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Dalvani Machado Amaral

Daniella Soares G. Maciel

Análise dos gases expirados e do padrão respiratório de pacientes com DPOC


durante o repouso e o exercício com respiração freno-labial.

Juiz de Fora
2009
2

Dalvani Machado Amaral


Daniella Soares G. Maciel

Análise dos gases expirados e do padrão respiratório de pacientes com DPOC


durante o repouso e o exercício com respiração freno-labial.

Trabalho de Conclusao de Curso com


a finalidade de obter o diploma de
bacharelado em Fisioterapia pela
Universidade Federal de Juiz de Fora.

Orientador: Professor Leandro Ferracini Cabral


Co-orientador: Professor João Vitor Durães Pereira Duarte.

Juiz de Fora
2009
2

RESUMO

Introdução: A respiração freno-labial (RFL) é utilizada para melhorar o padrão


respiratório e aliviar a dispnéia na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). No
entanto, a influência da RFL no consumo de oxigênio destes pacientes ainda é
desconhecida. Objetivos: Analisar os gases expirados e o padrão respiratório de
pacientes com DPOC realizando RFL. Métodos: Oito pacientes com DPOC foram
submetidos à avaliação do padrão respiratório e consumo de oxigênio do através do
VO2000 no repouso e durante exercício submáximo em bicicleta ergométrica,
realizando respiração controle (RC) e RFL. Resultados: Comparando a RFL com a
RC no repouso, observou-se aumento do volume corrente (VC) e redução dos
equivalentes ventilatórios com RFL. Durante o exercício, houve aumento do VC e
redução da freqüência respiratória com a RFL, sem alterações no consumo de
oxigênio dos pacientes. Conclusão: A RFL produziu alterações benéficas no padrão
respiratório, sem promover alteração no consumo de oxigênio durante o exercício.
Palavras chaves: DPOC. Respiração freno-labial. Consumo de oxigênio.
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Abstract

Introduction: The pursed lips breathing (RFL) is used to improve the breathing
pattern and relieve dyspnea in chronic obstructive pulmonary disease (COPD).
However, the influence of the RFL in oxygen consumption of these patients is still
unknown. Objectives: To evaluate the respiratory pattern and oxygen consumption
in patients with COPD performing RFL. Methods: Eight patients with COPD were
submitted to evaluation of breathing pattern and consumption of oxygen by VO2000
at rest and during submaximal exercise in ergometric bicycle, making breathing
control (RC) and RFL. Results: Comparing the RFL with the RC at home, there was
an increase in tidal volume (VT) and reduction in ventilatory equivalents with RFL.
During the year, an increase of VC and reduction of respiratory frequency with the
RFL, without changes in oxygen consumption of patients. Conclusion: The RFL
produced beneficial changes in breathing pattern, without promoting changes in
oxygen consumption during exercise.

Key words: COPD. Pursed-lip breathing. Oxygen consumption.


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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AQ20 Airways Questionnaire

CI Capacidade Inspiratória

CO2 Dióxido de Carbono

CPT Capacidade Pulmonar Total

CRF Capacidade Residual Funcional

CV Capacidade Vital

CVF Capacidade Vital Forçada

DAC Doença Arterial Coronariana

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

FC Freqüência Cardíaca

FR Freqüência Respiratória

GOLD Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

HD Hiperinsuflação Dinâmica

MMII Membros Inferiores

PA Pressão Arterial

PaCO2 Pressão Arterial de Dióxido de Carbono

PaO2 Pressão Arterial de Oxigênio


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Pemáx Pressão Expiratória Máxima

PFE Pico de Fluxo Expiratório

Pimáx Pressão Inspiratória Máxima

RC Respiração Controle

RFL Respiração Freno-labial

rpm Rotações por minuto

SGRQ Saint George’s Respiratory Questionnaire

SpO2 Saturação de pulso de Oxigênio

Ti/ Ttot Relação entre o Tempo Inspiratório e Tempo Total do Ciclo


respiratório
VC Volume Corrente

VCO2 Produção de Dióxido de Carbono

VE Volume Minuto

VEF1 Volume expiratório forçado no primeiro segundo

VEF1/CVF Relação entre o volume expiratório forçado no primeiro


segundo e a capacidade vital forçada
VO2 Consumo de Oxigênio

VVM Ventilação Voluntária Máxima

VE/VCO2 Equivalente Ventilatório do Dióxido de Carbono

VE/VCO2 Equivalente Ventilatório do Oxigênio

Wmax Carga Máxima Tolerada


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Sumário

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 8

1.1 DOENÇA PULMONAR OBSTRITIVA CRÔNICA.................................. 8


1.2 O PAPEL DA HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR NA LIMITAÇÃO AO
EXERCÍCIO EM PACIENTES COM DPOC................................................. 10

1.3 RESPIRAÇÃO FRENO-LABIAL............................................................ 13

2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO................................................................. 16

3 OBJETIVOS............................................................................................. 16

3.1 GERAL................................................................................................... 16

3.2 ESPECÍFICOS....................................................................................... 16

4 PACIENTES E MÉTODOS....................................................................... 16

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO............................................................ 17

4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO.................................................................. 17

4.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO................................................................. 17

4.4 INSTRUMENTAÇÃO E PROTOCOLO EXPERIMENTAL..................... 17

4.4.1 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA...................................... 18

4.4.1.1 ESPIROMETRIA.............................................................................. 18

4.4.1.2 MANOVACUOMETRIA.................................................................... 20

4.4.2 AVALIAÇÃO DO GRAU DE DISPNÉIA.............................................. 20

4.4.3 TESTE INCREMENTAL...................................................................... 21


7

4.4.4 TREINAMENTO DA RESPIRAÇÃO FRENO-LABIAL (RFL).............. 24

4.4.5 TESTE DE ENDURANCE................................................................... 25

4.4.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA............................................ 25

4.4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................... 27

5 RESULTADOS......................................................................................... 28

6 DISCUSSÃO............................................................................................. 39

7 CONCLUSÃO........................................................................................... 42

8 REFERENCIAS........................................................................................ 43

ANEXO A .............................................................................................. 47

ANEXO B............................................................................................... 51

ANEXO C............................................................................................... 52

ANEXO D.............................................................................................. 58

ANEXO E.............................................................................................. 60
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1 – INTRODUÇÃO

1.1 – DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença prevenível e


tratável, com vários efeitos extra-pulmonares significantes que podem contribuir para
a gravidade da mesma em cada paciente. Seu componente pulmonar é
caracterizado por obstrução ao fluxo aéreo que não é totalmente reversível. Esta
obstrução é usualmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória
anormal do pulmão ocasionada pela exposição a partículas ou gases nocivos
(GOLD, 2007).
A DPOC é uma associação de bronquite crônica e enfisema pulmonar, sendo
a bronquite crônica caracterizada por uma síndrome clínica na qual o indivíduo
apresenta tosse crônica com expectoração mucosa ou mucopurulenta, com duração
mínima de 3 meses, durante dois anos consecutivos, não resultante de outra causa
aparente (tuberculose, bronquiectasia, etc). O enfisema pulmonar é caracterizado
por aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal,
acompanhado por alterações destrutivas das paredes alveolares, sem a presença de
fibrose. De um modo simplista, pode-se dizer que na bronquite crônica predominam
os fenômenos inflamatórios e, no enfisema, as alterações destrutivas (Tarantino et
al., 2002).
O principal fator de risco para o desenvolvimento da DPOC é o tabagismo,
porém outros fatores como a poluição ocupacional, a poluição atmosférica e a
deficiência de α1-antiprotease podem estar envolvidos. A inalação prolongada de
substâncias nocivas provoca inflamação pulmonar que ocasiona hipertrofia das
glândulas mucosas e das células caliciformes, gerando hipersecreção mucosa,
assim contribuindo para a limitação ao fluxo aéreo (GOLD, 2007). Como
conseqüência da doença respiratória, o paciente começa a apresentar morbidades
secundárias comprometendo outros sistemas do organismo. Um exemplo é a
disfunção muscular representada por diminuição da força muscular periférica, atrofia
muscular nos membros inferiores, diminuição da concentração de enzimas
oxidativas e redução do número de capilares por área muscular (ATS/ERS, 1999).
Bernard et al. (1998) encontraram correlação positiva entre a gravidade da
obstrução pulmonar e a força muscular do quadríceps, sugerindo que o aumento da
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gravidade leva o paciente à diminuição do nível de atividade física com conseqüente


redução da força muscular periférica e atrofia nos membros inferiores.
Com o objetivo de sistematizar, padronizar e orientar o diagnóstico e o
tratamento da DPOC, foi elaborado um programa conhecido pela sigla GOLD que
corresponde a “Global Initiative for Chronic Obstrutive Lung Disease” (Iniciativa
Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), organizado pelo Instituto do
Coração, Pulmão e Sangue dos EUA (NHLBI) e pela Organização Mundial de Saúde
(OMS). Este programa foi criado em 1997, reunindo especialistas em DPOC do
mundo inteiro e vem, ultimamente, divulgando uma série de documentos
relacionados a essa afecção, procurando fornecer, sempre que possível,
informações baseadas em evidências (GOLD, 2007).
Segundo a GOLD, por meio da avaliação da espirometria após a
broncodilatação do paciente, pode-se realizar o estadiamento da DPOC da seguinte
forma:
Quadro I – Estadiamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
ESTÁDIO DENOMINAÇÃO CARACTERÍSTICAS
VEF1/CVF < 70% e
I DPOC leve VEF1 > 80% do previsto
VEF1/CVF < 70% e
II DPOC moderado 50% < VEF1 < 80% do previsto
VEF1/CVF < 70% e
III DPOC grave 30% <VEF1 < 50% do previsto
VEF1/CVF < 70%
VEF1 < 30% do previsto
IV DPOC muito grave ou
VEF1 < 50% do previsto e
insuficiência respiratória crônica

VEF1 = volume expiratório forçado no primeiro segundo, CVF = capacidade vital forçada,
VEF1/CVF = relação entre o VEF1 e a CVF (GOLD 2007).

