O artigo ‘O ser Tutor na Educação a Distância e sua participação na equipe
polidocente’ trata de uma pesquisa a respeito da percepção dos tutores sobre a própria função dentro de uma universidade pública, bem como a relação destes com os demais membros da equipe docente. Quem escreveu o artigo foi Thaís Philipsen Grützmann. Ela é Doutora em Educação (UFPel/2013); Mestre em Educação em Ciências e Matemática (PUCRS/2009); Especialista em Matemática e Linguagem (UFPel/2007); Licenciada em Matemática (UFPel/2005). Atualmente é Coordenadora do Curso e Professora Adjunta do CLMD/IFM/UFPEL – Curso de Licenciatura em Matemática a Distância, trabalhando nos projetos Pró-Licenciatura e Universidade Aberta do Brasil (UAB). Tem experiência na área de Ensino de Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: Tutoria e Educação a Distância, Saberes Docentes, Estágio Curricular Supervisionado, Educação Matemática.
O grupo de tutores pesquisados pertencem ao Curso de Licenciatura em
Matemática da Universidade Federal de Pelotas. A metodologia de pesquisa aplicada foram questionários fechados e entrevistas.
O artigo foca na questão da polidocência a partir da demanda crescente de alunos
pela modalidade a distância e os esforços das instituições de ensino para conjugar as áreas pedagógica, técnica e administrativa que formam o corpo polidocente. Segundo Mill (2010, p.14 apud Grützmann,2013, p.222) define polidocência como “coletivo de trabalhadores que, mesmo com formação e funções diversas, é responsável pelo processo de ensino-aprendizagem na EaD”.
De uma forma geral, os tutores pesquisados viram-se como mediadores,
facilitadores e incentivadores da aprendizagem. Isso revela que eles estão conscientes de seu papel profissional. Os tutores alegaram algumas dificuldades na prática docente como a “mecanicidade’ na construção de feedbacks durante as correções das tarefas, por não conhecerem o perfil desses alunos. Possivelmente isso ocorra devido ao volume de tarefas a corrigir ou também falta de gestão do tempo de trabalho. Um outro comentário relevante foi a respeito da precarização do trabalho do professor de da ausência de uma legislação clara acerca da tutoria, permitindo salários pouco atrativos para a função. Pode-se interpretar tal situação à adoção de medidas neoliberais à educação, desmantelando a função docente com a redução do quadro e diminuição de salários. Em contrapartida, há uma outra interpretação que diz respeito ao processo de democratização do ensino, desenvolvimento da autonomia e o oferecimento de uma aprendizagem mais significativa.
Houve o relato de um problema capital que envolve a polidocência que é a
comunicação entre os membros da instituição de ensino. O principal deles foi a falta de comunicação entre os membros da equipe e da dificuldade de tomada de decisão quando esta depende do aval de outros profissionais presentes na equipe. Isso pode revelar um problema grave nas instituições de ensino, pois trata-se de uma equipe multidisciplinar e interdependente, ou seja, os canais do diálogo teriam que ser os mais diretos e claros possíveis. Os profissionais precisam encarar a realidade polidocente como extensão do seu próprio fazer docente e comprometer-se com as demandas que surgem, seja como proponente de soluções e ações, seja como solicitante quando se esgotam os esforços pessoais. Para se chegar a tal nível, os profissionais precisam ter um bom nível de empatia e construir laços de cordialidade entre si. Ao final da pesquisa, concluiu-se que na Educação a Distância não há nenhuma fórmula pronta, mas sim algumas diretrizes que norteiam as práticas docentes que podem ser partilhadas na equipe polidocente. Os anseios presentes na tutoria permanecem, de uma certa forma, devido as tentativas de adotar práticas mais contextualizadas e eficientes para aprendizagem e nas formas de gerenciar as demandas pedagógicas dentro e fora da equipe polidocente.
REFERÊNCIAS
GRÜTZMANN, Thaís Philipsen. O ser Tutor na Educação a Distância e sua
participação na equipe polidocente. Anais do V Seminário Internacional de Educação a Distância: meios, atores e processos. CAED-UFMG- 2 a 4 de setembro de 2013. p. 217- 226. Disponível em: <https://www.ufmg.br/ead/seminario/anais/pdf/Eixo_2.pdf>