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DISCENTE: CLAUDIO FERNANDO OLIVEIRA DE LIMA

DOCENTE: LEONARDO FLAUZINNO

RESENHA CRITICA: “ BRETTON WOODS: A EXPANSÃO


DA GLOBALIZAÇÃO DO CAPITAL E A GRANDE INFLUÊNCIA
NORTE AMERICANA NA ECONOMIA MUNDIAL.”

CUIABÁ- MT

2018
1. Introdução

A resenha busca analisar o contexto histórico em que Bretton Woods aconteceu,


assim como a mundialização do capital e a ascensão econômica e como potência dos
EUA, durante o surgimento do padrão dólar.
Os autores conceituam esses momentos de forma distinta. Tavares e Belluzzo
(2004), fazem um aparato histórico- conceitual no seu texto, trazendo a importância das
duas grandes guerras, das duas revoluções industriais, e da crise de 1930. O texto é
“recheado” de eventos históricos. Estes eventos por sua vez são de suma importância para
entender a mensagem que os autores querem transmitir em relação a ascensão norte
americana na economia mundial. Serrano (2002), com sua visão “Sraffiana, Neo-
Ricardiana conceitua a questão da taxa monetária de juros de forma independente. O autor
de “ Do ouro imóvel ao dólar flexível”, traz sua crítica ao monetarismo nacional de Hume,
e o monetarismo global de Triffin.
O entendimento da teoria dos padrões monetários, o surgimento e a ascensão não
teria o mesmo significado ou até mesmo importância cientifica onde atualmente no estudo
econômico existem várias visões se não fosse Robert Triffin. O Belga traz em sua obra:
“ O sistema monetário internacional”, prenúncios do seu dilema, posteriormente batizado
de “Dilema de Triffin”. Este autor é citado nos textos de Tavares e Belluzzo (2004),
Serrano (2002) e por Barry Eichengreen (2000) na sua obra: “ A globalização do capital.
Uma história do sistema monetário internacional”.
Eichengreen (2000) no capitulo 04 de sua obra, inicia o debate dos pensadores que
eram favoráveis ao acordo de Bretton Woods, acreditavam que o acordo teve sucesso, e
os que eram críticos ao acordo como por exemplo o próprio Triffin. Este autor deixa
evidente que os eventos pós-guerras deixaram um colapso financeiro no sistema
financeiro internacional. O Belga analisa que foram vários anos de caos monetário pós
crise de 1930 e pós segunda grande guerra com a instabilidade nas taxas de câmbio, do
controle cambial, e do bilaterismo.
Os textos trazem pontos de convergência e divergência entre si. O que fica explicito
é o contexto histórico que os textos trazem antes de definir suas argumentações referente
a Bretton Woods e o que posteriormente acontece na economia mundial e na ascensão
dos EUA como potência. A resenha busca identificar esses pontos congruentes e distintos
e fazer um diálogo entre os textos, afim de identificar o ponto de vista de cada autor e
como cada pensador enxerga o tema.

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2. Bretton Woods: O legado, o padrão monetário e a expansão americana na
economia mundial.

O acordo de Bretton Woods significou para os EUA, uma nova ordem no comércio
Internacional, o pós-guerra iniciou-se uma nova arquitetura econômica mundial.
Washington desejava assegurar condições para o livre comércio entre as potências em um
mundo dividido. Ora, a partir dessa contextualização podemos compreender e analisar o
capítulo 4 do texto de Barry Eichengreen, que é dedicado a explicar justamente o início
do acordo, o seu contexto histórico, defensores e críticos.
Eichngreen (2000), inicia sua argumentação no capitulo 04, diferenciando Bretton
Woods do padrão –ouro. A diferença segundo o autor se deu por três aspectos: Câmbio
ajustável, controle de fluxos de capital, e a criação do fundo monetário internacional. Mas
afinal o que levou a nova roupagem capitalista pós-guerra? Tavares e Belluzzo (2004),
fazem um ensaio do que levou a uma nova ordem econômica ou financeira pós-guerra.
Segundo os autores o domínio Inglês com o ouro-libra como padrão que surgiu em
meados de 1819 e tem seu declínio em 1914 com o déficit Inglês. Déficit esse citado por
Serrano (2002) também em sua obra. Tavares e Belluzzo (2004), argumentam que a
passagem da hegemonia da Inglaterra para os Norte Americanos se deu pós-guerra no
século XX, e foi causada pela nova roupagem capitalista e nova ordem mundial que se
deu através de uma nova mudança de padrão monetário internacional e divisão
internacional do trabalho.
O que ficou evidente pós-guerra, que de um lado existia uma Inglaterra que
defendia uma política monetária ainda assegurando a zona da Libra, onde tinha Keynes
como assessor do tesouro britânico, e de outro um EUA avido de abertura comercial. Vale
ressaltar que essa “abertura comercial” e esse “liberalismo”, era diferente do pregado em
meados da década de 20 onde os banqueiros privados e os administradores dos bancos
centrais tinham outra visão de política financeira. O que fica evidente no texto de Tavares
e Belluzzo (2004), é que o caráter do estado americano pós-guerra, que os autores
chamam de Darwinista a questão da concorrência e o estado plutocrático Americano,
favoreciam as grandes corporações que nasceram pós segunda revolução industrial. Ao
analisar o mesmo contexto histórico de queda do padrão ouro-libra que para Serrano
(2002), teve fim por consequências geopolíticas, o autor ainda faz uma crítica a Triffin,
pela questão do monetarismo global e o famoso dilema de Triffin.