A DPOC é a quarta maior causa de morte no mundo. No Brasil, estima-se que


7 milhões de pessoas tenham DPOC e, em 2007, o gasto anual gerado pelas
internações por DPOC no Sistema Único de Saúde foi de aproximadamente 86
milhões de reais (Brasil, 2008). Menezes et al. (2005) publicaram um estudo
denominado PLATINO (Projeto Latino Americano de Investigação de Doenças
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Obstrutivas) no qual avaliaram a prevalência da DPOC em 5 países da América


Latina. No Brasil, este estudo foi realizado no estado de São Paulo com a avaliação
espirométrica de 963 indivíduos com idade maior ou igual a 40 anos. Os autores
desta pesquisa verificaram que 24% da população brasileira analisada era tabagista
e 6% apresentava DPOC classificada entre os níveis II e IV de estadiamento pelo
programa GOLD. Do total de indivíduos diagnosticados no estudo PLATINO entre os
níveis II a IV, só 20,6 % possuíam o diagnóstico de DPOC, demonstrando que
grande parte da população de pacientes com DPOC não é diagnosticada.
A DPOC é uma doença de grande impacto econômico no Brasil e no mundo.
Em 2004, aproximadamente 191 mil pacientes com o diagnóstico de DPOC foram
internados no Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2008). A mortalidade por
DPOC no Brasil alcança 30 mil pacientes por ano, classificando-a como a 5ª causa
de morte no país. Entre os anos de 1980 e 1999 a doença apresentou um aumento
de 301% nas causas de óbito e atualmente, a DPOC é considerada uma doença
respiratória com custo bastante elevado para o Sistema Único de Saúde (Brasil,
2007).

1.2 – O PAPEL DA HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR NA LIMITAÇÃO AO


EXERCÍCIO EM PACIENTES COM DPOC

Com a limitação ao fluxo aéreo pulmonar, o paciente começa a apresentar


aprisionamento de ar e hiperinsuflação. A hiperinsuflação pulmonar é definida como
um aumento anormal da capacidade residual funcional (CRF) e está presente na
DPOC devido aos efeitos do aumento da complacência pulmonar (resultante das
alterações destrutivas do enfisema) e da limitação ao fluxo expiratório (O’Donnell,
2006). Essa alteração promove uma reconfiguração da parede torácica para
acomodar os pulmões mais distendidos. Por outro lado, o diafragma, apesar de
encontrar-se mais encurtado, preserva parcialmente sua capacidade de gerar
pressões durante a respiração basal (Gorman et al., 2002; Similowski et al., 1991;
Cassart et al., 1997). Os mecanismos compensatórios, todavia, são rapidamente
comprometidos quando a ventilação é aumentada agudamente, como por exemplo,
durante o exercício (O’Donnell, 2006).
Em indivíduos saudáveis, verifica-se que tanto a freqüência quanto a
amplitude dos ciclos respiratórios normalmente se elevam para suprir o aumento da
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demanda metabólica durante o exercício. Todavia, a capacidade residual funcional


(CRF) e a capacidade inspiratória (CI) são mantidas. Nos pacientes com DPOC, a
constante de tempo (caracterizada pelo produto da complacência pulmonar pela
resistência) é substancialmente aumentada. Em muitos pacientes, o tempo
disponível para a expiração no repouso é insuficiente para permitir que a CRF
diminua ao seu volume de relaxamento, resultando em hiperinsuflação pulmonar.
Esta situação agrava-se quando o tempo expiratório diminui durante o exercício.
Este fenômeno é descrito como “air trapping” ou hiperinsuflação dinâmica (HD), e se
refere ao aumento temporal e variável da CRF acima da sua linha de base
(O’Donnell, 2006).
Devido à HD durante o exercício, o aumento do volume corrente (VC) ocorre
de forma limitada nos pacientes com DPOC, alcançando um platô. Neste ponto,
aumentos adicionais na ventilação só podem ser alcançados por incrementos na
freqüência respiratória (FR), o que reduz ainda mais o tempo expiratório e aumenta
a hiperinsuflação, formando-se um ciclo vicioso. Observe na figura 1, que o indivíduo
saudável aumenta o seu volume corrente sem alterar a sua linha de base. Já o
paciente DPOC, em virtude de sua limitação ao fluxo aéreo, não consegue expirar
todo o ar e por isso não atinge sua linha de base gerando a hiperinsuflação dinâmica
durante o exercício.
Além disso, a HD faz com que o paciente respire na parte superior da curva
pressão-volume (Figura 2), fazendo com que o mesmo necessite gerar um delta de
pressão maior que o indivíduo saudável para obter o mesmo volume. Isso coloca os
músculos inspiratórios em desvantagem mecânica, uma vez que eles passam a
trabalhar próximo da CPT, o que contribui para a intensidade e qualidade da
dispnéia (O´Donnell e Laveneziana, 2006).
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Hiperinsuflação Dinâmica

Saudável em repouso Saudável no exercício DPOC no exercício

Figura1 – Representação da hiperinsuflação dinâmica durante o exercício em paciente com


DPOC.

DPOC SAUDÁVEL

Figura 2 – Comparação entre as curvas pressão-volume de um paciente portador de DPOC


e uma pessoa saudável durante o exercício.

A hiperinsuflação também resulta em alterações na ventilação pulmonar, nas


trocas gasosas e na mecânica muscular respiratória. Estas alterações reduzem a
reserva ventilatória e a HD gerada, durante a atividade física, pode acarretar
desequilíbrio entre a demanda e a reserva ventilatória. Segundo O’Donnell e
Laveneziana (2006), as conseqüências da HD são: (1) aumento da carga para os
músculos inspiratórios, aumentando o trabalho respiratório e o consumo de oxigênio
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para a ventilação; (2) redução da força diafragmática devido ao encurtamento das


fibras musculares; (3) redução da capacidade de expansão do VC, levando à
limitação mecânica da ventilação e (4) comprometimento da função cardíaca.
Sassi-Dambron et al. (1995) relataram que a dispnéia gerada por determinada
atividade faz com que os pacientes evitem a realização da mesma, favorecendo o
descondicionamento físico e ocasionando um círculo vicioso, no qual cada vez que o
paciente deixa de realizar determinada atividade devido à dispnéia, maior
descondicionamento ocorrerá e maior será a dispnéia para atividades cada vez mais
leves. Em estágios avançados da DPOC, o paciente pode estar comprometido,
inclusive, na sua capacidade de realizar as atividades de vida diária.
Existem diversas estratégias com o objetivo de reduzir a sensação de
dispnéia e aumentar a tolerância ao exercício nos indivíduos portadores de DPOC.
Dentre elas, pode-se destacar a utilização de oxigenoterapia (O’Donnell et al., 2001;
Somfay et al., 2001), o condicionamento físico obtido por meio da participação nos
programas de reabilitação pulmonar (Porszasz et al. 2005) e a utilização de
broncodilatadores (O’Donnell et al., 1999; Liesker et al., 2002; O’Donnell et al.,
2004). Outra estratégia que tem sido relatada na melhora da sensação de dispnéia é
a realização da respiração freno-labial.

1.3 – RESPIRAÇÃO FRENO-LABIAL

A respiração freno-labial (RFL) consiste em uma inspiração nasal seguida de


uma expiração oral lenta com os lábios semicerrados, evitando a exalação forçada e
a presença de fluxo aéreo expiratório pelo nariz (ATS, 1999).
Vários autores têm pesquisado a propriedade da RFL em alterar o padrão
respiratório (Thoman et al., 1966; Mueller et al., 1970; Tiep et al., 1986; Roa et al.,
1991; Breslin, 1992). Dentre as principais modificações observadas com a RFL,
pode-se destacar a redução da FR e o aumento do VC. Com a redução da FR, os
pacientes apresentam maior tempo expiratório e tempo total do ciclo respiratório
favorecendo o esvaziamento dos pulmões.
Breslin (1992) e Spahija et al. (1993) encontraram redução da relação do
tempo inspiratório pelo tempo total do ciclo respiratório (Ti/Ttot) durante o repouso.
Esta redução sugere que os músculos inspiratórios possuem um período mais longo
de repouso entre as contrações musculares, podendo contribuir, portanto, para a
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redução da sensação de dispnéia. Estas alterações no padrão respiratório também


