em relação ao padrão anterior não foram tão eficazes como
se imaginava. O autor cita que na prática não houve harmonia, ao citar como exemplo o
sistema das taxas ajustáveis, ele faz uma crítica as mudanças de paridade que eram
raríssimas entre os países industrializados de centro, também analisa a monitorização do
FMI, e de seus recursos que para o autor foram insuficientes em relação aos problemas
de pagamento e as punições que nuca foram conferidas aos países que ameaçassem a
estabilidade do sistema.
O que fica evidente nos textos e o que deve ser compreendido é que com o início
de Bretton Woods, foi a derrocada final para o liberalismo clássico dos anos 30. Ora, não
somente se constrói uma nova ordem econômica mundial com os EUA liderando essa
nova ordem, como a política do “laissez- faire”, deixou de ser predominante. Vale frisar
que no campo da teoria econômica muitas vezes não dialoga de modo prático com
realidade, e isso a história econômica mundial nos lembra, como o próprio tripé do acordo
por exemplo que não funcionou da forma como foi planejada. As teorias posteriormente
ensaiadas pós era do “bem-estar social”, acontece em meados dos anos 40 com a
sociedade do Mont Pelerín, é só ganha consistência prática com a ascensão da ordem
política econômica conservadora, representada muito bem pela dama de ferro quase na
década de 80.
Serrano (2002), faz um questionamento a respeito do declínio Inglês, após a
primeira guerra mundial. O autor acredita que a primeira grande guerra foi o que levou a
derrocada da potência Grã-Bretanha. O autor observa que a conta corrente Inglesa perde
saldo comercial com a Índia, também observa a crítica Keynesiana ao retorno da paridade
pós-guerra. Continuando o raciocínio o autor faz uma crítica a Triffin em relação ao seu
monetarismo global, que analisa as reservas de ouro dos bancos centrais sem levar em
conta o domínio Inglês frente a Libra em relação ao ouro e faz uma análise em relação ao
câmbio fixo a expansão da moeda fiduciária pelos bancos com a saída de ouro doméstico
para reforço bancário de reserva.
O forte traço intervencionista pós- primeira guerra, com a própria indústria voltada
para guerra e o padrão monetário voltada para as políticas estatais, uma subordinação da
economia em relação à política. Afinal o que muda do contexto econômico do pós-
primeira guerra em relação ao pós- segunda guerra? Justamente a nova roupagem
capitalista que ganha contornos com Bretton Woods e com o Keynesianismo aplicado.
Ora, o que se tem pós- segunda guerra é o “multilateralismo econômico”, essa nova forma
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econômica não é incongruente ao intervencionismo estatal, foi apenas uma nova maneira
de política econômica mundial que por um lado se encontrava mais “aberta”, porém mais
regulamentada em questões estatais. Bretton Woods representou um novo papel do estado
e da política econômica mundial.
O texto de Tavares e Belluzzo (2004), questiona sobre a nova política econômico
pós primeira-guerra, justamente com o colapso Inglês. Esse colapso que os autores
argumentam que a dívida Inglesa com o apogeu do Banco Morgan que financiava os
países da Europa e América Latina. E o nascimento dos Estados Nacionalistas após crise
de 1930. Também observam no texto o nascimento da política Norte Americana do New
Deal. Fica evidente na argumentação do texto, a importância da primeira grande guerra
em relação ao seu legado tecnológico, econômico, político e social. Os EUA saem da
guerra fortalecidos como a grande potência industrial onde a segunda revolução industrial
foi de suma importância para a primeira grande guerra.
O texto de Serrano (2002), faz críticas pontuais a visão de Triffín em relação ao
padrão ouro. E o desejo de Triffin de continuar com o mesmo padrão pós-guerra. Vale
ressaltar que Tavares e Belluzzo (2004) demonstra o erro Inglês ao retornar e optar pela
paridade antiga mesmo com o cenário econômico mudado. Isso causou segundo os
autores de “A mundialização do capital e a expansão do poder Americano”, uma
sobrevalorização da libra, e os outros países tinham uma sub-valorização em relações as
suas moedas, sendo assim, isso gerou um desequilíbrio na balança de pagamentos. O que
deve se entender é que as pressões em relação a libra, levaram os outros países a procurar
ouro para reserva. O que acontece posteriormente é a crise de 1929 que foi impulsionada
pelas bolhas especulativas, que por sua vez eram incentivadas por ativos baratos que em
outros países geraram as especulações que deram início ao processo do crack da bolsa de
Nova York.