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Eichengreen (2000), demonstra no início do capitulo 04, que apesar das três
mudanças de Bretton Woods em relação ao padrão anterior não foram tão eficazes como
se imaginava. O autor cita que na prática não houve harmonia, ao citar como exemplo o
sistema das taxas ajustáveis, ele faz uma crítica as mudanças de paridade que eram
raríssimas entre os países industrializados de centro, também analisa a monitorização do
FMI, e de seus recursos que para o autor foram insuficientes em relação aos problemas
de pagamento e as punições que nuca foram conferidas aos países que ameaçassem a
estabilidade do sistema.
O que fica evidente nos textos e o que deve ser compreendido é que com o início
de Bretton Woods, foi a derrocada final para o liberalismo clássico dos anos 30. Ora, não
somente se constrói uma nova ordem econômica mundial com os EUA liderando essa
nova ordem, como a política do “laissez- faire”, deixou de ser predominante. Vale frisar
que no campo da teoria econômica muitas vezes não dialoga de modo prático com
realidade, e isso a história econômica mundial nos lembra, como o próprio tripé do acordo
por exemplo que não funcionou da forma como foi planejada. As teorias posteriormente
ensaiadas pós era do “bem-estar social”, acontece em meados dos anos 40 com a
sociedade do Mont Pelerín, é só ganha consistência prática com a ascensão da ordem
política econômica conservadora, representada muito bem pela dama de ferro quase na
década de 80.
Serrano (2002), faz um questionamento a respeito do declínio Inglês, após a
primeira guerra mundial. O autor acredita que a primeira grande guerra foi o que levou a
derrocada da potência Grã-Bretanha. O autor observa que a conta corrente Inglesa perde
saldo comercial com a Índia, também observa a crítica Keynesiana ao retorno da paridade
pós-guerra. Continuando o raciocínio o autor faz uma crítica a Triffin em relação ao seu
monetarismo global, que analisa as reservas de ouro dos bancos centrais sem levar em
conta o domínio Inglês frente a Libra em relação ao ouro e faz uma análise em relação ao
câmbio fixo a expansão da moeda fiduciária pelos bancos com a saída de ouro doméstico
para reforço bancário de reserva.
O forte traço intervencionista pós- primeira guerra, com a própria indústria voltada
para guerra e o padrão monetário voltada para as políticas estatais, uma subordinação da
economia em relação à política. Afinal o que muda do contexto econômico do pós-
primeira guerra em relação ao pós- segunda guerra? Justamente a nova roupagem
capitalista que ganha contornos com Bretton Woods e com o Keynesianismo aplicado.
Ora, o que se tem pós- segunda guerra é o “multilateralismo econômico”, essa nova forma