foram relatadas quando se utilizou determinada resistência expiratória para simular
os efeitos da RFL nos pacientes com DPOC (Gothe e Cherniack, 1980; Thompson et
al., 2000) ou em indivíduos saudáveis (Spahija e Grassino, 1996).
Com relação aos efeitos da RFL durante o exercício em pacientes com
DPOC, Mueller et al. (1970) relataram redução da FR e aumento do VC com a
utilização da RFL durante a realização de 6 minutos de exercício na esteira em uma
intensidade suficiente para gerar dispnéia moderada, ou seja, mimetizando a
sensação de dispnéia vigente durante a realização das atividades de vida diária.
Spahija et al. (2005) ao acompanharem pacientes durante 8 minutos de exercício em
bicicleta ergométrica, com intensidade de 60% da carga máxima obtida no teste
incremental, observaram redução da FR e aumento do VC com a RFL. Garrod et al.
(2005) mostraram uma redução da FR após a realização do teste de marcha
controlada (Shuttle Walk Test), porém, sem redução da sensação de dispnéia ou
aumento na distância percorrida durante o teste. Segundo Garrod et al., os
indivíduos que apresentaram maior redução da FR após o exercício com RFL
também tinham maior sensação de dispnéia (avaliada pela escala de Borg
modificada) antes da realização do teste.
Os efeitos da RFL no padrão respiratório parecem ser positivos por prolongar
a expiração, podendo resultar na redução da capacidade residual funcional e
melhora da eficiência ventilatória. Desta forma, os trabalhos descritos na literatura
indicam que os benefícios encontrados no padrão respiratório com a utilização da
RFL são mantidos durante o exercício.
Em relação ao impacto da RFL na dispnéia, Breslin et al. (1996), utilizando a
escala de Borg para avaliar a sensação de dispnéia nos pacientes com DPOC,
observaram que a RFL não reduz este sintoma e em alguns pacientes ocorre
aumento do mesmo, quando comparada à respiração controle (RC). A RC
caracteriza-se pela respiração do paciente com a boca um pouco aberta, sem a
presença de qualquer resistência dos lábios ao fluxo aéreo durante a expiração.
Spahija et al. (2005) avaliaram a sensação de dispnéia em oito pacientes com
DPOC durante a realização da RFL e RC no exercício submáximo. Com a RFL, a
sensação de dispnéia aumentou em 4 pacientes, reduziu em 2 e permaneceu
inalterado nos outros 2 indivíduos quando comparado à RC. Garrod et al. (2005)
relataram que a RFL foi capaz de reduzir a FR durante o teste de marcha controlada
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(Shuttle Walk Test), porém não houve melhora da sensação de dispnéia. Nield et al.
(2007) avaliaram os efeitos de um treinamento de 12 semanas com os indivíduos
realizando a RFL, o qual foi realizado com visitas semanais ao laboratório para
acompanhamento da utilização correta da técnica. Assim, após 12 semanas os
indivíduos apresentaram redução significativa da sensação de dispnéia (avaliada
pela escala de Borg modificada) após a realização do teste de caminhada de 6
minutos e melhora da função física avaliada pelo questionário “Medical Outcomes
Study Short Form -36” (SF-36). Faager et al. (2008) realizaram um estudo com 32
pacientes portadores de DPOC moderada a grave e não observaram diferença
significativa na sensação de dispnéia durante o teste de marcha controlada (Shuttle
Walk Test). Neste estudo, apenas 4 pacientes relataram alívio, 20 não observaram
diferença e oito relataram aumento na sensação de dispnéia.
De forma geral, os estudos descritos na literatura indicam que nem todos os
pacientes com DPOC apresentam redução da sensação de dispnéia com a
utilização da RFL no repouso ou durante o exercício.
Avaliando os efeitos da RFL nas pressões parciais dos gases arteriais,
Mueller et al. (1970) observaram aumento significativo na pressão arterial de
oxigênio (PaO2) e na saturação arterial de oxigênio (SpO2) e redução significativa na
pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2) estudando os indivíduos no repouso.
Além disso, foi observado que os resultados foram os mesmos para todos os
pacientes, independentemente da percepção, ou não, de benefícios com a RFL.
Tiep et al. (1986) e Breslin (1992) relataram aumento significativo na SpO2 durante a
RFL com os indivíduos em repouso. No entanto, Roa et al. (1991) encontraram um
aumento discreto na SpO2, que não foi estatisticamente significativo. Já Faager et al.
(2008) relataram menor queda na saturação dos pacientes durante o teste de
marcha controlada (Shuttle Walk Test) com o uso da RFL.
Alguns autores avaliaram o gasto energético, com o uso da RFL. Jones et al.
(2003) avaliaram o consumo de oxigênio (VO2) em pacientes com DPOC realizando
exercícios respiratórios. O consumo de oxigênio foi significativamente reduzido em
todos os padrões respiratórios estudados, em relação à RC: respiração
diafragmática, RFL e uma combinação de respiração diafragmática e RFL. Porém,
estes resultados não estão de acordo com o trabalho de Mueller et al. (1970), que
não encontrou variação do VO2 com a RFL. Até o momento, poucos estudos
avaliaram o consumo de oxigênio nos pacientes com DPOC realizando RFL no
16

repouso e seus resultados permanecem controversos. Além disso, não existem


estudos que avaliem o consumo de oxigênio de pacientes com DPOC, realizando a
RFL durante o exercício.

2 – JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

Esperamos que a RFL possa reduzir o consumo de oxigênio dos pacientes


com DPOC no repouso e durante o exercício. Esperamos ainda que a RFL reduza a
hiperinsuflação dinâmica desses pacientes, durante o exercício, por alterar o padrão
respiratório.

3 – OBJETIVOS

3.1 – GERAL

Avaliar o consumo de oxigênio (VO2 pico) e o padrão respiratório de pacientes


com DPOC realizando RFL no repouso e durante o exercício físico.

3.2 – ESPECÍFICOS

A) Avaliar as alterações do padrão respiratório (FR e VC) comparando a respiração


controle com a respiração freno-labial;
B) Caracterizar o efeito da respiração freno-labial no consumo de oxigênio e na
produção de CO2;
C) Avaliar a sensação de dispnéia durante o exercício com respiração controle e
respiração freno-labial;
D) Avaliar a correlação entre o consumo de oxigênio (VO2 pico) e as demais
variáveis analisadas.

4 – PACIENTES E MÉTODOS

Todos os pacientes foram esclarecidos e orientados a respeito de suas


participações voluntárias e quanto aos procedimentos utilizados para a coleta dos
dados e, após concordarem, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
17

elaborado de acordo com a resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde


(Anexo A) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFJF (Anexo B).

4.1 - DELINEAMENTO DO ESTUDO

Estudo experimental de intervenção em seres humanos do tipo transversal,


cruzado e randomizado.

4.2 - CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

A) Pacientes com diagnóstico clínico de DPOC com VEF1<70%;


B) Tratamento regular para acompanhamento da doença no Hospital Universitário
da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF);
C) Assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo A).

4.3 - CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

A) Presença de infecção respiratória nas últimas 4 semanas precedentes ao estudo;


B) Pacientes que desenvolverem dessaturação grave durante o teste incremental
(SpO2<80%);
C) Diagnóstico de doenças pulmonares ou extra-pulmonares que contribuam para
dispnéia e limitação ao exercício, excetuando-se a DPOC;
D) História de doença arterial coronariana (DAC);
E) Disfunções do sistema músculo-esquelético que impeçam a realização do
exercício;
F) Déficit cognitivo ou incapacidade para realizar os testes propostos no protocolo
experimental.

4.4 - INSTRUMENTAÇÃO E PROTOCOLO EXPERIMENTAL

O protocolo experimental foi realizado em duas etapas, em dias diferentes,


com intervalos de, no máximo, duas semanas entre cada etapa. As duas etapas
foram realizadas no mesmo horário do dia.
18

ETAPA I

1- Anamnese
2- Avaliação da função respiratória;
3- Avaliação da sensação de dispnéia;
4- Realização do teste incremental;
5- Treinamento da RFL.

ETAPA II

1- Realização de dois testes de endurance (RC e RFL);


2- Avaliação da qualidade de vida (ANEXO C e D).

4.4.1 - AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA

A avaliação da função respiratória foi realizada de acordo com as diretrizes da


Sociedade Brasileira de Pneumologia - Pereira e colaboradores (2002).

4.4.1.1 ESPIROMETRIA

Antes de iniciar os testes, os indivíduos permaneceram em repouso durante


cinco a dez minutos e receberam orientações sobre os procedimentos a serem
realizados. Os testes foram realizados no espirômetro computadorizado SP7
Pulmowin2 (MRS/DATALINK, Montepellier, França). Quinze minutos antes do teste,
foram feitas 4 inalações de 100 mcg de salbutamol e durante o exame, o paciente
permaneceu na posição sentada com a cabeça mantida em posição neutra. O
paciente utilizou uma pinça nasal e o bocal foi colocado sobre a língua, entre os
dentes e os lábios cerrados, evitando-se vazamentos de ar durante as manobras.
Foram realizadas as manobras de capacidade vital forçada (CVF) e ventilação
voluntária máxima (VVM).
Na manobra de CVF, o paciente realizou alguns ciclos basais de respiração e
foi incentivado a inspirar completamente, seguido por uma expiração forçada
máxima por um período mínimo de seis segundos, a menos que um platô evidente
fosse observado na curva volume-tempo. O teste foi classificado como nível A de
19

qualidade quando os dois maiores valores de volume expiratório forçado no 1º


segundo (VEF1) e CVF diferiram menos de 0,15 L e a diferença entre o pico de fluxo
expiratório (PFE) foi menor do que 10% ou 0,5 L (o que for maior). O nível B foi
classificado quando foram obtidas pelo menos duas manobras aceitáveis, com os
dois maiores valores da CVF e VEF1 diferindo entre si em não mais do que 0,15 a
0,20 L ou quando a diferença entre o PFE foi maior do que 15%.
Na VVM, que é o maior volume de ar que o indivíduo pode mobilizar em um
minuto com esforço voluntário máximo, geralmente, a manobra foi realizada por um
período de 10 a 15 segundos. O volume neste período de tempo foi extrapolado
para o valor em 1 minuto, e a unidade utilizada foi L/min. Durante a manobra, o
indivíduo foi estimulado a respirar tão rápido e profundamente quanto possível. Os
volumes obtidos deveriam ser maiores que o volume corrente, porém menores que a
CV. O padrão deveria simular a respiração em uma corrida. O paciente foi
estimulado pelo avaliador a manter um ritmo constante e regular. A VVM foi
determinada a partir de, pelo menos, duas manobras aceitáveis. Aceitou-se o teste
para VVM quando o traçado de volume-tempo indicou que o padrão ventilatório
permaneceu regular em volume ou em freqüência respiratória e a linha de base no
final da expiração no traçado volume-tempo se manteve razoavelmente constante. O
valor da VVM foi no mínimo, igual ao VEF1 do indivíduo multiplicado por 35,
refletindo esforço adequado. O maior e o segundo maior valor deveriam diferir
menos que 10%.
20

Figura 3 – Representação do paciente realizando o exame de espirometria. O paciente


assinou o termo de consentimento para filmagem, fotografia e estudo de caso clínico.

4.4.1.2 MANOVACUOMETRIA

A manovacuometria foi realizada através do manovacuômetro eletrônico


(EMG System do Brasil Ltda., São Paulo, Brasil) modelo EMG_ECG_1. Este teste
teve como objetivo avaliar a força muscular respiratória por meio da avaliação da
pressão inspiratória máxima (Pimax) e pressão expiratória máxima (Pemax). O
indivíduo foi avaliado em repouso, na posição sentada e com clipe nasal e bocal.
Foram realizadas três medidas, considerando um platô de dois segundos para
seleção dos valores. Para mensuração da Pimax, o paciente realizou um esforço
inspiratório máximo partindo do volume residual. Para mensuração da Pemax, o
paciente realizou um esforço expiratório máximo, partindo da capacidade pulmonar
total. O valor selecionado foi o maior encontrado na análise de três medidas com
variação menor que 10% entre elas (Neder et al. 1999).