Para Triffin (1972), o mesmo raciocino da sobrevalorização da libra pós-guerra
fez com que a Inglaterra sofresse queda nas suas exportações e também queda na
atividade econômica e no emprego. O autor discorre também sobre a conversibilidade
que voltou em meados de 1920 e teve seu encerramento em 21 de setembro de 1931. Ele
também discorre das comparações das duas grandes guerras em relação aos aspectos
econômicos. A falta de uma diretriz econômica entre as potências na primeira grande
guerra, e um maior nível de cooperação pós-segunda grande guerra é uma das diferenças
detalhadas pelo autor.
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O que fica para análise dos textos em questão é como as duas grandes guerras são
citadas pelos autores e como foram fundamentais para a ascensão Norte Americana e o
surgimento de uma nova ordem econômica, uma nova hegemonia econômica, um novo
padrão e principalmente um novo fundamento, que é o protecionismo. As duas grandes
guerras segundo os autores, não somente configuraram um novo modelo de comércio
Internacional, mas como modificaram a forma capitalista. O que vemos é um período
conturbado entre guerras, e depois posterior a segunda grande guerra, um novo modelo
de capitalismo, impulsionado pela ascensão Norte Americana.
Barry Eichengreen (2000), também cita em seu texto a irresponsabilidade em
restabelecer a conversibilidade em 1947. Segundo o autor isso aconteceu devido ao
empréstimo feito pelos EUA para a Inglaterra em 1946, sob essa condição. Em meados
de 1947 houve a crise da libra e os Norte Americanos, deixaram a política europeia em
relação a conversibilidade a um prazo maior. Posteriormente veio o Plano Marshall.
O que fica evidente e claro no texto de Tavares e Belluzzo (2004), é como os EUA
participaram das duas grandes guerras, fazem, essa participação tardia em ambas e
protegidos de forma geográfica pelos oceanos Atlântico e Pacífico, fizeram que os Norte
Americanos saíssem das guerras “inteiros” em relação aos outros países de seu continente.
Também o financiamento da Europa e Japão pelos EUA, posterior a segunda guerra,
demonstra o poderio financeiro. Ora, a importância das guerras é fundamental para
compreender o apogeu dos EUA como potência política e econômica que por sua vez
também é responsável pela queda do padrão ouro-libra. Os erros listados e argumentados
por Tavares e Belluzzo (2004), que chamam inclusive de “ erro altista” a questão da
especulação pós-guerra, juntamente com a intervenção do FED que subiu a taxa de
desconto levando ao estouro da bolha especulativa.
O que fica evidente nos textos aqui citados, é que essas transformações em que o
mundo experimentou no início do século XX, principalmente nos 50 anos iniciais foram
de suma importância para a “mutação” do sistema capitalista. Ora. As grandes crises
econômicas não propiciaram somente ruinas, mas também propiciaram novos avanços
pós-crises, pós-guerra, pós-revoluções industriais. O mundo econômico e político
experimentou uma nova roupagem do sistema que por sua vez se aperfeiçoou sempre em
momentos cruciais da história econômica da humanidade. Os avanços tecnológicos, as
trocas de padrão monetários, as novas formas geopolíticas, o intervencionismo, o
liberalismo, demonstra o quanto o ciclo econômico foi distinto em vários momentos
durante o início do século.
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3. O fim de Bretton Woods e a nova estruturação econômica mundial.
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Bretton Woods entrou em crise não devido a seus defeitos, mas devido a seu sucesso”. O
ingrediente de financiar os países pós-guerra e seus gastos militares afetaram a balança
de pagamentos dos EUA o que era compensado com pela sua balança comercial positiva.
Quando em meados dos anos 50 houve a construção da Europa, juntamente com o Japão
que reconstruíram seu polo Industrial e aumentaram sua produtividade, podendo competir
com os próprios americanos. Esse excedente comercial que antes ajudava a economia dos
EUA, não era mais como antes. Isso levava ao excesso de dólares levando ao risco
especulativo do dólar.