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econômica não é incongruente ao intervencionismo estatal, foi apenas uma nova maneira
de política econômica mundial que por um lado se encontrava mais “aberta”, porém mais
regulamentada em questões estatais. Bretton Woods representou um novo papel do estado
e da política econômica mundial.
O texto de Tavares e Belluzzo (2004), questiona sobre a nova política econômico
pós primeira-guerra, justamente com o colapso Inglês. Esse colapso que os autores
argumentam que a dívida Inglesa com o apogeu do Banco Morgan que financiava os
países da Europa e América Latina. E o nascimento dos Estados Nacionalistas após crise
de 1930. Também observam no texto o nascimento da política Norte Americana do New
Deal. Fica evidente na argumentação do texto, a importância da primeira grande guerra
em relação ao seu legado tecnológico, econômico, político e social. Os EUA saem da
guerra fortalecidos como a grande potência industrial onde a segunda revolução industrial
foi de suma importância para a primeira grande guerra.
O texto de Serrano (2002), faz críticas pontuais a visão de Triffín em relação ao
padrão ouro. E o desejo de Triffin de continuar com o mesmo padrão pós-guerra. Vale
ressaltar que Tavares e Belluzzo (2004) demonstra o erro Inglês ao retornar e optar pela
paridade antiga mesmo com o cenário econômico mudado. Isso causou segundo os
autores de “A mundialização do capital e a expansão do poder Americano”, uma
sobrevalorização da libra, e os outros países tinham uma sub-valorização em relações as
suas moedas, sendo assim, isso gerou um desequilíbrio na balança de pagamentos. O que
deve se entender é que as pressões em relação a libra, levaram os outros países a procurar
ouro para reserva. O que acontece posteriormente é a crise de 1929 que foi impulsionada
pelas bolhas especulativas, que por sua vez eram incentivadas por ativos baratos que em
outros países geraram as especulações que deram início ao processo do crack da bolsa de
Nova York.
Para Triffin (1972), o mesmo raciocino da sobrevalorização da libra pós-guerra
fez com que a Inglaterra sofresse queda nas suas exportações e também queda na
atividade econômica e no emprego. O autor discorre também sobre a conversibilidade
que voltou em meados de 1920 e teve seu encerramento em 21 de setembro de 1931. Ele
também discorre das comparações das duas grandes guerras em relação aos aspectos
econômicos. A falta de uma diretriz econômica entre as potências na primeira grande
guerra, e um maior nível de cooperação pós-segunda grande guerra é uma das diferenças
detalhadas pelo autor.

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O que fica para análise dos textos em questão é como as duas grandes guerras são
citadas pelos autores e como foram fundamentais para a ascensão Norte Americana e o
surgimento de uma nova ordem econômica, uma nova hegemonia econômica, um novo
padrão e principalmente um novo fundamento, que é o protecionismo. As duas grandes
guerras segundo os autores, não somente configuraram um novo modelo de comércio
Internacional, mas como modificaram a forma capitalista. O que vemos é um período
conturbado entre guerras, e depois posterior a segunda grande guerra, um novo modelo
de capitalismo, impulsionado pela ascensão Norte Americana.
Barry Eichengreen (2000), também cita em seu texto a irresponsabilidade em
restabelecer a conversibilidade em 1947. Segundo o autor isso aconteceu devido ao
empréstimo feito pelos EUA para a Inglaterra em 1946, sob essa condição. Em meados
de 1947 houve a crise da libra e os Norte Americanos, deixaram a política europeia em
relação a conversibilidade a um prazo maior. Posteriormente veio o Plano Marshall.
O que fica evidente e claro no texto de Tavares e Belluzzo (2004), é como os EUA
participaram das duas grandes guerras, fazem, essa participação tardia em ambas e
protegidos de forma geográfica pelos oceanos Atlântico e Pacífico, fizeram que os Norte
Americanos saíssem das guerras “inteiros” em relação aos outros países de seu continente.
Também o financiamento da Europa e Japão pelos EUA, posterior a segunda guerra,
demonstra o poderio financeiro. Ora, a importância das guerras é fundamental para
compreender o apogeu dos EUA como potência política e econômica que por sua vez
também é responsável pela queda do padrão ouro-libra. Os erros listados e argumentados
por Tavares e Belluzzo (2004), que chamam inclusive de “ erro altista” a questão da
especulação pós-guerra, juntamente com a intervenção do FED que subiu a taxa de
desconto levando ao estouro da bolha especulativa.
O que fica evidente nos textos aqui citados, é que essas transformações em que o
mundo experimentou no início do século XX, principalmente nos 50 anos iniciais foram
de suma importância para a “mutação” do sistema capitalista. Ora. As grandes crises
econômicas não propiciaram somente ruinas, mas também propiciaram novos avanços
pós-crises, pós-guerra, pós-revoluções industriais. O mundo econômico e político
experimentou uma nova roupagem do sistema que por sua vez se aperfeiçoou sempre em
momentos cruciais da história econômica da humanidade. Os avanços tecnológicos, as
trocas de padrão monetários, as novas formas geopolíticas, o intervencionismo, o
liberalismo, demonstra o quanto o ciclo econômico foi distinto em vários momentos
durante o início do século.