4.4.2- AVALIAÇÃO DO GRAU DE DISPNÉIA

O grau de dispnéia dos pacientes foi avaliado por meio da escala de dispnéia
denominada “Modified Medical Research Council” (MMRC). Esta escala foi
desenvolvida pelo “Task Group on Surveillance for Respiratory Hazards in the
Occupational Setting” em 1982 e citada no trabalho de Mahler e Wells (1988).
21

Consiste na diferenciação de atividades que podem provocar dispnéia, conforme o


quadro abaixo:

Escala de Dispnéia “Modified Medical Research Council”


Classificação Características
Falta de ar surge quando realiza atividade física intensa (correr,
Grau 0
nadar, praticar esporte).
Grau I Falta de ar surge quando caminha de maneira apressada no plano
ou quando sobe morro.
Grau II Anda mais devagar do que pessoas da mesma idade devido à
falta de ar; ou quando caminha no plano, no próprio passo, tem
que parar para respirar.
Grau III Após andar alguns metros ou alguns minutos no plano tem que
parar para respirar.
Grau IV Falta de ar impede que saia de sua casa ou surge falta de ar
quando troca de roupa.

4.4.3- TESTE INCREMENTAL

Os pacientes realizaram 2 inalações de 100 mcg de Salbutamol 15 minutos


antes do teste, segundo prescrição médica.
Posteriormente foi acoplada uma máscara facial de silicone com espaço
morto de aproximadamente 95 ml à face do paciente. Esta máscara foi posicionada
de forma a não apresentar vazamento e permaneceu acoplada ao paciente durante
todo o período de exercício. A máscara era acoplada ao pneumotacógrafo de baixo
fluxo e este era conectado ao analisador de gases VO2000. Os dados eram
transmitidos para o computador e adquiridos pelo programa Breeze Suite em tempo
real (Figura 2 e 3).
22

Figura 2 – Representação do paciente com uso da máscara para a coleta dos gases
expirados.

Figura 3 – Interface do programa Breeze Suite.


23

O paciente permaneceu em repouso na bicicleta ergométrica (ERGO-FIT,


modelo Ergo cicle 167, Pirmasens, Alemanha) durante 3 minutos (adaptação). Após
este período, iniciou-se o teste com a carga mínima (15 W) durante 3 minutos para
aquecimento, com subseqüentes incrementos sistemáticos de carga de 5 ou 10 W a
cada minuto, objetivando a duração total do teste entre 8 a 12 minutos. Durante todo
o teste, o paciente manteve o ritmo constante de 60 rotações por minuto (rpm). A
carga máxima tolerada (Wmax) foi a maior carga que o paciente conseguiu manter
por um período igual a 1 minuto (Figura 4). Este teste foi limitado pela sintomatologia
do paciente (dispnéia e fadiga nos membros inferiores).
Durante o teste, foram avaliadas as seguintes variáveis:
1- Consumo de oxigênio (VO2), produção de CO2 (VCO2), volume minuto
(VE), freqüência respiratória (FR), volume corrente (VC) e os equivalentes
ventilatórios de oxigênio e dióxido de carbono (VE/VO2 e VE/VCO2) no repouso e
continuamente durante o exercício utilizando-se um analisador de gases marca
Medgraph® VO2000 (Medical Graphics Corporation, St. Paul, MN, USA);
2- Pressão arterial (PA): verificada no repouso e a cada 2 minutos durante o
exercício, pelo método auscultatório com um esfigmomanômetro de mercúrio
(Takaoka) devidamente calibrado;
3- Monitorização da freqüência cardíaca com uso do monitor de freqüência
cardíaca da marca Polar (modelo S810i) e do ritmo cardíaco no repouso e durante o
exercício pela monitorização eletrocardiográfica no monitor multiparamétrico Dixtal
(Dixtal Biomédica Indústria e Comércio Ltda, Brasil) modelo DX2020;
4- Saturação de pulso de oxigênio (SpO2): monitorizada no repouso e
continuamente durante o exercício com oxímetro de pulso acoplado ao monitor
multiparamétrico Dixtal (Dixtal Biomédica Indústria e Comércio Ltda, Brasil) modelo
DX2020;
5- Escala de Borg modificada (ANEXO E) para avaliar a sensação de dispnéia
e de fadiga dos MMII: Aplicada no repouso e a cada 2 minutos durante o exercício.
O teste incremental teve como objetivo reconhecer os pacientes que
poderiam apresentar dessaturação grave durante o exercício; determinar a Wmax a
ser utilizada posteriormente para cálculo da carga do teste de endurance e de
determinar o VO2 pico alcançado pelo paciente.
24

No caso de qualquer intercorrência durante o teste incremental, os pacientes


receberiam atendimento médico imediato no local da avaliação (Hospital
Universitário/CAS).

Figura 4 – Representação do paciente realizando o teste incremental.

4.4.4 - TREINAMENTO DA RESPIRAÇÃO FRENO-LABIAL (RFL)

Para o treinamento da RFL, o avaliador explicava e demonstrava ao paciente


que ele deveria puxar o ar pelo nariz e soltar pela boca com os lábios semi-cerrados.
Posteriormente, o avaliador pedia para o paciente reproduzir a respiração quantas
vezes fossem necessárias até ter certeza que o mesmo havia compreendido a forma
correta de realização da respiração (Figura 5).
25

Figura 5 – Representa o paciente no treino da RFL, sob a supervisão do avaliador.

4.4.5 - TESTE DE ENDURANCE

Os pacientes realizaram 2 inalações de 100 mcg de Salbutamol 15 minutos


antes do teste, segundo prescrição médica. Antes de iniciar o teste, foi verificado o
uso correto da RFL e após, foi acoplada a máscara facial de silicone com espaço
morto de aproximadamente 95 ml à face do paciente para que ele pudesse realizar
este padrão respiratório. Esta máscara foi posicionada de forma a não apresentar
vazamento e permaneceu acoplada ao paciente durante todo o período de exercício.
Além disso, a máscara é transparente, para que o avaliador possa observar a
realização correta da RC ou RFL.
Os dados eram fornecidos aos examinadores pelo programa Breeze Suite da
mesma forma que exemplificado no teste incremental.
O paciente permaneceu em repouso na bicicleta ergométrica (ERGO-FIT,
modelo Ergo cicle 167, Pirmasens, Alemanha) durante 5 minutos para a coleta dos
dados basais. Após este período, iniciou-se o teste com a carga mínima (15 W)
durante 1 minuto para aquecimento, com aumento imediato da carga para 60% da
Wmax obtida no teste incremental realizado na primeira etapa do protocolo. O ritmo
permaneceu constante (60 rpm) durante todo o teste e os pacientes permaneceram
em exercício por 8 minutos.
Durante o teste, foram avaliadas as seguintes variáveis:
26

1- Consumo de oxigênio (VO2), produção de CO2 (VCO2), volume minuto


(VE), freqüência respiratória (FR), volume corrente (VC) e os equivalentes
ventilatórios durante o repouso e continuamente durante o exercício;
2- Pressão arterial (PA): verificada no repouso e a cada 2 minutos durante o
exercício;
3- Freqüência cardíaca (FC): monitorizada no repouso e continuamente
durante o exercício com o monitor de freqüência cardíaca;
4- Saturação de pulso de oxigênio (SpO2): monitorizada no repouso e
continuamente com oxímetro de pulso durante o exercício;
5- Escala de Borg modificada para avaliar a sensação de dispnéia e de
fadiga dos membros inferiores (MMII): monitorizada no repouso e a cada 2 minutos
durante o exercício.
Neste estudo, todos os pacientes realizaram o teste de endurance com a RC
e a RFL, de forma aleatória. A randomização foi realizada em bloco de 8 pacientes
por meio da abertura de envelopes opacos e selados (ocultamento da
randomização). A escolha da intervenção foi conhecida pelo examinador no
momento da realização do teste, após a inclusão do paciente de acordo com os
critérios de seleção. O segundo teste de endurance foi realizado após um intervalo
de 60 minutos, tempo suficiente para recuperação dos pacientes (Somfay et al.,
2001; O’Donnell et al., 2001).

4.4.6 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

Para a avaliação da qualidade de vida foram utilizados dois questionários


padronizados, específicos para pacientes com DPOC e validados para a língua
portuguesa (Souza et al., 2000; Camelier et al., 2005). Um questionário foi o “Saint
George’s Respiratory Questionnaire” (SGRQ, ANEXO C). Este instrumento é auto
administrado e possui 76 itens, abordando os aspectos relacionados a três
domínios: sintomas, atividades (distúrbio das atividades físicas) e o impacto
psicossocial infringido ao paciente pela doença respiratória. O escore pode ser
calculado para cada domínio ou para todo o questionário, e seus valores variam de
zero (sem redução da qualidade de vida) a 100% (redução máxima da qualidade de
vida). O outro questionário utilizado foi o “Airways Questionnaire – 20” (AQ-20,
ANEXO D). O AQ-20 é composto por 20 questões com respostas simples (sim, não
27

e não se aplica) que avaliam o efeito da doença respiratória nas atividades de vida
diária do paciente.
Os pacientes responderam aos questionários de qualidade de vida (SGRQ e
AQ-20) aos 30 minutos de repouso após a realização do primeiro teste de
endurance (Figura 6). Os dois questionários foram aplicados pelo mesmo avaliador,
de forma aleatória, em ambiente silencioso.

Figura 6 – Representação do paciente respondendo os questionários de qualidade de


vida.