A corrida contra o dólar de 1959 até meados de 1960, com a perca de ouro dos
EUA, fizeram com que os Washington tomassem medidas como por exemplo aumentar
a taxa de juros a curto prazo e criar imposto para tornar a saída de dólares mais caro. O
Fundo Comum Do Ouro em 1960 foi criado para estabilizar o preço do metal, assim como
o acordo de Basileia. Obvio que essas medidas tiveram um efeito de curto prazo. Em 1965
com a França trocou os dólares pelo ouro e posteriormente os gastos com a guerra do
Vietnã que inclusive é observado na obra de Serrano (2002) e Tavares e Belluzzo (2004),
serviram para a queda do acordo de Bretton Woods.
Em 1966 o FED atuou como emprestador de última instância, em 1968 foi o fim do
Fundo Comum Do Ouro, já estava sendo ensaiado o colapso de Bretton Woods. Essas
medidas levaram ao famoso Dilema de Nixon, bem observado por Serrano (2002), que
era a desvalorização do dólar, mas sem comprometimento como moeda internacional. Em
1971 os EUA decretaram a inconversibilidade do dólar em ouro como observado por
Serrano (2002), analisa o padrão dólar-flexível pós Bretton Woods, e a paridade da moeda
americana em relação as outras moedas conforme a conveniência, através das mudanças
nas taxas de juros.
A mudança da política econômica dos EUA nos anos 80 com diversos eventos
históricos, como por exemplo a crise da dívida externa mundial influenciaram para que
houvesse um financiamento da dívida pública. Nesse contexto pós acordo, surge a
securitização de dívidas, e para proteger os ativos financeiros, surge os derivativos. Vale
ressaltar que com o surgimento dos derivativos aumenta a flexibilidade e a segurança para
o tomador de recursos e para o aplicador, contudo também as especulações ganham
terreno fértil para se desenvolver, aumentando o risco de colapso econômico, as famosas
bolhas especulativas, também chamado de risco sistêmico.
O legado pós Bretton Woods é a globalização financeira com um mercado
financeiro único no mundo. Os fundamentos econômicos nessa globalização financeira
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deixam de ser importantes, o que vale é a influência de fatores financeiros nas taxas de
câmbio por exemplo, provando que o papel de emprestador de última instância tem maior
complexidade e importância devido ao risco de liquidez. O consenso de Washington
prega a velha máxima do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Isso demonstra
que os EUA adotam políticas favoráveis ao pleno emprego mesmo não sendo a máxima
do consenso, em épocas de crise política e econômica os americanos não seguem a
cartilha de mercado, exemplo é o próprio 11 de setembro, que levou posteriormente a
adotar políticas de cunho keynesiana emergencial.
4. Conclusão
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mercado. O que fica explicito nos textos é que os eventos históricos são de fundamental
importância para explicar o que aconteceu e o que pode acontecer na economia.
Os autores trazem divergências em relações aos padrões monetários e convergência
em relação ao papel dos EUA no pós-guerra e em Bretton Woods. A obra de Triffin é
um clássico assim como Barry Eichengreen. Belluzzo e Tavares juntamente com Serrano
são autores com uma visão mais recente e com uma ótica crítica em relação ao próprio
padrão, seja ele ouro-libra ou ouro-dólar, assim como as mutações do capitalismo.
Bretton Woods não foi somente um acordo que elevou os EUA a potência mundial.
Esse acordo se confunde com a história do sistema capitalista no século XX, e apesar do
seu insucesso ou como diria Belluzzo do seu sucesso que levou a sua derrocada, ele foi
de suma importância para a história da economia mundial.
O que vem pós Bretton Woods é a incerteza de um modelo excludente. Modelo este
que sempre estará a serviço de poucos. Bretton Woods representa talvez o último suspiro
do controle das potências sobre suas economias. O que fica evidente é que a globalização
financeira que se inicia em meados de 1980, ganha forma e sustância nos anos seguintes,
seja pela política neoliberal de abertura comercial nos países de terceiro mundo, uma nova
forma imperialista, seja pelo fato que nem mesmo as cooperações de modo a proteger as
economias das nações é capaz de suportar as bolhas especulativas como a que aconteceu
em 2008 com a crise do subprime e posteriormente com a crise do Banco Central
Europeu.
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