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Contudo, a apreciação do assunto pelo BP não foi tão pacífica quanto se faz
transparecer para consumo da opinião pública. Este jornal soube que a
querela que já se antevia em relação a quem competiria o papel leonino na
elaboração do desenho departamental e na indicação de nomes para o
Executivo acabou por acontecer. Fonte familiarizada com a questão
confidenciou a este jornal que José Eduardo dos Santos, usando a
prerrogativa que lhe é conferida pelos estatutos do partido nessa matéria,
sentiu-se fortemente compelido a intervir na composição do futuro
Executivo.
Mais a mais porque os nomes escolhidos por João Lourenço não são de
todo satisfatórios para o líder do MPLA e Presidente cessante. “Os nomes
que saem da boca de JLo prenunciam um desastre”, indicou, de modo
enfático, a fonte.
Mas mais significativo ainda é o facto de José Eduardo dos Santos, pelos
vistos, nessa cerimónia pretender ser tratado com determinados privilégios
que “gozava no seu tempo”, mesmo depois do juramento de posse pelo
novo Chefe de Estado. Por outro lado, assegura a fonte, ele faz questão de
sentar-se numa cadeira distintiva, relegando João Lourenço a uma posição
de subalternizado.
“Caso contrário”, refere a fonte deste jornal, “José Eduardo dos Santos
pondera não assistir à cerimónia. E se assistir, seja como for, sairá antes do
novo Presidente da República”, quando as normas de etiqueta do
cerimonial presidencial prescrevem que prevaleça o contrário: o Chefe de
Estado é o primeiro a sair.
Para já, num exercício de descompressão para fugir ao forte assédio a que
tem sido sujeito nos últimos dias na emblemática zona de Alvalade, o novo
casal presidencial irá aguardar pelo dia da investidura numa casa que é
propriedade do Ministério da Defesa e localizada no Morro da Luz. Quanto
ao Presidente cessante, este já desovou há muito o Palácio da Cidade Alta,
tendo-se mudado para aquela que é a sua residência privada de pós-
mandato – a mansão do Miramar.
Correio Angolense