4.4.7 - ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram avaliados para normalidade com o teste de Kolmogorov-


Smirnov com correção de Lilliefors. A seguir, o teste da mediana de Levene avaliou
a homogeneidade das variâncias. As variáveis foram comparadas com Análise de
Variância de dupla entrada (Two-Way ANOVA) para medidas repetidas com
utilização do teste de Tukey post hoc para comparações múltiplas. O coeficiente de
correlação de Pearson avaliou as correlações. O programa SigmaStat (versão 3.11)
foi utilizado para análise estatística e as diferenças foram consideradas significativas
quando p<0,05.
28

5 – RESULTADOS

Foram recrutados para o estudo doze pacientes, no entanto, apenas oito


finalizaram todas as etapas do estudo. Nossa amostra constituiu de pacientes de
ambos os sexos portadores de DPOC moderada a grave, com idade média de 62,5
anos. Os dados demográficos, antropométricos e espirométricos dos pacientes
estão representados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.

Tabela1 – Dados Demográficos e Antropométricos


Paciente Sexo Idade Estatura Massa
(M/F) (anos) (cm) Corporal
(kg)
1 M 55 165 84

2 M 63 164 72

3 M 70 165 61

4 M 68 168 91

5 M 52 174 72

6 F 73 153 37

7 M 67 176 73

8 M 52 162 62

Média .......... 62,50 165,87 69,00

DP .......... 8,40 7,16 16,39


DP – desvio padrão. M – masculino, F – feminino
29

Tabela 2 – Dados Espirométricos


Voluntário VEF1 VEF1 CVF CVF VEF1/ PFE
(L) (%pred) (L) (%pred) CVF (%)
1 1,91 67,02 2,97 84,62 64,31 4,44

2 1,73 67,84 3,33 104,72 64,94 3,08

3 0,98 40,16 1,93 62,46 50,78 2,39

4 1,49 55,81 2,62 77,74 56,87 3,76

5 1,33 37,57 2,77 63,68 48,01 4,10

6 0,71 36,60 1,41 57,79 50,35 2,74

7 1,68 52,01 3,41 83,58 49,27 5,81

8 1,79 65,33 3,27 97,90 54,74 4,10

Média 1,45 52,79 2,59 79,06 54,91 3,80

DP 0,42 13,36 0,68 17,03 6,66 1,09


DP – desvio padrão, VEF1 – volume expiratório forçado no primeiro segundo, VEF1 (%pred)–
volume expiratório forçado no primeiro segundo porcentagem do predito, CVF – capacidade
vital forçada, CVF (%pred) – capacidade vital forçada porcentagem do predito, VEF1/CVF –
relação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital forçada,
PFE - pico de fluxo expiratório. Estes dados estão representados de acordo com os valores
de referência de Knudson.

Na tabela 3, estão descritos os valores da manovacuometria que caracterizam


a força da musculatura respiratória e os valores da ventilação voluntária máxima que
avaliam a capacidade da musculatura respiratória de gerar ventilação. Foi observada
redução da Pimax abaixo de 75% do predito em cinco dos sete pacientes avaliados,
com o valor médio de 70,91% do predito. Em relação à Pemax, somente dois
pacientes apresentaram redução abaixo de 75% do predito. Considerando a VVM,
todos os pacientes apresentaram valores abaixo de 75% do predito com valor médio
de 50,97% do predito.
30

Tabela 3 – Dados da Manovacuometria e da Ventilação Voluntária Máxima


Voluntário Pimax Pemax VVM
Pimax Pemax VVM
(% pred) (%pred) (%pred)
1 56,99 51,20 65,39 54,15 75,06 54,59

2 136,00 129,65 97,42 85,25 69,64 54,18

3 .........* ........* .........* .........* 40,71 33,73

4 66,85 66,25 187,54 170,15 65,28 53,10

5 76,27 67,08 139,46 113,22 76,86 54,56

6 41,11 55,09 77,04 108,40 32,56 35,42

7 41,36 40,67 81,97 73,83 75,59 60,93

8 98,31 86,46 148,84 120,83 86,23 61,22

Média 73,84 70,91 113,95 103,69 65,24 50,97

DP 33,98 29,67 45,28 37,66 18,78 10,58


DP – desvio padrão, Pimax – pressão inspiratória máxima (valor em módulo); Pimax (%
pred) – pressão inspiratória máxima porcentagem do predito (valor em módulo); Pemax –
pressão expiratória máxima, Pemax (%pred) – pressão expiratória máxima porcentagem do
predito; VVM – ventilação voluntária máxima, VVM (%pred) – ventilação voluntária máxima
porcentagem do predito. * O voluntário não compareceu para a realização desta medida.

Os dados referentes a pressão arterial durante a RC e a RFL estão


representados nas tabelas 4 e 5, respectivamente.

Tabela 4 – Dados da Pressão Arterial durante a RC


RC
PAS PDS PASi PADi PASf PADf PAS PAD
Repous Repous Exercíci Exercíci Exercíci Exercíci Recup. Recup
o o o o o o .

Médi 126,25 79,00 148,00 90,75 154,00 90,00 131,7 84,50


a 5
DP 11,88 12,24 23,13 11,46 23,47 10,31 15,02 11,15
DP – desvio padrão; PAS – pressão arterial sistólica PDS – pressão arterial diastólica; PASi
– pressão arterial sistólica inicial; PADi – pressão arterial diastólica inicial; PASf – pressão
arterial sistólica final; PADf – pressão arterial diastólica final; PAS Recup. – pressão arterial
sistólica da recuperação PAD Recup – pressão arterial diastólica da recuperação.
31

Tabela 5 – Dados da Pressão Arterial durante a RFL


RFL
PAS PDS PASi PADi PASf PADf PAS PAD
Repouso Repouso Exercício Exercício Exercício Exercício Recup. Recup.

Média 123,00 80,25 143,50 90,25 158,45 90,50 126,75 81,25


DP 14,30 16,44 26,55 15,58 29,43 13,60 14,58 11,31
DP – desvio padrão; PAS – pressão arterial sistólica PDS – pressão arterial diastólica; PASi
– pressão arterial sistólica inicial; PADi – pressão arterial diastólica inicial; PASf – pressão
arterial sistólica final; PADf – pressão arterial diastólica final; PAS Recup. – pressão arterial
sistólica da recuperação PAD Recup – pressão arterial diastólica da recuperação.

Na tabela 6 estão representados os valores da FC durante a RC e a RFL.

Tabela 6 – Dados da Frequencia Cardíaca durante a RC e a RFL

RC RFL
FC FCi FCf FC FC FCi FCf FC
Repouso Exercício Exercício Recup. Repouso Exercício Exercício Recup.

Média
86,00 103,38 105,38 88,00 84,25 107,00 108,63 90,00
DP
8,94 8,25 8,11 9,91 9,30 10,85 9,27 8,23
DP – desvio padrão; FCi – fequência cardíaca inicial; FCf – fequência cardíaca final; FC
Recup. – fequência cardíaca de recuperação.

A Tabela 7 mostra que, considerando a avaliação do grau de dispnéia pela


escala “Modified Medical Research Council”, seis dos oito pacientes avaliados
apresentaram grau de dispnéia no nível I. Ainda nesta tabela, pode-se observar que
o valor médio da carga máxima alcançada no teste incremental foi de 51,25W e a
pontuação média da qualidade de vida por meio do SGRQ foi de 47,43% e do AQ-20
foi de 59,37%.
32

Tabela 7 – Avaliação da Dispnéia, Carga Máxima e Qualidade de Vida

Paciente Dispnéia Wmax SGRQ(%) SGRQ(%) SGRQ(%) SGRQ(%) AQ-20


MMRC (W) Sintomas Atividades Impacto Total (%)

1 I 55 43,76 35,47 46,94 20,51 20


2 II 40 46,94 79,93 70,30 69,52 100

3 I 35 50,35 73,04 46,10 54,97 80

4 II 95 53,54 66,30 51,39 56,24 65

5 I 35 58,99 59,46 19,91 38,37 40

6 I 25 39,88 66,10 33,34 44,35 45

7 I 75 74,81 53,52 24,18 41,51 50

8 I 50 57,36 72,44 42,40 53,99 75

Média ------- 51,25 53,18 63,30 36,54 47,43 59,37

DP ------- 23,41 10,90 13,91 20,49 14,72 25,56


MMRC – “Modified Medical Research Council”; Wmax – carga maxima; SGRQ - Saint
George’s Respiratory Questionnaire; AQ-20 - Airways Questionnaire; DP – Desvio Padrão.

Ao se comparar a RFL com a RC no repouso, observou-se diminuição


significativa dos equivalentes ventilatórios (VE/VO2 e VE/VCO2) e aumento
significativo do VC, sem alterações estatisticamente significativas do VO2,
VO2/VO2pico, VCO2, FR e VE (Tabela 8 e Figuras 7 a 10). No exercício com 60% da
carga máxima obtida no teste incremental (teste de endurance), observou-se
redução significativa da FR e aumento significativo do VC quando comparamos a
RFL com a RC, porém sem alterações significativas no VO2, VO2/VO2, VCO2, nos
equivalentes ventilatórios e no VE (Tabela 8 e Figuras 7 a 4).
33

Tabela 8 – Padrão Respiratório e Gases Expirados com RC e RFL


Repouso Exercício

RC RFL RC RFL

VO2 (mL/min)
301,81 ± 365,85 ± 836,63 ± 856,62 ±
90,51 59,16 288,05 228,26
VO2/VO2pico
24,16 ± 33,02 ± 68,49 ± 74,27 ±
(%)
7,24 19,37 20,95 35,96
VCO2
286,00 ± 376,00 ± 774,82 ± 816,05 ±
(mL/min)
73,48 80,28 231,00 242,01
FR ipm
18,45 ± 14,05 ± 25,25 ± 17,90 ±
4,58 7,71 8,02 4,57*
VC (mL) 770,37 ±
1190,56± 1093,22 ± 1411,24±
236,45
362,63* 389,98 229,65*
VE (L/min)
13,47 ± 14,42 ± 25,89 ± 24,37 ±
3,66 3,91 7,62 6,77
VE/VO2
47,63 ± 39,85 ± 31,51 ± 28,58 ±
13,52 6,91* 4,42 4,44
VE/VCO2
48,53 ± 38,44 ± 33,52 ± 30,30 ±
8,07 3,77# 2,53 4,44
Valores representados em média ± desvio padrão. VO2 mL/min- consumo de oxigênio;
VO2/VO2pico - relação consumo de oxigênio e consumo pico de oxigênio; VCO2 mL/min –
produção de dióxido de carbono; FR ipm – freqüência respiratória; VC mL – volume
corrente; VE mL/min – volume minuto; VE/VO2 – equivalente ventilatório do oxigênio;
VE/VCO2 – equivalente ventilatório do dióxido de carbono; * diferença estatisticamente
significativa (p<0,05); # diferença estatisticamente significativa (p<0,001).
34

Figura 7 – Representação gráfica do equivalente ventilatório do oxigênio (VE/VO2) dos


pacientes durante o repouso e o exercício com RFL e RC. As barras representam as médias
dos oito voluntários acrescidas do desvio padrão. * diferença estatisticamente significativa
(p<0,05) do equivalente ventilatório do oxigênio (VE/VO2) entre as respirações no repouso.