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3. O fim de Bretton Woods e a nova estruturação econômica mundial.

O padrão ouro como imaginado e pensado de forma teórica, nunca existiu na


prática. O que podemos entender é que devido a conjuntura econômica da época, houve
um padrão moeda representado pelo ouro-libra, já que a Inglaterra dominava como
potência o período. Vale ressaltar que a falta de estrutura igual entre os países e a questão
do comércio internacional, juntamente com a rigidez de preços e custos contribuíram para
eu na prática esse padrão ouro não funcionasse como o esperado. Assim como o padrão-
ouro, Bretton Woods também teve seu fim. O que devemos analisar, que a história
econômica é definida pelos fatos momentâneos da época. Cabe salientar, que as mudanças
são significativas pois há uma dependência do contexto do que a economia vivencia no
momento. O século XX é marcado por várias rupturas teóricas e por mudanças na
economia mundial. Isso foi possível e é possível dentro da sociedade pois os autores
sociais sempre estão em constante mudança, seja de pensamento ou mudanças que a
própria conjuntura de momento os obriga a isso.
Bretton Woods demonstrou que a potência dominante no momento era os EUA.
Isso elevou a responsabilidade Norte-americana como o provedor de liquidez
internacional e também como grande banco do mundo, emprestador internacional. A
queda do padrão-ouro e a nova ordem econômica mundial que se apresentava e era
representada por este acordo, conferiu a Washington ser o “dono do jogo”, aquele que
dita as regras da economia mundial.
O grande dilema de Bretton Woods, analisado por Serrano (2002), que cita o dilema
de Triffin, que é a crítica do Belga em relação ao padrão ouro-dólar, onde o mesmo
criticava o fato de o dólar ser uma moeda de reserva, não aceitava que essa moeda de
reserva fosse de um país específico. Esse dilema de 1960, segundo o próprio Serrano
(2002) demonstra contradição, porém realmente em 1971 Bretton Woods deixa de existir
devido as inconsistências devido a questão das especulações que ocorreram e fizeram os
EUA abandonarem a conversibilidade. Serrano (2002), ainda argumenta que os EUA
eram o banco central do mundo e não queriam perder esse privilégio, pois não tinham
restrições globais com a balança de pagamentos e tinha autoridade monetária.
Bretton Woods até meados de 1960 foi um excelente acordo para os EUA. Ao
transferir dólares para a Europa permitiu compras de bens e serviços dos EUA, isso gerava
saldos comerciais positivos e aquecia a economia interna Norte Americana. Belluzzo
resume em uma frase a derrocada Norte Americana em relação ao padrão: “ O sistema de

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Bretton Woods entrou em crise não devido a seus defeitos, mas devido a seu sucesso”. O
ingrediente de financiar os países pós-guerra e seus gastos militares afetaram a balança
de pagamentos dos EUA o que era compensado com pela sua balança comercial positiva.
Quando em meados dos anos 50 houve a construção da Europa, juntamente com o Japão
que reconstruíram seu polo Industrial e aumentaram sua produtividade, podendo competir
com os próprios americanos. Esse excedente comercial que antes ajudava a economia dos
EUA, não era mais como antes. Isso levava ao excesso de dólares levando ao risco
especulativo do dólar.
A corrida contra o dólar de 1959 até meados de 1960, com a perca de ouro dos
EUA, fizeram com que os Washington tomassem medidas como por exemplo aumentar
a taxa de juros a curto prazo e criar imposto para tornar a saída de dólares mais caro. O
Fundo Comum Do Ouro em 1960 foi criado para estabilizar o preço do metal, assim como
o acordo de Basileia. Obvio que essas medidas tiveram um efeito de curto prazo. Em 1965
com a França trocou os dólares pelo ouro e posteriormente os gastos com a guerra do
Vietnã que inclusive é observado na obra de Serrano (2002) e Tavares e Belluzzo (2004),
serviram para a queda do acordo de Bretton Woods.
Em 1966 o FED atuou como emprestador de última instância, em 1968 foi o fim do
Fundo Comum Do Ouro, já estava sendo ensaiado o colapso de Bretton Woods. Essas
medidas levaram ao famoso Dilema de Nixon, bem observado por Serrano (2002), que
era a desvalorização do dólar, mas sem comprometimento como moeda internacional. Em
1971 os EUA decretaram a inconversibilidade do dólar em ouro como observado por
Serrano (2002), analisa o padrão dólar-flexível pós Bretton Woods, e a paridade da moeda
americana em relação as outras moedas conforme a conveniência, através das mudanças
nas taxas de juros.
A mudança da política econômica dos EUA nos anos 80 com diversos eventos
históricos, como por exemplo a crise da dívida externa mundial influenciaram para que
houvesse um financiamento da dívida pública. Nesse contexto pós acordo, surge a
securitização de dívidas, e para proteger os ativos financeiros, surge os derivativos. Vale
ressaltar que com o surgimento dos derivativos aumenta a flexibilidade e a segurança para
o tomador de recursos e para o aplicador, contudo também as especulações ganham
terreno fértil para se desenvolver, aumentando o risco de colapso econômico, as famosas
bolhas especulativas, também chamado de risco sistêmico.
O legado pós Bretton Woods é a globalização financeira com um mercado
financeiro único no mundo. Os fundamentos econômicos nessa globalização financeira