Figura 8 – Representação gráfica do equivalente ventilatório do dióxido de carbono


(VE/VCO2) dos pacientes durante o repouso e o exercício, com RFL e RC. As barras
representam as médias dos oito voluntários acrescidas do desvio padrão. # diferença
estatisticamente significativa (p<0,001) do equivalente ventilatório do dióxido de carbono
(VE/VCO2) entre as respirações no repouso.
35

Figura 9 – Representação gráfica do volume corrente dos pacientes no repouso e no


exercício comparando a RC e RFL. As barras representam as médias dos oito voluntários
acrescidas do desvio padrão. * diferença estatisticamente significativa (p<0,05) do VC entre
RC e a RFL no repouso e no exercício.

Figura 10 – Representação gráfica da freqüência respiratória dos pacientes no repouso e no


exercício comparando a RC e RFL. As barras representam as médias dos oito voluntários
acrescidas do desvio padrão. * diferença estatisticamente significativa (p<0,05) da
freqüência respiratória entre as respirações no exercício.

Na tabela 9, nota-se que no exercício houve aumento significativo do VO2,


VO2/VO2pico, VCO2, VE e redução significativa do VE/VO2, VE/VCO2 em ambas as
respirações, quando comparado com o repouso. Entretanto, quando comparamos o
36

exercício com o repouso, não foram observadas alterações significativas no VC e FR


na RFL, mas ocorre aumento significativo do VC e da FR na RC.

Tabela 9 – Padrão Respiratório e Gases expirados no repouso e exercício

RC RFL

Repouso Exercício Repouso Exercício

VO2 301,81± 836,63± 365,85± 856,62±


(mL/min) 90,51 288,05# 59,16 228,26#

VO2/VO2pico 24,16 ± 68,49 ± 33,02 ± 74,27 ±


(%) 7,24 20,95# 19,37 35,96#

VCO2 286,00 ± 774,82± 376,00± 816,05±


(mL/min) 73,48 231,00# 80,28 242,01#

18,45 ± 25,25 ± 14,05 ± 17,90 ±


FR (ipm)
4,58 8,02* 7,71 4,57

770,37± 1093,22± 1190,56± 1411,24±


VC (mL)
236,45 389,98* 362,63 229,65

13,47 ± 25,89 ± 14,42 ± 24,37 ±


VE (L/min)
3,66 7,62# 3,91 6,77#

47,63 ± 31,51 ± 39,85 ± 28,58 ±


VE/VO2
13,52 4,42# 6,91 4,44*

48,53 ± 33,52 ± 38,44 ± 30,30 ±


VE/VCO2
8,07 2,53# 3,77 4,44#
Valores representados em média ± desvio padrão; VO2 mL/min- consumo de oxigênio;
VO2/VO2pico - relação consumo de oxigênio e consumo pico de oxigênio; VCO2 mL/min –
produção de dióxido de carbono; FR ipm – freqüência respiratória; VC mL – volume
corrente; VE mL/min – volume minuto; VE/VO2 – equivalente ventilatório do oxigênio;
VE/VCO2 – equivalente ventilatório do dióxido de carbono; * diferença estatisticamente
significativa (p<0,05); # diferença estatisticamente significativa (p<0,001).

As tabelas 10 e 11 representam a sensação de dispnéia e de fadiga em


membros inferiores, respectivamente, dos pacientes avaliados no repouso e no
último minuto do teste de endurance. Não foram observadas diferenças significativas
quando comparamos a RC com a RFL.
37

Tabela 10 – Avaliação da Sensação de Dispnéia (Escala de Borg Modificada)


Paciente Final exercício Final Exercício
Repouso RC Repouso RFL
RC RFL
1 0 0,5 0,5 0,5
2 0 5 0 3
3 2 3 0 2
4 0 2 0 3
5 0 0 0 0,5
6 0 0 0 0
7 0 0 0 0,5
8 1 4 1 3

Tabela 11 – Avaliação da Sensação de Fadiga em Membros Inferiores


Paciente Final exercício Final Exercício
Repouso RC Repouso RFL
RC RFL
1 0 2 0 0
2 0 0 0 1
3 0 0 0 0
4 0,5 3 0,5 4
5 0 0 0 0
6 0 0 0 0
7 1 1 0,5 1
8 0 4 1 2
38

A tabela 12 mostra que não existe correlação estatisticamente significativa


entre o VO2pico e as demais variáveis analisadas.

Tabela 12 – Correlação entre as variáveis analisadas

Variáveis r p

VO2pico x SGRQ total -0,172 0,684

VO2pico x SGRQ sintomas 0,595 0,120

VO2pico x SGRQ atividades -0,216 0,608

VO2pico x SGRQ impacto -0,247 0,555

VO2pico x AQ-20 -0,248 0,553

VO2pico x Wmax 0,373 0,363

VO2pico x VEF1 -0,108 0,799

VO2pico x PFE 0,537 0,169

VO2pico x Pimax -0,002 0,996

VO2pico x Pemax 0,527 0,224

VO2pico x VVM 0,601 0,115


VO2pico (mL/min) – consumo pico de oxigênio; SGRQ - Saint George’s Respiratory
Questionnaire; AQ-20 - Airways Questionnaire; Wmax – carga máxima; VEF1 – volume
expiratório forçado no primeiro segundo; PFE - pico de fluxo expiratório; Pimax – pressão
inspiratória máxima; Pemax – pressão expiratória máxima; VVM – ventilação voluntária
máxima; r - coeficiente de correlação de Pearson; p – valor estatístico.
39

6- Discussão

Os resultados deste estudo indicam que a RFL realizada pelos pacientes com
DPOC ocasiona alteração do padrão respiratório no repouso e durante o exercício
de moderada intensidade. O aumento do volume corrente e a diminuição da
freqüência respiratória são as principais mudanças relacionadas ao padrão
respiratório com a RFL. Estes achados corroboram os estudos publicados na
literatura (Thoman et al., 1966; Mueller et al., 1970; Tiep et al., 1986; Roa et al.,
1991; Breslin, 1992; Spahija et al., 2005). Esta alteração do padrão respiratório com
a RFL pode permitir que os pacientes com DPOC aumentem sua tolerância ao
exercício, uma vez que a redução da FR e o aumento do VC promovem um padrão
que fornece um maior tempo expiratório e pode reduzir a hiperinsuflação dinâmica
durante o exercício. A hiperinsuflação dinâmica é uma das causas de dispnéia
intensa e intolerância ao exercício nestes pacientes.
Para confirmar as alterações geradas pela RFL no padrão respiratório,
observamos que o valor do VC alcançado no repouso com esta respiração foi um
pouco maior que o VC do exercício na RC. Além disso, observamos que a FR
alcançada durante o exercício com RFL foi menor que a FR do repouso na RC
(Tabela 9).
Quando avaliamos o consumo de oxigênio e a produção de dióxido de
carbono, observamos um pequeno aumento não considerado estatisticamente
significativo nestas variáveis durante a realização da RFL no repouso comparado
com a RC. Porém, quando os equivalentes ventilatórios (VE/VO2 e VE/VCO2) foram
comparados no repouso com a realização da RC e RFL, percebemos a redução
estatisticamente significativa nestes equivalentes com a RFL. Considerando que o
volume minuto permaneceu sem alterações durante a realização da RC e RFL no
repouso, a redução dos equivalentes ventilatórios está associada com o aumento do
VO2 e da VCO2 durante a RFL. Estes resultados estão de acordo com o trabalho de
Mueller et al. (1970), que também não encontraram alteração significativa do VO2
com a RFL. Porém, no estudo de Mueller et al. (1970), houve redução do VE com a
realização da RFL, o que não ocorreu neste estudo. No entanto, Jones et al. (2003)
observaram que o consumo de oxigênio foi significativamente reduzido em todos os
padrões respiratórios estudados, em relação à RC: respiração diafragmática, RFL e
uma combinação de respiração diafragmática e RFL. Esta redução do consumo de
40

oxigênio com a RFL não está de acordo com nossos resultados, e talvez seja devido
ao fato de os pacientes incluídos no estudo de Jones et al. (2003) terem participado
de um programa de reabilitação pulmonar de 6 semanas que envolvia a utilização da
RFL.
Entretanto, no exercício, apesar de haver alterações benéficas no padrão
respiratório com a utilização da RFL, estas alterações não foram associadas com
aumento do consumo de oxigênio. Este estudo foi o primeiro a avaliar o consumo de
oxigênio durante o exercício nos pacientes com DPOC ao realizar a RFL e
observamos que tanto os dados do VO2 e VCO2 quanto os dos equivalentes
ventilatórios não apresentaram diferença significativa quando a RC foi comparada
com a RFL durante o exercício de moderada intensidade.
Em relação ao impacto da RFL na sensação de dispnéia e de fadiga de MMII
quando comparado com a RC no repouso ou durante o exercício, este trabalho não
encontrou diferença significativa. O fato do nosso estudo não ter encontrado
influência da RFL no alívio da dispnéia e da fadiga pode ser devido ao teste de
endurance ter sido realizado com carga de 60% da máxima obtida no teste
incremental, o que não gerou uma sensação de dispnéia e de fadiga de MMII
elevados na maioria dos pacientes avaliados. Estes dados são diferentes dos
adquiridos no estudo de Spahija et al. (2005), que encontraram um sensação de
dispnéia maior quando utilizaram a mesma intensidade de exercício deste trabalho.
Entretanto, Garrod et al. (2005) e Faager et al. (2008) não obtiveram melhora da
sensação de dispnéia durante o teste de marcha controlada (Shuttle Walk Test).
É importante salientar que os pacientes avaliados no presente estudo
apresentaram um importante grau de comprometimento da qualidade de vida
(47,43% na pontuação total do SGRQ e 59,37% na pontuação do AQ-20). Nestes
questionários, 100% corresponde ao máximo de comprometimento na qualidade de
vida. A maior contribuição para a redução da qualidade de vida avaliada pelo SGRQ
concentra-se no domínio atividade, que corresponde a 63,3%. Além disso, mais que
70% dos pacientes avaliados apresentavam redução da força muscular inspiratória,
com Pimax menor que 75% do predito e, em relação à VVM, todos os pacientes
tiveram a capacidade de gerar ventilação reduzida, representando um valor médio
de 51% do predito.
41

Os valores da FC e da PA foram obtidos apenas com o objetivo de


monitorização destes pacientes durante a realização da respiração controle e da
freno-labial.
Não houve correlação entre o consumo pico de oxigênio e as demais variáveis
analisadas. Sabemos que as causas de limitação ao exercício nos pacientes com
DPOC são multifatoriais. Dentre os fatores relacionados com a limitação ao
exercício, podemos citar a limitação ventilatória, o prejuízo na troca gasosa, a
disfunção muscular respiratória, a disfunção cardíaca e a disfunção muscular
periférica. Isto justifica a dificuldade de correlacionar consumo pico de oxigênio
obtido no teste incremental com os dados de qualidade de vida, força muscular
respiratória, função pulmonar e capacidade de exercício nos pacientes avaliados
neste estudo.
O presente estudo apresentou como limitação a amostra reduzida de pacientes.
42

7- Conclusão

Nos pacientes com DPOC moderada a grave avaliados no presente estudo, a


RFL foi capaz de produzir alterações benéficas no padrão respiratório sem alterar de
forma significativa o consumo de oxigênio e a produção de dióxido de carbono
durante o exercício moderado.
43

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Care 1999; 159:1666-1682.

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5- Brasil. Ministério da Saúde. Informações de saúde on-line. Disponível em:


http://www.datasus.gov.br. Acesso em outubro de 2008.

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breathing on walking endurance and oxygen saturation in patients with moderate to
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11- Garrod R, Dallimore K, Cook J, Davies V, Quade K. An evaluation of the acute


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44

12- Gothe B, Cherniack NS. Effects of expiratory loading on respiration in humans.


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31- Somfay A, Porszasz SM, Casaburi R. Dose-response effect of oxygen on


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32- Souza TC, Jardim JR, Jones PW. Validação do Questionário do Hospital Saint
George na Doença Respiratória (SGRQ) em pacientes portadores de doença
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33- Spahija J, Marchie M, Grassino A. Pursed-lips breathing during exercise


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34- Spahija JA, Grassino A. Effects of pursed-lips breathing and expiratory


resistive loading in healthy subjects. J Appl Physiol 1996; 80:1772–1784.
46

35- Spahija J, Marchie M, Grassino A. Effects of imposed pursed-lips breathing on


respiratory mechanics and dyspnea at rest and during exercise in COPD. Chest
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36- Tiep BL, Burns M, Kao D, Madison R, Herrera J. Pursed lips breathing training
using ear oximetry. Chest 1986; 90:218-221.

37- Thoman RL, Stoker GL, Ross JC. The efficacy of PLB in patients with chronic
obstructive pulmonary disease. Am Rev Respir Dis 1966; 93:100–106.

38- Thompson WH, Carvalho P, Souza JP, Charan NB. Effect of expiratory
resistive loading on the noninvasive tension-time index in COPD. J Appl Physiol
2000; 89:2007–2014.

39- Tarantino AB, Jardim JR, Salluh J, Camelier A. Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica In: Tarantino AB. Doenças Pulmonares 5ª Edição – 2002.

40- O’Donnell DE. Hyperinflation, dyspnea, and exercise intolerance in chronic


obstructive pulmonary disease. Proc Am Thorac Soc 2006; 3:180-184.

41- O’Donnell DE, Laveneziana P. Physiology and consequences of lung


hyperinflation in COPD. Eur Respir Rev 2006; 15:61-67.
47

ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

NOME DO SERVIÇO DO PESQUISADOR: DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA – UFJF.


PESQUISADOR RESPONSÁVEL: LEANDRO FERRACINI CABRAL
ENDEREÇO: RUA JOAQUIM DE ALMEIDA N˚ 94/401 – JARDIM LARANJEIRAS.
CEP: 36.033 –160 JUIZ DE FORA/ MG.
FONE: (32) 8808-1253.
E-MAIL: FERRACINICABRAL@YAHOO.COM.BR

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(A) Senhor(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da


pesquisa realizada pelos professores Leandro Ferracini Cabral e João Vitor Durães
Pereira Duarte - Fisioterapeutas do Departamento de Fisioterapia da UFJF e pelas
alunas Dalvani Machado Amaral e Daniella Soares G. Maciel – Graduandas em
Fisioterapia pela UFJF, cujo título é “Avaliação do gasto energético de pacientes
com DPOC no repouso e durante o exercício com respiração freno-labial”.
Neste estudo, pretendemos avaliar os efeitos da respiração freno-labial no
padrão respiratório e no consumo de oxigênio em indivíduos com DPOC durante
atividade física de intensidade moderada.
O motivo que nos leva a este estudo é a existência de falta de ar e de
cansaço nos pacientes com DPOC quando realizam exercícios ou atividades que
exijam gasto de energia. Muitos destes sintomas são causados pela dificuldade de
esvaziar os pulmões durante o exercício, fazendo com que os pulmões trabalhem
com volumes cada vez maiores. Existem algumas formas de ajudar no
esvaziamento dos pulmões. Dentre elas, temos a respiração com os lábios franzidos
(respiração freno-labial) que consiste em uma inspiração pelo nariz, seguida de uma
expiração pela boca de forma lenta e com os lábios um pouco fechados. Porém, os
resultados sobre o efeito desta técnica no esvaziamento pulmonar, na falta de ar e
no gasto energético durante o exercício são controversos e precisam ser melhor
compreendidos.
Para realização destas avaliações, adotaremos os seguintes procedimentos:
48

1 – Realização de prova de função pulmonar, que consiste em puxar e soltar o ar


através de um bocal, seguindo os comandos do avaliador.
2 – Realização da manobra de ventilação voluntária máxima (VVM), que consiste em
puxar e soltar o ar, o mais rápido e profundamente possível, através de um bocal.
3 – Realização da manovacuômetria, onde o paciente vai tentar puxar o ar e soltar o
ar com toda a força através de um bocal, para avaliação da pressão inspiratória e
expiratória máxima, respectivamente.
4- Utilização de 2 questionários padronizados para avaliação da qualidade de vida e
uma escala padronizada para avaliação da falta de ar.
5 - Avaliação do gasto energético durante a realização de exercício em bicicleta
ergométrica por meio da utilização de uma máscara facial, realizando a respiração
com os lábios franzidos. Durante a realização do exercício, serão monitorizadas a
pressão arterial e a oxigenação do sangue, todos de forma não invasiva, por meio
de aparelho de pressão (pressão arterial) e de um clipe no dedo (oximetria de
pulso), respectivamente.

1- RISCOS E BENEFÍCIOS:
A realização de exercício representa o único fator de risco para os
participantes desta pesquisa. Durante a realização do exercício, os pacientes
poderão apresentar falta de ar e cansaço, porém, estes sintomas são transitórios e
revertidos logo após a interrupção do exercício. Além disso, podem ocorrer arritmias
cardíacas, elevação intensa da pressão arterial e queda na oxigenação do sangue
abaixo dos níveis aceitáveis. Como estas variáveis serão monitorizadas durante todo
o período de exercício, os riscos de intercorrências são raros. Se você tiver algum
problema de saúde em decorrência deste estudo, receberá atendimento imediato no
local da avaliação sob responsabilidade dos pesquisadores e o custo deste
tratamento será inteiramente proporcionado pelo Hospital Universitário da UFJF.

2- RESSARCIMENTO:
Para participar deste estudo você não receberá qualquer vantagem financeira.
Você será esclarecido(a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará
livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou
interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a
49

recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma


em que é atendido pelas pesquisadoras.
Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de
sigilo.
Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu
nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua
permissão.
O(A) Sr.(a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar
deste estudo.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que
uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, no Centro de Atenção à
Saúde (CAS/HU/UFJF) e a outra será fornecida a você.

Eu, ____________________________________________, portador do


documento de Identidade ____________________ fui informado(a) dos objetivos do
estudo: Avaliação do gasto energético de pacientes com DPOC no repouso e
durante o exercício com respiração freno-labial, de maneira clara e detalhada e
esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas
informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de
consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer
as minhas dúvidas.

Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 200 .

Nome Assinatura participante Data

Nome Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data


50

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá
consultar
CEP – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA
CEP 36036-900
FONE: (32) 3229-3788
51

Anexo B
52

ANEXO C

ST. GEORGE’S RESPIRATORY QUESTIONNAIRE


BRAZIL - PORTUGUESE

QUESTIONÁRIO DO HOSPITAL ST GEORGE SOBRE DOENÇA RESPIRATÓRIA


(SGRQ)

Este questionário nos ajuda a compreender melhor como sua doença respiratória o/a perturba
e afeta sua vida. Nós o utilizamos para descobrir quais os aspectos da sua doença que lhe causam
mais problemas. Estamos interessados em saber sua opinião e não o que os médicos, enfermeiras
e fisioterapeutas pensam.