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deixam de ser importantes, o que vale é a influência de fatores financeiros nas taxas de
câmbio por exemplo, provando que o papel de emprestador de última instância tem maior
complexidade e importância devido ao risco de liquidez. O consenso de Washington
prega a velha máxima do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Isso demonstra
que os EUA adotam políticas favoráveis ao pleno emprego mesmo não sendo a máxima
do consenso, em épocas de crise política e econômica os americanos não seguem a
cartilha de mercado, exemplo é o próprio 11 de setembro, que levou posteriormente a
adotar políticas de cunho keynesiana emergencial.

4. Conclusão

Ao analisar os textos podemos concluir que os autores citados, desenvolvem seus


textos baseados principalmente nos fatos históricos que fizeram surgir o acordo de
Bretton Woods, como por exemplo as duas revoluções industriais, as duas grandes
guerras, a crise de 1929, a divisão internacional do trabalho entre outros eventos foi de
suma importância para o aparecimento de Bretton Woods, devido as mudanças
socioeconômicas no mundo.
As duas grandes guerras elevaram posteriormente os EUA a grande potência
mundial. A crise da Grã-Bretanha que sai endividada das guerras e o poderio econômico
e militar juntamente com o industrial faz com que os Norte-Americanos saem fortalecidos
como potência, ditando as regras econômicas do comercio internacional. Nesse aspecto
Bretton Woods surge para ser o grande divisor de águas de um período conturbado para
a economia mundial.
Os EUA assumem o papel de grande banco central do mundo, aspecto citado por
Serrano (2002) e também observado por Tavares e Belluzzo (2004). A ajuda econômica
através de dólares para financiar os países da Europa e Japão se mostra eficaz no primeiro
momento, mas como a teoria não necessariamente tem garantia de funcionamento
perfeito, ela acaba falhando ao decorrer de Bretton Woods.
O que fica evidente nas obras e que os autores entendem é que a mutação capitalista
pós-guerra elevou uma nova fase desse capitalismo, e posterior a Bretton Woods surge
novamente uma outra roupagem que é o financiamento do mercado ou a globalização do

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mercado. O que fica explicito nos textos é que os eventos históricos são de fundamental
importância para explicar o que aconteceu e o que pode acontecer na economia.
Os autores trazem divergências em relações aos padrões monetários e convergência
em relação ao papel dos EUA no pós-guerra e em Bretton Woods. A obra de Triffin é
um clássico assim como Barry Eichengreen. Belluzzo e Tavares juntamente com Serrano
são autores com uma visão mais recente e com uma ótica crítica em relação ao próprio
padrão, seja ele ouro-libra ou ouro-dólar, assim como as mutações do capitalismo.
Bretton Woods não foi somente um acordo que elevou os EUA a potência mundial.
Esse acordo se confunde com a história do sistema capitalista no século XX, e apesar do
seu insucesso ou como diria Belluzzo do seu sucesso que levou a sua derrocada, ele foi
de suma importância para a história da economia mundial.
O que vem pós Bretton Woods é a incerteza de um modelo excludente. Modelo este
que sempre estará a serviço de poucos. Bretton Woods representa talvez o último suspiro
do controle das potências sobre suas economias. O que fica evidente é que a globalização
financeira que se inicia em meados de 1980, ganha forma e sustância nos anos seguintes,
seja pela política neoliberal de abertura comercial nos países de terceiro mundo, uma nova
forma imperialista, seja pelo fato que nem mesmo as cooperações de modo a proteger as
economias das nações é capaz de suportar as bolhas especulativas como a que aconteceu
em 2008 com a crise do subprime e posteriormente com a crise do Banco Central
Europeu.

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