Por favor, leia as instruções com bastante atenção e peça ajuda caso tenha dúvidas.
Não perca muito tempo nas suas respostas.

Antes de preencher as próximas páginas do


questionário:
Muito
Marque com um "X" a resposta que melhor Muito Bom Bom Razoável Ruim
Ruim
descreve seu estado de saúde:     
53

Questionário do Hospital St George sobre Doença Respiratória


PARTE 1
Perguntas sobre a freqüência com que você teve problemas respiratórios nos últimos 3
meses.

Marque um "X" em apenas um quadrado por pergunta.

Na
maioria
dos dias Vários Só quando
da dias na Alguns tive
semana semana dias no infecções
mês respiratórias Nunca

Durante os últimos 3 meses eu tossi:     


Durante os últimos 3 meses eu tive catarro:     
Durante os últimos 3 meses eu tive falta de ar:     
Durante os últimos 3 meses eu tive “chiado
no peito”:     
5. Durante os últimos 3 meses, quantas crises graves de problemas respiratórios você teve ?
Marque um “X” em apenas um quadrado.
mais de 3 
3 
2 
1 
nenhuma 
Quanto tempo durou a pior dessas crises?
(Passe para a pergunta 7 se não teve crises graves)
Marque um “X” em apenas um quadrado.
1 semana ou mais 
3 dias ou mais 
1 ou 2 dias 
menos de 1 dia 
Durante os últimos 3 meses, em uma semana normal, quantos dias bons
(com poucos problemas respiratórios) você teve?
Marque um “X” em apenas um quadrado.
nenhum dia 
1 ou 2 dias 
3 ou 4 dias 
quase todos os dias 
todos os dias 
Se você tem "chiado no peito", ele é pior de manhã?
Marque um “X” em apenas um quadrado.
Não 
Sim 
54 1

Questionário do Hospital St George sobre Doença Respiratória


PARTE 2

Seção 1
Como você descreveria sua doença respiratória:

Marque um “X” em apenas um quadrado.


É o meu maior problema 
Me causa muitos problemas 
Me causa alguns problemas 
Não me causa nenhum problema 
Se você já teve um trabalho remunerado:

Marque um “X” em apenas um quadrado.


Minha doença respiratória obrigou-me a parar de trabalhar 
Minha doença respiratória interfere (ou interferiu) no meu trabalho
ou já me obrigou a mudar de trabalho 
Minha doença respiratória não afeta (ou não afetou) o meu trabalho 
Seção 2
Perguntas sobre as atividades que normalmente têm provocado falta de ar nos últimos dias.

Marque com um "X" o quadrado que se


aplica ao seu caso nos últimos dias:
Concordo Não concordo
Ficar sentado/a ou deitado/a  
Tomar banho ou se vestir  
Caminhar dentro de casa  
Caminhar em terreno plano  
Subir um lance de escada  
Subir ladeira  
Praticar esportes ou jogos que necessitem
esforço físico  
2
55

Questionário do Hospital St George sobre Doença Respiratória


PARTE 2
Seção 3
Mais algumas perguntas sobre a sua tosse e a sua falta de ar nos últimos dias.
Marque com um "x" o quadrado que se aplica ao seu caso nos últimos dias:

Concordo Não concordo


Minha tosse me causa dor  
Minha tosse me deixa cansado  
Tenho falta de ar quando falo  
Tenho falta de ar quando dobro o corpo para frente  
Minha tosse ou falta de ar perturbam meu sono  
Fico exausto/a com facilidade  
Seção 4

Perguntas sobre outros efeitos causados pela sua doença respiratória nos últimos dias.

Marque com um "X" o quadrado que se aplica ao seu caso nos últimos dias:

Concordo Não
concordo
Minha tosse ou falta de ar me deixam envergonhado/a em público  
Minha doença respiratória é inconveniente para minha família, amigos ou
vizinhos ........................................................................................................  
Tenho medo ou mesmo pânico quando não consigo respirar  
Sinto que minha doença respiratória escapa ao meu controle  
Eu não espero nenhuma melhora da minha doença respiratória  
Minha doença me debilitou fisicamente, o que faz com que eu precise da
ajuda de alguém .............................................................................. ...........  
Fazer exercício é arriscado para mim  
Tudo o que faço parece ser um esforço muito grande  
Seção 5
Perguntas sobre sua medicação. Caso não use medicação, passe para a Seção 6.
Marque com um "X" o quadrado que se
aplica ao seu caso nos últimos dias:
Concordo Não concordo
Minha medicação não está me ajudando muito  
Fico envergonhado/a ao tomar medicamentos em público  
Minha medicação me provoca efeitos colaterais desagradáveis  
Minha medicação interfere muito com o meu dia a dia  
56 3

Questionário do Hospital St George sobre Doença Respiratória


PARTE 2
Seção 6
As próximas perguntas se referem às atividades que podem ser afetadas pela sua doença
respiratória.

Marque com um "X" o quadrado que se


aplica ao seu caso por causa de sua
doença respiratória:

Concordo Não concordo


Levo muito tempo para me lavar ou me vestir  
Demoro muito tempo ou não consigo tomar banho de chuveiro ou na banheira  
Ando mais devagar do que as outras pessoas,
ou tenho que parar para descansar  
Demoro muito tempo para realizar tarefas como o trabalho da casa,
ou tenho que parar para descansar  
Quando subo um lance de escada, tenho que subir devagar,
ou parar para descansar  
Se estou apressado/a ou se caminho mais depressa, tenho que parar
para descansar ou ir mais devagar  
Por causa de minha doença respiratória, tenho dificuldade para fazer
atividades como: subir ladeira, carregar objetos subindo escadas, dançar  
Por causa de minha doença respiratória, tenho dificuldade para fazer atividades
como: carregar grandes pesos, fazer "cooper", andar muito rápido ou nadar  
Por causa de minha doença respiratória, tenho dificuldade para fazer
atividades como: trabalho manual pesado, correr, andar de bicicleta,
nadar rápido ou praticar esportes de competição  
Seção 7
Nós gostaríamos de saber como sua doença respiratória, habitualmente afeta seu dia a dia. (não
se esqueça que Sim só se aplica ao seu caso quando você não puder fazer essa atividade devido aos
seus problemas respiratórios).

Marque com um "X" o quadrado que se


aplica ao seu caso por causa de sua doença respiratória:

Concordo Não concordo


praticar esportes ou jogos que impliquem esforço físico  
sair de casa para me divertir  
sair de casa para fazer compras  
fazer o trabalho da casa  
sair da cama ou da cadeira  
57

Questionário do Hospital St George sobre Doença Respiratória


PARTE 2

A lista abaixo descreve uma série de outras atividades que o seu problema respiratório pode
impedir você de realizar (pretendemos apenas lembrá-lo das atividades que podem ser afetadas pela
sua falta de ar):

Passear a pé ou passear com o seu cachorro


Fazer coisas em casa ou no jardim
Ter relações sexuais
Ir à igreja, ao bar ou a locais de diversão
Sair com tempo ruim ou permanecer em locais com fumaça de cigarro
Visitar a família e os amigos ou brincar com crianças

Por favor, escreva qualquer outra atividade importante que sua doença respiratória pode impedir você de
fazer:

...................................................................................
...................................................................................
...................................................................................
..............................................................................................

Marque com um "X" somente a resposta que melhor descreve a forma como você é afetado/a pela sua
doença respiratória:

Não me impede de fazer nenhuma das coisas que eu gostaria de fazer 


Me impede de fazer uma ou duas coisas que eu gostaria de fazer 
Me impede de fazer a maioria das coisas que eu gostaria de fazer 
Me impede de fazer tudo o que eu gostaria de fazer 
Obrigado por responder este questionário. Antes de terminá-lo, você poderia verificar se respondeu
todas as perguntas?
58

ANEXO D

“Airways Questionnaire – 20” (AQ-20)


As seguintes questões dizem respeito ao efeito da sua doença pulmonar na sua vida
diária. Por favor, responda Sim, Não ou Não se aplica para cada item, marcando
com um “X” no espaço determinado. Não deixe respostas em branco.

Perguntas Sim Não Não


se
aplica
1- Você tem crise de tosse durante o dia?

2- Você freqüentemente se sente cansado devido a sua


falta de ar?

3-Você sente falta de ar ao cuidar do jardim devido a sua


doença pulmonar?

4-Você se preocuparia em ir à casa de um amigo se lá


existisse algo que pudesse causar uma crise de sintomas
pulmonares?

5- Você tem sintomas pulmonares quando fica exposto a


cheiros fortes, fumaça de cigarro ou perfume?

6- O (a) seu (sua) companheiro (a) fica incomodado (a)


com a sua doença pulmonar?

7- Você fica com falta de ar quando tenta dormir?

8- Você fica preocupado com os efeitos a longo prazo na


sua saúde causados pelos medicamentos que você tem
que tomar por causa da sua doença pulmonar?

9- Os seus sintomas pulmonares pioram quando você fica


aborrecido?

10- Existem momentos em que você tem dificuldade em


andar pela casa devido a sua doença pulmonar?

11- Você sente falta de ar para as suas atividades durante


o trabalho devido aos seus problemas pulmonares?

12- Você sente falta de ar para subir escadas devido à sua


doença pulmonar?

13- Devido a sua doença pulmonar, você sente falta de ar


para realizar as atividades domésticas?
59

14- Devido à sua doença pulmonar, você tem que voltar


para casa mais cedo do que as outras pessoas após um
programa noturno?

15- Você tem falta de ar quando está rindo, devido a sua


doença pulmonar?

16- Você freqüentemente se sente impaciente devido à sua


doença pulmonar?

17- Devido à sua doença pulmonar você sente que não


consegue aproveitar totalmente a vida?

18- Devido à sua doença pulmonar você se sente muito


enfraquecido após um resfriado?

19- Você tem um sentimento constante de um peso no


tórax?

20- Você se preocupa muito com sua doença pulmonar?


60

ANEXO E

Escala de Borg Modificada (Dispnéia)

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